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segunda-feira, 7 de maio de 2018

APROXIMA-SE O SÃO JOÃO! – Antonio Nunes de Souza


Aproxima-se o São João

Como o povo brasileiro, principalmente o nordestino, é adepto fervoroso do S. João e S. Pedro, mesmo ainda faltando mais de um mês para os festejos, todos já estão preparando suas suntuosas quadrilhas, contratando suas bandas, trios, sanfoneiros, etc., para que suas cidades brilhem e ofereçam aos turistas e nativos, grandes e inesquecíveis comemorações!

Inegavelmente, talvez seja a festa mais simpática, divertida com humildade, percebe-se uma grande confraternização sem lidar com os preconceitos habituais. As misturas são benéficas, pois todos se vestem com roupas simples, mostrando no geral uma igualdade que faz gosto e muita alegria!

Pena que hoje, pelos crescimentos das cidades, trânsito, postes e fiações, não é mais possível se ver em cada porta de casa uma fogueira com suas brasas e labaredas, assando milhos, batatas doces e esquentando os corpos daqueles que delas se cercavam. Pular fogueira e se tornar compadre e comadre era uma beleza. E, muitas vezes era uma maneira de começar um namoro!

Os fogos eram lindamente coloridos, os foguetórios sempre assoviando no céu, os pistolões a pipocar sem parar, as crianças brincando com “chuvinhas e cobrinhas”, enquanto as moças se divertiam soltando “rodinhas ou pistolas com balas coloridas”!

Não podia faltar, em nenhuma hipótese a soltura de alguns balões de pequenos tamanhos e menos perigosos que os monstrengo atuais, que saiam singrando pelo céu, alcançando alturas de porte médio! Tudo isso era visto com harmonia, alegria e naturalidade, com a abrangência e sorrisos dos avós até os pequeninos netinhos!

Deixei transparecer umas lembranças nostálgicas que, com certeza, jamais abandonarão a minha velha mente!

Vamos continuar nossas comemorações folclóricas e tradicionais, todos com os olhos brilhando de satisfação, dançando os forrós quer seja o de pé de serra, como os universitários. O importante é sentir os requebrados das cadeiras das meninas, a esfregação que faz parte da coreografia e, se possível, depois de um licorzinho de jenipapo, possa fazer as coisas esquentarem mais os desejos ardentes!

“Feliz São João minha gente querida! Não esquecendo que, daqui há alguns dias será a vez do amado e velho São Pedro, o padroeiro das viúvas!

Antonio Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL


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A PERDA DE UM IRMÃO E A POESIA - Arnaldo Niskier


Perder um irmão querido representa um verdadeiro sofrimento. Foi o que aconteceu na semana passada, quando se foi o estimado Júlio, exemplo de lutador e intelectual de primeira ordem. Exerceu forte militância na política estudantil e chegou a ser diretor da UME (União Metropolitana de Estudantes). Foi o fundador do jornal "Novos Rumos", que tinha grande circulação entre os estudantes.

Formado em engenharia elétrica, durante muitos anos trabalhou no escritório de Oscar Niemeyer. Nessa condição, acabou sendo contratado por Adolpho Bloch para colaborar na construção do Edifício Manchete. Numa reunião com Niemeyer, Adolpho Bloch foi apresentado a Júlio e gostou dele: "Eu não sabia que você tinha um irmão tão inteligente". Era bem o estilo do fundador da Manchete.

Leitor voraz dos clássicos da literatura, especialista em francês, idioma que dominava plenamente, meu irmão tinha predileção pelo canto e fez parte do Coral Israelita Brasileiro, com a sua bonita voz de tenor.

No enterro, uma das filhas leu poesia de Lêdo Ivo, que ele guardava junto aos seus livros. O título é "Montepio" e vale a pena recordar alguns trechos mais significativos:

"Que herança transmite o pai a seu filho? Não lhe deixa casa ou sombra de apólice nem tampouco o sujo de seu colarinho. Não lhe lega a velha mala das viagens nem os seus amores e as suas bobagens. E as roupas do pai que a chuva encolheu no filho não cabem. Com pau seco e fogo o pai de resina arma o seu legado. Deixa a fogueira que ele fez sozinho no escuro da mata.

(...) E antes de mudar-se de suor em musgo o pai dá ao filho como pé-de-meia algo da paisagem - sobra de pupila, moeda de lágrimas. Deixa-lhe o balaio cheio de apetrechos e o jeito de andar com as mãos às costas. Para o filho, passa todo o seu cansaço, suas promissórias e seu olhar baço.

(...) O pai dá ao filho o ninho vazio achado no bosque e a raposa morta por sua espingarda. Dá-lhe a sua anônima grandeza do nada. Sua herança é o frio que sentiu rapaz quando impaludado. Dá-lhe a lua imensa na noite azulada. Estende-lhe as mãos sujas de carvão molhadas de orvalho. Fala-lhe da dor que sente nos calos.

[...] Ser pai é ensinar ao filho curioso o nome de tudo: bicho e pé de pau. Que o pai, quando morre, deixa para o filho o seu montepio - tudo o que juntou de manhã à noite no batente, dando duro no trabalho. Deixa-lhe palavras."

Todas as experiências de vida somadas à valorização do trabalho e da família são a herança maior que um pai pode deixar a seus filhos por meio do diálogo e do exemplo.

O Estado do Maranhão, 03/05/2018

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Arnaldo Niskier - Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da ABL, eleito em 22 de março de 1984, na sucessão de Peregrino Júnior e recebido em 17 de setembro de 1984 pela acadêmica Rachel de Queiroz. Recebeu os acadêmicos Murilo Melo Filho, Carlos Heitor Cony e Paulo Coelho. Presidiu a Academia Brasileira de Letras em 1998 e 1999.

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É RIDÍCULO TER SAUDADES DO GOVERNO MILITAR? - Felipe Fiamenghi



Como alguém, em sã consciência, pode ter saudades de um governo que tinha, apenas, 12 ministérios? Prova, inequívoca, que o país não era bem administrado. 

Como confiar em presidentes que morreram pobres? Um homem que ocupa o cargo máximo de uma nação, sem fazer fortuna, prova que não sabe aproveitar oportunidades, nem gerir o patrimônio próprio. Um incapaz. 

Como ser saudoso de uma época de ditadura, onde todos os cidadãos tinham direito ao livre acesso às armas de fogo? E pior, a repressão era tão violenta que, mesmo armados, os cidadãos não se matavam. Isso demonstra o medo da população contra aquele governo bárbaro. 

Como respeitar um regime que criou o INSS, o PIS, o PASEP, regulamentou o 13º, instituiu a correção monetária, criou o Banco Nacional da Habitação, o FUNRURAL, construiu mais de 4 milhões de moradias e abriu 13 milhões de vagas de emprego?

Melhor nem falar de infraestrutura. Em 21 anos, conseguiram, apenas, asfaltar 43.000Km de estradas, construir 4 portos, reformar outros 20, instalar as maiores hidrelétricas do mundo, decuplicar a produção da Petrobrás, criar a Embratel e a Telebras, implementar dois polos petroquímicos, entre outras coisinhas sem importância. 

A educação era ridícula. Pegaram o país com 100 mil estudantes secundaristas e transformaram em 1.3 milhões. Criaram o Mobral, o CESEC, a CNPQ e o programa de Merenda Escolar. 

Nestes vergonhosos anos de chumbo, onde o PIB cresceu 14%, as exportações saltaram de 1.5 para 37 bilhões, atingimos a 7ª economia economia mundial e nos tornamos o 2º maior produtor de navios do planeta. Uma catástrofe!!

Realmente, durante essa página negra da história nacional, pelo visto, apenas os presídios funcionavam. Esses, sim, um exemplo. Neles entraram terroristas, assassinos, assaltantes, guerrilheiros, sequestradores, e saíram deputados, ministros, governadores e, até, dois presidentes. Isso que é recuperação!!

Italian-brazilian. Father, gastronomer, survivalist and entrepreneur.
Poços de Caldas, Brasil


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