Total de visualizações de página

sexta-feira, 12 de maio de 2017

DIA DAS MÃES: QUANDO UM FILHO DIZ NÃO TE METAS NA MINHA VIDA...

Quando o teu (tua) filho (a) disser: pai, mãe não se metam na minha vida!

(Texto criado por um sacerdote)


Hoje que estou aprofundando meus estudos teológicos na Família, seus valores, seus princípios, suas riquezas, seus conflitos, recordo-me de uma ocasião em que escutei um jovem gritar para seu pai: Não te metas na minha vida!

Essa frase tocou-me profundamente. Tanto que, frequentemente, a  recordo e comento nas minhas conferências com pais e filhos. Se, em vez de sacerdote, tivesse optado por ser pai de família, o que diria ante essa exclamação impertinente de meu (minha) filho (a)?

Esta poderia ser a minha resposta : Filho, um momento, não sou eu que me meto na tua vida, foste tu que te meteste na minha!

Faz muitos anos, graças a Deus, e pelo amor que tua mãe e eu sentimos, chegaste às nossas vidas e ocupaste todo nosso tempo. Ainda antes de nasceres, tua mamãe sentia-se mal, não conseguia comer, tudo o que comia, vomitava. E tinha que ficar de repouso.   Tive que me dividir entre as tarefas do meu trabalho e as da casa para ajudá-la. Nos últimos meses, antes que chegasses, tua mãe não dormia e não me deixava dormir. 

Os gastos aumentaram incrivelmente, tanto que grande parte do que ganhava era gasto contigo, para pagar um bom médico que atendesse tua mamãe e a ajudasse a ter uma gravidez saudável, em medicamentos, na maternidade, em comprar-te todo um guarda-roupa etc. Tua mãe não podia ver nada de bebê, que não o quisesse para ti, compramos tudo o que podíamos, contando que tu estivesses bem e tivesses o melhor possível.

Não meter-me na tua vida?!

Chegou o dia em que nasceste: Tivemos que comprar algo para dar de recordação aos que te vieram conhecer, Tivemos que adaptar um quarto para você. Desde a primeira noite não dormimos.   A cada três horas, como se fosses um alarme de relógio, despertavas para te darmos de comer. Outras, porque te sentias mal e choravas e choravas, sem que nós soubéssemos o que fazer, pois não sabíamos o que te tinhas, até chorávamos contigo.   

Não meter-me na tua vida?!

Começaste a andar e não sei quando foi que tive que andar mais atrás de ti; se quando começaste a andar ou quando pensaste que já sabias.   Já não podia sentar-me tranquilo lendo jornal, vendo um filme ou o jogo do meu time favorito, porque quando acordavas, te perdias  da minha vista e tinha que sair atrás de ti para evitar que te machucasses.

Não meter-me na tua vida?!

Ainda me lembro do primeiro dia de aula.   Quando tive que telefonar para o serviço e dizer que não podia ir. Já que tu, na porta do colégio, não querias soltar-me a mão e entrar. Choravas e pedias-me que não fosse embora. Tive que entrar contigo na escola, e pedir à professora que me deixasse estar ao teu lado, algum tempo, na sala, para  que te fosses acostumando.   Depois de algumas semanas, já não me pedias que ficasse e até esquecias de se despedir quando saías do carro correndo para te encontrares com os teus amiguinhos.

Não meter-me na tua vida?!

Foste crescendo, já não querias que te levássemos às festas em casa de teus amiguinhos, pedias-nos que parássemos numa rua antes de te deixarmos e que te fôssemos buscar numa rua depois. Porque já eras  top, não querias chegar cedo em casa. Incomodava-te que te impuséssemos regras. Não podíamos fazer comentários sobre os teus amigos, sem que te voltasses contra nós, como se os conhecesses a eles toda a tua vida e nós fôssemos uns perfeitos desconhecidos para ti.

Não meter-me na tua vida?!

Cada vez sei menos de ti por ti mesmo, sei mais pelo que ouço dos demais. Já quase não queres falar comigo, dizes que apenas sei reclamar, e tudo o que faço está mal, ou é razão para que te rias de mim, pergunto: como, com esses defeitos, pude dar-te o que até agora tens tido?  Tua mãe passa noites em claro e, consequentemente, não me deixa dormir dizendo-me que ainda não chegaste e que já é madrugada, que o teu celular está desligado, que já são 3h e não chegas.   Até que, por fim, podemos dormir quando acabas de chegar.   

Não meter-me na tua vida?!

Já quase não falamos, não me contas as tuas coisas, aborrece-te falar com velhos que não entendem o mundo de hoje.   Agora só me procuras quando tens que pagar algo ou necessitas de dinheiro para a universidade, ou para se divertir. Ou pior ainda, procuro-te eu, quando tenho que chamar-te a  atenção.

Não meter-me na tua vida?!

Mas estou seguro que diante destas palavras: não te metas na minha vida, podemos responder juntos: filho (a), não me meto na tua vida, pois foste tu que te meteste na minha. te asseguro que desde o primeiro dia até o dia de hoje, não me arrependo que te  tenhas metido nela e a tenhas transformado para sempre!

Enquanto for vivo, vou meter-me na tua vida, assim como tu te meteste na minha, para ajudar-te, para formar-te, para amar-te e para fazer de ti um homem ou uma mulher de bem!

Só os pais que sabem meter-se na vida de seus filhos conseguem fazer deles, homens e mulheres que triunfam na vida e são capazes de amar!

Pais: muito obrigado!   Por se meterem na vida dos seus filhos. Ah, melhor ainda, corrijo, por terem deixado que os seus filhos se metam nas suas vidas!

E para vocês filhos:   Valorizem seus pais. Não são  perfeitos, mas amam vocês e tudo o que desejam é que vocês sejam  capazes de enfrentar a vida e triunfar como homens de bem!

A vida dá muitas voltas, e, em menos tempo do que vocês imaginam alguém lhes dirá: “NÃO TE METAS NA MINHA VIDA!” A  paternidade não é um capricho ou um acidente, é um dom de Deus, que nasce do Amor! Deus os abençoe! A todos!




* * *

REFLEXÕES DE UM SUPOSTO COXINHA - Artur Xexéo

Reflexões de um suposto coxinha 


“Gente que dividia comigo a mesma ideologia hoje se comporta como inimiga. Um muro foi erguido para me separar desses amigos”

Ando sensível. Acho que já contei isso aqui. Choro à toa. Antes era com comercial de margarina, cenas de novela, trechos do filme. Agora, é lendo jornal. Cada notícia da Lava-Jato, de início, me enche de indignação. Em seguida, fico triste. É aí que choro. Ando tendo vontade de chorar também em discussões com amigos. Gente que tempos atrás dividia comigo a mesma ideologia hoje se comporta como inimiga. Ou sou eu o inimigo? De qualquer maneira, num mundo que derrubava muros, de repente, um muro foi erguido para me separar desses amigos. Tento explicar como vejo o trabalho de Sergio Moro e nunca consigo terminar o raciocínio. No meio da discussão, me emociono, fico com vontade de chorar e prefiro interromper o pensamento. “Coxinha”, me xingam nas redes sociais. Bem, se o mundo está obrigatoriamente dividido entre coxinhas e petralhas, não tenho como fugir: sou coxinha!

Leio na internet que “coxinha” é uma gíria paulista cujo significado se aproxima muito do ultrapassado “mauricinho”. Mas, desde a reeleição de Dilma, esse conceito se ampliou. Serviu para definir de forma pejorativa os eleitores de Aécio Neves. Seriam todos arrumadinhos, malhadinhos, riquinhos e votavam em seu modelo. Isso não tem nada a ver comigo. Mas, nesta briga de agora, estou do lado que é contra Lula, logo sou contra os petralhas, logo sou coxinha.

Gostaria de falar em nome da democracia. Mas não posso. A democracia agora é direito exclusivo dos meus amigos que estão do outro lado do muro. Só eles podem falar em nome dela. Então, como coxinha assumido, deixo uma pergunta. Vocês acharam muito normal o ex-presidente Lula incentivar os sindicalistas para os quais discursou esta semana a irem mostrar ao juiz Sergio Moro o mal que a Operação Lava-Jato faz à economia brasileira? Vocês acreditam sinceramente nisso? O que a Operação Lava-Jato faz? Caça corruptos pelo país. Não importa se são pobres ou ricos. Não importa se são poderosos. Não era isso o que todos queríamos, quando estávamos todos do mesmo lado, quando ainda não havia um muro nos separando, e fomos às ruas pedir Diretas Já? Não era no que pensávamos quando voltamos às ruas para gritar Fora Collor? E, principalmente, não era nisso que acreditávamos quando votamos em Lula para presidente uma, duas, três, quatro, cinco vezes!!! Não era o Lula quem ia acabar com a corrupção? Ele deixou essa tarefa pro Sergio Moro porque quis.

Como, do lado de cá do muro, me decepcionei com o ex-líder operário, o lado de lá deu pra dizer que sou de direita. Se for verdade, está aí mais um motivo para eu estar com raiva de Lula. Foi ele quem me levou pra direita. Confesso que tenho dificuldades de discutir com qualquer petralha que não se irrita quando Lula diz se identificar com quem faz compras na Rua 25 de Março. Vem cá, já faz tempo que os ternos de Lula são feitos pelo estilista Ricardo Almeida. Será que Ricardo Almeida abriu uma lojinha na rua de comércio popular de São Paulo? Por mim, Lula pode se vestir com o estilista que quiser. Mas ele tem que admitir que o discurso da 25 de Março ficou fora do contexto. A gente não era contra discursos demagógicos? O que mudou?

Meus amigos petralhas dizem que é muito perigoso tornar Sergio Moro um herói. Que o Brasil não precisa de um salvador da pátria. Mas, vem cá, não foi como salvador da pátria que Lula foi convocado para voltar ao governo? Não é ele mesmo quem diz que é “a única pessoa” que pode incendiar este país? Não é ele mesmo quem diz que é a “única pessoa” que pode dar um jeito “nesses meninos” do Ministério Público? Será que o verdadeiro perigo não está do outro lado do muro? Não é lá que estão forjando um salvador da pátria?

Há muitas décadas ouço falar que as empreiteiras brasileiras participam de corrupção. Nunca foi provado. Agora, chegou um juiz do Paraná, que investigava as práticas de malfeito de um doleiro local, e, no desenrolar das investigações, botou na cadeia alguns dos homens mais poderosos do país. Enfim, apareceu alguém que levou a sério a tarefa de desvendar a corrupção que há muitos governos atrapalha o desenvolvimento do país. E, justo agora, quando a gente está chegando ao Brasil que sempre desejamos, Lula e seus soldados querem limites para a investigação. Pensando bem, rejeito a acusação de ser coxinha, rejeito ser enquadrado na direita, rejeito o xingamento de antidemocrata, só porque apoio o juiz Sergio Moro e a Operação Lava-Jato. Coxinha é o Lula que se veste com Ricardo Almeida e mantém uma adega de razoáveis proporções no sítio de Atibaia. E, para encerrar, roubo dos petralhas sua palavra de ordem: sinto muito, mas não vai ter golpe. Sergio Moro vai ficar.


----------
Artur Xexéo - Rapaz tímido, crescido no interior, Artur Xexéo se tornou jornalista por acaso. Bom com números, primeiro quis ser engenheiro, mas trocou o curso pela Comunicação Social porque era “fácil de entrar e rápido para concluir”. O que ele não esperava era que iria se encantar pelo jornalismo e superar o medo de falar em público. Uma etapa necessária para que se tornasse um dos principais colunistas de cultura do Brasil.
Xexéo começou no Jornal do Brasil e passou pelas redações dos maiores periódicos do Rio de Janeiro. Como colunista, seu texto crítico versa sobre cultura, política e comportamento. Ele confessa ter se inspirado no estilo de Stanislaw Ponte Preta (heterônimo de Sérgio Porto, quando escrevia no jornal Última Hora), autor que, segundo ele, “tinha muito do universo da televisão, do show business, comportamento político”. Nos últimos anos, o jornalista inaugurou uma nova fase na carreira ao se tornar comentarista de cultura da GloboNews. A boa aceitação do público o alçou ao posto de crítico de cinema durante a transmissão do Oscar na Globo.

(http://memoriaglobo.globo.com)

* * *