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sábado, 20 de maio de 2017

O ESTRANHO MISTERIOSO E O PESSIMISMO DE MARK TWAIN por Bruno Inácio

Livro escrito no fim da vida do escritor estadunidense retrata egoísmo da humanidade


 Autor de importantes obras, como As aventuras de Tom Sawyer e O príncipe e o mendigo, Mark Twain atingiu o seu ápice como escritor já na velhice, quando decidiu que o rótulo de artista bem-humorado não o cabia mais.

Ele estava amargo, solitário e com pouca fé na humanidade. Percebeu que as décadas haviam passado, mas os problemas dos homens eram os mesmos: apego aos bens materiais, ganância, falta de empatia, individualismo e até mesmo barbáries.

Twain decidiu que precisava escrever sobre aquilo e mostrar qual era a sua visão de mundo ao fim da vida. Como interlocutor de todos os problemas que gostaria de evidenciar no livro, Twain escolheu ninguém menos do que o próprio diabo como personagem. E assim surgia o livro “O estranho misterioso”, publicado postumamente em 1916, seis anos depois da morte do escritor.

A história se passa numa aldeia, durante a idade média, e narra o encontro de três crianças com um estranho, que se apresenta como um anjo chamado Satã. Rapidamente o homem sinistro conquista a atenção do trio com suas habilidades especiais, como leitura de mentes, a capacidade de fazer aparecer alimentos e até de criar vida.

Ao mesmo tempo em que demonstra certo interesse pela vida humana, Satã a despreza, dizendo que a mente dos homens é pouco desenvolvida e que suas ações são irracionais e sem sentido. Para ilustrar o que diz, ele chega a criar uma pequena comunidade de pessoas feitas à argila e não demora muito para que elas comecem a brigar entre si, devido à ganância e disputa pelo poder.

À medida que a narrativa avança, Satã acaba se envolvendo com a aldeia de diversas formas. Suas ações acabam influenciando a vida de várias pessoas do local, porém as três crianças permanecem como as mais próximas dele, especialmente Theodore, o protagonista e narrador da história.

Os diálogos elaborados, repletos de metáforas e ironias, trazem inúmeros questionamentos a respeito do senso moral e da natureza humana. Satã evidencia que o egoísmo nos isola, enquanto criamos uma dependência quase cega pelos bens materiais.

A falta de empatia, o pré-julgamento e o medo do conhecimento também são brilhantemente abordados na obra literária, sempre com um pessimismo quase kafkiano.

Satã, ocupando o papel de porta-voz do próprio Mark Twain, traz provocações a respeito daquilo que somos e acreditamos. Questiona, por exemplo, o uso da palavra desumano quando é dita por um dos garotos, depois que um bêbado agride um cão sem motivo algum. Lembra que nenhum ser no universo é capaz de tantas barbaridades, a não ser, justamente, o humano, o que torna essa palavra no mínimo contraditória.

Em outro trecho, ele reflete a respeito da relação entre inteligência e felicidade. Diz que apenas os que têm uma visão extremamente distorcida da realidade conseguem ser realmente felizes. Os demais, quanto mais inteligentes forem, mais tristes serão, pois perceberão o que o mundo realmente é: um grande palco de injustiças e desigualdades.

Por fim, no trecho que pessoalmente considero o melhor do livro, Satã começa a questionar se Theodore realmente existe ou se ele é apenas o fruto de um pensamento. Neste, que é o último diálogo do livro, o anjo decaído reflete sobre o que é realidade e apresenta o conceito de múltiplas dimensões.

Muitas das temáticas do livro viriam a ser abordadas posteriormente por escritores existencialistas, como Jean Paul Sartre, ou mesmo no campo da psicologia, por Jung.

No ano de 1985, foi lançado o filme As aventuras de Mark Twain, um desenho animado em stop motion no qual o autor e três crianças - Tom Sawyer, Huck Finn e Becky Thatcher - viajavam por diversas obras do escritor. Há a cena baseada em “O estranho misterioso”, que é bastante perturbadora para uma animação. Confira o vídeo:




Bruno Inácio
Jornalista, especialista em Literatura Contemporânea e em Gestão Cultural e estudante de Filosofia e Direitos Humanos. É autor dos livros "Gula, Ira e Todo o Resto" e "Coincidências Arquitetadas". Gosta de rock clássico, Simpsons e do Darth Vader. Não gosta de beterraba, da carreira solo do John Lennon e de livros de autoajuda.




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PALAVRA DA SALVAÇÃO (27)

6º Domingo da Páscoa - 21/05/2017


Anúncio do Evangelho (Jo 14,15-21)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Se me amais, guardareis os meus mandamentos, e eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: o Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós e estará dentro de vós. Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós. Pouco tempo ainda, e o mundo não mais me verá, mas vós me vereis, porque eu vivo e vós vivereis. Naquele dia sabereis que eu estou no meu Pai e vós em mim e eu em vós.

Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele.


— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.


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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão do Pe. Paulo Ricardo:

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ESPÍRITO SANTO: "desbloqueador" de interioridades


“Vós o conheceis, porque Ele permanece junto de vós e estará dentro de vós” (Jo 14,17)

O evangelho de João nos oferece diversas imagens de Páscoa: vida, pastor e porta, morada de Deus… O evangelho deste domingo(6º Dom Páscoa) nos apresenta a Páscoa como promessa e esperança do Espírito Santo, o “Paráclito” (defensor/consolador) dos(as) seguidores(as) de Jesus. Jesus mesmo tinha sido o Paráclito de seus discípulos, mas agora envia seu Espírito para que seja presença interior e companhia.

A Páscoa apresenta-se, assim, como experiência de Presença, Deus em nós. Esta é a grande promessa que sustenta o caminho do seguimento na história, tantas vezes obscuro e angustiante para o ser humano. Presença que desvela nossa identidade e nossa verdade mais profunda: filhos(as) amados(as) do Pai.

O Evangelho de João é uma verdadeira catequese do Espírito, que se revela como “Espírito da verdade”, pois atua justamente na intimidade das pessoas, desvelando sua originalidade interior e comunicando-lhes luz e força para expandir suas vidas na direção do serviço aos outros.

Este “Espírito da verdade” não deve ser confundido com uma doutrina. Esta “verdade” não deve ser buscada nos livros dos teólogos nem nos documentos da hierarquia. É algo muito mais profundo. Jesus diz que “ela vive conosco e está dentro de nós”. É alento, força, luz, amor... que nos chega do mistério último de Deus. Devemos acolhê-la com um coração simples e confiante.

Este “Espírito da verdade” está no interior de cada um de nós, defendendo-nos de tudo o que nos pode afastar de Jesus. Convida a nos abrir com simplicidade ao mistério de um Deus, Amigo da vida. Quem busca a este Deus com honradez e verdade não está longe dele.

A sociedade pós-moderna apostou pelo “exterior” e se distanciou da dimensão essencial da vida humana: a interioridade. Tudo nos convida a viver a partir de fora; tudo nos pressiona a mover-nos com pressa, sem nos deter em nada nem em ninguém; a paz já não encontra espaços para morar em nosso coração; vivemos quase sempre na superfície da vida; estamos esquecendo o que significa saborear a vida a partir de dentro. Vivemos a globalização da dispersão e da superficialidade.

E o ser humano “disperso e superficial” é um ser “desordenado”, ou seja, vive seduzido por estímulos ambientais, envolvido por apelos vindos de fora, cativado pela mídia, pelas inovações rápidas, magnetizado por ofertas alucinantes...  E então, ele se esvazia, se dilui, perde a interioridade e... se desumaniza.

A exterioridade absorve a interioridade humana. A pessoa foge de si mesma, tem medo de encontrar-se. Por isso, acompanha o ritmo dos outros, repete a linguagem dos outros, adota os critérios dos outros..., e acaba sendo influenciada e dominada por pressões e hábitos externos.

Quê pode dizer a espiritualidade do Evangelho ao ser humano deste 3º. milênio? Um aspecto decisivo que emerge, entre tantos outros, é este: o valor do interior, ou seja, tudo o que se refere à dimensão do coração, das intenções profundas, das decisões que partem das raízes internas.

Para “desbloquear” nosso interior, fechado e petrificado, Jesus Cristo promete o envio do Espírito Santo, presença que examina e purifica as trilhas do coração humano, pois nosso interior é lugar da intimidade com Deus, espaço de contemplação, ambiente de discernimento e construção de decisões.

Nesse sentido, ser seguidor(a) de Jesus significa ser um aprendiz do Espírito, deixando-nos conduzir por Ele em direção à fronteira da interioridade, do nosso próprio “eu profundo”. Presença que desvela regiões não contaminadas em nosso coração, onde tudo começa a ser percebido como novo, de onde brotam esperanças adormecidas e desejos ocultos.

É próprio do ser humano mergulhar e experimentar sua interioridade-profundidade. Auscultando a si mesmo, percebe que brotam de seu “eu profundo” apelos de compaixão, de amorização e de identificação com os outros e com o grande Outro (Deus). Dá-se conta de uma Presença que sempre o acompanha, de um Centro ao redor do qual se organiza a vida interior e a partir do qual se elaboram os grandes sonhos e as significações últimas da vida.

Essa interioridade é um modo de ser, uma atitude de base a ser vivida em cada momento e em todas as circunstâncias. Mesmo nas atividades cotidianas mais simples, a pessoa que criou espaço para a profundidade e para a interioridade mostra-se centrada, serena e cumulada de paz, caminhando junto com os outros na mesma direção que aponta para a Fonte de vida e de eternidade.

Sabe-se e sente-se habitada por um Maior que é uma Fonte irradiante de ternura e de amor. Irradia vitalidade e entusiasmo, porque carrega Deus dentro de si, carrega o Sentido do universo, de cada coisa. Acolhe e interioriza experiencialmente esse Mistério sem nome e permite que Ele ilumine sua vida; dialoga e entra em comunhão com Ele, pois o detecta e o sente em cada detalhe da realidade.

Toda experiência espiritual significa um encontro com um rosto novo e desafiador de Deus, que emerge dos grandes desafios da realidade histórica. Esta “vida interior” é, ao mesmo tempo, a terra onde a pessoa planta suas raízes e a fonte onde ela pode apagar sua sede.

A partir da interioridade, tudo se transfigura, tudo tem sentido, tudo vem carregado de veneração e sacralidade. Viver a interioridade é desenvolver a nossa capacidade de contemplação, de compaixão, de assombro, escuta das mensagens e dos valores presentes no mundo à nossa volta.

Sem interioridade, Deus parece distante, o Cristo permanece no passado, o Evangelho torna-se lei, a Igreja uma simples organização, a autoridade transforma-se em poder, a missão em propaganda, o seguimento se burocratiza, a liturgia vira ritualismo...

É triste perceber que as comunidades cristãs não sabem cuidar e promover a vida interior. Muitos não sabem o que é o silêncio do coração, não se ensina a viver a fé a partir de dentro. Privados de experiência interior, sobrevive-se esquecendo essa dimensão mais original: escuta-se palavras com os ouvidos e pronuncia-se orações com os lábios, enquanto o coração está ausente.

Com isso, no coração de muitos cristãos está se apagando a experiência interior de Deus.
Quê sentido pode ter a Igreja de Jesus se deixamos que se perca em nossas comunidades o “Espírito da verdade”? Quem poderá salvá-la do auto-engano, dos desvios e da mediocridade? Quem anunciará a Boa Notícia de Jesus em uma sociedade tão necessitada de alento e esperança?

Texto bíblico:  Jo 14,15-21

Na oração: A oração é o caminho interior que nos faz chegar até o nosso próprio “eu original”, aquele lugar santo, intocável...; este é o nível da graça, da gratuidade, da abundância, onde mergulhamos no silêncio, à escuta de todo o nosso ser.

Se a nossa oração for um autêntico “deixar-nos conduzir pelo Espírito”, ela deverá fazer emergir à nossa consciência as profundidades desconhecidas do nosso ser. O Espírito liberará em nós as melhores possibilidades, recursos desconhecidos, capacidades, intuições... e nos fará descobrir em nós mesmos(as), nossa verdade mais verdadeira de pessoas amadas, únicas, sagradas, responsáveis...

Das raízes profundas brotarão as respostas mais criativas e duradouras que terão impacto na realidade onde nos encontramos, desencadeando um movimento de profundas mudanças.
- Busque, na oração, cavar mais profundamente, até atingir as raízes de seu ser, o núcleo original de sua personalidade, a verdade de sua vida.

Pe. Adroaldo Palaoro sj



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CRIMES EM SÉRIE – Por Merval Pereira


Crimes em série



O que se ouve nos áudios que registraram conversas nada republicanas entre o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves com o dono da JBS Joesley Batista, em momentos distintos, é uma série de crimes sendo descritos, sendo premeditados. E demonstram que continua em marcha uma ação no Congresso para anistiar os parlamentares acusados de corrupção na Operação Lava-Jato e obstruir as investigações.

As conversas demonstram que os procuradores de Curitiba e o Juiz Moro têm razão ao defender as prisões preventivas alongadas para impedir que os crimes continuem acontecendo. Mesmo assim, eles acontecem, como fica claro nos diálogos. Eduardo Cunha tem a atuação semelhante aos chefes de facções criminosas, que continuam controlando o crime de dentro da cadeia.

Tanto Temer quanto Aécio Neves, presidente afastado do PSDB, pedem apoio do empresário para que pressione parlamentares ainda indecisos – como o presidente da Câmara Rodrigo Maia – e também que organize uma ação de empresários para conseguir a aprovação no Congresso da anistia política, esta uma sugestão de Temer que ele pede para que não seja atribuída a ele.

O presidente Michel Temer ouviu relatos estarrecedores de Joesley sobre ações de apoio ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e ao doleiro Lucio Funaro, a partir do minuto 11 do vídeo: "Zerei tudo, liquidei tudo e ele foi firme. Veio cobrou, eu acelerei o passo e tirei da frente", diz o empresário. Joesley disse ainda que Cunha, mesmo na cadeia, cobrava o que considerava ser uma dívida de propinas.

A certa altura, Joesley diz que, depois de todas essas providências, está bem com Eduardo Cunha, e ouve do presidente Temer: “Tem, que manter isso, viu?”. A sequência da conversa não deixa dúvidas, como ressalta o Procurador-Geral Rodrigo Janot, de que falavam de dinheiro que Joesley dava aos dois presos “todo mês. Eu tô segurando as pontas."

Além do relato sobre a mesada a Cunha, Joesley Batista deu detalhes estarrecedores ao presidente Michel Temer sobre como está “se defendendo” das investigações de que é acusado. Contou que está “segurando” o juiz e o juiz-substituto do caso, estaria tentando mudar o procurador “que está atrás de mim”, e conseguira infiltrar um procurador na força-tarefa que investiga a JBS.

O presidente Temer ouviu tudo sem pelo menos um comentário crítico, e quando reagiu, foi para repetir: “Está segurando os dois”. O procurador infiltrado é Ângelo Goulart, preso ontem pela Operação Patmos. Ele já esteve no Congresso defendendo as 10 medidas contra a corrupção apresentadas pelos procuradores de Curitiba.

Essas mesmas medidas, apresentadas como soluções para a crise moral em que estamos afundados, seriam o instrumento para uma legislação que anistiaria os parlamentares acusados de corrupção.   O senador Aécio Neves, suspenso de suas funções parlamentares pelo ministro do Supremo Luiz Edson Fachin, comentou com Joesley que estavam trabalhando em um projeto de anistia dentro das 10 medidas contra a corrupção.

Em um linguajar recheado de palavrões, ele relatou que “o negócio agora não dá para ser mais na surdina, tem que ser o seguinte: todo mundo assinar, o PSDB vai assinar, o PT vai assinar, o PMDB vai assinar, tá montada. A ideia é votar na... Porque o Rodrigo devolveu aquela tal das Dez Medidas, a gente vai votar naquelas dez... Naquela merda das Dez Medidas toda essa porra”

Resolvido isso, o senador Aécio Neves diz que o projeto é “entrar no abuso de autoridade”. Ele garante que já conversou com o presidente Michel Temer, que prometeu aprovar a nova legislação.

O presidente Michel Temer disse ontem à tarde, em tom enfático, que não renunciará por que sabe o que fez e não teme delações premiadas. Temer parece ter perdido a noção do que seja certo ou errado, já que a conversa que teve com o empresário Joesley Batista o desqualifica para continuar exercendo a presidência da República.

O Globo, 19/05/2017


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Merval Pereira - Oitavo ocupante da cadeira nº 31 da ABL, eleito em 2 de junho de 2011, na sucessão de Moacyr Scliar, falecido em 27 de fevereiro de 2011, foi recebido em 23 de setembro de 2011, pelo Acadêmico Eduardo Portella.

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ACADÊMICA E ESCRITORA NÉLIDA PIÑON, SECRETÁRIA-GERAL DA ABL, RECEBE HOMENAGEM DO PEN CLUB DO BRASIL


A Acadêmica e escritora Nélida Piñon, Secretária-Geral da ABL, será homenageada pelo Pen Club do Brasil, no dia 22 de maio, segunda-feira, às 17h30min, na sede da entidade – Praia do Flamengo, 172, sala 1101, Flamengo, Rio de Janeiro.

O evento, intitulado “Encontro com a escritora Nélida Piñon”, terá a seguinte programação: 17h30min – Palavra do Presidente do Pen Club do Brasil, Cláudio Aguiar; 17h45min – Apresentação da homenageada pela professora Dalma Nascimento; 18h – Depoimento de Nélida Piñon; 18h45min – Exibição (fragmentos) do documentário Nélida Piñon: Mapa dos Afetos, do cineasta Júlio Lellis; 18h50min – Diálogo com os presentes. Logo após, coquetel.

Saiba mais

Nélida Piñon, escritora, foi a primeira mulher a ocupar a Presidência da Academia Brasileira de Letras, no ano do seu I Centenário. Publicou mais de 25 livros, e suas obras foram traduzidas em mais de 30 países. Destacam-se, entre outros títulos: contos –  Tempo das frutas, O calor das coisas, A camisa do marido; romances – A casa da paixão, A república dos sonhos, A doce canção de Caetana, Vozes do deserto; crônicas – Até amanhã, outra vez; ensaios – Aprendiz de Homero; e memórias – Coração Andarilho e Livro das horas.

Ao longo de sua carreira, colaborou em publicações nacionais e estrangeiras e proferiu conferências em muitos países. De sua biografia constam diversas condecorações e prêmios nacionais e internacionais como os brasileiros Golfinho de Ouro, Mário de Andrade e Jabuti.

Na esfera internacional, foi a primeira mulher e primeiro autor de língua portuguesa a receber o prestigiado prêmio de Literatura Juan Rulfo, do México, prêmio Menéndez Pelayo, Espanha, prêmio Ibero-Americano de Narrativa Jorge Isaacs, Colômbia. Recebeu o prêmio Puterbaugh Fellow, 2004, oferecido pela Universidade de Oklahoma e a revista The World Literatura Today, tornou-se primeiro escritor brasileiro a receber esse galardão.

Condecorada com a medalha Castelao, Galícia, título de Filla Adoptiva de Cotobade, Comenda do Barão do Rio Branco, no grau oficial, Brasil, Chevalier de L’Ordre des Arts et des Lettres, França, Lazo de Dama, de Isabel La Católica, outorgada pelo Rei Juan Carlos, de Espanha, medalha Dom Afonso Henriques, Portugal, Medalha Áquila, México. Em 2005, pelo conjunto de sua obra, recebeu o importante Príncipe de Astúrias, sendo o primeiro escritor de língua portuguesa a receber essa láurea. Em 2015, na qualidade de primeira ganhadora, recebeu o Prêmio El Ojo Crítico Iberoamericano, outorgado pela Rádio Nacional de Espanha.

Pertence a diversas Instituições no Brasil e exterior, como Academia Brasileira de Letras, Academia de Filosofia do Brasil, PEN Clube do Brasil e Internacional, Honor Society for International Scholar, da University of Miami, USA, Acadêmica Correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, Acadêmica Correspondente da Real Academia de España, Acadêmica Correspondente da Academia Mexicana de La Lengua, e Acadêmica de Honra da Real Academia Galega.

Recebeu diversos títulos de Doctor Honoris Causa, entre eles o das universidades de Poitiers, França, Santiago de Compostela, Espanha, primeira mulher em 503 anos a receber esse título, Rutgers, USA, Florida Atlantic, USA, Universidade de Montreal, Canadá, UNAM, do México, e PUC-RS, Brasil. Foi visiting-professor das universidades de Harvard, Columbia, John Hopkins e Georgetown, entre outras.

Catedrática da Universidade de Miami, desde 1990, sucedeu a Isaac B. Singer, Prêmio Nobel. Em 2012, foi nomeada Embajadora Iberoamericana de la Cultura. Foi Catedrática da Cátedra Alfonso Reyes, Cátedra Julio Cortázar, da qual é membro do Comitê de Honra, e, em 2013, na condição de primeiro autor de língua portuguesa e primeira mulher, recebeu a Cátedra Enrique Iglesias, outorgada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento-BID. Em 2015, na qualidade de primeira brasileira, assumiu a Cátedra José Bonifácio pertencente à Universidade de São Paulo – USP.

16/05/2017



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OLHOS ALÇAPÃO – Oscar Benício dos Santos

Olhos Alçapão 

À Dona daqueles olhos!


Olhos, com cor inefável:

verde?, azul?, até castanho!
Em tom de íris mutável,
que no “Face” acompanho. 

Mas, sumiram – inexplicável! –, 

em este agora e não antanho.
Busco-os, em todo lugar provável
da “Inter”, até o mais estranho. 

Mas, a dona daqueles olhos,

que brilham até num mar de abrolhos,
nunca mais se deixou retratar. 

E hoje, no “Face”, procuro em vão,

por aqueles olhos alçapão,
que me prenderam ao seu olhar!



Oscar Benício Dos Santos

Faz. Guanabara



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QUEM SEMEIA VENTO COLHE TEMPESTADE – Marília Benício dos Santos

Quem semeia vento colhe tempestade


Em torno de mim há tanta desarmonia, tanta briga, confusão, que às vezes me pergunto: será que semeei vento? Quando? Onde?
Não, meu Deus, eu não semeei vento.

“Aquele que semeia com lágrimas, colhe com alegria!..."
Na minha sementeira há muitas lágrimas, muito sofrimento. Mas isto é importante para a semente germinar.

“Insensato! O que tu semeias não vivificará se primeiro não morrer”
. Palavras de São Paulo, 1º Coríntios, 15-36.
Isto é o que falta, meu Deus: que ao semear, desapareça para que ela se desenvolva sozinha.

A semente precisa de sol e água para desenvolver-se. O cuidado do semeador é fornecer estes elementos. Ele deve estar atento para ajudar esta semente a crescer. Mas para que ela se transforme em árvore, é preciso que não seja sufocada pelo semeador, que ela também morra. “E quando semear, não semeia o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como o do trigo, ou de outra qualquer semente”.

A missão do semeador é jogar o grão, o desenvolvimento dele depende do terreno onde foi lançado. E ao lançarmos a semente, não devemos ter a preocupação da colheita.

Nem sempre quem planta é quem colhe, diz o ditado popular. O importante é que esta colheita seja feita. Que esta pequena semente se transforme numa grande árvore. Que eu a veja não importa. O que importa é que seus frutos sejam colhidos. E quem colhe muitas vezes não sabe quem plantou. Só Deus sabe.

Quantos frutos temos colhido que foram plantados por outras pessoas? Nem sabemos quem são elas, só usufruímos dos frutos.

Continuemos lançando as sementes, um dia os frutos serão colhidos por alguém.


(CARROSSEL)
Marília Benício dos Santos


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Comentário de roberto henrique dantas 7 anos atrás


NAVEGAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO - DISSE O POETA.
VEJO AGORA QUE ESTE CARROSSEL DE MARÍLIA TAMBÉM NÃO É PRECISO.
CONFESSO QUE NESTE TEXTO = QUEM SEMEIA VENTO COLHE TEMPESTADE - NÃO CONSEGUI PENETRAR NO ÂMAGO DA QUESTÃO. VOU AGUARDAR O ANDAR DESTE CARROSSEL, VOU ESPERAR ELE DAR MAIS UMAS VOLTAS, PRA VER SE CAPTO ALGO MAIS, OU QUEM SABE SABER DA PRÓPRIA MARÍLIA, O QUE ELA QUIS ALCANÇAR, AO SE MANIFESTAR ASSIM DESSE MODO. 

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