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segunda-feira, 27 de maio de 2019

PACTO SINISTRO - Por Alexandre Garcia

Em 23 de agosto de 1939, os ministros de Relações Exteriores da Alemanha de Hitler e da União Soviética de Stalin - nazistas e comunistas - assinaram o Pacto de Não-Agressão.

Uma semana depois, Hitler invadiu a Polônia, sem reação soviética. Cinco anos depois, quando divisões soviéticas se aproximavam de Varsóvia em contra-ofensiva, fizeram um alto para esperar que os alemães liquidassem os poloneses em revolta. Depois, liquidaram os alemães. Dez anos antes do início da II Guerra, o comunista Gramsci, em prisão italiana, escrevia seus cadernos sobre a dominação pelas mentes.

Pois aqui, nesses últimos 30 anos, o pacto do nazismo com o comunismo voltou a ser aplicado, não para destruir a Polônia, mas para destruir o Brasil. E quase conseguiram. O nazismo entrou com a máxima de Goebbels, de que a mentira repetida se torna verdade; e o comunismo contribuiu com os ensinamentos de Gramsci, aplicados no ensino e na informação, para conquistar as mentes, com sectarismo usual de nazistas e comunistas.

Meu amigo Paulo Vellinho, com a sabedoria de seus 90 anos, demonstrou que fomos usados como cobaias, num projeto fracassado. Para não ficarem expostos como fracassados, sabotam as soluções, como se não tivessem pátria. E, efetivamente, nazistas e comunistas tinham o mesmo projeto cosmopolita.

A sabotagem, pela pregação do pessimismo e divulgação de um lado único da história tem produzido resultados entre os que dependem das mesmas fontes de informação. Nas manifestações de domingo, muitos foram capazes de negar o que as imagens mostravam. A seita dos que querem fechar o Congresso e o Supremo foi usada  pelos agentes da desinformação. No mundo real, a maciça maioria defendeu as reformas combinadas com 58 milhões de eleitores, onde se inclui o fim do conchavo fisiológico.

Houve político afirmando que povo nas ruas significa perigo para a democracia. E, claro, essa falácia máxima foi para a primeira página. Aliás, no plenário da Câmara, na votação que manteve o COAF no seu ministério de origem, alguns reclamavam dos que, com o celular, transmitiam nas redes sociais o voto de cada um. Não queriam que seus mandantes soubessem de como estavam votando. 

 Povo na rua, contra e a favor do governo, é a democracia agindo, funcionando, expressando vontades. As ruas digitais cumprem papel semelhante, agrupando, socializando, agregando vontades e forças, de onde emana todo poder. E são um bom antídoto para a associação Gobbels-Gramsci. Aí, 2G vira passado.


Alexandre Garcia, Jornalista

Alexandre Eggers Garcia é um jornalista, apresentador e colunista político brasileiro. Foi porta-voz do último presidente do período do regime militar do Brasil, general João Batista Figueiredo. Wikipédia
Nascimento: 11 de novembro de 1940 (77 anos), Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul


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ABL DEBATE ‘QUEM É O BRASIL’ COM A PARTICIPAÇÃO DE CRISTOVAM BUARQUE




A Academia Brasileira de Letras inicia sua série de seminários “Brasil, brasis” de 2019 com o tema “Quem é o Brasil”. A coordenação geral é do Acadêmico Domicio Proença Filho e a coordenação do Acadêmico Joaquim Falcão. Participante convidado: Cristovam Buarque. O evento está programado para o dia 28 de maio, terça-feira, às 17h30, no Teatro R. Magalhães Jr., Avenida Presidente Wilson 203, Castelo, Rio de Janeiro. Entrada Franca (com transmissão pelo site da ABL).

O Seminário Brasil, brasis tem patrocínio do Bradesco.

O CONVIDADO

Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque nasceu em fevereiro de 1944, em Recife, Pernambuco. Quando estudante, trabalhava ministrando aulas particulares de física e matemática, especialidades que o fizeram optar pelo curso de Engenharia Mecânica, aproveitando o clima desenvolvimentista do país nos anos 50 e 60.

Na Escola de Engenharia do Recife, seu espelho era Celso Furtado, o criador da Sudene. Em um período de revolta contra a ditadura militar, o estudante Cristovam optou pela militância na Ação Popular (AP). Com o acirramento da tensão política após o AI-5, obteve, por intermédio de Dom Hélder Câmara, uma bolsa de estudos para cursar o doutorado em Economia na Sorbonne, em Paris.

De 1970, quando foi para aquela cidade, a 1979, quando voltou ao Brasil, Cristovam concluiu o doutorado e trabalhou seis anos no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Em 1979, voltou ao Brasil para dar aulas no Departamento de Economia da Universidade de Brasília, a convite de Edmar Bacha.

Na UnB, Cristovam acabou protagonizando evento histórico ao ser o primeiro reitor eleito da Instituição. Isso em plenos estertores do regime militar. Sua administração à frente da universidade fez com que a UnB se tornasse uma referência nas discussões acadêmicas e políticas nacionais e mundiais dos anos 80. Também foi na UnB que estabeleceu as linhas gerais de seu pensamento sobre o desenvolvimento econômico e inclusão social, presentes nos 20 livros que escreveu.

Foi na UnB, em 1986, que Cristovam projetou as linhas gerais do Bolsa-Escola, programa que ganhou o mundo e consiste em fazer o Estado pagar às famílias pobres para manterem seus filhos nas escolas, uma evolução de projetos de renda mínima, vinculados à assistência social, defendidos pela esquerda. Cristovam ocupou a reitoria da UnB de 1985 a 1989. Saiu de lá diretamente para o governo do Distrito Federal, onde implantou o Bolsa-Escola e dezenas de outros programas sociais que fugiam à lógica da esquerda corporativista e da direita assistencialista. Na economia, propôs parcerias com a iniciativa privada em áreas fundamentais para o desenvolvimento regional.

Fora do governo, a partir de 1999, criou a organização não-governamental “Missão Criança”. Países da América e da África também adotaram o programa. Em 2003, foi nomeado Ministro da Educação do governo Lula. Como Ministro, alfabetizou mais de 3 milhões de pessoas em um ano. No Senado Federal, é chamado por seus pares como Senador da Educação.

22/05/2019


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QUATRO DIAS SEM ELE! - Antonio Nunes de Souza


Passar quatro dias sem ele é uma tortura inigualável, para quem está completamente viciado a lidar com ele e, inesperadamente, ele falha lhe deixando na mão, ou melhor, no desespero perto da loucura!

Obviamente que não estou falando de meu amante, homem que, traiçoeiramente, me faltou nas horas mais precisas da minha cansada e bem vivida vida!

Estou referindo-me ao meu adorado e querido computador! Que, sorrateiramente, apresentou um pane, exatamente num fim de semana, quando a minha assistência técnica estava fechada. Imagine vocês o meu cruel fim de semana, sem poder usar essa poderosa máquina moderna!

Para pessoas como eu, setenta e oito anos, divorciado há cinco anos, aposentado, adm. de empresas, professor de história e escritor (já escrevi 12 livros) Membro da Academia Grapiúna de Letras, escrevo para jornais, revistas e blogs. Tenham vocês uma ideia de como fiquei por estar tolhido, mas, por mais que exagerem, a coisa foi muito pior e desastrosa, pois, fiquei numa tristeza tão grande que parecia tinha morrido um parente próximo.

Pelo que expus acima, minha consideração a esse equipamento é de namorada, amante, esposa, filhos (tenho dois morando fora e maiores), amigos, companhia, informativos, contatos, pesquisas e mais uma série de coisas que a internet oferece aos seus usuários que sabem desfrutar!

Essa confissão sincera e honesta é para que todos saibam que, eventualmente, podemos ser atingidos pelas suas falhas e devemos não enlouquecer, pois, até as máquinas precisam de manutenções eventuais para que possam atender dignamente aos seus friccionados!

Não quero mais passar, tão cedo, por mais quatro dias sem ele!

Antonio Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL


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A IGREJINHA DE SANTO ANTÔNIO - Carlos Pereira Filho


            Tabocas foi aumentando, com o tempo. Cada dia que se passava crescia a sua população e as suas roças de cacau ampliavam-se. Os plantadores de cacau se embrenhavam para as matas no rastro dos bons terrenos, para os lados da Boa Lembrança, Preguiças, Virotes, Mutuns, Outeiro da Palha, Ribeirão de Areia, Boqueirão, Ribeirão da Lama, Jacaré, até Macuco. Os moradores locais começaram a dizer que Tabocas necessitada de uma igreja, porque terra sem Deus não andava para a frente. E citavam fatos, que comprovavam a influência do “capeta” solto nas ruas do povoado.

            Reuniram-se os maios graduados da localidade. Falaram sobre religião, discutiram sobre a construção da igreja. Firmino Alves, que era chefe, iniciou o trabalho de uma igreja grande, que não concluiu, mas Joaquim Batista de Oliveira edificou a capelinha de Santo Antônio, na qual o visitador, cônego Moisés Gonçalves do Couto rezava missa, batizava o povo e pregava os seus sermões, ensinando ao povo o temor de Deus e o amor ao próximo.

            Todavia, se o povo se tornava devoto, se as plantações cresciam, e as áreas do cacau se alargavam, se os fazendeiros melhoravam de sorte, a tranquilidade pública piorava, passava por graves agitações. Raro era o dia em que não se matava um cidadão. Raro era o dia em que não se registrava uma arrelia.

            Num dia de abril, Tabocas foi, de surpresa, atacada por um grupo de clavinoteiros procedentes de Conquista e de Belmonte. Morreram dois indivíduos e quatro ficaram feridos. Mas o povo não correu, o povo lutou, até os clavinoteiros recuarem. Naquele tempo o povo não corria, nem mesmo havia para onde correr, desde quando as matas se apresentavam ainda mais terríveis, com o domínio dos bandidos.

            As providências pedidas para a Capital davam melhor ideia doa que se passava em Tabocas: “Manuel Bomfim Neto, indivíduo sem profissão decente, à frente a força pública Tabocas cometendo depredações toda ordem, comércio fechado, população horrorizada. Homens ordeiros trabalhadores e até fazendeiros barbaramente espancados, no tronco. Minha residência, negócio, fazendas, sofrendo grandes prejuízos, com vida arriscada. Peçam Governo providências. Tabocas em paz antes chegada destacamento pedido para desabafo paixões Manuel Bonfim criminoso morte é quem dirige polícia”. E terminava: “Tabocas não precisa soldados, quais devem retirar-se bem da ordem progresso lugar”.

            Dias depois, um outro despacho explicava: “Os abaixo assinados, negociantes Tabocas, protestam contra a revoltante calúnia publicada jornal dia 19 em que diz que a força pública tem cometido absurdos. Ela é garantia ordem pública. O sargento comandante procede corretamente. Pedimos conservação destacamento em bem da ordem pública”.

            As cenas de sangue, entretanto, prosseguiam ao ponto de os cronistas registrarem que o distrito “continuava a ser palco de arbitrariedades das autoridades policiais, de saques de estabelecimentos comerciais, de assassínios, espancamentos, prisões, indo e vindo os jagunços à vontade por toda a parte, sob a proteção dos mandões da terra”.

            E, aliviando o alarma sobre tais desmandos, os mesmos cronistas escreviam: “Esta é um fenômeno familiar das paragens recentemente exploradas, que pela abundância das suas riquezas naturais atraem forasteiros de todas as condições sociais”. Assim, aconteceu no Acre, no Amazonas, nas zonas diamantíferas das Lavras, do Salobro e no rio das Garças”.

            Tabocas não podia fugir à regra. No seio fecundo das suas ubérrimas terras, o sangue dos heróis anônimos sacrificados pelo ideal do trabalho tinha de ser o resgate da opulência, que hoje resplandece nos cacauais e na riqueza do seu povo progressista.

           
(Capítulo VI do livro TERRAS de ITABUNA)
 Carlos Pereira Filho.


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