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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

EMPRÉSTIMO BANCÁRIO – Ariston Caldas


Empréstimo bancário


            Meteram em minha cabeça que eu devia tomar dinheiro emprestado em banco.

            - Ora, rapaz, todo mundo faz isso. É como dizem, a gente pode se apertar um dia, e, aí, ter crédito é bom. – Disse Flávio, antigo colega da escola primária, filho de fazendeiro.

            Vesti um paletó e saí decidido falar com o gerente. O conheci ainda menino jogando bola na praia, mas ele havia mudado muito. Nem falava comigo. Tornou-se conceituado na praça depois que assumiu a gerência do banco. Para isso, bastou o prestígio de pessoas importantes amigas do pai dele. O rapaz saiu em comitiva pelo comércio e subscreveu milhares de ações para a nova gerência que seria instalada na cidade. Tudo em dinheiro vivo.

            Quando cheguei ao banco, um rapazinho fardado mostrou-me o gabinete do gerente. Ficava numa sala meio-apertada, com ar condicionado, uma cadeira giratória, duas poltronas e uma carteira envernizada com o lastro coberto com um vidro grosso. O gerente estava sentado, inclinado para a mesa, escrevendo. Tinha a cara empapuçada e o cabelo partido de lado. Eu lhe disse que desejava um empréstimo. Aí ele tocou uma sineta. Apareceu um sujeito engravatado, de óculos brancos.

             Faça o cadastro dele, - autorizou o gerente. Acompanhei o moço até um compartimento ao lado, simples e sem ar condicionado.

            - É agricultor? – Indagou-me ele.

            - Não. – Respondi-lhe.

            - Comerciante?

            - Não.

            - Bem, veja seus documentos. Identidade, CPF e título de eleitor. Depois de outras indagações e anotadas minhas respostas numa ficha cheia de quadradinhos, ele mandou que eu assinasse embaixo.

            - Tudo Ok. – Concluiu o rapaz de óculos brancos. Voltei ao gerente e fiquei aguardando.

            - Mais alguma coisa? – Perguntou-me ele.

            - O empréstimo que falei. – respondi-lhe com voz meio abafada.

            - Só estaremos operando depois do fim do mês. – Disse-me, de cabeça baixa, rascunhando uma agenda sobre a carteira de vidro grosso.

            - Tá bem. – respondi-lhe meio-desconcertado. Antes que eu me levantasse para ir embora, o antigo colega do primário entrou pelo gabinete:

            - Já atendeu meu amigo? É gente muito boa. Sou avalista dele. Aí o gerente abriu um sorriso afável, puxou uma gaveta e tirou dela uma nota-promissória:

            - Quanto o amigo está precisando? – perguntou-me, colocando uma mão no meu ombro.

            - Cinquenta. Arrisquei.

            - Só? – Acrescentou ele com um sorriso aberto para Flávio que avalizou o documento. Como o expediente estava se encerrando, fiquei de pegar a grana no dia seguinte.

            Se eu tivesse contado tudo isso a Nalva, minha mulher, ela teria rasgado a promissória em minha cara.

(LINHAS INTERCALADAS – 2ª Edição 2004)
Ariston Caldas
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Ariston Caldas nasceu em Inhambupe, norte da Bahia,  em 15 de dezembro de 1923. Ainda menino, veio para o Sul do estado, primeiro Uruçuca, depois Itabuna. Em 1970 se mudou para Salvador onde residiu por 12 anos. Jornalista de profissão, Ariston trabalhou nos jornais A Tarde, Tribuna da Bahia e Jornal da Bahia e fundou o periódico Terra Nossa, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Bahia; em Itabuna foi redator da Folha do Cacau, Tribuna do Cacau, Diário de Itabuna, dentre outros. Foi também diretor da Rádio Jornal.

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CONCESSÃO À CHINA PREOCUPA ARGENTINOS NA PATAGÔNIA


26 de outubro de 2018

Numa área desértica da Patagônia, uma antena gigantesca da China tem a altura de um prédio de dezesseis andares, com dispositivo central que pesa 450 toneladas. Ela está sob o controle do Exército vermelho e tem como objetivo declarado controlar satélites e missões espaciais chinesas. “Uma antena gigante é como um enorme aspirador: suga sinais, informações, toda espécie de coisas”, disse Dean Cheng, especialista em segurança nacional chinesa. Pequim tem o usufruto gratuito, por 50 anos, de 200 hectares em Neuquén, perto da fronteira chilena, bem como o controle da megajazida argentina de gás e petróleo de Vaca Muerta.

Poucas semanas após o início de suas atividades, o Pentágono criou um centro de respostas de emergência no mesmo estado. “O pessoal acha que é uma base militar e tem medo”, disse a diretora da rádio local. O prefeito da maior cidade próxima acha que é um “olho apontado contra os EUA”. O governo Macri exige que só tenha usos científicos e nunca militares, mas o modo de proceder da China comunista não inspira confiança.

http://www.abim.inf.br/concessao-a-china-preocupa-argentinos-na-patagonia/#.W9L3B3tKjIU

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