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sábado, 24 de junho de 2023

Uma Leitora Incrível

Cyro de Mattos

 


Ao ligar o computador hoje, recebi de tão longe um e mail que me deixou feliz. Veio de uma leitora jovem de meu livro O Goleiro Leleta e Outras Fascinantes Histórias de Futebol, que me deu o Prêmio Adolfo Aizen da União Brasileira de Escritores (Rio).  O nome dela é Mariana Schleetze (marianaschleetz09@gmail.com).

Segue abaixo o que ela disse no e-mail.

 

“Olá Cyro,

Sou a Mariana, tenho 14 anos, e moro em Três Lagoas-MS.

No meu projeto de leitura, minha professora passou para nós o seu interessante livro, O goleiro Leleta, uma obra fantástica, cheia de aventuras. 

E agora preciso fazer um trabalho sobre o senhor, e fico lisonjeada de ter a oportunidade de te mandar esse E-mail, pois gostaria de saber qual foi a sua principal influência para escrever essa obra. Li nas páginas 62 e 63 um pouco sobre, mas gostaria de saber mais, e apresentar para a turma um projeto incrível.

Desde já te agradeço muito!!”

 

Olhe o que respondi:

Prezada Mariana, que boa surpresa receber o seu e mail. Penso que não fui influenciado por algum escritor em minhas histórias que têm como tema o futebol. Em O Goleiro Leleta, a história que dá título ao livro foi invenção minha, na qual o personagem principal é um menino que agarrava no gol e que atuou na partida final e mais importante do campeonato enquanto o corpo de seu pai, o fundador do time, estava sendo velado em sua casa. É uma história triste, em que tento comover o leitor infantojuvenil. Como o goleiro Leleta, eu gostava de jogar futebol nos campinhos improvisados dos terrenos baldios espalhados em minha cidade natal, Itabuna, no Sul da Bahia. Eu não era o goleiro do time de futebol de minha rua, como o personagem Leleta, mas o ponta direita do nosso time de meninos. Já a história O Bahia contra o Brasil tem muitos lances que aconteceram comigo na vida real. Fui um menino apaixonado por futebol, um dos craques do time, bom no drible e na ultrapassagem do marcador com velocidade. Confesso-lhe que como torcedor só faço lamentar agora, ando triste, muito, com meus times Vasco da Gama e o Bahia, que não me dão mais as alegrias quando conquistavam vitórias em tempos passados. Voltando ao livro O Goleiro Leleta, a história do Goleiro Galalau foi inspirada em um goleiro de estatura alta, que jogava na Liga Amadora de Futebol de minha terra. Dizia-se que ele pegava a bola com uma só mão. Eu nunca vi essa façanha dele, mas disse isso no conto como se fosse verdade, pois o escritor nada mais é do que um mentiroso de verdade. 

“A história “O dia em que vi Garrincha jogar” é autobiográfica. O Botafogo carioca jogou contra a Seleção Amadora de futebol de minha terra. Garrincha deu um show à parte com seus dribles desconcertantes. Os torcedores iam ao delírio com as jogadas sensacionais daquele jogador, que tinha a alegria nas pernas.  Eu não parava de sorrir e aplaudir o fenomenal Garrincha, vê-lo jogar em minha cidade foi como num sonho lindo, que a gente tem e nunca esquece.

“Quer uma ajuda?  Vá no Google e busque meus livros Contos Brasileiros de Futebol, antologia, e Gabriel García Márquez e Outras Crônicas. Lá você deve encontrar resenhas sobre o que escrevo sobre o mundo fascinante do futebol. Muito obrigado por se interessar por meu livro O Goleiro Leleta e Outras Histórias Fascinantes de Futebol. Fiquei lambuzado de contente, repito.

“Antes de terminar a resposta de seu e mail, vai o abraço afetivo do autor, antigo craque de bola nas peladas com meus queridos e saudosos amigos, Tombinha, Bibico, Nei Gaguinho, Daú, Porroló, Vigário, Catroca e tantos outros, que ficaram jogando bola nos campos da fumaça do tempo. Melhor dizendo, estão jogando bola lá onde o tempo dorme e continuam fazendo a vida ser cheia de boas aventuras, tornando-a como a expressão do sonho e da liberdade.

Beijos do vô Cyro.”

 


Cyro de Mattos
é ficcionista e poeta. Publicado em inglês, francês, italiano, espanhol, alemão, dinamarquês, russo. Premiado no Brasil, Portugal, Itália e México. Membro titular da Academia de Letras da Bahia. Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz. 

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