Até 1759,
as escolas brasileiras, sob o domínio dos jesuítas, só usavam o português na
alfabetização. No resto do ensino, era estudada apenas a gramática latina.
Foi então
que, nas “Instruções para os professores de Gramática Latina, Grega, Hebraica e
de Retórica”, o Marquês de Pombal ordenou o ensino de gramática normativa da
língua portuguesa. Nessa época, Antônio José dos Reis Lobato conseguiu, de D.
José I e de Pombal, que sua “Arte da Grammática da Língua Portugueza”, editada
em Lisboa no ano de 1770, fosse a única gramática a ser usada nas escolas, o
que lhe trouxe considerável ganho financeiro.
Por isso,
Lobato, na introdução da sua gramática, elogia o rei de Portugal, como o
“Restaurador das Letras arruinadas quase por dous séculos nos seus vastos
domínios”, dizendo que eles deram à
Nação Portuguesa “a grande glória de ser a primeira” a imitar “a sábia política
Romana, em mandar ensinar à mocidade a Gramática da Língua natural”.
Vemos,
portanto, que o lucro de editoras e autores didáticos normativistas, com a
venda de livros didáticos e de gramáticas pedagógicas, já vem de longe.
Ainda hoje
o governo brasileiro, concede, não a exclusividade dada a Lobato, mas a
preferência por certos livros didáticos, através da sua classificação
“estrelada”.
Ao mesmo
tempo, nos PCN, critica o uso desses livros em sala de aula e sugere que os
professores os substituam por projetos pedagógicos e textos correntes na
sociedade.
O ensino
de gramática normativa só tem um relativo sucesso com alunos das classes média
e alta, na escola particular. Com alunos das classes populares, na escola
pública, tem sido um fracasso. Nos dois casos, no entanto, é um ensino inútil.
DIÁRIO
BAHIA, 25/09/2018
Odilon Pinto – Mestre e doutor em linguística, pela
Universidade Federal da Bahia. Professor da Universidade Estadual de Santa
Cruz-UESC. Membro da Academia Grapiúna de Letras- AGRAL.
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