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terça-feira, 19 de setembro de 2017

OS POBRES DE ESPÍRITO - Chico Xavier

Setembro 8, 2017

Quando Jesus reservou bem-aventuranças aos pobres de espírito, não menosprezava a inteligência, nem categorizava o estudo e a habilidade por resíduos inúteis.

O Senhor, aliás, vinha enriquecer a Terra com Espírito e Vida.

O Divino Mestre, ante a dominação da iniquidade no mundo, honrava acima de tudo a humildade, a disciplina e a tolerância.

Louvando os corações sinceros e simples, exaltava Ele:

– os que se empobrecem de ignorância;

– os que arrojam para longe de si mesmos o manto enganoso da vaidade;

– os que olvidam o orgulho cristalizado;

– os que se afastam de caprichos tirânicos;

– os que se ocultam para que os outros recebam a coroa do estímulo no imediatismo da luta material;

– os que renunciam à felicidade própria, a fim de que a verdadeira alegria reine entre as criaturas;

– os que se sacrificam no altar da bondade, cultivando o silêncio e o carinho, a generosidade e a elevação nos domínios da gentileza fraterna, para que o entendimento e a harmonia dirijam as relações comuns no santuário doméstico ou na vida social e que se apagam, a fim de que a glória de Jesus e de seus Mensageiros fulgure para os homens.

Aquele, assim, que souber fazer-se pequenino, embora seja grande pelo conhecimento e pela virtude, convertendo-se em instrumento vivo da Vontade do Senhor, em todos os instantes da jornada redentora, guardando-se pobre de preguiça e egoísmo, de astúcia e maldade, será realmente o detentor das Bem-Aventuranças Divinas na Terra e no Reino Celestial, desde agora.

Do livro Vida e Caminho, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.



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ITABUNA CENTENÁRIA: UM POEMA – Dissipação, por Ariston Caldas

Dissipação


Tudo o que tenho na alma
não passa do que fui,
do que sou, do que serei;
quando os meus sonhos forem incutidos
a sepultura se encarregará
de descentralizá-los convenientemente.

Nunca fui amado nem medi o que amei;
o bem e o mal em minha genética
podem ser invertidos em outras dimensões,
mas nem por isso haverá desequilíbrio
entre mim e o universo de estrelas.

Deus foi bom em assim proceder
porquanto ao contrário eu não seria gente
nem sonharia os recônditos do infinito.


(OBRA REUNIDA)

Ariston Caldas 


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CHACRINHA NÃO MORREU - Carlos Heitor Cony


Chacrinha não morreu  


Paralisado por um acidente doméstico, pela primeira vez acompanhei os ensaios dos artistas que hoje se apresentarão no Rock in Rio. Não precisou que alguém jogasse bacalhau para a plateia de jovens, que estão criando uma nova forma de expressar amor e sentimentos correlatos. Algumas letras são maravilhosas, embora monótonas pelo tema e pelo ritmo repetido à exaustão. A alternativa que me ficou foi acompanhar com má vontade as misérias da Lava Jato. Espero que esta nova geração faça um Brasil melhor.

Diretor de uma revista semanal, acompanhei o drama de Cássia Eller. Comprometida com o rock, intérprete de alguns sucessos, ela parecia drogada, procurou uma clínica em Laranjeiras. Seu estado era deplorável. Internada às pressas, teve um infarto e morreu. Um jornalista da época escreveu: "não se sabe ainda se o rock leva às drogas ou se as drogas levam ao rock".

Nem uma coisa nem outra. A geração mais nova dificilmente tem acesso a outros tipos de música que conseguem unir corações, mentes e bundas –algumas boas que nem o Chacrinha, que, com suas chacretes, conseguia empolgar velhos e moços. Daí o apelo ao bacalhau: "Vocês querem bacalhau?" Todos queriam.

O talento e a obstinação de Roberto Medina aproveitaram do Chacrinha uma coleção de bundas e coxas que fizeram história sem necessidade do bacalhau. Pessoalmente, não gosto do bacalhau. Prefiro bundas e coxas, que, por mais que sejam monótonas e repetitivas, com o rock têm a vantagem de parecerem novas e maravilhosas. Desejo sucesso ao Rock in Rio 2017 e mando meu afetuoso abraço ao Roberto Medina. O pai dele criou um dos programas mais memoráveis da TV brasileira: "Noites de Gala".

Depois do "Balança mas não Cai", foi a trilha sonora de toda uma geração.

Folha de São Paulo (RJ), 17/09/2017
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Carlos Heitor Cony - Quinto ocupante da Cadeira nº 3 da ABL, eleito em 23 de março de 2000, na sucessão de Herberto Sales e recebido em 31 de maio de 2000 pelo acadêmico Arnaldo Niskier.

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