Total de visualizações de página

domingo, 7 de abril de 2019

SÃO TOMÁS DE AQUINO


 Somos de vidro, também de pedra, água e areia...

Viajantes do tempo. O remetente e o destinatário. 

Tudo que jogamos contra o vento vem ao nosso encontro.

Somos o próprio reflexo que vemos no espelho e além dele.

Somos a vida e a morte. O tudo e também o nada.

Somos idealizadores. Sonhadores. Propagadores.

Feitos de inocência num mundo de regras.

Maldosos ou bondosos - no tempo exato...

Ora oferecemos riscos, ora somos a mais perfeita das ternuras.

O ponto de encontro está em cada um de nós. Encontrar-se é o desafio.

Entender-se sagrado é o caminho. Enxergar além de, é o que falta.

Permitir-se acolher o irmão e entender que ele é tão frágil e tão forte como nós é a meta. Que ninguém é melhor do que ninguém. No final das contas somos pó...

Nem sempre intactos. Nem sempre puros...

O importante é buscar, olhar para dentro de si e observar que o mundo é benção, que somos filhos da Graça - temos a divindade dentro de nós...

"Sejamos gratos às pessoas que nos proporcionam felicidade, são elas os adoráveis jardineiros que nos fazem florir a alma."


(São Tomás de Aquino)

* * *


EXTORSÃO INDÍGENA – Eugenio Trujillo Villegas*


7 de abril de 2019

Eugenio Trujillo Villegas*


O sudoeste da Colômbia continua inexplicavelmente paralisado, situação que persiste há quase um mês. O exército, a polícia, o governo e o presidente da república tornaram-se meros observadores de uma das mais espantosas chantagens ocorridas no país, sem nada fazer para evitá-la. Com efeito, menos de 300 mil indígenas do Departamento de Cauca colocaram as instituições colombianas de joelhos e exigem furibundamente uma série de disparates que nenhum Estado legítimo pode aceitar.

Entre os absurdos, pedem que nunca mais se fumigue plantações de coca com glifosato; que helicópteros e aviões das Forças Armadas fiquem proibidos de sobrevoar áreas indígenas; que o governo aumente mais três trilhões de pesos/ano — cerca de um bilhão de dólares — os subsídios concedidos às comunidades indígenas, para que possam continuar a viver sem trabalhar; que 49.000 hectares de terras produtivas, pertencentes a particulares, sejam desapropriados e entregues aos concelhos indígenas; que seja proibidaa extração de petróleo por fracking no país; que se restrinja a mineração em larga escala; que a impunidade seja garantida aos indígenas que cometeram crimes durante os protestos; e, finalmente, como demonstração do delírio de suas pretensões, que o senhor Juan Guaidó não seja reconhecido como presidente da Venezuela…

A análise mais elementar dos fatos mostra que os índios não estão sozinhos, e nem foram eles os autores dessas exigências absurdas. Forças sinistras com grande poder destrutivo encontram-se por trás deste protesto, dirigindo, ordenando e estabelecendo o seu curso, com óbvios interesses subversivos, a fim de liquidar com a unidade nacional e levar o país ao caos, à anarquia, à tomada do poder pela esquerda marxista, ansiosa por trilhar os passos do chavismo e do castrismo.

O país assistiu tudo isso às claras, pois seus fautores sequer tiveram a precaução de se disfarçar. Nas mesas de negociação, junto aos representantes do Estado, estavam os “honoráveis” deputados das FARC para estimular e dirigir o protesto. Compareceu também aí para negociar o incendiário senador Gustavo Petro, com a sua apavorante comitiva de ódio da autoproclamada Colômbia Humana.

Como ele mesmo disse, no dia em que perdeu a eleição presidencial, sua intenção é de queimar o país, derrubar o presidente legítimo e tomar o poder pela força e implantar uma ditadura como a de Maduro, Castro e Ortega, seus amigos íntimos e fiéis seguidores, e assim impor a revolução bolivariana na Colômbia.

Nesta tentativa de destruir o país existem outros vermes além dos já mencionados. Há as FARC (Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia), supostamente pacificadas, com as suas armas reluzentes, que segundo Santos teriam sido entregues à ONU… E há também o ELN (Ejército de Liberación Nacional), que não quer saber de negociações, mas sim das mancadas do Estado, alcançadas aqui com extrema facilidade. E existem também os numerosos cartéis de drogas que abundam nas Américas, porque é exatamente nessa região de concelhos indígenas onde a coca é cultivada. Igualmente estão presentes os proprietários das rotas de droga produzida em outras regiões que depois é levada para o Oceano Pacífico, de onde é remetida ao seu destino final: os EUA.

E como se isso não fosse um quadro assustador, agora prometem que muitas outras comunidades indígenas em diferentes regiões, e também as chamadas negritudes e outras minorias raciais manipuladas pela subversão, querem aderir à greve a fim de estendê-la ao país inteiro.

É fato que para este objetivo a mobilização já começou em vários departamentos. O que é chamado de “protesto pacífico” já começou a matar policiais, soldados e opositores; dinamitar pontes e estradas; aterrorizar cerca de 50 milhões de colombianos, que espantados assistem a aplicação do “processo de paz”, imposto por meio do engano e manipulação do ex-presidente Santos, ao conceder aos guerrilheiros espaços de impunidade para os protestos ilegais como o atual.

Tal situação paralisa cinco departamentos colombianos nos quais já há falta de comida, de suprimentos médicos urgentes, de combustíveis e muitas outras necessidades básicas. Até quando? Ninguém sabe… Há muitas questões óbvias em meio à emergência que estão sem resposta. Onde está o presidente? E os ministros? E a polícia? E o exército?

Não vemos as autoridades legítimas atenderem o clamor dos milhões de afetados, pois impedidos de ir a suas propriedades, levar seus produtos agrícolas para alimentar a população colombiana, exercer o seu direito ao trabalho, à mobilização, ao comércio, à indústria, educação, saúde e vida. Tudo isso desapareceu do horizonte dos direitos dos cidadãos para que seja imposta a ditadura das minorias subversivas.

Se existe algum exemplo atual de violação dos direitos humanos é este que estamos testemunhando. No entanto, aqueles que pregam tanto a defesa desses direitos, agora ficam em silêncio. Para essas pessoas perversas, os direitos humanos nada mais são do que um instrumento de guerra em favor da revolução marxista.

Enquanto as pessoas estão morrendo de fome nos paraísos comunistas, eles só querem destruir a economia de livre mercado que produz riqueza, e também torna possível a generosa ajuda que salva muitas vidas mesmo nos países comunistas.

Mas não apenas os comunistas hipócritas se calam. Muitos líderes religiosos e empresariais também estão calados e intimidados. Os bispos, os líderes dos sindicatos, os políticos, pouco ou nada dizem sobre isso. E devido a esse silêncio, as chamas se espalham e o perigo apenas aumenta.

Colômbia! Acorde! Esta é a paz mentirosa que nos prometeram! Votamos contra isto no referendo, elegemos Duque presidente para nos salvar dessa tragédia e, apesar de tudo isso, contra a nossa vontade, arrastam-nos para o cadafalso do socialismo. É para lá que eles estão nos levando!

_______________
(*) O autor é diretor da Sociedad Colombiana de Tradición y Acción. Matéria traduzida do original castelhano por Paulo Henrique Chaves.


* * *

PALAVRA DA SALVAÇÃO (125)



 5º Domingo da Quaresma – 07/04/2019

Anúncio do Evangelho (Jo 8,1-11)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós!
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. De madrugada, voltou de novo ao Templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los.
Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Colocando-a no meio deles, disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Moisés, na Lei, mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?”
Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão.
E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio do povo.
Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles?” Ninguém te condenou?”
Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

-----
Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão do Pe. Roger Araújo:

---
Conversão: passar do desprezo ao apreço do outro
“Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério” (Jo 8,4)

“Um país que empequenece seus cidadãos para que possam ser mais dóceis em suas mãos, logo descobrirá que, com seres humanos apequenados, nenhuma coisa grande poderá ser realizada” (Stuart Mill). Em outras palavras, uma sociedade que “empequenece” as pessoas, nunca realizará grandes obras.

Uma afirmação assim, serve de advertência diante do nosso contexto social, político e religioso em que vivemos, onde a intolerância, o julgamento, o preconceito, a crítica destrutiva... assumem contornos assustadores, humilhando os outros, ridicularizando-os, descartando-os... Quando proferimos, contra uma pessoa ou grupos, acusações ou expressões que ferem a reputação, estamos esvaziando nossas relações de humanismo, desembocando na barbárie. E quando os meios de comunicação, sobretudo as redes sociais, se colocam a serviço deste movimento desumanizador, passamos a viver na “sociedade do desprezo”.

O espírito da acusação e de humilhação do outro, é um espírito de morte. Este mal espírito de nosso tempo, em seu exagero cancerígeno, aparece também, com muita frequência, na Igreja e em suas comunidades e grupos. Por meras aparências, suspeita-se do outro, pensa-se mal dele, condena-o no coração, marginaliza-o. Quantas pessoas já temos “empequenecidas” em nossa opinião! Diante do desapreço generalizado é preciso deixar ressoar em nosso interior as palavras de Jesus: “quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”.

As “pedras na mão” são fáceis de serem encontradas também em nossas vidas. Hoje são as pedras do WhatsApp, do twitter, das mensagens preconceituosas, das fake-news..., que bloqueiam o futuro das pessoas através da crítica sem piedade, do desprezo que destrói, da indiferença que congela as relações... A arrogância também tem raízes em nosso interior; manifesta-se no nosso pensar e agir cotidianos. Ela é a base de nossas intransigências, dos nossos preconceitos, dos nossos dogmatismos, de nossas críticas amargas, dos comentários maldosos... A arrogância mora no nosso desprezo e nas nossas ironias. Ela nos paralisa.

O convite de Jesus a reconhecer nosso pecado é a única via para que essas pedras não caiam sobre nenhum inocente e, ao mesmo tempo, nós possamos encontrar a possibilidade da transformação e da mudança. Enquanto nos habite este “espírito mau”, nada bom, nem grandioso poderá ser construído. Uma sociedade que “empequenece” seus homens e mulheres não poderá ter futuro; uma igreja que “empequenece” seus membros, através de um moralismo e um legalismo doentio, também não poderá ser testemunha do evangelho; um grupo, dentro da igreja, que faça o mesmo, estará traindo o modo compassivo e acolhedor de Jesus. 

“A misericórdia de nosso Senhor se manifesta sobretudo quando Ele se inclina sobre a miséria humana e demonstra sua compaixão, para quem necessita de compreensão, cura e perdão. Tudo em Jesus fala de misericórdia; mais ainda, Ele mesmo é a misericórdia” (Papa Francisco). A presença misericordiosa de Jesus aparece claramente na cena da “mulher adúltera”, relatado pelo evangelho deste domingo. Ali, a mulher é colocada no centro, pelas autoridades religiosas que tem a lei na mão: constrangimento, humilhação, olhares julgadores, juízo de morte... sobre ela. Vítima de julgamento, ela está no centro da morte. Não há saída, perante a lei. Jesus, no entanto, toma outra atitude: desloca-se para o centro das atenções e se faz centro junto com a mulher; sua presença solidária continua deixando a mulher no centro; porém, Ele inverte a situação dela: ela agora está no centro da misericórdia, portanto, no centro da vida. 

Jesus, com sua presença misericordiosa, inverte o sentido do centro: antes, centro de exclusão e violência, agora, centro como ponto de partida para nova vida. Antes, um centro atrofiado que conduzia à morte; agora, centro expansivo, pois ativa e impulsiona a vida em direção a um novo horizonte de sentido.

A partir desse centro, junto a Jesus, a mulher poderá ser autora de sua nova existência; ela é movida a expandir esse centro, indo ao encontro dos outros para testemunhar a experiência que viveu: “vai e não peques mais”. Ela, agora, torna-se centro da vida pois recupera sua autonomia e poderá abrir-se ao novo futuro, como oferta da misericórdia.

Vivamos a Quaresma como um novo tempo para nossa sociedade, para a igreja, para as comunidades! Queira Deus que nos “beatifiquemos” uns aos outros “em vida”! Só reconhecendo, com um olhar apreciativo, o profundo, o que há de bondade no coração, a luz que cada um emite, engrandeceremos os outros e faremos que nossa sociedade, nossa comunidade, seja cada vez maior. A cultura do encontro, da acolhida, do apreço pelo outro, faz chegar o Reino de Deus.

Jesus sempre revelou um “olhar alternativo”, longe do julgamento, do desprezo e da humilhação. Ele não via as pessoas através do filtro “justos ou pecadores”, nem projetava nelas suas simpatias ou antipatias, seus medos e suas necessidades.

Jesus sempre foi a luz, sem sombras nem exclusões. Ninguém nunca ficou à margem da sua luz, pois seu olhar pousava sobre todo rosto, sem diferenças de raças, línguas ou religiões. Quando Jesus se aproximava da realidade condenada, a olhava de maneira diferente do olhar domesticado pelo moralismo. Por isso, diante da insistência das autoridades religiosas que argumentavam com as pedras nas mãos, Jesus faz um silêncio, tempo e espaço que também ajudam os acusadores a olhar de outra maneira. Olhando com amor há, sim, saída para a mulher adúltera. Se não olharmos a realidade com amor, toda a nossa visão estará adulterada. Compreendem-no as autoridades religiosas quando Jesus as convida a olhar a mulher com misericórdia e a partir de sua própria realidade de pecadores. Os varões deixam cair as pedras de sua segurança e da lei, abrindo suas mãos para acolher outra visão. Assim, a mulher é salva da morte, da lei, de seu pecado e do cerco social que lhe negava a vida, simbolizado nesse grupo de homens que a rodeava. Jesus olha a interioridade, ali onde essa mulher é amada pelo Pai, e resgata sua vida dos olhares de morte que a capturam. Nesse dia, o povo que rodeava Jesus aprendeu a olhar. 

Jesus é o mestre do olhar alternativo. Precisamente porque conhece o coração humano, Jesus acerta ao dizer: “Quem não tem pecado, que atire a primeira pedra”. Diante destas palavras, que desnudam as atitudes farisaicas daqueles que se achavam “justos”, todos se afastam. Ninguém é melhor que ninguém. Com quê direito julgamos, desqualificamos e condenamos? 

Texto bíblico:  Jo 8,1-11

Na oração: Em muitas situações difíceis da vida, o que salva é o olhar. Olhar com os “olhos cristificados”: eis o desafio. Não se trata de qualquer olhar. É o olhar limpo, diáfano, que desarma, que não esconde engano ou segundas intenções.
Contemplar o rosto do outro é sentir sua presença, sem pré-conceitos e pré-juízos..., vendo nele o sinal da ternura de Deus. Olhar admirado e gratuito, como aquele de Jesus, que transforma, que liberta e que se comove diante da realidade, especialmente da frágil realidade humana.

- Seu olhar: marcado pelo peso da lei ou pelo peso do amor? 

Pe. Adroaldo Palaoro sj

* * *