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quinta-feira, 30 de março de 2017

DIÁRIO DE VIAGEM - Francisco Benício dos Santos


BORDO DO PEDRO II
1º DIA

Estou desambientado.
Tudo estranho.
Saudade/ Muitas saudades, de mamãe de papai e da Nísia.
Fecho os olhos.
Meu quarto de dormir, meus livros, minha estante, as refeições em conjunto.
A nova casa da chácara.
Frutuoso, Mássimo, Tunche,
Velhos amigos da minha infância...
Saudades!
Lembranças!...
Dá-me vontade de chorar...
A sala das aulas,
O meu triunfo oratório.
O abraço soluçante de mamãe,
O abraço forte e corajoso de papai,
O olhar divino de Nísia...
Saudades...
Nostalgia!


(AQUARELAS E RECORDAÇÕES Capítulo XXII)

Francisco Benício dos Santos.

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UM ABISMO ATRAI OUTRO ABISMO - Marcos Luiz Garcia

30-03-2017
Um abismo atrai outro abismo!



Está na Bíblia: um abismo atrai outro abismo. Os jornais noticiaram que os políticos estão deixando de usar gravata para se aproximarem mais do povo.

Não concordo com essa impostação, pois assim logo eles estarão de bermudas, shorts e tênis, pois é o que está dominando.

Precisamos de gente que puxe o povo para cima, e não que se una a ele para descer mais baixo.
O vocabulário está liquidado, as boas maneiras morreram, o bom gosto desapareceu, até a boa aparência sumiu!

Desse jeito vamos para fundo do abismo da História, como aqueles que abandonaram a civilização e voltaram para o primitivismo.

O “desgravatamento” é mais uma atitude que só serve para tonificar os lados ruins da sociedade, e não para retirá-la do abismo em que está. Sem mudar esse e outros comportamentos, sem que as pessoas se elevem e se considerem melhor, não haverá absolutamente regeneração do Brasil.

Não é de hoje que esse preconceito contra a civilização vem se manifestando sem que, nesse e em outros casos semelhantes, sejam chamados de preconceito.

Tudo o que procura elevar-se é preconceituoso e tudo o que puxa para baixo é politicamente correto.

Negar isso é negar a evidência. O pior cego é o que não quer ver.


          ( * ) Marcos Luiz Garcia é escritor, conferencista e colaborador da ABIM

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 Fonte: Agência Boa Imprensa – (ABIM)

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PODÃO - Geraldo Maia


Podão

Pra Eglê


No rito do bago melado de azul,
no rastro da barca no horizonte nu
barcaça na caça de fala bem buna
há barca na pele do Rio Cachoeira
rito de poeira e lava da noite
arreganha e goza na ponte
que o mar engole no açoite.

Pode a poda capadócia afrontar o poder do poema?
podão cego sem punho forte pro verso
ou corte o bacanal de bagos nus que o sol perverte
em mel e pó atoa que o poeta voa à margem
do que não seja com o coração.

Pois é, menina, saudades mesmo da terrinha onde cheguei à luz, onde andei catando sonhos nas barcaças, de fazenda em fazenda onde meus pais peregrinaram à cata de sobrevivência nas terras da injustiça sem fim onde o ouro verde escreve com letra rubra a obscura cartilha dos coronéis nos cacauais. O amor por essa terra tem uma carga de doer a memória e vez por outra deixa escapar um sorriso de esperança que faísca na lâmina do facão e na lágrima que o coração escava.

Com certeza, amiga, amo essa terra sofrida de glória podada pela usura dos coronéis que sugaram inutilmente as entranhas do cacau e o sangue das estrovengas, sim amiga, estamos do mesmo lado dessa terra de luz e pedra, aí teci as primeiras palavras da infância, foi em sua beleza selvagem que lavrei os primeiros versos, e nos trilhos das barcaças embarquei para os territórios da saudade nas estradas abertas a sonho e a soluço.

Geraldo Maia


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Geraldo Maia, poeta
Estudou Jornalismo na instituição de ensino PUC-RIO (incompleto)
Estudou na instituição de ensino ESCOLA DE TEATRO DA UFBA
Coordenou Livro, Leitura e literatura na empresa Fundação Pedro Calmon
Trabalha na empresa Folha Notícias,

Filho de Itabuna/BA/BRASIL, reside em Louveira /SP.

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SOBRE AS MANIFESTAÇÕES DE 26/03/2017

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A manifestação de hoje foi um fiasco


Havia milhares de pessoas.
Apenas não havia um milhão.

E juntar milhares de pessoas para se manifestar contra a corrupção, pela ética, pela justiça, pela moralidade na gestão da coisa pública, será um fracasso?
Penso que não.

Fiasco seria um milhão de pessoas defendendo a impunidade, o desvio de verbas, a violação à Constituição.

Fiasco seria ter ido tangido feito gado pelos sindicatos, em ato organizado com dinheiro tirado do trabalhador.

Fiasco seria tumultuar a vida das pessoas num dia útil, faltar às aulas, ao trabalho, usar máscara, soltar rojão.

Ninguém estava lá por privilégios.
Ninguém estava lá por se sentir acima da lei.

Talvez a manifestação de hoje tenha sido um fiasco para quem achava que tirar Dilma do poder era um fim em si mesmo.
(Era o começo. Ainda há muito o que drenar naquele abcesso).

Um fiasco para quem se contenta com Cunha e Cabral na prisão.

Um fiasco para quem acha que o Brasil não tem jeito.

É, pra esses foi um fiasco.



Eduardo Affonso

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