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segunda-feira, 31 de julho de 2017

HISTÓRIA BASEADA EM FATOS REAIS É APRESENTADA EM 'AS CARTAS' DA AUTORA GISELA FERIAN SUTTO

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Gisela Ferian Sutto é uma apaixonada por literatura. Escreveu muitos livros quando jovem, empilhados e amarelados pelo tempo, mortos com os anos sem conhecer os olhos curiosos de leitores. No entanto, seu lado autora falou mais alto e em março deste ano publicou sua obra “As Cartas”.

Gisela diz que procura a todo momento enxergar beleza: em uma lágrima, em um olhar, em um movimento, em um sorriso de canto de boca. Acredita que o corpo fala coisas que a boca omite.

Ela diz que é feliz. Amante da natureza, das flores coloridas, dos animais, de cheiros perfumados, de toque, de carinho, viajar, conhecer sempre algo novinho em folha, de pessoas honestas, que gostam de fazer o bem, de gente que se entrega e não tem medo de errar.​

“O que tenho percebido, pelas respostas dos meus leitores, é que por ser uma história real, a emoção fica mais aflorada. Eles conseguem se colocar no lugar das personagens, e muitas vezes param a leitura e entram em contato comigo para comentar algo sobre aquele momento. É bem interessante.”
Boa Leitura!
Escritora Gisela Ferian Sutto, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos o que a motivou a escrever “As Cartas”?
Gisela Sutto – Olá Shirley, o prazer é todo meu.
O que me motivou foi a emoção. Ao sentir em minhas mãos os papéis amarelos, os cadernos pouco rasgados, os diários fechados com algumas páginas grudadas... ao ler cada linha deixada, abandonada pelo tempo ou secretamente escondida ao longo de mais de 40 anos, pude sentir cada emoção. Ali, tive certeza de que nada poderia morrer. Então nasceu a ideia de escrever “As Cartas”.

Então, o livro é baseado em uma história real?
Gisela Sutto – Sim, cada linha, cada vírgula, cada sorriso, cada lágrima, cada emoção.

Apresente-nos a obra.
Gisela Sutto – “As Cartas” é uma envolvente história que narra a forte relação entre mãe e filha.
Mãe desquitada que criou sua filha sozinha, defendendo-se do mundo machista e sobrevivendo entre as traições da humanidade.
A doença que Narita enfrentou e o amor que Sofia, sua filha, dedicou com a esperança de uma cura, passando por momentos que jamais um dia havia imaginado. A dor da perda e o momento sublime da separação de ambas.
A descoberta de uma caixa de cartas e poemas que Narita guardava por tantos anos e que revelaram a Sofia muitos segredos e passagens de suas vidas que a fizeram entender as tantas lacunas que havia em sua alma.
O encontro do amor pelo amigo de infância e o reencontro com o pai.
O entendimento de que as emoções negativas levam às patologias e à descrença da vida, que no fundo o amor e o perdão são sentimentos que libertam.
O que mais a encanta nesta história emocionante?
Gisela Sutto – Eu sou suspeita para falar, pois o livro “As Cartas”, para mim, é encantador do começo ao fim... (risos)
Esta história começa muito lá atrás, quando Narita (personagem que deu vida ao livro) nem era nascida ainda. Tem uma cronologia bem interessante.
A cada capítulo tento passar uma mensagem, ou seja, não há uma mensagem única que você apenas vai entender quando finalizar a leitura.
O que tenho percebido, pelas respostas dos meus leitores, é que por ser uma história real, a emoção fica mais aflorada. Eles conseguem se colocar no lugar das personagens, e muitas vezes param a leitura e entram em contato comigo para comentar algo sobre aquele momento. É bem interessante.

Sei que já teve muitos feedbacks sobre “As Cartas”. Qual o feedback que mais a chamou atenção?
Gisela Sutto – Recebo vídeos, e-mails, mensagens de diversos lugares; e todos são incríveis, mas um em especial me chamou mais atenção, pois a leitora tem uma história de vida muito parecida com a minha! Essa leitora leu “As Cartas” por indicação de uma tia que ligou pra ela no meio da madrugada completamente eufórica para falar do livro. Quando ela terminou de ler entrou em contato comigo para falar da emoção que sentiu a cada página. Disse que havia se identificado muito com algumas passagens e me agradeceu por ter publicado “As Cartas”. 
Fico sempre muito grata pelo feedback dos meus leitores, mas ainda me sinto surpresa, pois não esperava essa repercussão.

Ao escrever, o enredo desenvolve diferentes emoções a quem escreve; lembra-se de uma passagem do livro que a fez sorrir/chorar... que deseja apresentar-nos?
Gisela Sutto – Escrever o livro “As Cartas” foi uma das minhas melhores escolhas. Antes de iniciá-lo, conversei com muitos amigos, familiares, pessoas que mal tinha contato, mas que minha mãe tinha. Precisava saber todos os detalhes, de como ela era ou o que havia vivido com cada um. Passei dias, noites escrevendo. Deixei, muitas vezes, de ir a eventos, encontros familiares ou até mesmo participar de festas, na minha casa, para escrever.
Antes de iniciar o capítulo, ou a continuação do anterior, fazia uma meditação. Sentava na frente do computador e meus dedos digitavam com tanta rapidez, que chegava a duvidar se era eu quem estava digitando. Minhas memórias vinham como se eu estivesse vivendo naquele momento cada emoção. Muitas vezes precisava parar, pois as memórias eram doloridas em demasia, mas também muitas vezes queria ficar mais e mais, pois as lembranças eram as mais prazerosas.
Não posso contar a passagem que mais me emocionou, senão farei Spoiler aqui! (risos)

Onde podemos comprar seu livro?
Gisela Sutto – Ele está à venda apenas na internet. Tirei de todas as livrarias. O modo mais fácil é entrar no site de “As Cartas”, pois lá tem todos os links disponíveis.

Quais os seus principais objetivos como escritora?
Gisela Sutto – No momento meu foco ainda é “As Cartas”! Escrever e publicar foi incrível. Nem tenho palavras para descrever, mas sinto que posso oferecer algo mais expressivo por meio dessa obra, e tenho planos para um futuro próximo. Ainda não posso falar mais sobre o projeto, mas assim que puder conto pra vocês!

Pensas em publicar novos livros?
Gisela Sutto – Por enquanto estou escrevendo a continuação de “As Cartas” e pretendo escrever outros. 

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Gisela Ferian Sutto. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?
Gisela Sutto – Sim, deixo as mensagens que, inclusive, fazem parte de “As Cartas” para vocês, leitores:
Ame com toda a franqueza, com toda a beleza, com toda a pureza que apenas o Amor pode oferecer. Se doe, doe amor, doe cuidado, doe zelo, doe carinho. Cuide do outro que precisa de você, com dedicação, pois se não for assim, fatalmente o arrependimento virá em seguida e este sentimento sim, é algo incurável.
Errar faz parte da evolução, portanto, se permita perdoar os outros e a si.
Seja grato(a) por tudo, inclusive pelas marés bravas, pois maré mansa não faz bons marinheiros.


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PROFESSORA APOSENTADA QUE EMOCIONOU LÁZARO RAMOS E O FEZ CHORAR NA FLIP DIZ: 'FALEI AOS MEUS ANTEPASSADOS'

Nascida no interior do Paraná e neta de escravos, Diva relatou uma vida de dificuldades impostas pelo preconceito. Ela participou de entrevista coletiva neste sábado (29).

Por Luís Filipe Pereira, G1, Paraty
29/07/2017
Diva Guimarães discursa em mesa com Lázaro Ramos e Joana Gorjão (Foto: Reprodução/YouTube/Flip - Festa Literária Internacional de Paraty)

Diva Guimarães, a professora aposentada de 77 anos que roubou a cena na 15ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) ao emocionar e fazer chorar o ator Lázaro Ramos, disse que quis "falar aos antepassados". Neste sábado (29), ela participou de uma entrevista coletiva na qual falou sobre o seu comovente discurso. A escritora mineira Conceição Evaristo também estava presente.

 "Como que o Brasil é conhecido lá fora? Não é somente pelo traseiro das negras, mas principalmente. Nós não somos esse país, os negros não são isso. A gente tem força. Falei exclusivamente para os meus antepassados, à minha mãe", contou Diva.

"Eu a enxergava uma mulher imensa. Faz cinco anos que descobri pela fotografia que minha mãe era baixinha, minha mãe tinha um metro e quarenta e oito, mas para mim era enorme", afirmou ela.
A mesa "Pele que habito", em que Diva discursou, ocorreu na sexta-feira (28) com a participação de Lázaro Ramos e a jornalista portuguesa Joana Gorjão Henriques. Em dado momento, encerrada a primeira parte do debate, a professora aposentada, que estava na plateia, pegou o microfone. Nascida no interior do Paraná e neta de escravos, Diva relatou uma vida de dificuldades impostas pelo preconceito.

"As pessoas não têm noção do quanto é doloroso ser sentenciado só por ter a tez mais escura. Vejo que as pessoas não se escutam mais. Quando estão incomodadas, começam a criar argumentos para silenciar os outros. Não devemos dar respostas, as perguntas que estabelecem o diálogo devem vir à frente", disse Lázaro.
Joana Gorjão Henriques e Lázaro Ramos participam de mesa com o tema 'A pele que habito' e ouvem relato de Diva Guimarães (Foto: Reprodução/YouTube/Flip - Festa Literária Internacional de Paraty)



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SOBRE OS FELIZES – Socorro Acioli


Sobre os felizes


Existem pessoas admiráveis andando em passos firmes sobre a face da Terra. Grandes homens, grandes mulheres, sujeitos exemplares que superam toda desesperança. Tenho a sorte de conhecer vários deles, de ter muitos como amigos e costumo observar suas ações com dedicada atenção. Tento compreender como conseguem levar a vida de maneira tão superior à maioria, busco onde está o mistério, tento ler seus gestos e aprendo muito com eles.

De tanto observar, consegui descobrir alguns pontos em comum entre todos e o que mais me impressiona é que são felizes. A felicidade, essa meta por vezes impossível, é parte deles, está intrínseco. Vivem um dia após o outro desfrutando de uma alegria genuína, leve, discreta, plantada na alma como uma árvore de raízes que força nenhuma consegue arrancar.

Dos felizes que conheço, nenhum leva uma vida perfeita. Não são famosos. Nenhum é milionário, alguns vivem com muito pouco, inclusive. Nenhum tem saúde impecável, ou uma família sem problemas. Todos enfrentam e enfrentaram dissabores de várias ordens. Mas continuam discretamente felizes.

O primeiro hábito que eles têm em comum é a generosidade. Mais que isso: eles têm prazer em ajudar, dividir, doar. Ajudam com um sorriso imenso no rosto, com desejo verdadeiro e sentem-se bem o suficiente para nunca relembrar ou cobrar o que foi feito e jamais pedir algo em troca.

Os felizes costumam oferecer ajuda antes que se peça. Ficam inquietos com a dor do outro, querem colaborar de alguma maneira. São sensíveis e identificam as necessidades alheias mesmo antes de receber qualquer pedido. Os felizes, sobretudo, doam o próprio tempo, suas horas de vida, às vezes dividem o que têm, mesmo quando é muito pouco.

Eu também observo os infelizes e já fiz a contraprova: eles costumam ser egoístas. Negam qualquer pequeno favor. Reagem com irritação ao mínimo pedido. Quando fazem, não perdem a oportunidade de relembrar, quase cobram medalhas e passam o recibo. Não gostam de ter a rotina perturbada por solicitações dos outros. Se fazem uma bondade qualquer, calculam o benefício próprio e seguem assim, infelizes. Cada vez mais.

O segundo hábito notável dos felizes é a capacidade de explodir de alegria com o êxito dos outros. Os felizes vibram tanto com o sorriso alheio que parece um contágio. Eles costumam dizer: estou tão contente como se fosse comigo. Talvez seja um segredo de felicidade, até porque os infelizes fazem o contrário. Tratam rapidamente de encontrar um defeito no júbilo do outro, ou de ignorar a boa nova que acabaram de ouvir. E seguem infelizes.

O terceiro hábito dos felizes é saber aceitar. Principalmente aceitar o outro, com todas as suas imperfeições. Sabem ouvir sem julgar. Sabem opinar sem diminuir e sabem a hora de calar. Sobretudo, sabem rir do jeito de ser de seus amigos. Sorrir é uma forma sublime de dizer: amo você e todas as suas pequenas loucuras.

Escrevo essa crônica, grata e emocionada, relembrando o rosto dos homens e mulheres sublimes que passaram e que estão na minha vida, entoando seus nomes com a devoção de quem reza. Ainda não sou um dos felizes, mas sigo tentando. Sigo buscando aprender com eles a acender a luz genuína e perene de alegria na alma. Sigamos os felizes, pois eles sabem o caminho...

(Socorro Acioli - Escritora)




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