Total de visualizações de página

sexta-feira, 1 de março de 2019

INVISÍVEIS


Somos invisíveis? 

É bem possível que uma grande maioria de nós já tenha se questionado dessa forma, em algum momento. Acontece quando se entra em uma loja e o atendente nos ignora. Ou quando estamos frente ao balcão de uma companhia aérea, tentando saber se o voo está no horário. Ou, em algumas repartições públicas, à procura de informações. A pessoa que ali está, simplesmente ignora nossa indagação, nossa presença. É como se fôssemos invisíveis.

Para nós que lidamos com a imortalidade, que estudamos a respeito da vida que nunca cessa, o primeiro pensamento que nos acode, ao nos sentirmos assim ignorados é: Será que eu morri e não me dei conta? Terei acaso atravessado a fronteira da vida sem me aperceber? Será por causa disso que as pessoas não me vêem, não me respondem?

No entanto, além dessas situações, de um modo geral, quase todos nós nos movemos no mundo sem darmos atenção aos demais. É assim que caminhamos pela rua, olhando nomes das ruas, números, veículos, sem olhar ao nosso redor. Por isso, é comum esbarrarmos nos outros, e não nos darmos conta de suas presenças. Esbarramos e continuamos em frente, ao encalço do nosso objetivo, sem nos determos sequer para pedir desculpas. Ou para auxiliar a pessoa a juntar o que a fizemos derrubar com nosso esbarrão. Isso, quando não é a própria pessoa que perde o equilíbrio e vai ao chão.

Quando se abrem as portas dos coletivos urbanos, saímos como quem precisa apagar incêndio logo adiante. Alguns vão abrindo caminho, à força, batendo com a mochila que trazem às costas nos que aguardam nas filas e continuam em frente. Pisam nos pés alheios, mas prosseguem andando. Na ânsia de alcançar o seu destino, rapidamente, carregam consigo o que estiver no  caminho: embrulhos, livros... ou pessoas. Mas nunca se voltam para pedir desculpas. Porque nada vêem, nada sentem, nada percebem. Somente eles existem no caminho...

Em filas de cinema, supermercados, bancos, repartições, a questão não é muito diferente. Pessoas com pressa, com compromissos urgentes, tentam passar à frente de outras que aguardam há muito tempo. Para elas, não existe ninguém mais do que elas mesmas... e o seu problema, a sua dificuldade.

Se estamos no rol dessas pessoas afoitas, insensíveis, que somente vêem a si mesmas, estanquemos o passo.Olhemos ao redor, observemos, respeitemos os que compartilham o mesmo ônibus, a mesma lanchonete, a mesma repartição pública. O fato de termos que resolver muitas questões não está dissociado da possibilidade de sermos gentis, delicados, atenciosos. Não nos impede de olharmos ao redor, de ceder o lugar a um idoso, uma grávida, alguém com dificuldade física.

Pensemos que tanto quanto nós não desejamos ser tratados como invisíveis, não devemos assim proceder com relação aos demais. Somos todos humanos, necessitados uns dos outros. Ajamos então, como quem já se alçou à Humanidade e deseja prosseguir caminho, rumo à angelitude, nosso passo seguinte.

(Autor não mencionado)

Gotas de Crystal" gotasdecrystal@gmail.com

* * *

LEMBRANÇAS DO PRADO - Antonio Baracho


A minha última estada no Prado foi a passeio, mas o que mais me chamou atenção foi o atrativo de seus encantos... Outras cousas ficaram à margem. Tanto que dali a gente sai pensando em quando poderá voltar para o convívio daquela gente boa que faz jus ao ambiente esplêndido onde as cachoeiras encantam a todos que de alma isenta as contemplam com vontade de entregar-se às carícias de suas águas límpidas... Mas não foi isto que comigo aconteceu: folguei-me apenas em contemplá-las abastecendo-me de seus encantos. Isto porque o tempo não permitiu que o fizesse além do delicioso passeio a barco, do inesquecível banho de mar e da estirada até Comuruxatiba, situada a poucos quilômetros da sede, - lugar aprazível e lindo, com as suas areias monazíticas.

Quem não conhece o Prado, é bom que procure conhecê-lo, pois o Prado dispõe, além do seu encanto natural realçado pela areia branca que o contorna e reaviva o verde que o tapisa, o ar reconfortante que se respira e a boa água que se bebe... O visitante sai de lá conduzindo no íntimo a satisfação de ter conhecido um lugar realmente encantador. Essa satisfação ficou impregnada no meu ser por tudo o que a sua natureza proporcionou, inclusive uma via de acesso verdejante e tranquila que liga o município de Itamaraju ao Prado.

Para quem deseja conhecer o Prado há várias opções de hospedagem: Pode-se, com facilidade, conseguir casa de aluguel para uma temporada à escolha do veranista. E é oportuno dizer-se que numa casinha modesta, mesmo de telha-vã, o luar do Prado é mais belo... Na encantadora cidadezinha já brilha um hotel de cinco estrelas, cujo brilho, aliás, não constitui, absolutamente, o seu principal atrativo porque o seu principal atrativo, como já disse, está na sua beleza paisagística, nas suas cachoeiras dadivosas, na delícia do seu clima, na simpatia da sua gente...

Neste momento, quando digito esta inútil louvação, penso em Dorival Caymmi, de violão em punho, parodiando a sua famosa canção em que mal altera a letra:

Você já foi ao Prado, nêga?
Não?
Então, vá!...


Membro da Academia Grapiúna de Letras- AGRAL, ocupante
da cadeira nº 11.
Tel. (73) 99102-7937 / 98801-1224


* * *