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Ao redor
Olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós
e a isso considerado vitória nossa de cada dia.
Não temos amado, acima de todas as coisas.
Não temos aceitado o que não se entende porque não queremos
passar por tolos.
Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao
outro.
Não temos nenhuma alegria que não tenha sido catalogada.
Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora, pois
tememos que as catedrais que nós mesmos construímos, sejam armadilhas.
Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o
começo de uma vida larga e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que
por amor diga: TENS MEDO!
Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se
serve com ou sem soda.
Temos procurado nos salvar, mas sem usar a palavra salvação
para não nos envergonharmos de ser inocentes.
Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer
a sua contextura de ódio, de ciúme e de tantos outros contraditórios.
Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar a nossa
vida possível.
Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa.
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo
que nossa indiferença é angústia disfarçada.
Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e
por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.
Não temos adorado por
termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses.
Temos sorrido em público mais do que não sorriríamos quando
ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura.
Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.
E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia.
Enviado por: "Gotas de Crystal"
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Clarice Lispector (1920-1977) nasceu em Tchetchelnik, na
Ucrânia, no dia 10 de dezembro de 1920. Filha de família de origem judaica, seu
pai Pinkouss e sua mãe Mania Lispector emigraram para o Brasil em março de
1922, para a cidade de Maceió, Alagoas, onde morava Zaina, irmã de sua mãe.
Nascida Haia Pinkhasovna Lispector, por iniciativa do seu pai todos mudam de
nome e Haia passa a se chamar Clarice.
O ator bueraremense Ramon Vane, que completaria 58 anos no
próximo dia 17, morreu na madrugada deste domingo (15), após ser internado na
semana passada no Hospital de Base, vítima de um AVC. A notícia da morte dele
foi publicada nas redes sociais pelos amigos do teatro.
Ramon Vane, advogado, ator, poeta, era uma das figuras
ilustres da região sul da Bahia, representava como poucos o artista baiano pelo
mundo afora. Em outubro de 2011, ele foi premiado pela interpretação no
longa-metragem O homem que não dormia.
Vane interpretou o personagem Pra Frente Brasil, no filme de
Edgar Navarro. A película, que foi rodada em Igatú, na Chapada Diamantina,
conta a história de cinco pessoas que, numa mesma noite, sofrem com o mesmo
pesadelo. O filme fala de um homem sinistro e a procura por um tesouro
(imaginário) como desencadeadores da história.
Cidade pequena do interior, todos sabiam que Sheila, mulher
do dono da loja Sheila Modas, a melhor do local, era amante do advogado Jorge
Silveira, homem inteligente, qualificado na sua profissão, considerado o mais
astuto e competente nas suas defesas ou acusações, dependendo de qual lado o
contratasse!
Logicamente, todos sabiam dessa aventura amorosa de Sheila
com Jorge, somente sendo o desconhecedor o pobre do Luiz Alberto que, cuidando
do seu magazine, cotidianamente, nunca percebera essa astuta malandragem da sua
mulher e do seu amigo o adv. Jorge. Como os fuxiqueiros de plantão não queriam
se envolver na história, a coisa ia passando que, curiosamente, já era
considerado um comportamento normal.
Como tudo de errado que fazemos tem os dias contados, para
comemorar os dez anos de casados Luiz Alberto resolveu fazer uma festa em sua
residência, com muitas bebidas e comidas, completando com um conjunto ao vivo
para que houvesse danças e alegrias. A noite, os convidados começaram a chegar,
além de toda sociedade, ainda tinha alguns convidados funcionários da loja e
seus familiares.
Um Buffet vasto a disposição, além de garçons para
acompanhar toda movimentação e servir as mesas das autoridades. Todos comendo,
bebendo e, logo em seguida, o conjunto começou a tocar, o casal dançou uma
valsa e, assim que terminou, a música popular tomou conta do salão. Os casais
se movimentaram e Andrezinho, dono da loja de computação, que já tinha tomado
uns bons goles, na animação do álcool, foi tirar Sheila para dançar. Ela
sorridente e feliz, aceitou e foram os dois para o salão. Porém, chegando no
meio, aproveitando-se da multidão, ele começou a beijar o pescoço de Sheila e
meter a língua em seus ouvidos. Ela fez força para se soltar, mas, bêbado como
ele estava, ficou agarrando-a pela cintura e, na maior loucura, querendo
beijar-lhe a boca. Nesse vexame incrível foi aberta uma roda no salão e Luiz
Alberto vendo a movimentação, apenas falou para André: O que é isso meu amigo,
você está tonto vá se sentar. Mas, Andrezinho no furor do desejo já excitado,
continuou segurando Sheila cada vez mais.
Então foi aí que aconteceu a desgraça! Jorge, ferozmente,
levantou-se e, abotoando Andrezinho pelo colarinho do paletó, gritou bem alto:
Respeite minha mulher, seu filho da puta! E, ao mesmo tempo, meteu a mão na
cara do pobre tarado, que soltou imediatamente a sua presa. Jorge chamou os
empregados e amigos e colocaram o Andrezinho para fora aos tapas e ponta pés.
Curioso é que a festa continuou, Luiz Alberto nada falou
sobre a atitude de Jorge e, com isso, todos perceberam que já era de
conhecimento a traição da sua mulher e que ele segurava a barra em função do
amor que sentia por ela.
Jorge foi bastante cumprimentado, por ter defendido a honra
da sua amante e, sem nenhuma cerimônia passou o resto da festa dançando com sua
querida e bonita Sheila!
Antes de culpar o outro, que tal olhar para as histórias
soterradas que nos impedem de criar laços profundos?
IVAN MARTINS
12/10/2016
Na minha casa há duas gatas, duas samambaias e um cacto que
dependem de mim. É com uma ponta de orgulho, portanto, que eu afago as gatas
bem cuidadas e observo as folhas das samambaias crescerem de maneira uniforme.
O bem-estar dessa pequena comunidade de bichos e plantas testemunha a minha
capacidade de cuidar.
Lembro de um filme – 28 dias, com Sandra Bullock – em
que o interno de uma clínica para recuperação de drogados pergunta ao psicólogo
quando poderá voltar a namorar. Ele responde de forma direta: “Só depois que
você tiver uma planta e um bicho, e os dois sobreviverem”. Se for assim, trocando
as drogas pelo luto amoroso, passei no teste faz tempo, e estou pronto para um
novo relacionamento. Mas, obviamente, não é tão simples.
A gente passa a vida aprendendo as coisas realmente
importantes. Amar é uma delas. Quanto mais velhos, quanto mais se acumula
experiências, mais claras se tornam as nossas dificuldades. É incerto se
seremos capazes de superá-las, mas os intervalos entre relacionamentos são
momentos privilegiados de reflexão e aprendizado sobre os nossos limites.
Durante o luto que sucede uma relação duradoura, fazemos mais do que apenas
cuidar de bichos e plantas.
Também aprendemos sobre aquilo que nos impede de
expressar e aprofundar os sentimentos.
Falo, naturalmente, de gente que olha para si mesma de forma
crítica. Muitos não fazem isso. Para estes, os malogros se devem apenas às
atitudes ou à personalidade do outro. Sempre. Os relacionamentos acabam porque
a outra parte se revela chata, insegura, desonesta ou qualquer outra coisa
intolerável. Ou então ela faz algo que põe fim à relação: engana, deixa de
amar, vai embora, deprime, engorda, brocha. A culpa pela ruptura é do outro.
Sempre.
Mas a gente sabe que isso é besteira. Nós temos
responsabilidade em todo fiasco amoroso que compartilhamos. Até porque eles
costumam ser parecidos.
Mesmo tipo de pessoa, mesma espécie de dilema, o
conhecido final anunciado. Mas a culpa – estranhamente – continua sendo apenas
do outro, quem quer que ele seja. É mais fácil pensar assim do que lidar com as
nossas sombras, eu acho. Dói olhar para as histórias soterradas que nos impedem
de criar laços e amar. Amar de verdade – eu digo – não apenas se apaixonar por
gente atraente ou ter prazer em relações divertidas.
Tenho pensado muito na dificuldade de amar. No quanto é
difícil se conectar profundamente com o outro.
Profundamente quer dizer para
além do nosso egoísmo.
Quando a relação pede algo maior, quando ela exige
mudança, quando nos coloca diante de alguma espécie de tudo ou nada, nosso medo
aflora. Então descobrimos que nosso amor é incapaz de saltar no escuro e se
comprometer.
Ele hesita e recua, busca justificativas para se afastar ou
simplesmente se deixa morrer, por descaso. Quando acaba, dizemos a nós mesmos
que não era amor. Se fosse, saberíamos. Se fosse, nos atreveríamos. Será mesmo?
Pode ser também que sejamos covardes e que amar de verdade, com simplicidade e
resignação, esteja além da nossa capacidade pessoal.
Li outro dia, num romance maravilhoso e difícil – A
tradutora, de Cristovão Tezza – uma frase que ficou martelando. A personagem dizia
sobre o seu amante, de quem cogita se separar: “Ele batalha pelo que ama”.
Desde então, tenho me perguntado se na vida real batalhamos pelo que amamos. Ou
se realmente amamos aquilo pelo que batalhamos. São perguntas simples que
deveriam ter respostas igualmente fáceis, mas às vezes não têm.
Por isso os intervalos entre as relações são importantes.
Enquanto a gente rega o cacto com parcimônia e limpa
cuidadosamente a caixinha das gatas, há tempo de sobra para refletir sobre o
que nos levou a estar sozinhos – e quão distante, ou quão próximos, estamos de
uma nova relação. As duas coisas se interligam, claro. Se você não repete a
vida no automático, vai tentar fazer com que o futuro seja diferente do
passado. Vai processar um sentimento antes de mergulhar no próximo, para evitar
repetir erros e ter chance de renovação. Mas isso tem um preço: o de estar de
alguma forma sozinho enquanto o aplicativo da consciência vasculha os
sentimentos e a memória.
O resultado da investigação pode demorar algum tempo, mas vale
a pena. Existe sempre a possibilidade de que a gente descubra algo importante
sobre nós mesmos e fique livre daquilo que nos impede de amar. Amar de verdade,
entende?
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo
João.
— Glória a vós, Senhor!
Naquele tempo, 29João viu Jesus aproximar-se dele e
disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. 30Dele é que
eu disse: Depois de mim vem um homem que passou à minha frente, porque existia
antes de mim. 31Também eu não o conhecia, mas se eu vim batizar com água,
foi para que ele fosse manifestado a Israel”.
32E João deu testemunho, dizendo: “Eu vi o Espírito descer,
como uma pomba do céu, e permanecer sobre ele. 33Também eu não o conhecia,
mas aquele que me enviou a batizar com água me disse: ‘Aquele sobre quem vires
o Espírito descer e permanecer, este é quem batiza com o Espírito Santo’. 34Eu
vi e dou testemunho: Este é o Filho de Deus!”
Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão – Santuário de
São Sebastião:
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Somos habitados pelo Espírito
“Eu vi o Espírito descer, como uma pomba do céu, e
permanecer sobre ele” (Jo 1,32)
Estamos iniciando o tempo litúrgico conhecido como “Tempo
comum”; tempo para um longo e demorado olhar centrado na pessoa de Jesus: “ver”
e “mirar” nos conduzem a uma identificação com Ele. Do olhar correspondido
brota o seguimento.
Como seguidores(as) de Jesus, também vivemos à luz do
Espírito, não à sua sombra. Nossa existência, em sintonia com o desejo de Deus
para que vivamos em plenitude, é enriquecida pelos nossos desejos profundos de
nos constituir como seres livres, ou seja, capacitados a tomar decisões
oblativas, desafiados permanentemente por uma pluralidade de opções abertas que
se apresentam diante de nós. Não somos escravos de nossa pobre condição mortal,
mas o espaço livre por onde habita e transita o Espírito.
No evangelho de hoje(2º dom Tempo Comum), mais uma vez o
autor do quarto Evangelho nos coloca diante da figura de João Batista,
relatando a experiência dele de encontro com Jesus e revelando-o como aquele
que “viu” e que “deu testemunho” de que Jesus é “o Filho de Deus”. Daí sua
insistência no verbo “ver”. Não se trata de um “ver” neutro, preso à
exterioridade, mas de um olhar contemplativo, capaz de distinguir e apontar
quem de fato era o Messias. João não recebeu o encargo de divulgar uma ideia,
uma doutrina... mas apontar uma pessoa.
Como nos evangelistas sinóticos, também o evangelista João
faz do batismo de Jesus o acontecimento fundante com o qual Ele inicia sua
atividade pública. Quê é que João Batista “viu”? Viu um homem cheio de
Espírito. Ou seja, Jesus é aquele que, habitado pelo Espírito, se deixa
conduzir pelo mesmo Espírito. Ele deixa “transparecer” esta presença do
Espírito e só quem tem olhar contemplativo é capaz de perceber quem O move.
Sempre quando temos a sorte de encontrar uma pessoa
“transparente” (não “perfeita”, mas humana), torna-se mais fácil reconhecer,
apreciar, “ver” o Mistério que a habita. Mas não é suficiente encontrar-nos com
alguém assim; é preciso também desenvolver a própria “capacidade de ver”, ou
seja, um “saber olhar” que transcende para além das aparências.
Os sábios sempre foram conscientes de que existem diferentes
níveis de realidade aos quais podemos ter acesso através de diferentes órgãos
de conhecimento. São Boaventura fala do “olho do espírito”, ou seja o “olho da
contemplação”. Empobrecemo-nos quando nos reduzimos ao “olho da carne” e também
ao “olho da razão”. Precisamos ativar o “olho do espírito” que nos capacita
para “ver” a realidade em sua dimensão mais profunda, para perceber o Mistério
em tudo o que nos rodeia, nós incluídos. A qualidade humana, o futuro da
humanidade e do planeta depende de que saibamos “ver” deste modo.
Nossa experiência do seguimento de Jesus brota da capacidade
de fixar nosso olhar n’Ele. De fato, o olhar é o primeiro sentido que nos faz
sentir presentes junto ao outro. E, como João Batista, ao fixar nosso olhar
contemplativo na pessoa de Jesus, o que vemos é o Espírito agindo n’Ele.
E porque se deixa conduzir pelo Espírito, Jesus não suporta
lugares fechados, rompe com os “espaços sagrados”, com os esquemas fechados,
com as estruturas arcaicas... O Espírito é “movimento” e Jesus inicia um
movimento de vida e vida plena.
Jesus, cheio do Espírito, sempre foi o homem das praças,
ruas, caminhos e campos abertos... Não foi o homem dos templos, dos lugares
fechados, das cidades fortificadas, mas o “homem em saída”, revelando sua
mensagem e sua missão ao ar livre da vida.
A comunidade dos seus seguidores, conduzida pelo Espírito,
também não se deixa atrofiar pelo lugares fechados, cheirando a incenso mofado,
nem se prende a um ritualismo e religiosidade alienante, mas é aquela que sai
para os espaços públicos e ali oferece o testemunho de Jesus.
Somos seguidores de Jesus nos espaços amplos da vida, sem
distinção de classes, sem hierarquias, onde todos podem comunicar-se com todos,
pois são habitados pelo mesmo Espírito, a força da vida.
A novidade de Jesus consiste justamente em afirmar que
existe um caminho para encontrar a Deus que não passa pelo Templo. Desse modo,
reconhece-se a vida como lugar privilegiado da Sua Presença. Jesus, na
Galileia, encontrou os seus lugares: junto ao mar, nas estradas poeirentas, nas
margens...
Depois do seu batismo e pleno do Espírito, Jesus se faz
presente no lugar onde se encontram aqueles que não tem “lugar”, os
“deslocados” e que são a razão de seu amor e do seu cuidado; faz-se solidário
com os “sem lugares” e os convida a caminhar para um novo lugar. Na
Galileia, Jesus tem suas preferências e escolhe o seu “lugar”, o lugar entre os
mais pobres, vítimas daqueles que se fazem donos dos lugares.
O(a) seguidor(a) de Jesus não é aquele que, por medo, se
distancia do mundo, mas é aquele(a) que, movido(a) por uma radical compaixão,
desce ao coração da realidade em que se encontra, aí se encarna e aí revela os
traços da velada presença d’Aquele que é a Misericórdia.
Dessa forma, “habitado pelo Espírito”, experimenta que a
vida é forte e formosa e que vale a pena acolhê-la e doá-la, como Jesus fez,
sabendo que o tempo da opressão, da enfermidade, da morte e da condenação...
não tem a última palavra. Esse é o sentido da expressão de João Batista
aplicada a Jesus: “Aquele que tira o pecado do mundo”. Por isso, Jesus e os
primeiros cristãos não usaram modelos de poder centralizado para cultivar a
presença de Deus. Nem tiveram a preocupação de construir um novo templo, nem
formatar uma nova religião, mas descobriram o Templo de Deus na vida mesma, no
diálogo e no encontro das pessoas nos espaços públicos, onde sob o impulso do
Espírito, buscaram inspiração e sentido para suas existências. E a vida não é
um templo já construído, mas uma rede de conexões múltiplas que vão se
refazendo, recriando, de um modo incessante, por obra do Espírito de Cristo.
A presença provocativa e o chamado exigente de Jesus colocam
em questão nosso costume de nos refugiar no mundo asséptico das doutrinas, na
tranquilidade de uma vida ordenada e legalista, satisfatória e entorpecida, na
segurança de horários imutáveis e de muros de proteção, longe do rumor da vida
que luta para ter um lugar ao sol, dos gritos daqueles que sofrem e morrem nas
periferias deste mundo.
Escutar e seguir Seu chamado implica abandonar a estreiteza
de nossos caminhos e deixar o nosso coração bater no ritmo do Espírito que nos
faz romper nossos estreitos lugares e nos projeta em direção ao mundo dos
doentes e marginalizados, vítimas da desumanização de nossa sociedade.
Como Igreja, temos perdido esse estilo itinerante que Jesus
propõe. O caminhar dela é lento e pesado; não acertamos o passo para acompanhar
a humanidade; não temos agilidade para deslocar-nos em direção à margem
sofredora; agarramos ao poder e às estruturas que tiram a mobilidade; enredamos
nos interesses que não coincidem com o Reinado de Deus. É preciso uma profunda
conversão e voltar à essência do Evangelho: compromisso com a vida, sendo
presença misericordiosa.
Texto bíblico: Jo 1,29-34
Na oração: “Fazer caminho” com Jesus implica sair pelas
estradas e encruzilhadas para escutar o clamor das pessoas e para alargar a
nossa vida no contato com elas. A novidade do Espírito aparece sempre fora dos
lugares seguros, protegidos e convencionais.
- Não estaremos desperdiçando as nossas melhores forças para
conservar atitudes arcaicas e nos deliciamos com um estilo de vida que nos
atrofia?
- Não chegou, talvez, o momento de deixar de repetir aquilo
que fazíamos antes, e de abrir-nos àquilo que está diante de nós, à novidade
que o Espírito está criando?