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segunda-feira, 22 de junho de 2020

O MATRIMÔNIO // OS FILHOS – Gibran Khalil Gibran



O Matrimônio 



           Então Amitra falou novamente e disse: “E que nos dizes do Matrimônio, mestre?”

            E ele respondeu, dizendo:

            “Vós nascestes juntos, e juntos permanecereis para todo o sempre.
            Juntos estareis quando as brancas asas da morte dissiparem vossos dias.
            Sim, juntos estareis até na memória silenciosa de Deus.
            Mas que haja espaços na vossa junção.
            E que os ventos do céu dancem entre vós.
            Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão:
            Que haja, antes, um mar ondulante entre as praias de vossa alma.
            Enchei a taça um do outro, mas não bebais na mesma taça.
            Dai do vosso pão um ao outro, mas não comais do mesmo pedaço.
            Cantai e dançai juntos, e sede alegres; mas deixai cada um de vós estar sozinho.
            Assim como as cordas da lira são separadas e, no entanto, vibram na mesma harmonia.


            Dai vossos corações, mas não os confieis à guarda um do outro.
            Pois somente a mão da Vida pode conter vossos corações.
            E vivei juntos, mas não vos aconchegueis demasiadamente;
            Pois as colunas do templo erguem-se separadamente,
            E o carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro.

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Os Filhos 


            E uma mulher que carregava seu filho nos braços disse: “Fala-nos dos Filhos”.

            E ele disse:

            “Vossos filhos não são vossos filhos.
            São os filhos e as filhas da Ânsia da Vida por si mesma.
            Vêm através de vós, mas não de vós.
            E embora vivam convosco, não vos pertencem.

            Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
            Porque eles têm seus próprios pensamentos.
            Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
            Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
            Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós;
            Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
            Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
            O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda Sua força, para que Suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
            Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja vossa alegria:
            Pois assim como Ele ama a flecha que voa, também ama o arco que  permanece estável.”
           
           
(O PROFETA)
Gibran Khalil Gibran




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UM LIVRO QUE INSPIRA E RECONFORTA NUMA ÉPOCA DE PERPLEXIDADE

            Poucos livros têm alcançado o sucesso de O Profeta.
            No ano de sua publicação, em Nova Iorque, em 1923, venderam-se dele apenas 1.100 exemplares. E o editor, Alfred A. Knopf, considerou esgotadas as possibilidades de um livro estranhamente místico no ambiente pragmático e mecanizado dos Estados Unidos.
            Mas, para sua admiração, as vendas começaram a aumentar. Alcançaram 8.500 exemplares em 1926; 60.000 em 1944; e, enquanto outras obras, lançadas com êxito estrondoso, se fanavam em alguns meses, apesar dos esforços da propaganda. O Profeta continuava sua marcha triunfal sem qualquer propaganda. Dele se vendem atualmente, tão somente nos Estados Unidos, uns 5.000 exemplares por semana. No Brasil integra regularmente a lista dos “best-sellers”. E centenas de milhares de pessoas, incluindo a rainha da Grécia e muitas outra celebridades em todos os cantos do mundo, o adotaram como seu livro de cabeceira.
            Até mesmo os escritos medíocres de Gibran estão sendo traduzidos e reeditados, graças à fórmula mágica que lhes orna a capa: “Pelo autor do O Profeta”.

(APRESENTAÇÃO)
Mansour Challita
....
Editora Vozes Ltda.
BRASIL 1974


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