Total de visualizações de página

domingo, 2 de julho de 2017

SALVE 2 DE JULHO!

Salve 2 de Julho!

Mas e quanto à importância histórica dessa data?

A história da Independência começa a ganhar força no início de 1822, com o desejo da Bahia de romper com a coroa, quando o rei de Portugal, D. João VI, tira o brasileiro Manoel Guimarães do comando de Salvador, colocando o general português Madeira de Melo no cargo. Com isso, ele queria reforçar o poder da Coroa sobre os baianos, mas a população não aceita pacificamente.

Os baianos vão às ruas para protestar e entram em confronto com os soldados portugueses.

Na busca pelos rebelados, que teriam se escondido no Convento da Lapa, os portugueses matam a freira Joana Angélica. Os brasileiros que queriam a independência não se acovardaram.

Meses depois, em 12 de junho, a Câmara de Salvador tenta romper com a coroa portuguesa. O general Madeira de Melo coloca as tropas nas ruas e impede a sessão. Dois dias depois, em Santo Amaro, os vereadores declaram D. Pedro o defensor perpétuo do Brasil independente, o que significa não obedecer mais ao rei de Portugal.

No dia 25 de junho é a vez da Vila de Cachoeira romper com a Coroa portuguesa. Outras vilas seguem o exemplo. Cachoeira se torna quartel general das tropas libertadoras. Voluntários surgem de várias partes.

Os vaqueiros da cidade de Pedrão, comandados pelo padre Brayner, ficaram conhecidos pela bravura – armas de caça da Caatinga se transformaram em arma de guerra. Entre os voluntários, se destaca Maria Quitéria, que se vestiu de homem e lutou como soldado contra o domínio português.

Na ilha de Itaparica, a defesa foi feita por pescadores armados de facões e garruchas.

Em São Paulo, D. Pedro declara independência em 7 de setembro, mas na Bahia os portugueses resistem.

Canhões de Fortes da Baía de Todos os Santos são roubados para armar a improvisada frota de saveiros, que enfrentaram a esquadra de Portugal. D. Pedro I envia tropas comandadas pelo general Labatut e naus comandadas por Lo Cotrem, mas é o exército de voluntários que luta em batalhas secretas. A pior delas: a de Pirajá.

Cercados por terra e mar, os portugueses ficam acuados em Salvador. Decidem então abandonar a cidade e fogem por mar, na madrugada do dia 2 de julho de 1823. Pela manhã, o exército brasileiro entra vitorioso na cidade.


Enviado para o meu smartphone Samsung Galaxy, pela amável Dra.Zenaide Montenegro

(Sem menção de autoria)

* * *

ITABUNA CENTENÁRIA UM POEMA: Acalanto da Paz, Milton Rosário

Acalanto da Paz
Milton Rosário

Quando a paz for encontrada, irmãos, estarei convosco!
Serei espelho e raiz
Estrela e aragem
E trarei comigo o canto mais puro que descerá no mar
E cobrirá a terra
Unindo homens e flores
Peixes e aurora!

Serei luz e sorriso
Pássaro e melodia
E me deixarei diluir no tempo
Entre rosas e diamantes!

Serei trigo e evangelho,
Estandarte e lembrança
E mandarei ao infinito
A mensagem fraterna de todos os povos!

Serei nuvem e vinho
Poeta e amigo
Porque trarei a todos os homens
Dentro do coração!

Quando a paz for encontrada, irmãos, estarei convosco!
Serei operário e camponês,
Herói e sacerdote,
Serei Homem!
----------

            Milton Rosário, autodidata, tornou-se jornalista lendário no sul da Bahia, pela inteligência, capacidade e integridade, componentes do seu comportamento. Escrevendo com extrema facilidade e beleza, Milton sempre foi admirado e reconhecido, chegando a comandar toda a área de comunicação social da Ceplac.

            Com segurança e simplicidade, ali era o responsável final pela edição do jornal O Cacauicultor, da revista Theobroma, científica e bilíngue, reconhecida internacionalmente, do Boletim Técnico e da Cacau Atualidades, além de outros trabalhos, inclusive de vídeo e rádio, sem abdicar contudo de manifestações de sua própria lavra. Ceplac de outros tempos.

            No sul da Bahia, Milton Rosário foi o mentor de uma geração de novos talentos, que hoje se revelam na imprensa Baiana,  particularmente em Ilhéus e Itabuna.

            O poema ACALANTO DA PAZ foi escrito poucos dias antes da sua prematura morte, no auge da sua lucidez, e nele Milton transmite a sua certeza de estar preparado para o seu próximo encontro com DEUS.

            Trago-o a público, querido Milton, como lhe prometi.

(O AMIGO DO CACAU – BAÚ DE RECORDAÇÕES – Documentário)
Edições GRD São Paulo, 1999

José Haroldo Castro Vieira

* * *

ITABUNA CENTENÁRIA REFLETINDO: A viagem, síntese da vida cristã

A viagem, síntese da vida cristã


O tempo constitui fundamentalmente uma espécie de coreografia interior. Dir-se-ia que a própria vida nos solicita a que a escutemos de um outro modo. É com este imperativo que cada um de nós é chamado a confrontar-se: a irresistível necessidade de reencontrar a vida na sua forma pura. Por exemplo: se a linha azul do mar nos seduz tanto, é também porque esta imensidão nos recorda o nosso verdadeiro horizonte; se subimos às altas montanhas, é porque na visão clara de cima se alcança do real, nessa visão luminosa e sem cesuras reconhecemos uma parte importante de um apelo mais íntimo; se vamos à procura de outras cidades (e, nessas cidades, de uma imagem, de um fragmento de beleza, de um não sei quê...), é também porque estamos em busca de uma geografia interior; se simplesmente nos concedemos uma experiência do tempo dilatada (refeições tomadas sem pressa, conversas que se prolongam, visitas e encontros), é porque a gratuidade, e só essa, nos dá o sabor prolongado da própria existência.

 Tomemos esse verbo cunhado por Rainer Maria Rilke que diz: «Espero o verão como quem espera uma outra vida». Este verso não nos projeta para fora de nós, antes inicia-nos na arte da imersão interior. Verdadeiramente durante os longos invernos do tempo não é uma vida estranha e fantasiosa aquela que devemos esperar (e para a qual trabalhar!), mas uma vida que realmente nos pertença. É de um verão assim que Rilke fala, e que pode coincidir com qualquer estação: uma necessária oportunidade para nos imergirmos mais a fundo, mais dentro, mais alto, aceitando o risco de colher a vida integralmente e dela nos espantarmos. Na escassez e na plenitude, na dolorosa imprevisibilidade como na sabedoria confiante. Pensemos na proposta que, mais de uma vez, Jesus faz aos discípulos: «Passemos à outra margem» (Marcos 4, 35). Passar à outra margem não significa necessariamente a transferência para outro lugar, diferente daquele em que nos encontramos.

 Às vezes, tudo o que nos é preciso é habitar a vida de um outro modo. É simplesmente caminhar com um outro passo nas estradas que já percorremos a cada dia. É abrir a janela quotidiana, mas lentamente, nas consciência de que estamos a abrir. É reaprender uma outra qualidade para uma quotidianidade talvez demasiado abandonada às rotinas e aos seus automatismos. É, no fundo, saborear o gosto das coisas mais simples. Podemos fazer uma viagem inesquecível, fascinados pelo sabor do instante presente, pela contemplação da paisagem que nos é mais próxima, da sabedoria de uma conversa, do silêncio de um livro que já temos entre as mãos. Pensemos no que escreve Marcel Proust: «Talvez não haja na nossa infância dias que tenhamos vivido tão plenamente como aqueles que passamos com um livro predileto». Que desafio, esta noção de «dias plenamente vividos», e como nos é necessário avizinharmo-nos dela! «Passemos à outra margem.» As viagens não são só exteriores. Não é simplesmente na cartografia do mundo que o homem viaja. Fazer uma deslocação comporta uma mudança de posição, uma maturação do olhar, abertura ao novo, uma adaptação a realidades e linguagens, um confronto, um diálogo, inquietante ou encantado, que necessariamente deixa impressões muito profundas. A experiência da viagem é experiência da fronteira e de novos espaços, de que o homem tem necessidade para ser ele próprio. «Passemos à outra margem.»

A viagem é uma etapa fundamental na descoberta e na construção de nós mesmos e do mundo. É a nossa consciência que caminha, descobre cada detalhe do mundo e tudo olha de novo como se fosse a primeira vez. A viagem é uma espécie de motor desse olhar novo. Por isso é capaz de introduzir na nossa vida e nos seus esquemas, na sua organização, elementos sempre inéditos que podem operar essa recontextualização radical que, com um vocabulário cristão, chamamos "conversão". Muitas mudanças de paradigma epocais (também eclesiais) tiveram a ver precisamente com a aceitação de um olhar viajante sobre o nosso mundo habitual e as suas convenções. O escritor Bruce Chatwin utiliza, a esse respeito, a expressão «alternativa nómada», expressão secularizada mas que pode bem ser reconduzida ao campo teológico e bíblico.

Abraão é um errante. Moisés descobre a sua vocação e missão como mandato de itinerância. Muitos dos profetas de Israel, de Elias a Jonas, viveram como exilados e proscritos. Jesus não tinha onde pousar a cabeça e habitava, dando-lhe sentido, um trânsito permanente. Os seus discípulos são convidados aos quatros cantos da Terra. O cristianismo define-se assim através de uma extraterritorialidade simbólica, sem cidade e sem morada, que permite a fenda, a abertura à revelação de um sentido maior. «Passemos à outra margem», propõe-nos Jesus.


José Tolentino Mendonça 
In "Avvenire"
Trad.: SNPC
Publicado em 06.06.2017 no SNPC(Portugal)



* * *

PALAVRA DA SALVAÇÃO (33)

São Pedro e São Paulo, apóstolos - Domingo 02/07/2017

Evangelho (Mt 16,13-19)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?”Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.


— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

---
Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão do Pe. Paulo Ricardo:
---
Identidade des-velada a serviço da vida

“Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que tu ligares na terra...” (Mt. 16,19)

Neste domingo celebramos a festa de duas grandes figuras-chave na Igreja: Pedro e Paulo; fortes personalidades que fizeram uma impactante experiência de encontro com o peregrino da Galileia. E foram profundamente transformados, a ponto de terem seus nomes mudados pelo próprio Jesus Cristo.

Diante das maravilhadas que serão proclamadas de um e de outro, podemos apresentar uma pergunta que pode nos parecer estranha. “Quê fica de Simão em Pedro?” , “Quê fica de Saulo em Paulo?”. Porque Pedro, primeiro foi Simão; Paulo foi Saulo. E Jesus chamou Simão e chamou Saulo. Em seguida, mudou o nome deles para Pedro e Paulo. Simão, o homem do lago e da barca de pesca; Saulo, o zeloso fariseu, fiel seguidor da lei e perseguidor da Igreja. Pedro, o homem da Igreja, a rocha sobre a qual Jesus assenta sua nova comunidade. E todos nós o recordamos como o homem das “chaves”. Paulo, o apóstolo dos gentios, fundador de novas comunidades cristãs para além do território judaico.

Mas, retornemos às perguntas: o que permaneceu de Simão, aquele do lago, no Pedro da Igreja? Desapareceu o verdadeiro Simão e ficou somente o Pedro? Ou teríamos de dizer que há nele uma mescla de Simão e de Pedro? O que permaneceu de Saulo, fariseu e filho de fariseu, no Paulo que alargou as fronteiras da primitiva Igreja?

O Pedro, rocha firma, não deixa de ser o Simão do lago. Apesar de Jesus ter mudado seu nome, no entanto, em diferentes ocasiões aflora o Simão que não consegue entender Jesus e quer desviar o mestre de seus planos e projetos. Continua vivo o Simão que busca o triunfalismo messiânico de Jesus e revela resistência em seguir Aquele que vai ser crucificado. Continua sendo o Simão que compete com os outros sobre a primazia no novo Reino, e crê que é ele quem vai dar a vida por Jesus. Continua sendo o Simão covarde e com medo que nega Jesus na noite da Paixão. O mesmo poderíamos dizer de Saulo. Muitos traços seus continuam presentes na nova identidade: Paulo.

No evangelho de hoje, Jesus deixa transparecer sua identidade através da confissão de Pedro: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”; e, ao mesmo tempo, Jesus desvela a identidade de Pedro: “Tu és “petros” (pedregulho) e sobre esta “petra”(rocha) edificarei minha igreja”. Pedro se torna rocha firme (“petra”) quando se apoia na identidade de Jesus (a verdadeira Rocha).

Pedro, que era “petros” (pedra de tropeço no caminho, frágil, limitado...), foi sendo transformado, através da identificação com Jesus, em “petra”, rocha firme da primitiva comunidade cristã. Dessa forma, o Simão que era “petros”/pedra lentamente vai fazendo a travessia para “Petra”/rocha firme, porque o mestre desvelou a nobreza que estava escondida no coração dele, ou seja, sua verdadeira identidade sobre a qual o mesmo Jesus iria edificar sua igreja.

Diante dos dois personagens, Pedro e Paulo, vamos intuindo que a questão não é trocar simplesmente de nome. A Graça não destrói a natureza humana, mas a plenifica e a torna expansiva. Em Pedro, a graça não destrói o Simão, em Paulo não destrói o Saulo. Eles procurarão conservar a fidelidade a Jesus e à comunidade dos seus seguidores, mas cada um imprimirá sua própria personalidade.

A graça do seguimento de Jesus não apaga nossa condição humana, nossa herança genética, nossa personalidade, nossa psicologia, nossa sensibilidade e nosso mundo afetivo; carregamos conosco nossa cultura e nossa própria história humana.

O desafio é este: que permanece de nossa herança biológica e cultural na experiência do seguimento de Jesus? É possível que em todos nós, em “Pedro”, permaneça latente muito de “Simão”; em “Paulo”, permaneça muito de “Saulo”. E como distinguir o Simão de Pedro que todos carregamos dentro de nós? Não é fácil a Pedro desprender-se do Simão de antes, nem a Paulo desprender-se do Saulo de antes. Só a identificação com Jesus possibilita fazer a travessia para o “novo nome”, integrando e pacificando
as “marcas humanas” do antigo nome.

O Evangelho da festa de hoje nos ajuda a ler nossa vida. Ali afirma-se nossa identidade; e a identidade de uma pessoa é dada por aquilo que é sólido, consistente... no seu interior, que não se desfaz com as adversidades do mundo no qual vivemos (crises, fracassos, fragilidades, incoerências...). Toda pessoa possui dentro de si uma profundidade que é seu mistério íntimo e pessoal.

 “Viver em profundidade” significa “entrar” no âmago da própria vida, “descer” até às fontes do próprio ser, até às raízes mais profundas. A própria interioridade é a rocha consistente e firme, bem talhada e preciosa que cada pessoa tem, para encontrar segurança e caminhar na vida superando as dificuldades e os inevitáveis golpes da luta pela vida. Com confiança em si e na rocha do próprio ser, todas as forças vitais se acham disponíveis para ajudar a pessoa a crescer dia-a-dia, tornando-a aquilo que originalmente é chamada a ser.

Para isso temos em nossas mãos as chaves da vida. O que fazemos com elas? Podemos abrir ou fechar, ligar ou desligar, atar ou desatar.... Ter a chave da vida como Pedro e Paulo ou como Simão e Saulo: abrir ou fechar as portas do futuro, das relações, dos sonhos, da missão... Dar amplitude à vida ou atrofiá-la. Atar ou desatar os nós da vida.... Aqui está o grande desafio: abrir-se ou fechar-se: abrir-se à vida, ao novo, ao outro, ao desafiante ou diferente... ou retrair-se ao próprio ego.

Ter identidade é assentar nossa vida sobre a rocha interior (Pedro) que nos sustenta e nos faz sair da prisão do ego (Simão). Nossa identidade é sempre dinâmica, histórica, fecunda, aventureira... Nossa vida é uma contínua travessia do Simão/Saulo para Pedro/Paulo, porque ela está centrada n’Aquele que tudo sustenta. Nossa identidade profunda está a serviço de quem? – do próprio “ego” como Simão ou Saulo, ou do Reino, como Pedro e Paulo.

Texto bíblico:  Mt. 16,13-19

Na oração: Muitos caminhos conduzem à própria interioridade. A oração é a chave de acesso; ela é esse silencioso exercício de deixar que Deus me habite para que eu possa abrir as portas do coração e janelas da mente àqueles com quem me encontro.
Onde a Graça de Deus tem liberdade de atuar, ali afloram o Pedro e o Paulo que tenho atrofiados dentro de mim.
- O que prevalece nas minhas relações cotidianas: Simão/Saulo ou Pedro/Paulo?

Pe. Adroaldo Palaoro sj
Itaici-SP


* * *