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domingo, 7 de outubro de 2018

BRASIL, 2018: A VEZ DOS QUE NÃO TINHAM VOZ – Marcos Machado


7 de outubro de 2018 

♦  Marcos Machado


Qualquer observador da presente realidade brasileira — que, bem entendido, não seja de esquerda, nem do falso “centrão”— sabe que a grande força nacional é o despertar, a organização e atuação do movimento conservador.

A mídia de esquerda e o dito “centrão” também o sabem e são hábeis nos truques de esconder as causas mais profundas desse autêntico ressurgimento.

Desde as monumentais manifestações conservadoras de 2015, dando um “basta” às esquerdas encasteladas no Poder, o movimento conservador vem se afirmando como a maior força e esperança do Brasil de amanhã.

Ele abarca desde os que vão votar pela primeira vez até aqueles que, sendo pais, vêm seus filhos ameaçados pela impostura da ideologia de gênero, da agenda homossexual, da perda dos valores morais.

Amostragem que fala por si

No artigo “Nem fascistas nem teleguiados: os bolsonaristas da periferia de Porto Alegre”, publicado na edição de 17 de agosto do jornal “El País”, Naira Hofmeister desfaz os jargões da esquerda sobre a tendência de nosso eleitorado mais jovem: “pouco têm em comum com o perfil que institutos de pesquisa desenham dos possíveis eleitores do presidenciável do PSL: eles não são os mais escolarizados (chegaram ao ensino médio), nem ricos e tampouco estão no Norte e Centro-Oeste do país”.

A entrevista com esses jovens mostra como as pesquisas de opinião estão equivocadas: “são gente de fala branda, que defende opiniões com serenidade e argumentação, busca informações na imprensa”.1

No mesmo sentido, outra reportagem sobre jovens da periferia de Brasília mostra um perfil conservador e a rejeição das ideias de esquerda.

Contudo, do falso “centrão” vem a mensagem canhestra e ultrapassada de “união contra os radicais”. Respondemos que coerência não é extremismo!


Na mídia, “o Brasil é esquecido”

As eleições estão aí e, sem embargo, os comentários da mídia dão realce aos mútuos ataques de caráter pessoal entre os candidatos, colocam a lupa em questões particulares, como se o destino do Brasil não se jogasse em grande parte nesta conjuntura histórica.

O que faz lembrar outro período de nosso passado, quando se forjou a frase: “O Brasil é esquecido”

É mais do que hora de elevar as discussões e os debates a um nível compatível com a quadra histórica em que nos encontramos, interessando assim certa faixa de eleitorado que ainda não se viu inteiramente representada.

Nação tem corpo e alma: valores morais


Uma nação se compõe de homens, de famílias, de organizações representativas (não de centrais sindicais petistas).

Comenta Plinio Corrêa de Oliveira: “Toda Nação, para ser completa, deve ter uma alma e um corpo próprios.

“O elemento constitutivo do corpo da Nação é um determinado território, determinada cultura, bens, determinados costumes, riquezas etc.”

“A alma da Nação consiste numa psicologia coletiva e, ao mesmo tempo, uma luz primordial que corresponde a esta psicologia coletiva.” Aqui entram os valores morais, conditio sine qua nonpara a reconstrução do Brasil.

Voz dos que não tinham vez: o pêndulo voltou para a direita

A reação conservadora — organizada principalmente através das redes sociais, dos sites e dos blogs — tem consciência de sua força.

Ela foi o motor que levou multidões à rua pedindo “Devolvam o meu Brasil”.

Muito está a germinar debaixo da neve, na reconstrução de nossos valores morais.

Chegou a vez do que não tinham voz! A esquerda e o falso “centrão” sabem-no bem, mas não podem dizê-lo.
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P.S.: Renascimento conservador: o que faremos após o pleito de 2018? Continuaremos vigilantes em face dos inimigos do Brasil autêntico. Este ainda será um grande País!



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PALAVRA DA SALVAÇÃO (99)


27º Domingo do Tempo Comum – 07/10/2018

Anúncio do Evangelho (Mc 10,2-16)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, alguns fariseus se aproximaram de Jesus. Para pô-lo à prova, perguntaram se era permitido ao homem divorciar-se de sua mulher. Jesus perguntou: “O que Moisés vos ordenou?
Os fariseus responderam: “Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio e despedi-la”. Jesus então disse: “Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento. No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!” Em casa, os discípulos fizeram, novamente, perguntas sobre o mesmo assunto.
Jesus respondeu: “Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra, cometerá adultério contra a primeira. E se a mulher se divorciar de seu marido e se casar com outro, cometerá adultério”. Depois disso, traziam crianças para que Jesus as tocasse. Mas os discípulos as repreendiam. Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas. Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”. Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.


Voltar ao princípio para criar algo novo
pexels.com

“No entanto, desde o princípio da criação Deus os fez homem e mulher” (Mc 10,6)

O Mestre Jesus, em sua itinerância missionária, depara-se com diferentes perguntas sobre aspectos da vida, pessoal ou comunitária. Todas elas acabam se revelando uma ocasião privilegiada para Ele anunciar a Boa Notícia do Reino.

No evangelho deste domingo (27º TC), partindo da pergunta que lhe fazem, Jesus não foca tanto na questão do divórcio (ou repúdio), quanto no lugar e na dignidade da mulher; sua resposta vai centrar-se em outra direção, pela qual não lhe haviam perguntado. Para Jesus, não se pode tolerar uma lei machista segundo a qual o marido pode abandonar a sua esposa como se fosse uma mercadoria; os dois são pessoas com a mesma dignidade. O que isso significa é bem simples: situar o homem e a mulher em pé de igualdade. Ou, dito de outro modo, desativar o machismo que, como ainda hoje em nosso contexto, leva a considerar a mulher como “propriedade” do homem ou, ao menos, como aquela que deve estar ao seu serviço.  É claro que tais atitudes machistas contradizem flagrantemente aquele primeiro princípio bíblico que falava de “ser os dois uma só carne”.

Na realidade, a atitude de Jesus é coerente com toda sua trajetória. Se algo fica claro, no relato evangélico, é seu posicionamento decidido a favor dos “últimos”, dos “pequenos”, das “crianças”, das mulheres... Por tudo isso, não parece casual que, depois do relato no qual defende a igualdade da mulher com relação ao homem, apareça a cena de Jesus abraçando as crianças.

Seja qual for o motivo da pergunta feita pelos fariseus, a resposta de Jesus vai se centrar neste ponto: a “intuição primeira” (e, portanto, também o “horizonte”) para a qual tende a relação amorosa entre homem e mulher: “o que Deus uniu o homem não separe”. Mas Deus não une pelas leis canônicas e sim pelo amor cuja intenção é a plena comunhão entre duas pessoas. Uma coisa é a indissolubilidade canônica e outra é a fidelidade que o casal deve atualizar cada dia e em cada instante de sua convivência.

No meio de uma cultura marcadamente machista e patriarcal, Jesus desativou o machismo e rompeu com tabus intocáveis, adotando uma atitude de reconhecimento e valorização da mulher em nível de igualdade com o homem; e isso desde “o princípio”, ou seja, por vontade divina. Em um contexto no qual o mundo feminino era invisível, Jesus o fez visível, superando preconceitos e atitudes de dominação.

Ao renunciar sacralizar a sociedade patriarcal de sua época, Jesus restituiu à sua fonte original a relação entre homem e mulher, o matrimônio e a família. Mulheres e homens aparecem em seu projeto como iguais, sem prioridade de um sexo sobre o outro.  No discipulado igualitário de Jesus, as mulheres encontraram espaço para se desenvolver em liberdade, rompendo a submissão à ordem patriarcal. Jesus as emancipou e as fez companheiras itinerantes, em companhia dos homens, para escândalo daqueles que olhavam o corpo da mulher como perigoso e contaminante.

Sabemos que o ser humano se humaniza quando em companhia, e uma estável relação de casal alcança o grau mais profundo de realização humana. Esta é a chave de todo o discurso de Jesus. Este projeto matrimonial é para Jesus a suprema expressão do amor humano. É Deus mesmo que atrai mulheres e homens para viverem unidos por um amor livre e gratuito. O matrimônio é a verdadeira escola do amor. Nenhuma outra relação humana chega a tal grau de profundidade. 

O amor não é puro instinto, não é paixão, não é interesse, não é simples amizade nem simples desejo de um querer mútuo. É a capacidade de ir ao(à) outro(a) e encontrar-se com ele(ela) como pessoa, para que, no mútuo crescimento e experimentando-se como dom, ambos possam se ajudar para serem mais humanos. E uma das qualidades mais bonitas do amor é que deve estar crescendo toda a vida.

“O amor é faísca de Javé” (Ct. 8,6-7) Nesse sentido, o matrimônio não é uma realidade estática, mas dinâmica, é chama divina, é mudança, é abertura ao novo, é projeto a ser construído cotidianamente a dois, é movimento na direção de um “Amor maior”, “amar melhor”, fundado sobre o amor incondicional de Deus. 

A questão fontal, portanto, não é só disciplinar, de ascese e de uma moral rígida, mas a mística do amor; sem ela, o matrimônio se reduz a “um castelo de cartas” que se desmonta facilmente.

O Vat. II define a vida matrimonial como “comunhão de vida e de amor”.

Comunhão de amor. Não de amor como mero enamoramento transitório; homem e mulher uniram-se em matrimônio não só porque se queriam, senão para plenificar o amor entre ambos.

Comunhão de vida, porque prometeram percorrer, mutuamente unidos, o caminho de sua vida, não meramente “até que a morte os separe”, mas “até que a vida inteira, percorrida em uníssono, os una por completo”.

Ao envelhecer juntos, meta desafiante, consuma-se o matrimônio. Assim é que se realiza a vida juntos, fazendo-se companhia digna, ajudando-se mutuamente a se tornarem mais humanos; uma companhia experimentada como dom, com alegrias e sombras, querendo-se muito e também sendo mútuo suporte, mesmo no outono da vida. Por isso, ao falar de “indissolubilidade matrimonial”, é preciso assumir com lucidez e serenidade o caráter processual da relação de “duas pessoas unindo-se” em “comunhão de vida e amor”. 

Os trâmites legais que certificam o consentimento conjugal se firmam em um momento. Mas a união de duas pessoas em “comunhão de vida e amor” não é momento, mas processo; não tem efeito instantâneo a partir de uma declaração legal, nem de uma fusão biológica, nem de um artifício mágico, nem sequer de uma benção religiosa; não é uma foto estática e morta, mas um processo dinâmico e vivo.

A expressão “sim, eu quero”, não é uma fórmula mágica que produz automaticamente um vínculo indissolúvel. Para o casamento, basta meia hora. Para a consumação do matrimônio “de maneira humana”, é preciso uma vida inteira. Por isso, ao invés de usar a expressão “um casal unido”, deveríamos optar por esta outra: “um casal unindo-se”. O casamento é um momento, mas o matrimônio é um processo; o matrimônio deve ser reinventado, reconstruído cada dia. Isso implica ser criativo na maneira de vivê-lo, buscar novas expressões, novos gestos... A cada dia, o casal deveria dizer, um ao outro: “Hoje eu te recebo novamente como minha esposa/meu esposo, e te prometo ser fiel, na alegria e na tristeza...”. 

A indissolubilidade matrimonial não é um caráter selado a fogo como um carimbo, mas uma meta, fim e horizonte do processo em direção a uma profunda unidade de vida: “Serão os dois um só ser” (Gn 2,24); unidade sem costuras, na qual não se nega a diferença, mas esta fica integrada ou abraçada na Unidade maior que nada deixa fora. 

“Projeto a dois”, mas sem anular a identidade, a originalidade do outro. O amor faz do homem e da mulher não “duas metades” que se encontram, mas dois inteiros que se doam, e que generosamente acolhem e transbordam o Amor de Deus semeado em seus corações, desde sempre. Por isso, nas congratulações do dia do casamento, este deveria ser o desejo expresso aos noivos: “que realizeis vossa união, acompanhando-vos mutuamente através de uma longa vida”.

Texto bíblico:  Mc 10,2-16

Na oração: Toda opção vocacional - matrimônio, vida consagrada, sacerdócio, solteiro(a) - é marcada com o selo do “sim”. É preciso, continuamente, re-encantar o “sim” e carregá-lo de sentido, de afeto, de ternura... Sim que se prolonga...

O “sim” proclamado diante de Deus, torna-se sagrado, compromete, faz cúmplice... Não é um “sim” que se fecha, mas que se expande, repercute nos outros, desencadeia outros “sins”... Sim com a marca da coragem, da ousadia... que arranca do imobilismo e desperta o sentido dos pequenos “sins” cotidianos.

- Fazer memória dos “sins” que significaram um salto qualitativo na sua vida.

Pe. Adroaldo Palaoro sj

 

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