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sexta-feira, 8 de outubro de 2021

ITABUNA CENTENÁRIA UM SONETO: À Dinamene – Luís de Camões

 


À Dinamene

Luís de Camões

 

Alma minha gentil, que te partiste

Tão cedo desta vida descontente,

Repousa lá no Céu eternamente

E viva eu cá na Terra sempre triste.

 

Se lá no assento etéreo, onde subiste,

Memória desta vida se consente,

Não te esqueças daquele amor ardente

Que já nos olhos meus tão puro viste.

 

E, se vires que pode merecer-te

Alguma coisa a dor que me ficou

Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

 

Roga a Deus, que teus anos encurtou,

Que tão cedo de cá me leve a ver-te

Quão cedo de meus olhos te levou.

 




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Luís Vaz de Camões – o príncipe dos poetas portugueses e um dos maiores do mundo, nasceu em 1524 e faleceu, aos 56 anos, em 1580. Seu poema épico Os Lusíadas é justamente considerado uma das obras-primas do espírito humano e por isso o colocam ao lado de Homero e Vergílio. Disse o filósofo alemão Schlegel que Camões, sozinho, vale por uma literatura. Estudou em Coimbra. Frequentou a corte de D. João III, onde passou a cortejar a dama do Paço Dona Catarina de Athaide (a Natércia de seus versos). Esses amores o levaram à desgraça, à prisão e ao desterro, donde retornou com Os Lusíadas, aparecidos em julho de 1572. Lutou na África e na Índia. Escreveu também peças de teatro e poesias líricas, tão célebres quanto o seu poema épico. Seus sonetos são dos mais notáveis que se escreveram e bastariam eles para o consagrarem como um dos gênios da humanidade.

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