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sábado, 23 de junho de 2018

DELEITANDO-ME COM A COPA! - Antonio Nunes de Souza



Deleitando-me com a copa!

Resolvi, espontaneamente, tirar umas férias de criações literárias (crônicas do cotidiano), no sentido de me dedicar completamente a ver os jogos dos selecionados mundiais, mesmo não sendo um fanático pela arte “pebolística”!

Quando fui dar por mim e perceber, vi que estava um viciado em escrever, pois, religiosamente, estava criando e escrevendo uma ou duas crônicas por dia!

Deixando os exageros à parte, essa minha exaustiva tarefa poderia me custar, não só o cansaço mental, como, principalmente, a queda de qualidade. Então, inteligentemente, resolvi tirar umas férias mental, estou aproveitando a diversão do futebol, assim como, depois de ver o meu blog, notei que estou com uma carga exagerada de textos, já dando para organizar mais dois ou três livros em minha carreira de “teimoso escritor”!

E é o que estou fazendo, pois já chamei meu diagramador favorito, ele já recolheu todo material, vai transformar em livros de “provas” para que sejam feitas as correções necessárias e, em seguida serem impressos as “bonecas” (nome dos livros de provas) e preparação para edição em série.

Super divertida essa sequência de detalhes, que faz lembrar as expectativas de uma mulher, quando aguarda a chegada do seu filho!

Então...assim, sendo, essa é a justificativa do meu recesso e falta das remessas das minhas transloucadas crônicas que, muitas vezes, fogem completamente as realidades atuais e futuras!

Grande abraço para todos e vão se contentando lendo através do meu blog – antoniomanteigablogspot.com -, onde você encontrará quase duas mil crônicas e poemas, todos criados e escritos por mim!

Recebam todos uns muitos abraços juninos, um bom S. João com muita canjica e pamonhas, além de um S. Pedro que, se você já enviuvou, arranje uma parceira ou parceiro e faça explodir seu coração na base do licor de jenipapo!
  
Antonio Nunes de Souza, escritor.
Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL

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TORCEDOR NA DESPORTIVA - Cyro de Mattos

Torcedor na Desportiva
Cyro de Mattos.

                                                             
            Penso que um futebol de jogadores com boa técnica, que  se exibiam no velho e saudoso Campo da Desportiva, não deveria ficar esquecido. Merece um museu  para que um dos aspectos da nossa memória seja valorizada.  Sirva  para que as novas gerações tomem conhecimento  de que é o homem que faz o lugar e  não o lugar que faz o homem.  Faz-se necessário  que o teor do que acabei de dizer seja explicado melhor. É imperioso que o futebol amador de nossa cidade, na fase áurea,  seja mostrado aos conterrâneos e visitantes, curiosos e estudiosos. Como nasceu e se desenvolveu  com tão boas qualidades técnicas, em seu longo curso de amadorismo. Avaliado nas razões de como jogadores que não eram profissionais, numa época distante do interior baiano, longe de centros esportivos desenvolvidos, como Rio e São Paulo, ou até Recife,  Belo Horizonte e Porto Alegre, deram espetáculos com um potencial técnico surpreendente, movido com arte e emoção.

            Jogadores amadores que podiam vestir a camisa de  grandes clubes brasileiros, se tivessem atuando hoje. Não será exagero afirmar que com sorte alguns desses jogadores poderiam chegar  até mesmo à Seleção Brasileira. Cito três: Léo Briglia, Déri e Fernando Riela. Como aconteceu com Perivaldo, que surgiu no declínio do Campo da Desportiva, ou com outros de época mais recente, quando então os meios de comunicação fazem ficar conhecidos os atletas que jogam  em lugares distantes desse imenso Brasil.

              Sem ufanismo, sabem como eu os mais antigos desportistas de minha terra natal, vários  deles hoje passando dos setenta anos, que aqueles jogadores amadores escreveram, no piso esburacado de um estádio acanhado, páginas belas de uma das nossas maiores paixões populares. Basta dizer que meio século depois nenhuma cidade do interior da Bahia conseguiu igualar a saga da seleção amadora,  campeã seis vezes seguidas pelo Intermunicipal. Antes de alcançar essa marca, venceu  o Torneio Antonio Balbino, em Salvador, no qual participaram outras boas seleções do interior baiano. .

             Publiquei um livro sobre esse futebol amador  para contribuir um pouco com a preservação dessa memória. Promovi quando gestor cultural da cidade o documentário “Saudosa Desportiva, Gloriosa Seleção”. Sua exibição foi um sucesso. Tocou os corações de muitos,   familiares de jogadores, torcedores daquela época do futebol amador,  curiosos de ontem e hoje. Na tela do palco do Centro de Cultura Adonias Filho,  uma seleção amadora de futebol ressurgiu do fumo do tempo para mostrar  uma das faces da alma do povo brasileiro: o futebol. Jogado com emoção e garra,  classe e algum feitiço no campinho do interior.

           Sempre estou agradecendo àqueles artistas da bola na época de ouro de nosso futebol amador, pelas  alegrias que  deram no velho e saudoso Campo da Desportiva. Deles e do velho campo, com os momentos fascinantes, agradáveis e divertidos,  não  devo esquecer.  Como neste poema que escrevi:


Soneto do Campo da Desportiva - De zinco era coberta a arquibancada /A cancha tinha um piso esburacado./ Nem um pouco essa chuva demorada/Conseguia deixar desanimado/ O torcedor, que curtia a jogada / Do seu ídolo na bola passada./Dos pés a mágica mostrava ser / Tudo um sonho para nunca esquecer./ O gol de placa do atacante quando/ A partida já chegava ao final/E a marca da seleção que venceu/ Tantas vezes o intermunicipal/ Seguiram-me na torcida de meu/ Time pelos estádios do  mundo.   

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Cyro de Mattos é contista, poeta, romancista, ensaísta, cronista e autor de livros para crianças. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia.  Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Santa Cruz. Premiado no Brasil, Portugal, Itália e México. Tem livro publicado em Portugal, Itália, França, Alemanha, Espanha e Dinamarca. Conquistou o Prêmio Internacional de Literatura Maestrale Marengo d’Oro, em Gênova, Itália, com o livro “Cancioneiro do Cacau”, o Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras, com “Os Brabos”, contos,  o APCA com “O Menino Camelô” e O Prêmio Nacional Pen Clube do Brasil com o romance “Os Ventos Gemedores”. Finalista do Jabuti três vezes.  Distinguido com a Ordem do Mérito da Bahia. Pertence ao Pen Clube do Brasil.

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POLÍTICA EXTERNA DE GENTE GRANDE – Marco Antônio Villa


Não é novidade dizer que vivemos uma crise de lideranças. O atual processo eleitoral é uma demonstração inequívoca. Não há registro na história republicana de uma carência tão significativa de líderes como agora. Esse processo não é produto do acaso. Deve-se a uma estrutura política que rejeita a novidade e novas formas de ação política. Até o momento, o arcaico vence de goleada o moderno. A ruptura entre a sociedade civil e o Estado e seus braços – como os partidos políticos – se aprofundam. E o maior prejudicado é o cidadão que encontra por todos os lados a frustração.

Os presidenciáveis possuem enorme dificuldade de ter uma visão de totalidade dos dilemas que o País enfrenta. Abusam de clichês, de soluções que não são soluções. Dão a impressão que desconhecem o que está ocorrendo no mundo. São provincianos. E quanto se referem ao exterior é sempre de forma subserviente.
Insistem alguns na importância da globalização, da liberdade comercial, mas em nenhum momento tocam na questão geopolítica.
A inserção do Brasil no mundo é no campo das mercadorias. Isso como se o planeta vivesse em paz e, pior, para todo o sempre. Os conflitos que ocorrem no mundo, as áreas de influência que foram redefinidas com o fim da Guerra Fria, as contradições, entre outros exemplos, entre Estados Unidos e China, são absolutamente ignorados.

Dada a importância econômica do País, sua extensão territorial, a presença no hemisfério sul, além de estar distante das zonas mais conflituosas do mundo, dão ao Brasil a necessidade de estabelecer uma política externa que combine a presença econômica, seu poderio militar e os interesses estratégicos do país. O Itamaraty, que poderia ser esse corpo permanente de Estado — e não de governo — para elaborar propostas de interesse nacional, de há muito abandonou o papel de indutor da política externa. É uma tradicional repartição pública. Um escritório burocrático, cinzento, modorrento. Sua principal preocupação são as festas, coquetéis e intrigas internas que desservem à República.

É urgente que o País tenha uma política externa de, no mínimo, médio prazo. Um passo positivo foi ter abandonado a relação de amizade e aliança com os países bolivarianos. Mas só isso não basta. É necessário pensar grande, pensar do tamanho do Brasil. A nossa inserção no mundo não pode ocorrer de forma subordinada. Precisamos ter um diálogo de igual para igual com as potências de um mundo multipolar.



Marco Antônio Villa é historiador, escritor e comentarista da Jovem Pan e TV Cultura. Professor da Universidade Federal de São Carlos (1993-2013) e da Universidade Federal de Ouro Preto (1985-1993). É Bacharel (USP) e Licenciado em História (USP), Mestre em Sociologia (USP) e Doutor em História (USP)


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