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domingo, 30 de julho de 2017

O REINO ANIMAL - Geraldo carneiro


O reino animal 

Nunca tive um animal de estimação. A não ser meus amigos — que são animais relativamente racionais.

Quando eu era criança, durante o breve período em que moramos em Brasília, ganhei um casal de coelhos, Lico e Lica. A Lica teve um destino trágico: foi devorada pelo cachorro do vizinho. Já o Lico, quando nos mudamos de volta para o Rio, ficou em Brasília, foi adotado por um jornalista amigo da família e virou comentarista político de TV.

Você não acredita? Pois o Lico trabalhava num programa chamado “O coelho e eu”, no qual o jornalista Aluísio Chaves lhe fazia perguntas sobre a atualidade política. Por exemplo: “O que você acha do governo Temer?” A câmera cortava para o focinho do Lico, sempre em movimento, parecia que estava falando. E o Aluísio fingia reproduzir sua fala: “Segundo o Lico, o governo Temer é digno de uma República de Bananas.”

Anos depois, um veterinário descobriu que o Lico era Lica. Parece que o sexo dos coelhos, tal como o dos anjos, é matéria complicada. E creio que Lico/Lica se tonou o primeiro transgênero celebrizado pela TV dos anos 60.

No capítulo dos felinos, tive duas gatas. A primeira se chamava Teresa. Levei-a para morar lá em casa contra a vontade de meu pai, que tinha trauma de infância provocado pela morte involuntária de uma gatinha. Como era um coração democrático, porém, papai aceitou provisoriamente a coabitação com Teresa. Até a noite em que chegou em casa meio embriagado e, quando foi respirar fundo, na penumbra da sala, sentou-se no sofá em cima dela. Saíram os dois miando e gritando, cada qual para o seu lado. Acabei forçado a levar Teresa para o apartamento do historiador Hélio Silva, que não só a adotou como chegou a exibi-la no colo, na capa da “Veja”.

A segunda se chamava Eleanor Rigby, mais conhecida por Lelê.
Lelê e eu vivíamos em completa felicidade conjugal. Só que um dia meu filho mais velho, Joaquim Pedro, partiu para Tiradentes, para gravar uma minissérie. Lelê apaixonou-se pela ausência dele.
Desolada, ela se deitava todas as noites sobre os tênis de Joaquim.
Me lembrei de Drummond: a falta que ama. Logo percebi que Lelê me abandonaria, em companhia de meu filho. Tiro e queda. Aconteceu.

Nos últimos anos tivemos aqui em casa a Dáwa — que significa Lua em tibetano — , uma cachorrinha que nos abandonou há cerca de dois anos. A arte de perder é difícil de dominar, ao contrário do que diz a poeta americana Elizabeth Bishop, com dolorosa ironia.

Há duas décadas, meu amigo Millôr Fernandes perdeu seu Igor, um poodle simpático. Nunca o vi tão triste, ficou jururu durante um ano. E agora minha amiga Nélida Piñon perdeu o seu amado Gravetinho. Aqui vai o meu carinho para acalentá-la.

Na próxima encadernação espero merecer o amor dos animais.

O Globo, 23/07/2017

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Geraldo Carneiro - Sexto ocupante da Cadeira 24 da ABL, eleito em 27 de outubro de 2016, na sucessão de Sábato Magaldi e recebido em 31 de março de 2017 pelo Acadêmico Antonio Carlos Secchin.

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ITABUNA CENTENÁRIA: UM POEMA - Meu Deus, por Ruth Caldas

MEU DEUS

por Ruth Caldas


Meu Deus, meu Deus,
Por que me abandonaste?
E eu te peço, por favor,
Pelo teu Amor.

Se é pelo pecado
Que eu me afasto de ti,
Te clamo o teu perdão,
Me ajuda a te seguir.

Eu sei que eu não sou nada
Mas dependo de ti e por isso
Nesse momento
O que eu quero é te servir.

No momento da aflição
Eu fiz essa canção,
Para demonstrar
A minha gratidão!

Pois a vida não é só curtir,
Tem que parar para refletir
E saber que só Jesus é
O Caminho, Verdade e Fé!


Ruth Caldas

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O QUE APRENDI COM AS CIGARRAS - por Malu De Falco

Seja hoje. Seja a melhor pessoa, a melhor mãe, pai, irmão e namorado. Encare suas limitações, procure quem você ama, esteja por perto dessas pessoas. Se afaste quando sentir necessidade da sua companhia, esclareça pontos que te sufocam, e, acima de tudo, não esqueça de respirar. Em hipótese alguma deixe de inspirar e expirar.
Inspire o mundo, expire sentimento. Inspire o medo, expire coragem. Inspire e expire você. Inspire solidão e expire o outro.

Estava sentada em qualquer jardim, envolvida em algumas lembranças. Respirei fundo e senti um aroma que me lembrava alguns pedaços de vida. Ouvia o soar das cigarras. Quando era criança, morria de medo delas. A moda do jardim de infância era acoplar o maior número de carapaças de cigarras ao uniforme da escola. Piscava-se e surgia dali uns segundos alguém desfilando com seu novo broche. A arte de achar uma carapaça pequena era símbolo maior de charme e ostentação. Eu permanecia mordendo os cantos do lábio desejando um dia ter coragem de segurar uma carapaça daquelas e não sentir medo. Monotonias vazias, hiperativas e cheias de graça.

Muito se olha para fora. Calcule quantas vezes ao dia você olha o celular. Alguns estudos sugerem que olhar o mesmo aplicativo mais de dez vezes ao dia já sinaliza vício. Você se julga um viciado em algum desses aplicativos? Quantas vezes você se desliga do que acontece em volta para checar o celular ou olhar para qualquer distração insignificante? Quantas vezes você vê a vida passar, o passo passar, o trem ir embora e alguém se perder? Quantas vezes te aconselharam que você viva? Eu te aconselho diferente. Aconselho que seja. Seja em todos os sentidos, em todos os momentos. Seja o presente, seja para viver. A melhor pessoa no que trabalha, o melhor motorista de São Paulo ao litoral, o melhor degustador de café, e o melhor bebedor de cerveja. Pode me considerar alguém competitivo, e eu de fato estimulo que trave uma competição, desde que ela tenha dois fatores fundamentais: ser saudável e travada consigo mesmo. Não tente superar o outro, o colega na baia ao lado, a mãe, o irmão, o namorado. Supere você mesmo diariamente, se surpreenda e se desafie. Entenda que o segredo de ser está em olhar para dentro, o tempo inteiro. É olhando para dentro que se entende melhor o que está fora, e é desse modo que se ajuda melhor a si e ao outro.

Por exemplo, se você insiste em não falar "não" para uma função para qual se julga incapaz de cumprir no momento ou por falta de habilidade, vai gerar um estresse enormesobre seus ombros e a ansiedade pode ser insustentável. Ao mesmo tempo, poderá acarretar prejuízo para quem contava com seu trabalho, que será frustro. Aprenda a olhar para dentro e avaliar as suas necessidades e possibilidades naquele momento, para aquele dia.

Seja hoje. Seja a melhor pessoa, a melhor mãe, pai, irmão e namorado. Busque a criatividade na rotina, escreva uma carta, compre flores para você, mande flores para alguém, dance em uma festa junina, vá comer pastel hoje e pão de queijo amanhã, corra dez quilômetros ou caminhe por um e meio. Encare suas limitações, procure quem você ama, esteja por perto dessas pessoas. Se afaste quando sentir necessidade da sua companhia, esclareça pontos que te sufocam, e, acima de tudo, não esqueça de respirar. Em hipótese alguma deixe de inspirar e expirar. Inspire o mundo, expire sentimento. Inspire o medo, expire coragem. Inspire e expire você. Inspire solidão e expire o outro.

Vivemos em um mundo egoísta, é sabido, em que as pessoas tem para si que para alcançar o amor próprio precisam se apossar de decisões inflexíveis e deixar de pensar no outro. Isso costuma afastar as pessoas. Entenda: é preciso ceder, inevitavelmente. O que há para aprender é que não se pode e nem se deve ceder sempre. Não se pode agradar sempre, nem a si, nem ao outro. Ao contrário, estaríamos todos em uma praia open bar vinte e quatro horas ao dia. Porém, quando possível, deve-se explorar ao máximo o presente para agradar a si, e, quando consoante, também ao outro. Ceda para conviver bem, dentro dos seus limites. Valorize quem está ao seu lado como se estivesse a um segundo de perder, suas atitudes para com quem você quer ao seu lado serão determinantes para perpetuar quem vai continuar com você e quem vai decidir que você deve seguir sozinho.

Não escolha viver sozinho, isso pode parecer insustentável a algum momento e eu posso apostar que um dia você vai derramar lágrimas ao ler alguma frase clichê pintada em um muro da vila madalena: alguém, definitivamente, precisa ceder. Então ceda e tenha o cedido, por você e por suas relações. Olhe para dentro agora. Acenda e apague suas luzes internas. Termine e recomece seus processos mal esclarecidos e esteja pronto para arriscar ser, cem por cento e sem afobação. Largue o medo, deixe de ansiedade, as coisas podem dar errado ou dar certo. Invista na possibilidade do certo, você sempre vai se sair melhor tentando, e eu te aconselho tentar para valer, sempre. Não tente pela metade, coloque você em cada parte e lute pelo que você quer, sonha, imagina ou respalda.

Não seja a menina ou o menino que se rende a cigarra. Seja o caçador de cigarras, lute por suas carapaças e desfile todas elas no escorregador. Pegue todas que quiser, e antes de entrar nessa, olhe para dentro de você e ache a coragem que está ali dentro enterrada. Desenterre essa coragem, e vá em frente. Vá caçar todas elas, distribua seus presentes, se aposse de você e expire suas partes plenas e felizes. Não seja a criança amargurada e egoísta com medo da vida e do que vem depois. Seja hoje, faça hoje. Coma, abrace, chore, ajoelhe, reze, deite, descanse, beije, discuta, profira, pregue, ensine, namore, dê um presente, fale, sinta, assuma, peça em casamento, entre em uma ciranda, cozinhe uma moqueca. Hoje. Plena e conscientemente hoje. Não tenho mais medo de cigarras. Não tenha você também. Vamos levar para a vida uma cesta delas, por todo vivas e emanando qualquer som de madrugada florida.


MALU DE FALCO
Sou de amor por livros, café de museu, poltrona do Tate Modern, passagens aéreas, chocolate quente, cheiro de chuva, reler velhas cartas e vinho. Sou de vida e de oxímoros, extremamente a favor do bom humor.
Saiba como escrever na obvious.



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PALAVRA DA SALVAÇÃO (37)

17º Domingo Comum - 30/07/2017


Anúncio do Evangelho (Mt 13,44-52)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo.
O Reino dos Céus é também como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola.
O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam.
Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí haverá choro e ranger de dentes.
Compreendestes tudo isso?” Eles responderam: “Sim”.
Então Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo o mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”.


— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão de Dom Alberto Taveira Corrêa:


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Olhos abertos às surpresas de Deus

“Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e a compra”


As parábolas do evangelho de hoje nos colocam diante de um fenômeno humano conhecido como serendipitia, serendipidade ou serendipismo: termos que expressam o sentimento de alegria quando encontramos alguma coisa surpreendentemente boa sem que, necessariamente, estejamos procurando por ela; referem-se às descobertas afortunadas feitas por acaso; trata-se de uma forma especial de criatividade, na qual saímos em busca de uma coisa e acabamos encontrando outras muito mais importantes e valiosas.

Estes termos se originam da palavra inglesa “serendipity”, criada pelo escritor britânico Horace Walpole em 1754, a partir do conto persa infantil “os três príncipes de Serendip”. O conto revela as aventuras de três príncipes do Ceilão, hoje Sri Lanka, que viviam fazendo descobertas inesperadas durante o seu caminho. Graças à capacidade deles que aliava perseverança, sagacidade, inteligência e senso de observação, os príncipes acabavam encontrando “acidentalmente” soluções para seus dilemas. Isso revelava uma mente aberta para as múltiplas possibilidades.

A ciência está repleta de casos famosos que podem ser classificados como serendipismo, mas estes só ocorreram porque as pessoas estavam “abertas” a estas descobertas, preparadas e com o senso de observação apurado. A descoberta ocasional dos manuscritos de Qumram, a fotografia, o raio x, a penicilina, a lei da gravidade, a descoberta de Colombo... tem em comum que não foram diretamente buscados, mas, por serem descobertas afortunadas e inesperadas, abriram novos horizontes e tornaram a vida mais bonita e mais agradável. O serendipismo é a pitada que falta no nosso espírito inovador e criativo, que é estar sempre aberto ao inesperado.

O conceito de “serendipidade” é aplicado em muitos setores da vida humana, inclusive no campo da espiritualidade. Serendipidade se refere às descobertas ou encontros afortunados feitos aparentemente por acaso, que muitas vezes possibilitam transformações radicais e positivas em nossas vidas.

Na vida espiritual, o estilo serendipitico ativa em nós o olhar atento, para dentro e para fora, fomenta o assombro e a admiração diante da nossa realidade cotidiana, nos mantém em atitude de abertura para o gratuito e nos faz abertos à Graça e à sua surpreendente novidade. O verdadeiro segredo está em abrir-nos às oportunidades que a vida nos oferece; é viver a arte de uma apurada sensibilidade e atenção a tudo o que acontece ao nosso redor; trata-se de reconhecer e aproveitar as descobertas inesperadas. Reconhecer, receber, viver e agradecer.

A vida é uma busca incessante por aquilo que consideramos essencial e as descobertas surpreendentes só acontecem quando nos deixamos mover por esse espírito de busca; ser buscador significa ter olhar contemplativo, ou seja, transformar simples observações do nosso dia-a-dia em grandes descobertas. Por isso, é nas entranhas do cotidiano que brotam as grandes intuições, as experiências místicas, a criatividade artística, os sonhos ousados...; pois é no cotidiano que irrompe o novo e o revolucionário. É a  atitude contemplativa que nos desperta da letargia do cotidiano. E despertos descobriremos que o cotidiano guarda segredos, novidades, energias ocultas que sempre podem acordar e conferir novo sentido e brilho à vida.

A vida espiritual está cheia de “momentos serendipiticos”, ou seja, encontros reveladores e inesperados com Aquele que se revela sempre de maneira surpreendente, através das surpresas da vida. Só aquele que segue as intuições do coração, estando aberto às infinitas possibilidades, pode entrar em sintonia com Aquele que “trabalha em tudo e em todos”. Ao confiar na sua orientação interior, a pessoa vive a sua vida com discernimento, carregando-a de amor e paixão.

Deus constantemente nos surpreende no singelo, nas coisas simples da vida. Muitas vezes nós perdemos a capacidade de ver a sua ação nas pequenas coisas e ficamos esperando grandes sinais. Cada instante é uma chance para perceber esse amor que Ele tem por nós. Se vivemos cada momento ordinário de forma extraordinária, certamente perceberemos a sua ação e seremos surpreendidos por Ele - um encontro com alguém, um gesto de bondade, uma palavra que alguém nos dá, uma paisagem que vemos, enfim, infinitos momentos em que Deus nos fala e nos busca surpreender. Mas, por não prestarmos atenção, por estarmos dispersos em tantas preocupações, por não fazer silêncio em nosso interior, acabamos não percebendo.

O Evangelho também está cheio desses momentos serendípiticos: uma multidão faminta em busca por alimento e aparece um menino com apenas cinco pães e dois peixes; uma mulher samaritana em busca de água e inesperadamente encontra-se com o autor da água viva; o baixinho Zaqueu que desejava apenas matar a curiosidade, é surpreendido por Jesus que deseja ser hóspede em sua casa; as parábolas da descoberta inesperada  do tesouro e da pérola...

O papa Francisco, em uma Homilia proferida no Santuário Nacional de Aparecida, convidou-nos a constantemente "deixar-nos surpreender por Deus".  Deus espera que nos deixemos “surpreender por seu amor, que acolhamos as suas surpresas”. O papa nos mostrou como modelo a história do Santuário: três pescadores depois de um dia inteiro sem apanhar peixe encontram, nas águas do Rio Paraíba, a imagem da Senhora Aparecida. Sabemos que os pescadores, após encontrarem a imagem milagrosamente, têm uma pesca abundante e conseguem o que precisavam para atender ao conde de Assumar. O Papa Francisco vai além, vai ao essencial desse episódio para entendermos melhor como Deus atua: “Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, torna-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe? Deus sempre surpreende, sempre nos reserva o melhor”.

O evangelho deste domingo nos motiva a “des-velar” nosso “eu profundo”, o lugar onde habitam os aspectos benéficos da nossa personalidade, as boas tendências, as qualidades positivas, os dons naturais, as riquezas do ser, as beatitudes originais, as aspirações de grande fôlego, as ideias-força, os dinamismos da vida... Ao transitar, de maneira atenta e contemplativa pelos espaços interiores, seremos surpreendidos por descobertas inesperadas que farão toda a diferença em nossas vidas.

O “tesouro do ser” (certezas, intuições, projetos, valores...) ainda que pareça esquecido, permanece armazenado em sua mensagem essencial, e pode tornar-se a força que orienta toda a vida, a sabedoria da própria vida, um lugar de fecundidade, de criatividade, fonte de renovação...

Dentro de nós temos forças construtivas que podem mudar-nos eficazmente. E é preciso dar-lhes curso, não ocultando-as e nem desprezando-as, mas deixando-as aflorar espontaneamente. “Que eu me conheça e que te conheça, Senhor! Quantas riquezas entesoura o homem em seu interior! Mas de que lhe servem, se não se sondam e investigam” (S. Agostinho)

É decisivo estar dispostos a abrir espaços em nossa história a novas pessoas e situações, novas vivências, novas experiências... Porque sempre há algo diferente e inesperado que pode enriquecer-nos. A vida está cheia de possibilidades e surpresas; inumeráveis caminhos que podemos percorrer; pessoas instigantes que aparecem em nossas vidas; desafios, encontros, aprendizagens, motivos para celebrar, lições que aprenderemos e nos farão um pouco mais lúcidos, mais humanos e mais simples...

Texto bíblico:  Mt 13,44-52

Na oração: A oração ajuda a liberar o “olhar” para contemplar a realidade de outra maneira. Com isso, cada um pode descobrir melhor no seu cotidiano o que há de novidade positiva e salvadora.
- Contemplar é ter uma sensibilidade para deixar-se surpreender por Deus hoje, ou seja, re-educar o olhar para deixtar-se impactar pelo novo, pelo inesperado...
- na sua vivência cristã, identifique algumas ocasiões em que você não estava esperando e descobriu algo que se revelou importante para sua vida.

Pe. Adroaldo Palaoro sj


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