Total de visualizações de página

quarta-feira, 13 de março de 2019

EU PROTESTO – Divaldo Franco


Lamentavelmente, a liberdade é uma conquista que nem todos os seres humanos compreendem. Alguns setores da sociedade confundem-na com a libertinagem, a permissão que lhes faculta o direito ao desrespeito a tudo quanto lhes perturba ou lhes impõe disciplina moral. Cada dia acompanhamos a perversão dos costumes e os atentados de vária ordem, utilizados insensatamente por esses libertinos escudados no direito que negam aos outros.

Não há muito, em nome da cultura, vimos exibir-se despido um homem no Museu de Arte Moderna de São Paulo, que se dispôs permitir-se apalpar por crianças em nome da liberdade. Outras exposições perversas foram apresentadas em Porto Alegre e em Belo Horizonte, em nome da arte, em espetáculos chulos e de baixo padrão moral, numa apresentação psicopatológica, exaltada pelos mesmos representantes do chamado progresso cultural. Há poucos dias, em São Paulo, no desfile do Carnaval, a Escola de Samba Gaviões da Fiel exibiu um quadro horripilante, ironizando Jesus, que era apresentado semidespido, surrado por Satanás, que o martirizava com um tridente, matando-O, enquanto caveiras sambavam em Sua volta. O espetáculo vulgar e agressivo mereceu a revolta de muitos foliões e pessoas outras que não puderam compreender a razão pela qual esse extraordinário vulto, considerado o maior da humanidade, cujo berço dividiu a História, naquela situação profundamente vexatória e agressiva não somente à Sua memória, assim como a todos aqueles que O respeitamos e cultuamos em nosso comportamento.

Com que direito esses sambistas arbitrários se permitiram denegrir a figura do Homem de Nazaré, respeitado mesmo por aqueles que não Lhe seguem as diretrizes filosóficas e religiosas? Esse comportamento viola todos os valores morais que a liberdade concede, naturalmente exigindo consideração ao direito dos outros. Sou espírita-cristão que aprendi com Ele a respeitar todas criaturas, credos e ateísmo, impositivos sociais e morais, não me podendo calar ante a afronta vil e zombeteira dos carnavalescos embriagados pelas paixões subalternas... Não é a primeira vez que a crueldade ateísta de alguns indivíduos tenta macular a figura incorruptível de Jesus. Incomodados com a grandeza e excelência dos Seus ensinamentos, que eles não têm valor moral para vivenciar, dominados por conflitos sexuais e de outra ordem, buscam desacreditar o incomparável pensador e Mestre, que vem iluminando a consciência da sociedade desde há dois mil anos.

Tem-se insistido em informar que Jesus era gay, em tentativa de diminuir-lhe a dignidade, e advogam, ao mesmo tempo, que os gays merecem todo respeito e consideração. Claro que os gays são credores de nosso respeito, pois que são pessoas normais e dignas, mas aqueles que assim procedem visam diminuir-Lhe o conceito de honradez, o que não deixa de ser um paradoxo. Espero que outros cristãos decididos apresentem a sua recusa e protesto a esses adversários da dignidade humana, demonstrando-lhes que as suas demências não servirão de modelo moral à sociedade em construção neste momento quando iniciamos uma Era Nova de justiça e amor. Jesus não é apenas um símbolo do Mundo melhor, mas o exemplo que e guia para a conquista da plenitude.

#ArtigoDivaldoFranco – Professor, médium e conferencista

-------------------
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, de 7 de março de 2019.
Achou interessante? Passe um e-mail ou ligue para os nºs abaixo e comente, isso é muito importante para a permanência da coluna no referido jornal.

Central Telefônica: (71) 3340 - 8500
Redação: (71) 3340 - 8800
WhatsApp: 99601-0020


* * *

PURPURINA SUJA – Péricles Capanema


13 de março de 2019              
                                                                     
                                                             Péricles Capanema

De forma obsessiva, o Carnaval tomou conta da televisão, dos jornais, das revistas, de blogues e sites sem-número. Estadeia visibilidade no topo. Viro a moeda, agora miro a coroa. Tomou conta da conversa das pessoas? De suas preocupações? Está de vera em ascensão rumo ao auge?

Corta. No turbilhão de notícias, saraivadas sucessivas, desventrando o caos em que se encontra o Brasil, há anos venho seguindo fenômeno alvissareiro: o Brasil amadurece. Lenta e continuadamente. Por que digo o Brasil? Por ser fenômeno generalizado.

Em vários pontos, emergem gradualmente, tendendo a serem majoritárias, opiniões que supõem reflexão, amplitude de vistas, sopesamento sereno de vários fatores, condições inafastáveis para caminhar na direção certa. Exemplos. Meses atrás li observação do jornalista Otávio Frias Filho (1957–2018), impressionou-me: “Eu fui bem socialista, digamos, entre 76 e 78 ou 79. Mas sempre com visão crítica. Daí eu recebi um convite da parte da ‘Economist’ pra visitar a Grã-Bretanha. Era programa muito bom, você ficava um mês conhecendo instituições e parlamentos, além da Redação da revista. Era a época Thatcher, e eu fiquei impressionado: quanto mais velha a pessoa que eu entrevistava, mais de esquerda ela era. Quanto mais jovem, mais de direita. Eu disse a mim mesmo: ‘Tem alguma coisa errada aqui, não é normal o que está acontecendo’”.

Nada tinha de errado, era normal o que acontecia, a Inglaterra estava amadurecendo, deixava de lado fantasias deformantes, refletia com menos amarras. Em suma, passava por avanço social sério; o socialismo, retrocesso evidente, parecia velheira nefasta a setores cada vez maiores, em especial na juventude. O Brasil, na época, infelizmente ainda estava numa juventude transviada, verde para posição mais lúcida. Gostava de acreditar em devaneios românticos, observava pouco, fantasiava sonhador sobre a ordem temporal. Melhorou bastante, com tropeços andou no rumo certo, amadureceu. E hoje teses de direita são defendidas de forma crescente por jovens.

No caso, na Inglaterra, antes blasonava dominante a opinião de que o Estado estava chamado a resolver os problemas, a sociedade vinha em segundo lugar. Era convicção sem dúvida deletéria. Naquele momento, a convicção antiga murchava nos espíritos. O Estado voltava a seu papel suplementar em relação à sociedade. Os jovens não queriam se ligar ao que presenciavam definhando.

Otávio Frias Filho se espantou com o que enxergou no mundo desenvolvido, oposto ao que sentia no Brasil de então, chapinhando no subdesenvolvimento. Contou ainda o jornalista: “Eu já estava na faculdade, sob influência enorme daquele movimento estudantil bem esquerdizado da época, na São Francisco”. Na ocasião, o mundo intelectual brasileiro que se publicava era maciçamente de esquerda. A juventude inglesa estava noutra, caminhava para a direita. Hoje, é menor entre nós o domínio intelectual da esquerda nos ambientes da intelligentsia, isto é, burguesia culta, jornalistas, docência universitária. Apagou-se em parte o deslumbramento esquerdista.

No Brasil de então, apenas para lembrar um fato, o assunto privatização começava a fazer seu caminho. Surgiram enormes resistências e não apenas na esquerda clássica que deblatera até hoje contra o processo. Houve, ao longo dos anos, marcha gradual para chegar à convicção saudável de que a solução dos problemas nacionais descansa sobretudo na sociedade e não no Estado, a saber, nas pessoas, nas famílias, nas empresas, nas escolas, na vida religiosa. Hoje, proporcionalmente, mais gente, em especial na juventude, apoia a política de privatizações (se bem-feita, claro) que no já longínquo 1979. Amadurecimento.

Outro ponto de amadurecimento, emagreceu nosso ufanismo infantil com o futuro do Brasil. A bem dizer sumiram ditirambos como os do simpático conde Afonso Celso em “Por que me ufano de meu país”: “Não há no mundo país mais belo do que o Brasil. Quantos o visitam atestam e proclamam essa incomparável beleza.” Caíram também no descrédito as bobagens de que somos os melhores em quase tudo, inigualáveis no futebol, reis do jeitinho, criativos como ninguém e vai por aí afora. O óbvio ganha espaços, antes ocupados por fantasia lisonjeante. Está mais difundida a opinião severa (e objetiva) de que um futuro de grandeza supõe como hábito de décadas, para começo de conversa, cultivo sério da inteligência, o esforço, a disciplina, vida ativa, regrada e austera. Aqui também houve amadurecimento. Roberto Campos, jocosamente (ou tristemente), com frequência trazia à baila, martelava Gilberto Amado sempre, ele daria pulos de alegria quando encontrasse um brasileiro capaz de ligar causa e efeito. Campos constatava, continuamos incapazes de ligar causa e efeito. Constato o oposto: começamos em vários setores a ligar causa e efeito, prenúncio de rumo certo.

Agora volto ao tema do artigo: o carnaval está no auge da popularidade? De um auge, sim, melhorando, de um fundo de poço: 2019 representou explosão de espírito libertário, de paganismo debochado e desbragado, lembrou os cultos a Baal da antiguidade pagã.

Em 2019 ficou claro também — primeira vez, pelo que atino — um distanciamento crítico da maioria da população em relação ao carnaval, desagradada de ver montanhas de dinheiro público torrado na proteção e promoção da devassidão. Causa e efeito ligados.

Pesquisa do instituto Paraná desenterrou realidade em geral oculta. Feita a pergunta: “Algumas prefeituras do Brasil decidiram reduzir a verba do carnaval para investir em áreas como saúde, educação, infraestrutura, entre outras. O sr.(a) concorda ou discorda dessa iniciativa?” No Brasil inteiro, 85,8% concordam. Discordam 8,6%. No Sul, mais escolarizado e de maior padrão de vida, 90,2% concordam. Segundo quesito: “Em sua opinião, o carnaval deve ser: (72,6%) totalmente patrocinado pela iniciativa privada; (21,2%) metade patrocinado pelo poder público e a outra metade pela iniciativa privada; (2,4%) totalmente patrocinado pelo poder público. No Sul, 82,5% querem o Poder Púbico fora do Carnaval, 12,9% meio a meio, 1,2% acham que o Poder Público deve patrociná-lo totalmente. Terceira pergunta: “O carnaval é a principal festa popular do Brasil?”, 53,5% responderam Não; 41,7% responderam Sim. Existe aqui clara opinião de reserva, até mesmo de oposição. Somando e subtraindo, os brasileiros, em sua grande maioria, prefeririam o dinheiro público aplicado em escolas, postos de saúde, creches, segurança ao invés de vê-lo torrado irresponsavelmente nos três dias de carnaval; é sinal de maturidade e seriedade de espírito. De longe, brilha a purpurina da popularidade. De perto, apresenta manchas. No caso, bom começo, desperta esperanças.


* * *