Com belíssimas imagens poéticas, o acadêmico e poeta Antonio Carlos Secchin saudou a chegada do cantor e compositor Gilberto Gil à Academia Brasileira de Letras, em noite das mais concorridas. Recebeu o colar da nova imortal Fernanda Montenegro.
Secchin dedicou parte do seu discurso à esposa de Gil,
Flora, grande inspiradora da sua consagrada carreira, onde pontuam mais de 600
músicas que enriquecem o cancioneiro popular brasileiro, entre as quais o
famoso 'Aquele abraço'. Garantiu que a presença de Gil será iluminada por uma
permanente luz do luar.
Muitos aplausos interromperam o discurso do grande cantor
quando ele criticou o atual tratamento discriminatório dado pelo governo
federal à cultura brasileira. Ficou claro o inconformismo também da plateia.
'Há uma guerra em prol da desrazão e do conflito ideológico nas redes sociais
de internet, e a questão merece a atenção dos nossos educadores e homens
públicos. A ABL tem muito a contribuir nesse debate civilizatório. E eu
gostaria aqui, efetivamente, de colaborar para o debate, em prol da justiça e
da cultura', disse o novo imortal.
Em artigo no GLOBO, Merval Pereira escreveu a respeito do
general Lyra Tavares, antecessor de Murilo Melo Filho na cadeira 20 da Casa de
Machado de Assis: 'Gil falou a seu respeito com elegância e generosidade,
apesar de ter sido vítima da repressão militar que tomou conta do país, a
partir de 1964.' O novo acadêmico falou do comportamento sempre afável e
solidário, no convívio com os imortais, num gesto de grandeza moral. Lyra
Tavares era irmão mais velho de João Lyra Filho, que foi reitor da Uerj e era
também notável escritor.
Gil recordou sua participação no movimento chamado de
'Tropicália' e disse da sua profunda tristeza quando perdeu o filho Pedro Gil,
morto num acidente de automóvel, em 1989.
Primeiro representante de música popular do Brasil, filho de
professora primária Claudine e do médico José Gil Moreira. Gilberto chegou à
ABL de forma consagradora, substituindo o jornalista potiguar Murilo Melo
Filho, que me coube saudar na chegada à ABL. Foi muito aplaudido, numa
cerimônia marcada para sempre pelo número de convidados e a diversidade da sua
composição.
O Globo, 19/04/2022
https://www.academia.org.br/artigos/gil-e-luz-do-luar-na-abl
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Arnaldo Niskier - Sétimo ocupante da Cadeira nº 18, eleito
em 22 de março de 1984, na sucessão de Peregrino Júnior e recebido em 17 de
setembro de 1984 pela acadêmica Rachel de Queiroz. Recebeu os acadêmicos Murilo
Melo Filho, Carlos Heitor Cony e Paulo Coelho. Presidiu a Academia Brasileira
de Letras em 1998 e 1999.
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