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terça-feira, 10 de julho de 2018

AJUFE SOBRE AMEAÇAS A MORO: “É INADMISSÍVEL”


Brasil 10.07.18

Fernando Mendes, recém-empossado presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), acaba de divulgar a seguinte nota sobre ameaças feitas ao juiz Sergio Moro — a Polícia Federal investiga:


“A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), entidade de âmbito nacional representativa dos magistrados federais, vem a público defender, mais uma vez, a necessidade de respeito à independência judicial dos Magistrados que atuam em processos que envolvem ações de combate à corrupção.

A atuação da Justiça Federal em processos criminais, inclusive os que envolvem agentes públicos ou políticos acusados de corrupção, é isenta e imparcial, não havendo razão para se estranhar decisões que condenem e prendam pessoas consideradas culpadas, após o devido processo legal, independentemente do poder ou condição econômica e social. Trata-se de obrigação imposta pelo princípio da igualdade de todos perante a lei.

É importante destacar que os Juízes Federais entendem que o direito à livre manifestação é constitucional, mas não pode transbordar para ofensas, agressões verbais, nem atentar contra instituições. É inadmissível que Magistrados, no exercício das funções constitucionais, sejam alvos de ataques pessoais, provenientes de figuras públicas ou de dirigentes de partidos políticos. Atitudes como essa, refletem uma visão autoritária e atentam contra o Estado Democrático de Direito.

A Ajufe, ao mesmo tempo em que se solidariza com os Magistrados que vêm sendo afrontados publicamente, não vai admitir qualquer ameaça que possa atentar contra as prerrogativas da Magistratura Federal. Não reconhecer a realidade dos fatos e não adotar medidas voltadas a sanar as distorções identificadas, com a devida punição dos responsáveis por desvios criminosos, é abrir caminho para o atraso que macula a legitimidade das instituições e afronta a sociedade brasileira.”



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CONHECENDO E DISSEMINANDO A MENSAGEM (VI) - Clóvis Silveira Góis Júnior


4.6  Um teste de fé

            Um episódio marcante provou a fé dos neoadventistas. Vislumbro neste caso uma semelhança com a história narrada no Segundo Livro de Crônicas, capítulo 20, quando o rei de Judá, Josafá, foi afrontado e insultado por três nações cananeias. Faço aqui rapidamente um resumo de fato bíblico e, a seguir, passarei a relatar o que aconteceu no Boqueirão.

            Moabitas, amonitas e meunitas, povos vizinhos de Judá, resolveram se unir e pelejar contra os hebreus. Um mensageiro avisa ao rei Josafá sem esconder de que se tratava de grande multidão. O monarca teve medo e buscou ao Senhor e apregoou de imediato um jejum generalizado à nação. Diante do Templo, em prece, ele clama por socorro urgente, pois o inimigo já estava a caminho, não deixando de relembrar feitos antigos quando o Eterno libertara seu povo. Confiado na onipotência de Jeová e consciente da pequenez dos judeus, o rei clamou: “Ah! Nosso Deus, acaso, não executarás Tu o Teu julgamento contra eles? Porque em nós não há força para resistirmos a essa grande multidão que vem contra nós, e não sabemos o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em Ti”. Toda a gente ali presente, calada, esperava uma resposta, um alento, um sopro de segurança. O Espírito Santo Se utiliza do levita Jaasiel e acalenta a multidão, afirmando não ter o que temer, pois Ele próprio, Deus, se encarregaria de protegê-los e guerrear contra a tríade inimiga: “Não temais nem vos assusteis por causa dessa grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus”. E o mais interessante foi o que Deus mandou Judá fazer, em termos militares, bélicos e em relação ao uso da força – NADA! Para ouvintes boquiabertos, o Senhor falou: “Neste conflito, não tereis que pelejar; tomai posição, ficai parados e vede o salvamento que o SENHOR vos dará... Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o SENHOR é convosco”. Diante de tamanha promessa, Josafá teve certeza do livramento e, ali mesmo, ajoelhando-se com a nação, adorou por meio de um louvor comunitário.

            Em ato de obediência, no outro dia pela manhã, Josafá dispôs o exército e, à frente, o coral do Templo. Entendeu que,  numa guerra, o exército, mesmo que não fosse lutar, deveria estar presente, cabendo ao povo e aos cantores o louvor. Não teriam que se preocupar senão em prestar culto por meio do louvor. A fé viva e atuante é aquela que espera no Senhor: “Tendo eles começado a cantar e a dar louvores, pôs o SENHOR emboscadas contra os filhos de Amon e de Moabe e os do monte Seir que vieram contra Judá, e foram desbaratados”. Sem levantar uma espada, Judá venceu. Sem matar um judeu, os inimigo se autodestruíram, confusos,  sem entender, inicialmente, o porquê daquele momento adverso, infausto e tormentoso. O autoextermínio foi assim retratado: “Os filhos de Amon e de Moabe se levantaram contra os moradores do monte Seir, para os destruir e exterminar; e tendo eles dado cabo dos moradores  de Seir, ajudaram uns aos outros  a destruir-se.” Assim foi o fim daqueles que tentaram incomodar os eleitos do Senhor.

            E o que a comunidade adventista do Boqueirão, o primeiro núcleo de guardadores do sábado em Itabuna, tem a ver com essa história?

            Após a aceitação da mensagem bíblica por parte de alguma agricultores e trabalhadores rurais da comunidade que se uniram à Igreja  Adventista, houve uma mudança radical na forma de se comercializar, falar, reunir e escolher amigos. Novos hábitos, bem mais sadios, foram implantados. As rotinas foram alteradas, buscando-se algo mais próximo do Criador. Conversações frívolas, festividades vãs e ajuntamentos inúteis foram deixados para trás. Talvez o conjunto disso tudo acabou provocando despeito, zanga e mal-estar em alguns vizinhos não tão crédulos e zelosos pela causa de Deus. Um temerário fazendeiro da família Badaró, que morava nas adjacências, não aceitando ou mesmo aturando aquelas inusitadas reuniões de crentes, mandou um recado para João Roberto Ramos. “Se continuassem a ocorrer as reuniões sabáticas, ele mesmo iria com seus capangas obstruí-las, utilizando se necessário da força física e das armas”.

            Em período anterior, pré-aceitação do Adventismo, João Roberto resolveria a pendenga de outra forma, pois a coragem e a bravura sempre lhes foram características congênitas. Mas agora seria diferente, entregou o problema e o insulto nas mãos divinas. Diante da afronta ele confiaria em Deus. Apresentaria seus louvores e orações Àquele que poderia livrar os devotos.

            Chegando o sábado, os membros apresentaram-se na congregação como de costume, mas foram aconselhados pelo líder que não se sentassem em seus locais habituais. O grupo foi dividido em dois: homens na frente, armados com suas respectivas  Bíblias, e mulheres e crianças nos bancos derradeiros. Orações, louvores e intercessões levantadas aos céus pedindo livramento. E assim começou o culto. Sem alterações do ponto de vista do ritual sabático.

            Mais tarde ocorreu algo que fez alterar o batimento cardíaco dos fiéis mais inconstantes. Tiros são ouvidos! Pensavam tratar-se de um aviso dado pelo algoz de que ele estaria chegando com seu bando. O que fazer? A recomendação é que se continuasse com a programação e não fosse esquecido em momento algum que a proteção vem do Senhor. Mais estampidos! Orações e louvores redobrados, então! Assim foi durante toda a programação matinal. Mas os valentões não apareceram. O que aconteceu finalmente?

            Culto realizado, toda a membresia, agradecida, retornou aos seus respectivos lares. No trajeto ou mesmo durante aquela tarde tomaram ciência do que havia acontecido. Quando o grupo ofensor se preparava para ir ao local de culto, foi surpreendido por outro bando oponente, que estava ali para acertar antigas diferenças e rixas. O grupo que se preparava para atacar foi fortemente atacado! O temerário fazendeiro não morreu em virtude de ter se refugiado num local pantanoso existente nas cercanias de sua propriedade, ficando somente com a cabeça de fora para conseguir respirar enquanto os oponentes se rivalizavam!

            Que belo testemunho de fé viveram nossos pioneiros. Não tentaram promover defesa com suas próprias forças, mas confiaram em quem os podia ajudar. Enquanto o inimigo se preparava para atacar, os fiéis, tal qual no tempo de Josafá, oravam e cantavam louvores. E a Providência encontrou um meio de socorrê-los.


(A GÊNESE DO ADVENTISMO GRAPIÚNA Cap. 4.6.)
Clóvis Silveira Góis Júnior

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