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quinta-feira, 29 de junho de 2017

JUBA E UIARA EM NOVA DATA NA AABB ITABUNA

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Juba e Uiara na Cabana do Tempo
AABB: Sexta Super Musical passa de 30/06 para 07/07

Devido ao encerramento da temporada junina, a apresentação do grupo Flô que se Xêre, marcada para 30/06 na AABB Itabuna (Ressaca do São João), foi suspensa. A Sexta Super Musical retorna na sexta seguinte (07/07) com atração já definida: a dupla Juba Gonzaga e Uiara Oliveira, como sempre a partir de 8 da noite na Cabana do Tempo.

Toda semana a Sexta Super Musical apresenta os mais reconhecidos músicos – cantores e instrumentistas – do sul da Bahia. Sempre na Cabana do Tempo, que tem esse nome porque foi erguida onde o clube começou, 51 anos atrás.
  
A presidente da AABB, Maruse Dantas, informa que, no horário do evento, a entrada e o estacionamento dentro do clube são liberados para todos, sócios e não sócios. “Pode vir com os amigos, a família e até as crianças que todo mundo entra e se diverte. Tem música ao vivo da melhor qualidade, parque infantil bem equipado, serviço de bar e restaurante com um atraente cardápio”. Ao que o vice-presidente social Raul Vilas Boas acrescenta: “É o melhor point de sextas à noite na cidade”.

O endereço da AABB Itabuna é Rua Espanha s/n, São Judas, com acesso pela Av. Juracy Magalhães, Ponte Vila Zara para quem vem do litoral. Já para quem vem do interior, o acesso é via Beira-Rio (Av. Aziz Maron), passando pelo Shopping e bairro Conceição. Os telefones do clube são (73) 3211-2771 e 3211-4843 (Oi fixo).


Contato – Raul Vilas Boas: (73) 9.8888-8376 (Oi) / (73) 9.9112-8444 (Tim)

Assessoria de Imprensa – Carlos Malluta: (73) 9.9133-4523 (Tim) / (73) 9.8877-7701 (Oi)

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ESCRITOR LUIZ RUFFATO ABRE NA ABL O CICLO DE CONFERÊNCIAS “CADEIRA 41”, SOB COORDENAÇÃO DA ACADÊMICA ANA MARIA MACHADO

A Academia Brasileira de Letras abre seu ciclo de conferências do mês de julho de 2017, intitulado Cadeira 41, com palestra do escritor Luiz Ruffato. A coordenação será da Acadêmica e escritora Ana Maria Machado. O tema escolhido foi Todos contra Júlia!. Entrada franca.

O evento está programado para terça-feira, dia 4 de julho, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr., Avenida Presidente Wilson 203, Castelo, Rio de Janeiro. Entrada franca.

Serão fornecidos certificados de frequência.

A intitulação Cadeira 41 remonta aos tempos de fundação da ABL, em 20 de julho de 1897. Criada nos mesmos moldes da Academia Francesa, o máximo de Acadêmicos era de 40, o que continua até os dias de hoje. Este ciclo, no entanto, pretende apresentar quatro nomes que poderiam ocupar, em suas épocas, uma dessas cadeiras e, que, por razões diferentes e individuais, não se tornaram membro da Academia: Júlia Lopes de Almeida, Lúcio Cardoso, Lima Barreto e Clarice Lispector.

Acadêmica Ana Maria Machado convida para o ciclo de conferências Cadeira 41

A Acadêmica Ana Maria Machado, Primeira-Secretária da ABL, é, também, a Coordenadora-Geral dos ciclos de conferências de 2017.

De acordo com o palestrante, Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) é um dos maiores escritores brasileiros – assim mesmo, no masculino, segundo afirmou – e, no entanto, os principais manuais e compêndios de história da literatura nacional sequer registram seu nome em notas de rodapé.

“Autora da obra-prima A falência (1901), exemplo maior do romance realista, Júlia foi cogitada para ocupar uma das cadeiras na fundação da Academia Brasileira de Letras, mas acabou preterida, como uma espécie de prêmio de consolação, por seu marido, Felinto de Almeida, bom pai, bom esposo, mas poeta medíocre. Em um momento em que as mulheres não tinham nenhum espaço no meio intelectual, a sociedade, Júlia foi pioneira na literatura infantil (seus contos infantis datam de 1886), pioneira no jornalismo (colaborou por mais de 30 anos no jornal O País), pioneira na defesa dos direitos da mulher, além de abolicionista e republicana. O silêncio que ainda hoje recai sobre ela é inadmissível, fruto de uma sociedade machista e de uma crítica literária conservadora e provinciana”, adiantou Ruffatosobre sua palestra.

Cadeira 41 terá mais três palestras, às terças-feiras, no mesmo local e horário, com os seguintes dias, conferencistas e temas, respectivamente: dia 11, Valéria Lamego, É quase tudo ficção: Lúcio Cardoso e o crime do dia; 18, Felipe Botelho Corrêa, Lima Barreto em revista; e 25, Nádia Battella Gotlib, O legado de Clarice Lispector.

Saiba mais

Luiz Ruffato publicou os seguintes romances: Eles eram muitos cavalos (2001); De mim já nem se lembra (2007); Estive em Lisboa e lembrei de você (2009); Flores artificiais (2014); e Inferno provisório (2016). Lançou, ainda, As máscaras singulares (2002), poemas; Minha primeira vez (2014), crônicas; e A história verdadeira do Sapo Luiz (2014), infantil.

Seus livros conquistaram os prêmios Machado de Assis, APCA, Jabuti e Casa de las Américas e estão editados, também, na Alemanha, Argentina, Colômbia, Cuba, Estados Unidos, Finlândia, França, Itália, Macedônia, México e Portugal. Ruffato foi escritor-residente na universidade de Berkeley (EUA), é colunista semanal do jornal El Pais-Brasil e consultor de literatura do Instituto Itaú Cultural. Em 2016, recebeu o Prêmio Internacional de Literatura Hermann Hesse, na Alemanha.

28/06/2017



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TACÃO DE FERRO - Nelson Gallo

Tacão de ferro


            O título eu o tomei emprestado duma novela de Jack London, mas serve perfeitamente para ilustrar o caso que passamos a narrar.

            Ao sul de Ilhéus, vasta região era governada por mão de ferro. O senhor das terras, da liberdade e até da vida – é o que dizem - de muitos habitantes do lugar, era quem decretava as leis. Certa vez, a fim de se certificar se existiam ladrões na localidade, ordenou que ninguém fechasse portas nem janelas das suas residências e casas comerciais, pelo período de oito dias. Respeitado como era, todos obedeceram. E, felizmente, ninguém foi roubado.

            Um dia, o todo poderoso fazendeiro seguia pela estrada,  montado num bonito cavalo, quando encontrou um trabalhador ocupado em consertar a cerca.

            - Belarmino, você fuma? – gritou o fazendeiro.

            - Patrão, eu fumava – respondeu o interpelado, jogando fora o cigarro – Mais se o patrão não qué, se o patrão não gosta, eu dêxo o viço...

            - Me dê lume – ordenou o fazendeiro.

            Com mãos trêmulas, o trabalhador entregou-lhe a caixa de fósforos, o coronel acendeu o seu próprio cigarro e guardou a caixa no bolso. Em seguida levou a mão ao bolso trazeiro das calças e o pobre e atemorizado trabalhador, julgando que o homem fosse retirar dali um revólver e atirá-lo, ajoelhou-se implorando clemência. Todavia, o temido coronel apenas retirou a carteira recheada de dinheiro, escolheu uma cédula de cinco cruzeiros e atirou aos pés do trabalhador:

            - Toma, idiota, para comprar outra caixa de fósforos.


(O SORRISO DO CACAU)

Nelson Gallo

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A CNBB AGRAVA MAIS UMA VEZ A EXCLUSÃO SOCIAL

29 de junho de 2017
Péricles Capanema

Em comunicado de 17 de maio, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), com expressões como as abaixo transcritas, agrediu o relatório da chamada CPI da FUNAI/INCR, a qual solicitara o indiciamento de 14 missionários: “A CPI da FUNAI/INCRA mostrou-se parcial do início ao fim dos trabalhos. Criada e relatada por ruralistas para atender os interesses ruralistas e atacar os povos originários. Descomprometidos com a verdade, os ruralistas tentam criminalizar mais de uma centena de lideranças indígenas, indigenistas, religiosos e cientistas sociais. Tentativa de retorno ao escravagismo no campo e venda do território brasileiro para estrangeiros por parte dos ruralistas [suposto objetivo dos deputados ruralistas e de seus apoiadores]. Chama atenção a forma racista de os ruralistas se referirem a lideranças e povos indígenas. Trata-se de ranço colonialista que acentua o preconceito contra os povos originários de nosso país. Outrossim, preocupa a onda de massacres cruéis cometidos por fazendeiros e seus jagunços contra povos indígenas, quilombolas e camponeses Brasil afora”.

Longe da concórdia, que nasce da caridade, esse é o tom do órgão que supostamente coordena as atividades de missionários cuja missão é arrancar os indígenas do paganismo e conduzi-los ao Catolicismo. Labuta de pregação, convencimento e conversão de fato altamente civilizatória. Tarefa de harmonia e de inclusão.

Missão é uma coisa; trabalho efetivo, outra. Exemplo da atividade real: intolerante, o CIMI investe contra os fazendeiros. Alguém no Brasil acredita que exista “onda de massacres” promovida por fazendeiros, dirigida contra índios, quilombolas e camponeses? E que os ruralistas procuram reinstalar a escravidão no campo e vender suas terras a estrangeiros? O órgão, unido à CNBB, prejudica os pobres ao jogá-los contra o agronegócio, que está evitando a quebra do Brasil e a precipitação numa miséria como a da Venezuela e Cuba, para onde nos conduzirá a ação das correntes que apoiam o CIMI, como MST, CPT, CUT, entidades e partidos afins.

Em comunicado de 22 de junho, a CNBB apressou-se em defender o CIMI: “O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunido em Brasília – DF, nos dias 20 a 22 de junho de 2017, manifesta seu total apoio e solidariedade ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI) diante das infundadas e injustas acusações que recebeu da Comissão Parlamentar de Inquérito, denominada CPI da Funai e Incra. O indiciamento de missionários do CIMI é uma evidente tentativa de intimidar esta instituição tão importante para os indígenas. Tenha-se em conta ainda que as proposições da CPI se inserem no mesmo contexto de reformas propostas pelo governo, especialmente as trabalhista e previdenciária, privilegiando o capital em detrimento dos avanços sociais. Tais mudanças apontam para o caminho da exclusão social”. Assinam o documento Dom Sérgio da Rocha, cardeal-arcebispo de Brasília, Dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador, e Dom Leonardo Steiner, bispo-auxiliar de Brasília, respectivamente, presidente, vice-presidente e secretário-geral da CNBB.

O avanço social no Brasil está ligado ao estímulo dos investimentos, tanto o público como o privado, os quais dependem fortemente de reformas sensatas nos âmbitos trabalhista e previdenciário. Fracassando, minguarão as aplicações, a produtividade tenderá a estacionar. Na prática, a proposta da CNBB petrifica o atraso. E, no bojo de outras de igual inspiração, favorecerá o retrocesso, com o agravamento da miséria. De passagem, avanço social autêntico é o que propicia, com proporção, condições para que os membros do corpo social atinjam a plenitude de suas potencialidades, e não o que favorece desnaturadas políticas igualitárias.


Dois pontos finais a destacar. Primeiro, convém ter em vista dados divulgados pela revista EXAME e, em particular, pelo Dr. Evaristo de Miranda [foto ao lado]. Existem hoje no País 584 terras indígenas, as quais ocupam 114.699.057 ha, por volta de 14% do território nacional. Deambulam no Brasil 869,9 mil indígenas, aproximadamente 0,42% da população. Estes 0,42% povoam os 14% do território nacional que lhes são destinados? Que nada. Um em cada três dos índios (36,2%) reside nas cidades, 63,8% habitam áreas rurais. Entre os que estão fora das terras indígenas, só 12,7% falam alguma língua indígena. Dentre os íncolas das terras demarcadas, 78,9 mil se declaram de outra raça, dos quais 70% pardos. Dos 869,9 mil, 147,2 mil não sabem a qual etnia eles pertencem. Em geral, vivem em casas. Nas terras demarcadas, 2,9% moram em ocas. Nas terras indígenas, a energia elétrica chega a 70,1% dos domicílios. 76,7 dos índios são alfabetizados em português. Resumo: em sua ação revolucionaria, o CIMI, força do atraso, afirma defender um índio que quase não existe mais, se um dia existiu. A maioria deles, como o brasileiro em geral, quer é crescer na vida.

O segundo ponto eu o registro alegre, por dever de justiça. Em nenhum momento a CNBB afirma que houve unanimidade no Conselho Permanente. O que levanta a suspeita de oposição interna. A propósito, em março, Dom Odilo Scherer, cardeal-arcebispo de São Paulo, marcou distância em relação às posições oficiais da CNBB: “Penso que de toda maneira há necessidade de reformas tanto na lei trabalhista como na lei da Previdência. Sim, acho que é necessário fazê-las e fazê-las bem”.




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