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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

UM VENCEDOR! - Antonio Nunes de Souza

Um vencedor!


Olhando-se de uma maneira simplista e sem nenhuma análise de detalhes, chega-se à conclusão que, se houve um vencedor, obviamente, existiu um vencido. Mas, essa conjectura somente é cabível quando se trata de uma contenda, ou disputa, que os opositores com armas e bagagens, enfrentam seus antagonistas profissionalmente ou esportivamente! 

Porém, no caso que quero me referir, não trata-se, especificamente, de uma medição de forças entre oponentes, nem tão pouco adversários em qualquer vertente de medições de forças. O que me chamou a atenção é ver sempre, entre as pessoas das mais diversas classes sociais, que lutam, cotidianamente, vencer os obstáculos que são habituais para todos e, para alguns, são olhados como intransponíveis e impossíveis! 

Aí é que temos a satisfação de ver que, quando alguém disse que “querer é poder”, sabia das coisas e, com certeza, era um vencedor. Digo isso porque nós vivemos num mundo altamente capitalista, por muitos denominado de selvagem e, uma minoria de guerreiros batalhadores conseguem suplantar suas necessidades, inclusive usando do tal “jeitinho brasileiro”, garra, esforços, dedicações e a verdadeira vontade de vencer, conseguem, em grande número, chegar ao topo de uma posição social e econômica. Esses são verdadeiramente os que podemos chamar de “vencedores”, descaracterizando o adágio popular, bastante repetido pelos frustrados: “Quem não rouba ou não herda, morre na merda!” 

Conheço vencedores que nada herdaram, jamais roubaram, mesmo tendo oportunidades, e são verdadeiros vencedores pelos seus próprios esforços, tendo colocado em suas mentes que, somente quem acredita em seus sonhos, planos e projetos, pode ver e desfrutar de uma compensação invejável! 

Essa crônica é exatamente para chamar a atenção dos jovens, para que lutem pelos seus ideais, se sacrifiquem em alguns momentos, estudem, trabalhem em qualquer que sejam as funções, pois, todos os trabalhos são dignificantes, pois, é muito melhor “ralar” por alguns poucos anos, e desfrutar por várias dezenas de outros, tendo dentro de si o orgulho de ter sido ‘UM VENCEDOR’! 


Antonio Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras–AGRAL


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DOM EVARISTO ARNS: O QUE A VEJA NÃO DISSE?


21 de dezembro de 2016
Por Thiago Kistenmacher, publicado pelo Instituto Liberal

Na Veja desta semana (21/12/2016) a revista dedica algumas páginas à morte do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. A matéria, cujo título é “Adeus ao Gigante”, resume a trajetória deste homem que, apesar de tudo, foi uma figura marcante na história contemporânea do Brasil. A reportagem, assinada por Pedro Dias Leite, tenta ser neutra, mas não parece, e o vocabulário empregado não difere muito da mídia “progressista”. Feita a introdução, vamos ao que de fato interessa.

Dom Evaristo Arns foi um religioso muito próximo de Dom Hélder Câmara, o “arcebispo vermelho”, e do frei Leonardo Boff, católicos da Teologia da Libertação, doutrina que une o cristianismo ao marxismo. Ademais, de acordo com a própria Veja, além de denunciar as torturas e desaparecimentos que realmente ocorriam naquele momento, Dom Evaristo Arns “Apoiou o movimento grevista no ABC (e seu principal líder, Luiz Inácio Lula da Silva)”. Com isso, o texto também alude ao fato de que “Se fosse hoje, dom Paulo provavelmente teria no papa Francisco, também ele um franciscano, um aliado”. 
Afinal de contas, no período de maior atuação de Dom Evaristo, o papa era um polonês que conheceu de perto as mazelas causadas pelo comunismo e pelas ideias chamadas “progressistas”, quer dizer, o papa era João Paulo II.

Mas afinal, o que é que a Veja não disse?

Se a matéria a qual me refiro abordou temas como tortura, censura, violência, repressão, etc., mas sempre com suas críticas – legítimas, vale dizer – voltadas a ditadura militar, deveria também explorar o outro lado da moeda, mas não o fez. O porquê eu não sei…>

A Veja cita um discurso feito pelo cardeal no dia 31 de outubro de 1975 no qual ele diz: “Ninguém toca impunemente no homem, que nasceu do coração de Deus para ser fonte de amor. Não matarás. Quem mata entrega a si próprio nas mãos do Senhor da história e não será apenas maldito na memória dos homens, mas também no julgamento de Deus.” Até aí tudo bem, já que este é um discurso que se espera de um cristão, porém, existe uma contradição nisso tudo.

Não haveria problema algum no discurso se o cardeal não tivesse, em 1969, ajudado dominicanos comunistas que entraram para a ALN (Ação Libertadora Nacional), um grupo terrorista chefiado por Carlos Marighella. (Se o leitor acredita que Marighella não foi um terrorista, recomendo o texto que trata sobre o livro Manual do Guerrilheiro Urbano, escrito pelo líder da ALN). Curioso é que no mesmo ano do discurso, um panfleto escrito por militantes da ALN declarava: “Todos nós somos guerrilheiros, terroristas e assaltantes e não homens que dependem de votos de outros revolucionários ou de quem quer que seja para se desempenharem do dever de fazer a revolução.”  Um pouco disso pode ser encontrado no livro e no filme Batismo de Sangue que, embora tenha sido escrito por alguém não insuspeito como Frei Betto, dá uma dimensão do envolvimento dos religiosos dominicanos na luta armada e em ações extremistas. Se Dom Evaristo foi a favor dos direitos humanos, de uma forma ou de outra também foi a favor do terrorismo.

No discurso citado acima o cardeal defende a vida, relembra o quinto mandamento cristão, entretanto, defendeu guerrilheiros que, em suma, a partir de 1967, iniciaram seus assaltos a bancos, sequestros, entre outras ações criminosas.
O próprio autor do Manual do Guerrilheiro Urbano, isto é, Marighella, logo no início de seu texto, aponta que um dos objetivos essenciais do guerrilheiro urbano é “A exterminação física dos chefes e assistentes das forças armadas e da polícia.” Também aponta que “todo guerrilheiro urbano tenha em mente que somente poderá sobreviver se está disposto a matar os policiais e todos àqueles dedicados à repressão.”

E tem mais. Marighella, um comunista obcecado e que aos olhos de muitos apaixonados é visto como alguém que lutava pela democracia, assinala que “matar um espião norte-americano, um agente da ditadura” deve ser uma ação realizada por um atirador “operando absolutamente secreto e a sangue-frio.” Enfim, dentre tantas instruções bizarras, Marighella afirma que “o terrorismo é uma arma que o revolucionário não pode abandonar.” Dentre os quatro sequestros de diplomatas realizados no Brasil, a ALN tomou parte na ação de dois. Foram eles: o sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick e do alemão Ehrefried Von Holleben.

Nas palavras de Stédile – o comandante do “exército” do PT, ou seja, do MST -, “Arns impulsionou o surgimento dos movimentos populares rurais que surgiram no país nas últimas décadas.” Ele complementa: “A maioria dos movimentos do campo que hoje existem – MST, MAB [Movimento dos Atingidos por Barragens], Movimento dos Pequenos Agricultores, Comissão Pastoral da Terra, Cimi [Conselho Indigenista Missionário] -, nascemos orientados por vossa sabedoria, que pregava: Deus só ajuda quem se organiza.” Sabemos que Stédile não é alguém muito simpático a democracia. E não para por aí, mas creio que por ora seja o suficiente.

Durante um longo tempo Dom Evaristo celebrou missas nos dias de finados e que tinham como homenageados aqueles que foram mortos sob a repressão dos militares. Resta saber se o religioso também rezou missas por aqueles que foram assassinados pelos guerrilheiros comunistas em seus “justiçamentos” – nome dado às execuções – ou pelos que foram afetados por suas explosões.

Mesmo assim não acho ético comemorar a morte de alguém. Não que eu seja defenda o politicamente correto, no entanto, creio que não seja necessário – como fizeram alguns católicos mais conservadores – comemorar a morte do cardeal.
Conforme já apontou Rodrigo Constantino em vídeo, embora não devamos “canonizá-lo” pelo seu engajamento político à esquerda, como a grande mídia fez, celebrar sua morte é algo descabido. Quando Fidel Castro faleceu, por exemplo, preferi comemorar a possível libertação futura do povo cubano em vez de focar no cadáver de seu algoz.

E por falar em Fidel Castro, como se não bastasse tudo que citei acima, vale dizer que Dom Evaristo Arns chegou foi um admirador declarado do ditador cubano. Em uma carta enviada pelo cardeal a Fidel Castro e posteriormente publicada no jornal cubano Granma, Dom Evaristo Arns escreveu:

“Queridíssimo Fidel,
Paz e bem
Aproveito a viagem de Frei Betto para lhe enviar um abraço e saudar o povo cubano pela ocasião desde 30º aniversário da Revolução. […] A Fé cristã descobre nas conquistas da Revolução os sinais do Reino de Deus que se manifesta em nossos corações e nas estruturas que permitem fazer da convivência política uma obra de amor. […] Infelizmente ainda não se deram as condições favoráveis para que se efetue o nosso encontro. Tenho-o presente diariamente em minhas orações e peço ao pai que lhe conceda sempre a graça de conduzir os destinos da pátria. […] Receba meu fraternal abraço nos festejos pelo XXX Aniversário da Revolução cubana e os votos de um ano novo promissor para o seu país.
Fraternalmente,
Paulo Evaristo Cardeal Arns.”

Perceba que a carta foi escrita em 1988, isto é, quando Fidel Castro somava trinta anos no poder. Democracia? Em 1988 já era tempo de o cardeal perceber que os comunistas cubanos que mandavam na ilha há três décadas não estavam nem um pouco preocupados com democracia. Aliás, era essa a “democracia” que defendiam os dominicanos guerrilheiros os quais Dom Evaristo Arns defendeu com tanta veemência.

A Veja também poderia ter levado em consideração esse outro lado daquele que chamou de “gigante”, não é mesmo?

Viva la Revolución! Descansa en paz, cardenal!

FONTE:



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EM ANO DE CRISES, SUPREMO TEM 18% MENOS DECISÕES COLETIVAS

Pedro Ladeira/Folhapress
Decisões tomadas pelo plenário do Supremo são cada vez menos numerosas que as individuais

THAIS BILENKY
DE SÃO PAULO

26/12/2016  

O Supremo Tribunal Federal tomou 18% menos decisões coletivas neste ano de atrito entre Poderes do que em 2015, acentuando uma tendência histórica de individualização das ordens na mais alta instância do Judiciário brasileiro e acirrando ânimos na classe política.

As decisões colegiadas, tomadas em plenário ou nas turmas, compostas por cinco ministros cada uma, diminuíram de 18 mil para 15 mil de um ano para o outro, enquanto o total de ordens do STF se manteve em cerca de 117 mil.

De acordo com dados oficiais da instituição, as decisões coletivas corresponderam a 12% do total em 2016. É o menor patamar desde 2010 (quando somaram 10%), último ano contemplado pelas estatísticas disponibilizadas pelo STF.

Por outro lado, as ordens expedidas exclusivamente por um ministro, tecnicamente chamadas de monocráticas, foram 3% mais volumosas neste ano em comparação com o anterior, passando de 99 mil para 102 mil.

DISTORÇÕES

A individualização das decisões no Supremo se acentua há quase duas décadas. Mas questionamentos a esse funcionamento recrudesceram em 2016, diante da crise no Brasil. Para analistas, divisões internas enfraquecem a instituição.

"A estratégia do Supremo de fragmentação, com a existência de 11 Supremos decidindo, tem criado crises políticas. Mas não tem aumentado a eficiência operacional", observou Joaquim Falcão, diretor da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas no Rio.

"A individualização é um fracasso que pode ser revertido. Revertido pelo Supremo", pontuou o docente.

Procurada, a presidência do Supremo Tribunal Federal não quis se manifestar.

Um dos casos recentes que expôs divergências decorreu da determinação do ministro Marco Aurélio Mello de afastar Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado, em 5 de dezembro.

Em atitude criticada, a Casa optou por ignorar a ordem judicial, argumentando que era, não apenas monocrática, como ainda liminar –ou seja, provisória.

Liminares, pela regra, devem ser submetidas a órgão colegiado. No caso de Renan, essa previsão foi cumprida e, dois dias depois de emitida, a ordem de Marco Aurélio foi à votação no plenário do STF e o afastamento, revertido.

O episódio, ainda assim, provocou novas manifestações públicas de desentendimento entre o ministro Gilmar Mendes e colegas de tribunal, além de insatisfações em outros Poderes.

Nem sempre o protocolo de julgamento colegiado de uma liminar é seguido, porém. Como o regimento do STF não estabelece um prazo para análise, decisões que deveriam ser provisórias vigoram, muitas vezes, por anos a fio.

A despeito de controvérsias recentes, o número de liminares oscilou relativamente pouco nos últimos seis anos, variando de 3.000 (em 2010) a 2.300 (2016).

EXCESSOS

Para Falcão, a interpretação do sistema recursal brasileiro feita pelo Supremo inviabiliza o trabalho no órgão. Por alto, ele estima que cada ministro teria de ler 3.000 páginas por dia útil para dar conta dos processos de sua competência.

"É impossível que um ministro leia essa quantidade de páginas por dia, mas o dever de leitura do ministro é direito do cidadão", argumentou.

"O Supremo já poderia ter diminuído seu trabalho por meio de rigoroso juízo de admissibilidade, de aplicação de multas por litigância de má-fé, agravos infundados e tantos outros. O Supremo não opta por esse caminho. Poderia optar, se houvesse um mínimo de coesão interna."

Um reflexo disso é a intermitência da produtividade do Supremo, se medida pelo total de decisões, colegiadas e monocráticas, proferidas anualmente.

Houve picos, por exemplo, em 2010 (110 mil) e 2016 (117 mil) e baixas em 2012 e 2013 (90 mil em cada ano).

É verdade que a quantidade de processos protocolados também varia. Mas, em um horizonte temporal mais distante, percebe-se que o STF vem acumulando trabalho.

Em 1990, por exemplo, 19 mil processos foram protocolados, segundo dados do tribunal. Neste ano, o total saltou para 91 mil.




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