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terça-feira, 24 de janeiro de 2017

DEUS, Ó DEUS, ONDE ESTÁS QUE NÃO RESPONDES? - Marília Benício dos Santos

Imagem: google
Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?

Hoje não acordei muito bem. Estava triste. Apressei-me em ir à praia. Logo de saída, vi o sol que me trouxe um pouco de alegria. Depois vi uma árvore cheia de folhas amarelas, característica do outono. Mas naquela árvore havia também folhas verdes, lembrando o verão e algumas secas anunciando o inverno. O mais bonito, porém, é que surgindo em cima da árvore, estava um galho com flores revivendo a primavera. Fiquei ali em frente àquela árvore curtindo os mistérios da natureza. Numa mesma árvore, as quatro estações. De repente, me identifiquei com aquela árvore.
Dentro de mim havia também as quatro estações. Há dias de verão em que tudo sorri, mas há também dias sombrios de inverno. Nesta altura, o meu mundo interior já estava em pleno verão. Olho para frente vejo o mar e apresso-me junto dele, a louvar a Deus. Mas, de súbito, um espetáculo diante dos meus olhos me entristeceu: Uma mulher catando lixo num vasilhame de um edifício de luxo da Delfim Moreira.

“Deus, onde estás que não respondes?” Foi este o grito que surgiu dentro de mim. Servi-me das palavras de Castro Alves.
Como pode acontecer isto? Em pleno século XX quando se fala tanto dos direitos da pessoa humana, uma cena dessas.

Meu Deus será que você não vê isto?

Aproximei-me daquela mulher, se é que se pode chamá-la assim, dado o seu aspecto de miséria. Não sei o que ia fazer, mas cheguei perto. Logo, porém me afastei. A pobre ria e falava sozinha, parecia satisfeita. Ainda bem, pensei, pelo menos consegue ser feliz no seu delírio.

Fui para o meu passeio, olhei e curti todo o que vi.
Na volta, ainda vinha pensando naquela mulher, quando me pareceu ouvir Deus falando comigo: “Sou eu ou o homem que não vê? Quem lhe disse que não respondo? O homem me solicita? Ou ele se basta?”

Realmente, costumamos culpar Deus. Dizemos sempre: “Deus quer assim”. É cômodo transferir para Deus a nossa preguiça, a nossa acomodação. Deus só quer o nosso bem, mas não poderá fazer tudo sem a nossa colaboração.



Extraído do livro “CARROSSEL” de Marília Benício dos Santos

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CIDADÃ DO INFINITO – Zilda Arns

Zilda Arns


Zilda Arns não poderia morrer no sossego de um leito depois de passar por um período de enfermidade. Não poderia ser vitimada pela violência urbana ou qualquer outro tipo de violência. Morrer pela queda de um avião? Em desastre automobilístico? Num naufrágio? Nada disso!...

Zilda Arns, a extraordinária brasileira, chamada por índios de “pássaro pequeno que voa alto” só poderia morrer em missão. O anjo de Deus veio buscá-la justamente onde seu coração mais se sentia feliz: junto aos pobres, no país mais pobre das Américas, exercitando seu espírito de fé e caridade para com os pequeninos, destemida na luta “para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. Escolheu a medicina como missão. Sua prática como médica pediatra teve como suporte várias especializações como Saúde Publica, pela USP e Administração de Programas de Saúde Materno-Infantil, pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS).

Aqui em Itabuna milhares de crianças devem a vida ao trabalho contra a desnutrição infantil desenvolvido por voluntários formados pela Pastoral da Criança, criada em 1983 por Zilda Arns a pedido da CNBB, juntamente com Dom Geraldo Majela Agnello, Cardeal Arcebispo Primaz de Salvador, que na época era Arcebispo de Londrina. Ela ensinava: AMAR É ACOLHER, AMAR É COMPREENDER, AMAR É FAZER O OUTRO CRESCER. Há seis anos fundou, organizou e continuava coordenando a Pastoral da Pessoa Idosa. Hoje 129 mil idosos são acompanhados por 14 mil voluntários. Recebeu várias condecorações pelo seu trabalho na área social tais como: Personalidade Brasileira de Destaque no Trabalho em prol da Saúde da Criança (UNICEF) e o título de Heroína da Saúde Pública das Américas. Foi por três vezes indicada para o Premio Nobel da Paz e recebeu vários outros prêmios de reconhecimento.

Morreu em ação, ao lado das criaturas a quem defendia, apoiava e amava. Estava sempre ouvindo, ensinando e orientando alguém na luta em prol da dignidade humana. No meio de um povo em situação de pobreza e miséria, no Haiti entregou sua vida.

Combateu o bom combate, guardou a fé. Foi uma líder que soube muito bem capacitar pessoas para entender o tamanho da missão. Seu trabalho continuará porque hoje envolve quase 90 mil voluntários e acompanha perto de 3 milhões de famílias e quase 4 milhões de crianças menores de 6 anos de idade em 23 mil comunidades pobres de todo o país.

Morreu dia 12 de Janeiro de 2010, vítima do terremoto no Haiti.
Foi uma cristã autêntica que serve de exemplo para nós.
O Brasil ficou de luto... O céu em Festa!...

Autor: desconhecido

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BELEZAS DE ITABUNA - Catedral de São José

Foto de Hjobrasil.com/

Catedral de São José


A Catedral de São José foi construída entre os anos de 1942 -1950, graças ao carinhoso trabalho de Dona Laura Conceição, conhecida de todos por “Dona Senhora”, que com paciência e zelo liderou várias campanhas com a finalidade de arrecadar fundos, da gente da cidade e de visitantes. A campanha mais famosa e comentada foi a do ‘um cruzeiro’.
Ela pessoalmente, acompanhada por muitas outras senhoras da sociedade percorriam a cidade, de casa em casa, de loja em loja, recolhendo de cada pessoa não mais do que CR$1,00 (um cruzeiro). Claro que os ricos Comerciantes, os Fazendeiros de Cacau e os Exportadores doavam muito mais e faziam a alegria daquela nobre alma, que assim prosseguia tocando as obras da Igreja de São José. Teve também a ‘Campanha do saco de Cacau’ que alcançou grande sucesso, com maior ênfase no mês de março, durante as novenas e festa de São José, padroeiro de Itabuna. Hoje, numa homenagem a esta grande lutadora, a praça onde está localizada a Catedral de São José leva o nome de Praça Laura Conceição. Também, pela primeira vez em todos estes anos foi realizada uma restauração completa da linda Catedral. Só que as campanhas de hoje são bem mais incrementadas: sorteiam-se automóveis, motocicletas, caminhões de prêmios...


(Excertos de texto de Memória Grapiúna um projeto da Fundação Jupará com patrocínio da rádio Morena FM 98.7 e jornal A Região).

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AS QUATRO ESTAÇÕES! - Antonio Nunes de Souza

As quatro estações!


Infelizmente, não é como no passado que as estações mantinham suas qualificações, temperaturas, sol e chuvas, além de dias nublados, nos dando a possibilidade de nos prepararmos para enfrenta-las com a tranquilidade e normalidade de todos os anos!

Comprávamos no verão nossa roupas coloridas e decotadas, fazíamos aproveitamentos de outras roupas, colocando-as próprias para a estação, tirávamos nossos capotes, blusas de lã e pulôveres guardados nos fundos dos guarda roupas, sendo esse comportamento já obedecido como uma normal rotina nas quatro estações do ano!!

Porém hoje, para nossa tristeza e confusão climática, as coisas estão acontecendo de maneiras mais adversas possíveis, já não sabemos se estamos no inverno ou no verão, principalmente, as estações mais meigas e bonitas que são o outono e a primavera! E, tudo isso, muito lamentável, agradecemos a nós mesmos que, nas ganancias do progresso, inovações em construções que deterioram as matas e a natureza, provocamos um tumulto e variação das mais cruéis possíveis. Estou dizendo “nós”, apenas para ser gentil com os governos, que são os maiores responsáveis por dar licenças para tais empreendimentos, fora dos padrões das conservações patrimoniais do país!

Essa triste situação pode parecer não ter jeito, mas, se a tal sociedade, denominada de “organizada”, deixar um pouco de só olhar os seus umbigos, e exigir mais respeito, proceder mais dignamente e demonstrar que ama o Brasil, certamente conseguiremos alguns resultados benéficos e satisfatórios, como outros países já fazem com respostas compensadoras!
Esse triste lamento, que quase passa despercebido pelos mais favorecidos, tem trazido transtornos incalculáveis para a classe pobre, moradores suburbanos e das periferias ribeirinhas que, além da perda dos seus bens com as enchentes constantes, em outras paragens, são sacrificados pelas secas e pela fome!

Que tal você passar a ser mais humano e se preocupar com seus irmãos e ir ensinando aos seus filhos que sejam sensatos no presente e no futuro?

Pois, seguramente, ninguém sabe o que acontecerá amanhã, onde tudo isso pode passar a atingir todos, sem que sejam olhadas cores, crenças, condições sociais e financeiras!


Antonio Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL


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