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segunda-feira, 17 de maio de 2021

ITABUNA CENTENÁRIA UM SONETO: Nize - Cláudio Manuel da Costa



                                                  Nize

Cláudio Manuel da Costa

 

Nize? Nize? onde estás? Aonde espera

Achar-te uma alma que por ti suspira;

Se quanto a vista se dilata, e gira,

Tanto mais de encontrar-te desespera!

 

Ah, se ao menos teu nome ouvir pudera

Entre esta aura suave, que respira!

Nize, cuido, que diz; mas é mentira,

Nize, cuidei que ouvia, e tal não era.

 

Grutas, troncos, penhascos da espessura,

Se o meu bem, se a minha alma em vós se esconde

Mostrai, mostrai-me a sua formosura.

 

Nem ao menos o eco me responde!

Ah, como é certa a minha desventura!

Nize? Nize? onde estás? aonde? aonde?

 

(OBRAS POÉTICAS)

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CLÁUDIO MANUEL DA COSTA

          Um dos mais justamente célebres poetas brasileiros, pertencente ao período clássico da língua. Nasceu em Mariana a 05/06/1729. Estudou em Coimbra, onde se doutorou em Cânones em 19/04/1753. Exerceu cargos durante o Governo Provincial (1762 e 1769). Participou da Inconfidência Mineira, vindo, em consequência, ser preso (25/05/1789) e interrogado pela Alçada encarregada da devassa (02/07/1789). Apareceu morto na prisão em 04/07/1789), dizendo uns que se enforcou e outros que foi sufocado pelos adversários políticos. Na Arcádia adotou o nome de Glauceste Satúrnio. Há quem com forte e justificada razão lhe atribua a autoria das Cartas Chilenas, o mais famoso documento em verso da literatura nacional. Suas Obras foram pela primeira vez editadas em Coimbra em 1768 e mais tarde reunidas por João Ribeiro e publicadas em 1903, em dois volumes. Ficou famoso o seu poema “Vila Rica”, editado após sua morte, em 1839, bem assim a sua “Memória Histórica e Geográfica da descoberta de Minas”. É considerado pelos críticos como um dos mais notáveis sonetistas da língua portuguesa.

                                JOSÉ SCHIAVO (em “Os 150 Mais Célebres Sonetos da Língua Portuguesa” EDIÇÕES DE OURO, 1963).

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