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terça-feira, 4 de julho de 2023
As mulheres merecem e devem ser respeitadas!
Sione porto
Em nome das marias, quitérias, da penha silva
Empoderadas, revolucionárias
Ativistas, deixem nossas meninas serem super heroínas!
Pra que nasça uma joana d'arc por dia!
Como diria frida: "eu não me kahlo!”
Junto com o bonde saio pra luta e não me abalo
O grito antes preso na garganta já não me consome
É pra acabar com o machismo
E não pra aniquilar os homens
Quero andar sozinha porque a escolha é minha
Sem ser desrespeitada e assediada a cada esquina.”
As crescentes discussões sobre direitos, garantias e
representatividade das minorias sociais revelam novos conceitos e denominações,
que surgiram com o intuito de explicar as origens do tratamento desigual que
certos indivíduos recebem. No que tange às questões de gênero, a misoginia é um
termo oriundo da Grécia antiga que voltou à luz para conceituar as relações
nocivas que ocorrem entre homens e mulheres.
Em uma breve análise do material artístico e intelectual
produzido ao longo dos anos, é possível observar a forte influência dos traços
culturais misóginos, machistas e sexistas na civilização ocidental. Conforme
pontuado pelo historiador e professor Leandro Karnal, durante uma palestra
realizada em 2017 pela comemoração ao dia da mulher, as estatuetas de Vênus de
Willendorf e Vênus de Milo ou a pintura Vênus e Marte de Botticelli demonstram
que os artistas supervalorizavam o corpo e a estética feminina, uma ideia que
foi construída durante a antiguidade.
As bases sociais, políticas e econômicas ocidentais foram
estabelecidas na Grécia antiga, cujo sistema sócio-político delegava à mulher
uma posição secundária. No período Homérico, a unidade básica da sociedade
grega era o genos, um sistema familiar que se caracterizava pela máxima
autoridade concedida ao pater (patriarca) da família, que ao falecer, tinha
seus poderes político, social, religioso e econômico transmitidos ao filho mais
velho.
Entretanto, no fim deste período, a população cresceu e a economia, essencialmente agrícola, decaiu. Houve, assim, a desintegração das comunidades gentílicas e o surgimento das cidades-Estados (ou pólis gregas), onde foi reiterada a ideia da soberania masculina.
Neste contexto, surge o termo que definiria a base
psicológica dos comportamentos masculinos nocivos em relação às mulheres.
Oriunda da união entre os termos gregos "miseo" e "gyne",
cujos significados são respectivamente ódio e mulheres, a palavra misoginia é
usada para definir sentimentos de aversão, repulsa ou desprezo pelas mulheres e
valores femininos.
A misoginia é um sentimento de aversão patológico pelo
feminino, que se traduz em uma prática comportamental machista, cujas opiniões
e opiniões e atitudes visam 0 estabelecimento e a manutenção das
desigualdades e da hierarquia entre os gêneros, corroborando a crença de que os
homens são superiores.
O constante estímulo de comportamentos estereotipados
impacta ambos os gêneros, visto que exige amostras de uma cruel virilidade no
homem e total subserviência na mulher. Quando a expectativa comportamental não
ocorre, a violência eclode em uma escala ascendente de gravidade, iniciando com
as piadas depreciativas, assédios, abusos, estupros e culmina com o
feminicídio.
As bases misóginas do pensamento ocidental geram a
banalização da violência ao feminino que se estende pelos vários aspectos da
vida da mulher, como o social, o psicológico, econômico e político, tornando
difícil identificar os traços nocivos mais sutis. Desta forma, homens e
mulheres reproduzem atos e expressões machistas quase que de forma
inconsciente, com a mulher adotando, muitas vezes, como mecanismo de
sobrevivência na cultura opressora, uma aparente passividade que não deve ser
entendida como a aceitação das situações que lhe ferem a dignidade, mas sim
como um mecanismo de defesa e sobrevivência.
Por um acaso você já ouviu falar que "em briga de
marido e mulher não se mete a colher"? Pois essa é uma frase que explicita
um dos traços da cultura brasileira, a banalização da violência de gênero.
Surgiram obras como o Segundo Sexo e Mística Feminina,
respectivamente, de Simone de Beauvoir e Betty Friedan, que impulsionaram a
criação de um movimento liderado por mulheres que buscava problematizar as
colocações femininas na sociedade. Assim, tem-se início a luta pela emancipação,
autonomia e liberdade da mulher diante das construções idealizadas da figura
feminina e de feminilidade, por direitos e igualdades políticas, sociais e
econômicas através do empoderamento.
Segundo Juliana Faria, jornalista e criadora do site Think
Olga: "Uma mulher empoderada é uma mulher bem informada. Ela sabe dos seus
direitos, entende o que é opressão e busca soluções para isso". Desta
forma, as mulheres que defendem o movimento feminista buscam a disseminação de
ideais empoderadores por todas as camadas sociais, com o acolhimento das
individualidades de cada mulher e estabelecendo a união entre as diferentes
correntes do movimento para seguir promovendo transformações profundas na
mentalidade misógina da coletividade.
Tivemos notícia que na Câmara de Vereadores de Itabuna, no
âmbito legislativo, no exercício do mandato, um dos nossos vereadores foi
deselegante e agressivo contra a Primeira-Dama do nosso município.
No local onde ele deveria levantar a bandeira contra a misoginia,
contra o racismo e contra a homofobia, ele fez o contrário, infringindo a Lei e
a Ética do seu Mandato conferido pelo voto popular.
O termo misoginia é utilizado para se referir a expressões e
comportamentos que sinalizam desprezo, repulsa, desrespeito ou ódio às
mulheres.
A expressão machista utilizada fere a mulher no tocante ao
gênero protegido pela lei Maria da Penha e a dignidade da pessoa humana
prevista no art 140 do CPB.
Recentemente tivemos uma exemplar atitude da Câmara de
vereadores da cidade gaúcha de Montenegro no Vale do Caí.
Pela primeira vez em sua história, a cidade gaúcha de
Montenegro (Vale do Caí) tem um vereador cassado. Trata-se da vereadora Camila
Oliveira (Republicanos), julgada pelos colegas com um placar de nove votos a
zero. Motivo: em um vídeo gravado em seu gabinete na Câmara e divulgado nas
redes sociais, ela chama de "cadelas" as mulheres com orientação
política de esquerda.
Sione Porto, membro do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher CONSEMI
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Sione Porto, ex-delegada titular da DEAM de Itabuna/BA,
escritora, membro da Academia de Letras de Itabuna (ALITA)