Total de visualizações de página

quinta-feira, 25 de abril de 2019

NICODEMOS SENA LANÇA LIVRO DE POEMA POLÍTICO QUE UNE ARTE E COMBATE

Nicodemos Sena Lança 
Livro de Poema Político 
Que Une Arte e Combate


Ficcionista e editor da LetraSelvagem, o escritor Nicodemos Sena surpreende com mais uma atitude de seu talento literário, dessa vez faz sua estreia como poeta.  Ladrões nos Celeiros: Avante, Companheiros! é o longo poema,  de 72 páginas,  que o autor paraense lança na linhagem para a crítica de Um Navio Negreiro, de Castro Alves, ou dos poemas políticos de Bertolt Brecht e Maiakovski.

O livro foi lançado  em  25 de março deste ano,  a partir das 19h00, na Livraria Zaccara, Rua Cardoso de Almeida, 1356 - Perdizes - São Paulo-SP , e, na abertura do evento,
 o jornalista, historiador e escritor Leandro Carlos Esteves, autor do prefácio, falou  sobre o tema:
“Ética e estética: o papel da arte em face da injustiça social”. Trechos do livro foram dramatizados pela atriz Denise Andere.

A OBRA:

“Ladrões nos Celeiros: Avante, Companheiros!” foi escrita entre dezembro de 2017 e maio de 2018, sob o impacto da condenação e prisão do líder proletário Luiz Inácio Lula da Silva. Na linhagem de um “Navio Negreiro”(Castro Alves) ou dos “poemas políticos” de Beltolt Brecht e Vladimir Maiakovski.

Nesse longo poema de 72 páginas, obra de arte e de combate, Nicodemos Sena expõe as vísceras de um sistema político-social em franca decomposição, e reconstrói a esperança na sociedade por vir, libertada do medo, da intolerância e da fome.
 
O AUTOR:


Nicodemos Sena nasceu no município de Santarém do Pará, em 08.07.1958, e passou a infância entre índios e caboclos do Rio Maró, região de fronteira entre os estados do Pará e Amazonas (Amazônia brasileira).
Formado em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) e em direito pela Universidade de São Paulo (USP). Fez sua estreia literária em 1999, com o romance “A Espera do Nunca Mais - Uma Saga Amazônica” (Prêmio Lima Barreto-Brasil 500 Anos, da União Brasileira de Escritores, RJ).

Em São Paulo, escreveu o jornalista, professor e crítico Oscar D’Ambrosio:

A Espera do Nunca Mais desafia e devora o leitor desde o início. Feito sucuriju, abre sua bocarra e obriga a penetrar num universo denso. Não adianta resistir. Uma vez dentro da boca deste livro-serpente, o destino é conhecer os seus interstícios plenos de um fazer artístico solidamente urdido, elaborado com mãos de mestre.” (“Uma extensa e densa aula de Amazônia”. JORNAL DA TARDE, Caderno de Sábado, São Paulo, SP, 20.05.2000)
No Rio de Janeiro escreveu o escritor e crítico Antonio Olinto, da Academia Brasileira de Letras:
“Eis um romance que invade a literatura brasileira com a força de um fenômeno da natureza.

Trata-se de uma saga amazônica chamada A Espera do Nunca Mais. Seu autor, Nicodemos Sena, tem o domínio da narrativa de ação e o talento de criar gente. Seus personagens representam a Amazônia com sua largueza e sua mistura, caboclo e floresta unidos num ecossistema geográfico-humano que retrata a nossa mais desconhecidamente forte região em que o Brasil se firma e se revela. É romance que deve ser lido. Nele, realidade e lenda se juntam com naturalidade. As palavras formam um estilo ínsito à grandeza das paisagens que descreve.” (JORNAL DE LETRAS n.29, 2000, RJ).

É, ainda, autor dos romances: “A Noite é dos Pássaros” (Prêmio Lúcio Cardoso, da Academia Mineira de Letras, e Menção Honrosa no Prêmio José Lins do Rego, da União Brasileira de Escritores, 2004, RJ); “A Mulher, o Homem e o Cão” (2009), incluído entre as “78 DICAS” do Guia da FOLHA, suplemento cultural do jornal “Folha de São Paulo” (29.05.2009), e “Choro por ti, Belterra!” (2017).

Nicodemos Sena é nome reconhecido dentro e fora da Amazônia, tornando-se verbete na “Enciclopédia de Literatura Brasileira”, direção de Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa (edição conjunta da Global Editora, Fundação Biblioteca Nacional, DNL, Academia Brasileira de Letras, 2ª edição, 2001). Carlos Nejar, da Academia Brasileira de Letras, incluiu Nicodemos Sena em sua “História da Literatura Brasileira - da Carta de Caminha aos Contemporâneos”, entre os “grandes nomes na ficção surgidos no Brasil após a década de 1970” (Cap. 35, pág. 900, Fundação Biblioteca Nacional, RJ). É um dos 81 escritores analisados pela professora Nelly Novaes Coelho, titular de Literatura da Universidade de São Paulo (USP), no livro “Escritores Brasileiros do Século XX - Um Testamento Crítico” (2013).

Pelo estilo vigoroso e temática inspirada na vida das populações marginalizadas da Amazônia (indígenas e caboclos), Nicodemos Sena já foi comparado a grandes ficcionistas brasileiros, como Graciliano Ramos, João Ubaldo Ribeiro, Mário de Andrade e Érico Veríssimo, e a importantes ficcionistas latino-americanos, como o paraguaio Augusto Roa Bastos (“Eu, o Supremo”) e o peruano José María Arguedas (“Os Rios Profundos”).

Como diretor da União Brasileira de Escritores (UBE/SP) participa, em 2011, da organização do Congresso Brasileiro de Escritores realizado em Ribeirão Preto (SP).

“Esse amor, essa generosidade, essa crença no futuro e na cultura é pouco encontrável, salvo entre os que têm a fala da terra, a memória misteriosa da selva, o espírito das fábulas e ousam povoar coletivamente os sonhos.” (Carlos Nejar, da Academia Brasileira de Letras, “A Tribuna”, Vitória, ES)

_____________________________________________________

Título: “Ladrões nos Celeiros: Avante, Companheiros!”
Autor: Nicodemos Sena
Editora: LETRASELVAGEM
Nº pág: 80
1ª edição
Ano: 2018
Preço: R$30,00
Contato: (12) 3426-3773
(12)992033836 (whatsapp)

* * *

QUESTÃO DE DNA - Merval Pereira



A disputa aberta de poder em que o vice-presidente Hamilton Mourão está envolvido, não por acaso, não tem paralelos históricos pela violência das palavras empregadas por Olavo de Carvalho e seus pupilos, entre eles Huguinho, Zezinho e Luisinho, como passaram a ser conhecidos no meio político os filhos de Bolsonaro, que ele denomina carinhosamente como 01, 02 e 03, como se recrutas fossem. 

São os seus recrutas, “sangue do meu sangue”, e nada também acontece ali por acaso. Bolsonaro fala através de seu filho Carlos, o 02, especialista nas mídias sociais a quem Bolsonaro atribui grande parte de sua vitória. Quando Bolsonaro estava internado, depois da tentativa de assassinato que sofreu ainda na campanha eleitoral, Carlos já evidenciou o que achava de Mourão.

Tuitou afirmando que a morte do pai interessava não apenas aos inimigos declarados, mas a quem está por perto, principalmente após a posse. De lá para cá a disputa só fez escalar, inclusive porque Mourão assumiu o papel de moderador de um governo que vive de intrigas e embates permanentes como estilo de fazer política.

A paranoia familiar é alimentada pela história, pois nada menos que oito presidentes foram substituídos por seus vices desde o início da República, por motivos variados, desde a morte do titular até o afastamento por impeachment.

Desde o primeiro presidente, Deodoro da Fonseca, cujo vice Floriano Peixoto assumiu com sua renúncia e, em vez de convocar eleições, governou sob estado de sítio, até Temer, que, recusando o papel de “vice decorativo”, comandou uma conspirata política para assumir o lugar de Dilma, quando esta se enfraqueceu pelo fracasso econômico e se expôs ao cometer crimes de responsabilidade fiscal, a escolha dos vices sempre foi problemática.

Uma disputa aberta como a atual, mas não tão pouco sutil, aconteceu quando o general Figueiredo teve que viajar para a Clínica Cleveland para colocar pontes de safena. O político mineiro Aureliano Chaves assumiu o governo e fez o mesmo contraponto de Mourão em relação a Bolsonaro. Chegava cedo ao Palácio do Planalto, e saía altas horas da noite, a salientar a fama de preguiçoso de Figueiredo. O entorno do ditador não escondia a irritação, e acusava Aureliano de deixar a luz acessa no gabinete presidencial para dar a impressão de que trabalhava.

A eleição presidencial deste ano teve uma característica especial: o protagonismo de candidatos a vice. Os dois primeiros colocados nas pesquisas ficaram fora da campanha, um definitivamente, outro temporariamente. Lula por estar condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro, tornando-se inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Bolsonaro por ter sofrido um atentado a faca que quase o matou.

Muitos consideravam alguns candidatos a vice melhores que os titulares, como era o caso de Mourão, que já chamava a atenção por declarações polêmicas, mas com a fala mansa e o jeito de quem desejava a pacificação política.

Admitiu intervenção militar mesmo fora da Constituição, falou até em autogolpe. Curioso é que sua escolha foi comemorada por Eduardo Bolsonaro, o 03, que disse que foi bom ter escolhido um candidato “faca na caveira” - referindo-se ao símbolo do Bope - para não valer a pena pensar em impeachment.

No discurso pouco antes de ir para a reserva, que lhe valeu uma advertência do comandante do Exército, general Villas Bôas, que ele chama de VB, seu amigo de infância, disse sobre o governo petista: “Os Poderes terão que buscar uma solução. Se não conseguirem, chegará a hora que nós teremos que impor uma solução”.

De lá para cá, Mourão vem afinando o tom, se aproximando do pensamento médio do cidadão de classe média, condenando a censura à imprensa, por exemplo,  ou avaliando que a saída do ex-deputado Jean Wyllys era ruim para a democracia, com bom-senso e sem a visão tosca do grupo bolsonarista comandado por Olavo de Carvalho, que chamou Mourão de “moleque analfabeto” ao ser definido pelo vice como “astrólogo”.

Perguntado recentemente sobre as razões dessa mudança, Mourão disse que se devia à compreensão do papel institucional do cargo para o qual foi eleito. Estar na vice-presidência pelo voto, aliás, foi citado por ele como uma diferença fundamental com os militares do período ditatorial.

Que, aliás ele não renega, dizendo que era um momento de guerra. E também, assim como Bolsonaro, considera o torturador Brilhante Ulstra “um herói”, embora tenha se abstido de falar no assunto ultimamente.

                                                            O Globo, 25/04/2019


 ...................

Merval Pereira – Oitavo ocupante da cadeira nº 31 da ABL, eleito em 2 de junho de 2011, na sucessão de Moacyr Scliar, falecido em 27 de fevereiro de 2011, foi recebido em 23 de setembro de 2011, pelo Acadêmico Eduardo Portella.

* * *