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sábado, 12 de agosto de 2017

PROFESSOR E HISTORIADOR ARNO WEHLING TOMA POSSE NA CADEIRA 37 DA ABL, NA SUCESSÃO DO ACADÊMICO E POETA FERREIRA GULLAR




“Com Arno Wehling, chega à Academia um historiador de altos saberes, um pensador da cultura, um cultor do direito. Sua presença amplia o contingente dos notáveis da inteligência brasileira que, ao lado dos escritores, integram, como estabeleceu a sabedoria dos fundadores, a Casa de Machado de Assis”, afirmou o Presidente da ABL, Acadêmico e professor Domício Proença Filho.

“Não se estranhe que um historiador como Arno Wehling suceda, nesta Academia, três poetas. A história é uma ciência, mas, quando bem escrita, pode ser uma obra de arte literária”, afirmou, em seu discurso de recepção, o Acadêmico e historiador Alberto da Costa e Silva.


O historiador e professor carioca Arno Weling, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), tomou posse na Cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras, nesta sexta-feira, dia 11 de agosto, em solenidade no Salão Nobre do Petit Trianon. O novo Acadêmico foi eleito no dia 9 de março deste ano, na sucessão do Acadêmico e poeta Ferreira Gullar, falecido no dia 4 de dezembro de 2016.

Em nome da ABL, o Acadêmico, embaixador e historiador Alberto da Costa e Silva fez o discurso de recepção. Antes, Arno Wehling discursou na tribuna. A seguir, assinou o livro de posse. Logo após, o Presidente convidou o Acadêmico e professor Arnaldo Niskier (segundo a tradição, o decano presente) para entregar a espada (Eduarda Wehling de Toledo, neta do empossado, ficou responsável pela espada); o Acadêmico e historiador José Murilo de Carvalho para fazer a aposição do colar; e o Acadêmico e jornalista Cícero Sandroni, a entrega do diploma (Gabriela Wehling de Toledo guardou o diploma do Acadêmico avô). O Presidente, então, declarou empossado o novo Acadêmico.

Os ocupantes anteriores da cadeira 37 foram: Silva Ramos (fundador) – que escolheu como patrono Tomás Antônio Gonzaga –, Alcântara Machado, Getúlio Vargas, Assis Chateaubriand, João Cabral de Melo Neto e Ivan Junqueira.

DISCURSO DE POSSE

Em seu discurso de posse, Arno Wehling afirmou: “Ingresso na Academia Brasileira de Letras com uma convicção, a de seu significado intelectual, simbólico e ético como grande instituição brasileira. Vejo a Academia como uma grande irmandade espiritual no tempo e sei que dela participar implica estabelecer vínculos múltiplos, antes de tudo com ela própria e o que encarna em matéria de liberdade, diversidade, humanismo e compromisso com o Brasil.

“E que cadeira desafiadora, a cadeira 37! O patrono, Tomás Antonio Gonzaga; três poetas, João Cabral de Melo Neto, Ivã Junqueira e Ferreira Gullar; um filólogo que secundariamente poetou, o fundador Silva Ramos e três homens de ação, Alcântara Machado, Getúlio Vargas e Assis Chateaubriand, um dos quais deu rica contributo à interpretação do Brasil.

 “Os ocupantes da cadeira 37 foram limítrofes de mundos diversos, não só por terem optado por diferentes formas de expressão (poesia, ensaio, análise social, discurso político, texto jornalístico, até artes plásticas, como Ferreira Gullar) mas igualmente por terem sensibilidade para captar as tensões entre natureza e cultura (como Gullar e João Cabral) , fenômeno e essência (como Ivã Junqueira) ou entre o antigo e o moderno (como Alcântara Machado, Getúlio ou Chateaubriand). Particularmente pendular e tensional foi Ferreira Gullar, com polarizações como indivíduo/ser, Sol-fogo/morte, ninguém/todo mundo, pondera/delira, almoça e janta/se espanta, permanente/de repente.

“Tiveram igualmente a preocupação com o tempo, entre a ânsia de perenidade e a consciência da finitude, além da percepção de tempos diversos, mas coetâneos, como no Poema Sujo de Gullar ou ainda nas transformações da vida nordestina em Cão sem plumas e O Rio de João Cabral.

“Em todos os ocupantes da cadeira, uma unanimidade, a defesa da língua portuguesa como falada no Brasil, com suas características e particularidades. E um traço comum, a esperança dirigida a objetos diversos, conforme os valores e as intenções de cada um, mas sempre esperança.  Em Ferreira Gullar, a esperança de superar as limitações materiais do Brasil e as limitações do viver, sempre através da arte. Ivan Junqueira, a esperança dos valores eternos, suspeito que inspirado em algum tipo de socratismo cristão. João Cabral supera o ceticismo porque “celebra a solidariedade humana” e diz que “não há melhor resposta/que o espetáculo da vida”. Silva Ramos espera por um novo Brasil e pelo futuro da língua. Gonzaga, pela lira inspirada e pela lisura dos governantes. Alcântara Machado, que triunfe o espírito bandeirante em todo o país. Chateaubriand, que surja um novo país - moderno, industrial, culto. Getúlio Vargas... terá um suicida perdido a esperança, como no pórtico de Dante? Não creio. Comte ensinava que a eternidade era a presença na memória dos homens e o positivista Vargas expressou claramente que saía da vida para passar à história.

“Os 120 anos da Academia coincidem com a aceleração da história e com esta peculiar historicidade que não se explica pelas ilusões cientificistas do século XIX, com sua busca ingênua das leis históricas, mas pelo esforço por uma compreensão mais profunda dos atos humanos, do funcionamento das instituições e dos processos sociais.

“Instituições como a Academia, fóruns de convívio e de ideias, têm um papel a cumprir nesses desafios da historicidade contemporânea. E este papel, consubstanciado nas suas realizações intelectuais e simbólicas, possui significado transcendente se pensarmos que a Ética de Aristóteles nos recomenda viver de acordo com a melhor parte de nós mesmos: se assim for, a experiência da historicidade deve ser uma experiência de humanidade.”

DISCURSO DE RECEPÇÃO

Alberto da Costa e Silva afirmou, em seu discurso de recepção, que “desde cedo, Arno Wehling já tomara interesse pela historiografia, ou melhor, pela história da História e dos métodos de que ela se vale. Não fora assim e o seu primeiro livro, publicado aos 27 anos, não se chamaria Os níveis da objetividade histórica. Nos que se seguiram ─ como A invenção da história: estudos sobre o historicismo ─ e em incontáveis trabalhos impressos em revistas especializadas e obras coletivas, e em conferências, palestras e comunicações em simpósios, respiram a segurança e o entusiasmo do estudioso que se tornou íntimo das teorias que movimentam as ciências humanas e outros saberes.

“Destaque-se, entre suas obras, esse livro precioso, exemplo de concisão e claridade, que é Estado, história, memória: Varnhagen e a construção da identidade nacional, no qual se analisa o pensamento ultraconservador do Visconde de Porto Seguro, à luz das ideias prevalecentes no seu tempo, se descreve o seu apego intelectual e afetivo ao projeto centralizador da monarquia brasileira, e se mostra como esse pensamento marcou até mesmo o ensino da História do Brasil às crianças e aos adolescentes.

É esta a sua linhagem, Senhor Acadêmico Arno Wehling. A linhagem dos que podem dizer com Almeida Garrett: “Isto pensava, isto escrevo; isto tinha na alma, isto vai no papel: que doutro modo não sei escrever”. Saberia, se quisesse. Mas prefere fugir das formas barrocas e dedicar-se à busca dos termos exatos para expressar-se com nitidez e cuidada simplicidade. E não falta a muito de seus textos o bondoso e calmo sorriso com que acompanha o que ouve e diz. Por isso, ao trazê-lo para o nosso convívio, ganhamos, além de um grande historiador e homem de pensamento, alguém que nos transmite o gosto de ser feliz”.

O NOVO ACADÊMICO

Natural da cidade do Rio de Janeiro, onde nasceu em 1947, Arno Wehling formou-se em História pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (atual UFRJ) e em Direito pela Universidade Santa Úrsula, sendo doutor em História e livre docente de História Ibérica pela USP e realizando pós-doutoramento na Universidade do Porto.

Desenvolveu toda a sua atividade profissional como professor e pesquisador na universidade, tornando-se professor titular por concurso de títulos, provas e defesa de tese na UFRJ (Teoria e Metodologia da História) e na Unirio (História do Direito e das Instituições). Foi professor visitante das Universidades Portucalense e de Lisboa e pesquisador do CNPq.

Na administração universitária foi chefe de departamento e decano da Unirio e diretor, decano e reitor da UGF. Participou da fundação ou atuou em vários programas de pós-graduação em História, Filosofia e Direito na UFRJ, Unirio e UGF. Atualmente, é professor de História do Direito do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Veiga de Almeida. Sua atividade intelectual como historiador e ensaísta desenvolve-se preferencialmente nos campos da epistemologia das ciências humanas/história, da história das ideias políticas e jurídicas e da história do direito/instituições. Suas pesquisas concentram-se sobretudo no período colonial brasileiro, em especial do século XVIII às primeiras décadas do século XIX e nos fundamentos teóricos da produção historiográfica brasileira.

Wehling é Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e membro de institutos históricos estaduais, academias ibero-americanas de História (Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Venezuela, Portugal e Espanha) e da Academia das Ciências de Lisboa. Atuou e atua como parecerista de entidades de fomento (CNPq, Capes, Fundação Araucária, Fapesp, Faperj, Conicet), além de ser membro de conselhos editoriais do país e do exterior e conselheiro do Conselho Técnico da CNC e do IPHAN.

É autor de cerca de duzentos trabalhos nas suas áreas, entre artigos em periódicos especializados, verbetes em obras de referência, capítulos de livros, comunicações em anais e livros. Destes, tratam de questões teóricas e historiografia Os níveis da objetividade histórica (1974), A invenção da históriaestudos sobre o historicismo (1994 e 2001), Estado, história e memória – Varnhagen e a construção do estado nacional (1999) e De formigas, aranhas e abelhas – reflexões sobre o IHGB (2010 e 2017). Sobre estruturas de poder, em especial relacionadas ao direito e à justiça e às ideias políticas, Administração portuguesa no Brasil, 1777-1808 (1986), Pensamento político e elaboração constitucional (1994) e Direito e Justiça no Brasil Colonial – o Tribunal da Relação do Rio de Janeiro (2004), este em colaboração com Maria José Wehling. Publicou ainda dois livros de síntese, também com Maria José Wehling, Formação do Brasil colonial (1994; 5ª. edição 2012) e Documentos Históricos Brasileiros (2000).
11/08/2017



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NICODEMOS SENA LANÇA NOVO LIVRO EM SÃO PAULO

LETRASELVAGEM  e  ESPAÇO CULTURAL CORTEZ EDITORA convidam

para o lançamento do livro

“CHORO POR TI, BELTERRA!”


de Nicodemos Sena


Data: 24 de agosto de 2017 (quinta-feira), às 19 horas.
Local: Espaço Cultural Cortez Editora, Rua Bartira 317, Perdizes - São Paulo/SP – Brasil (ao lado do TUCA e da PUC).
Entrada Franca.


A OBRA

Em 19 episódios, Nicodemos Sena reconstitui o dia em que fez a viagem de retorno às origens, em companhia de seu pai, depois de um percurso de algumas horas pela rodovia Santarém-Cuiabá, até entrar numa estradinha de terra que leva à Estrada Um e, enfim, às ruínas da cidadezinha de Belterra, que na década de 1940 fora dirigida pela Ford Motor Company, empresa do magnata norte-americano Henry Ford (1863-1947), que, em plena Segunda Guerra Mundial (1939-1945), tentaria fazer da extração da borracha uma atividade lucrativa, fornecendo os pneumáticos necessários para movimentar os veículos militares.

Não se pode dizer que se trata de um romance nem tampouco de um conto que se tenha derramado por causa de uma prosa poética. Não é também uma simples reportagem, pois não constitui a mera literalização dos acontecimentos de um dia na estrada. Neste caso, cada encontro no caminho com esporádicos moradores perdidos naquelas paragens do Brasil profundo serve como motivo para um ou mais comentários, como aquele episódio em que o cronista se depara, em meio ao tórrido calor do meio-dia amazônico, dentro de um casebre em que não havia água encanada e muito menos tratada, com uma menina que não parava de manipular a tela de um telefone celular.

É, isso sim, um texto híbrido que se assume como uma crônica repassada de lirismo, uma narração das vicissitudes vividas pelo narrador em companhia do pai, que faz, com a ajuda do filho, uma viagem de retorno à infância para reencontrar todos os fantasmas que ainda assolam seus pensamentos.

Ou ainda uma narrativa poética que, ao reunir musicalidade e metaforização, faz com que o narrador desfie o novelo da memória, em tom de conversa com o leitor em que não dispensa nem mesmo citações de autores, como o português Fernando Pessoa (1888-1935), o colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014), o mexicano Juan Rulfo (1917-1986) e o norte-americano William Faulkner (1897-1962). Como se sabe, o que une esses autores de nacionalidades tão distintas é a construção metafórica de um lugar mítico, que existe só na alma do próprio autor, como “o rio da minha aldeia” do heterônimo pessoano Alberto Caeiro.

Em resumo, o texto dialoga com o mito do eterno retorno, ao praticar a intertextualidade com discursos canônicos, reconstruindo, dessa forma, metáforas da precária condição humana.

Autor de livros que já se tornaram referências obrigatórias dentro da Literatura Brasileira, como os romances A Espera do Nunca Mais (1999), A Noite é dos Pássaros (2003) e A Mulher, o Homem e o Cão (2009), trilogia que constitui uma saga amazônica, Nicodemos Sena mostra em Choro por ti, Belterra! que pode ser também considerado um cronista da estirpe de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), Rubem Braga (1913-1990) ou Fernando Sabino (1923-2004).

A diferença é que, em vez da fugacidade dos registros do cotidiano das ruas do Rio de Janeiro que se leem nas crônicas daqueles grandes mestres, o que o leitor descobrirá nestes episódios é não só a Amazônia que é vista ainda como exuberante paraíso tropical, mas também aquela que governantes corruptos permitiram que continuasse a ser destruída, tomada por aventureiros “gananciosos e cruéis, os quais, sem escrúpulos, saqueiam e depredam os bens da terra, auxiliados por ‘mucamas’ e ‘mordomos’ (degenerados filhos da terra) que, a troco de migalhas e posições, passaram-se para o lado dos inimigos”. (Texto das orelhas do livro, de autoria de Adelto Gonçalves, escritor, jornalista, doutor em Literatura Portuguesa pela U SP-Universidade de São Paulo)

O AUTOR

Nicodemos (Neves) Sena nasceu no município de Santarém, em 08.07.1958, e passou a infância entre índios e caboclos do Rio Maró, região de fronteira entre os estados do Pará e Amazonas (Amazônia brasileira), experiência que marcaria para sempre a sensibilidade do escritor identificado com a terra e os povos da Amazônia.

Em 1977, vem para São Paulo e aí se forma em Jornalismo, pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), e em Direito, pela Universidade de São Paulo (USP).

Faz a sua estreia literária em 1999, com o romance A Espera do Nunca Mais, uma saga amazônica de 876 páginas.

No Pará, proclamou o historiador, folclorista e crítico Vicente Salles:

“Com A Espera do Nunca Mais, pela primeira vez temos, na ficção, o caboclo como agente da história, o índio que se destribalizou, que vive entre dois universos que se opõem e se excluem.” (“O caboclo como agente da história”. A PROVÍNCIA DO PARÁ, Belém, PA, 15 mar. 2000)

No Rio de Janeiro, escreveu a poeta e crítica Olga Savary:

“É uma alegria quando nos deparamos com um livro como A Espera do Nunca Mais, esta extraordinária saga amazônica, narrada com sedução, seriedade, poesia. Forma e estilo são impecáveis nessa estreia, que nem estreia parece, de tão madura. Uma lição de literatura e de brasilidade.” (“Amazonense faz boa ficção com ‘anos de chumbo’ e choques entre culturas”. O GLOBO, Caderno Prosa & Verso, Rio de Janeiro, RJ, 3 mar.2001)

Em São Paulo, escreveu o jornalista, professor e crítico Oscar D’Ambrosio:

A Espera do Nunca Mais desafia e devora o leitor desde o início. Feito sucuriju, abre sua bocarra e obriga a penetrar num universo denso. Não adianta resistir. Uma vez dentro da boca deste livro-serpente, o destino é conhecer os seus interstícios plenos de um fazer artístico solidamente urdido, elaborado com mãos de mestre.” (“Uma extensa e densa aula de Amazônia”. JORNAL DA TARDE, Caderno de Sábado, São Paulo, SP, 20 maio 2000)

Em 2000, A Espera do Nunca Mais conquista o Prêmio Lima Barreto/Brasil 500 Anos, da União Brasileira de Escritores (UBE/Rio de Janeiro), ocasião em que conhece pessoalmente o escritor e crítico Antonio Olinto, da Academia Brasileira de Letras, que sobre A Espera do Nunca Mais escreveu:

“Eis um romance que invade a literatura brasileira com a força de um fenômeno da natureza. Trata-se de uma saga amazônica chamada A Espera do Nunca Mais. Seu autor, Nicodemos Sena, tem o domínio da narrativa de ação e o talento de criar gente. Seus personagens representam a Amazônia com sua largueza e sua mistura, caboclo e floresta unidos num ecossistema geográfico-humano que retrata a nossa mais desconhecidamente forte região em que o Brasil se firma e se revela. É romance que deve ser lido. Nele, realidade e lenda se juntam com naturalidade. As palavras formam um estilo ínsito à grandeza das paisagens que descreve.” (JORNAL DE LETRAS, Rio de Janeiro, RJ, jan. 2001)

Em 2002, Nicodemos Sena aparece no Dossier Amazónico publicado na revista literária portuguesa “Construções Portuárias” (nº01), no qual foi incluído um trecho do inédito A Noite é dos Pássaros, ao lado de importantes escritores da Amazônia, entre os quais Haroldo Maranhão, Max Martins, João de Jesus Paes Loureiro, Vicente Franz Cecim, Age de Carvalho, Jorge Henrique Bastos, Antônio Moura, Paulo Plínio Abreu, Benedicto Monteiro, Rosângela Darwich e Benedito Nunes.

De 3 de abril a 31 de julho de 2003, A Noite é dos Pássaros é publicado em forma de folhetim, em dezoito episódios semanais, no jornal “O Estado do Tapajós” (Santarém do Pará) e na revista eletrônica portuguesa “TriploV”. Ainda em 2003,A Noite é dos Pássarosé publicado em formato livro (Ed. Cejup). No mesmo ano, fragmento de A Noite é dos Pássaros é publicado nas revistas “Palavra em Mutação nº02” e “Storm-Magazine”, ambas de Portugal.

Ainda em 2003, A Noite é dos Pássaros conquista o prêmio Lúcio Cardoso, da Academia Mineira de Letras, e, em 2004, Menção Honrosa no prêmio José Lins do Rego, da União Brasileira de Escritores (UBE/Rio de Janeiro).

Nicodemos Sena é nome reconhecido dentro e fora da Amazônia, tornando-se verbete na “Enciclopédia de Literatura Brasileira”, direção de Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa (edição conjunta da Global Editora, Fundação Biblioteca Nacional, DNL, Academia Brasileira de Letras, 2ª edição, 2001). Carlos Nejar, da Academia Brasileira de Letras, incluiu Nicodemos Sena em sua História da Literatura Brasileira — da Carta de Caminha aos Contemporâneos, entre os “grandes nomes na ficção surgidos no Brasil após a década de 1970” (Cap. 35, pág. 900, Fundação Biblioteca Nacional, RJ).

Nicodemos Sena é um dos 81 escritores analisados pela professora Nelly Novaes Coelho, titular de Literatura da Universidade de São Paulo (USP), no livro Escritores Brasileiros do Século XX — Um Testamento Crítico(LetraSelvagem, SP, 2013).

Pelo estilo vigoroso e temática inspirada na vida das populações marginalizadas da Amazônia (indígenas e caboclos), Nicodemos Sena já foi comparado a grandes ficcionistas brasileiros, como Graciliano Ramos, João Ubaldo Ribeiro, Mário de Andrade e Érico Veríssimo, e a importantes ficcionistas latino-americanos, como o paraguaio Augusto Roa Bastos e o peruano José María Arguedas.

O terceiro romance de Nicodemos Sena, A Mulher, o Homem e o Cão (2009), foi incluído entre as “78 DICAS” do Guia da FOLHA, suplemento cultural do jornal “Folha de São Paulo” (29.05.2009).

Tendo nascido na Amazônia, região “periférica” em relação aos centros nervosos do capitalismo globalizado (Estados Unidos da América, Europa e, em termos de Brasil, o Sul-Sudeste do país), conviveu desde cedo com as injustiças praticadas pelas oligarquias locais contra indígenas e caboclos, do que resultou um sentimento de revolta, inicialmente vago e finalmente insuportável, que o compeliu a lançar-se contra os “homens injustos” e o Deus que parecia não se compadecer do sofrimento dos pobres.

Na cosmopolita e conflagrada São Paulo, em seu primeiro emprego na indústria têxtil no bairro do Ipiranga, conheceu gente desenraizada e “fora do lugar” como ele, fugitiva da seca do Nordeste ou da polícia, mas disposta a trabalhar e perseguir os seus ideais. No cortiço onde se recolhia após o trabalho diário e a escola noturna, conheceu “seres da noite” semelhantes aos que, mais tarde, povoariam os seus romances. Seres que se movem nas sombras (na selva amazônica ou na “selva” de asfalto) e não deixam rastro; variada e difusa fauna humana de mamelucos, cafuzos e brancos pobres, que, premidos pela necessidade e circunstâncias, veem-se convertidos em ladrões, prostitutas e, entre estes, um ou outro operário que não desiste de sonhar com o “futuro”.

Com tal bagagem existencial, filosófica e humana, extraída da Vida, e mais a vontade indomável de se elevar por meio do conhecimento e dos livros, Nicodemos Sena logrou entrar, em 1979, para o curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde, municiado pela literatura marxista-leninista, engaja-se no movimento estudantil e dos trabalhadores contra a miséria e a opressão impostas pelo grande capital em sua forma mais atroz (a ditadura militar implantada em 1964).

Em 1981/1982, participa da campanha de criação do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1993, ao resolver dedicar-se à sua vocação de escritor, desliga-se do PT e passa a defender uma literatura “universal, sim, compreensível a todos os homens do mundo, mas que não renegue as marcas da cultura brasileira”, como afirmou numa entrevista.

Como diretor da União Brasileira de Escritores (UBE/SP) participa, em 2011, da organização do Congresso Brasileiro de Escritores realizado em Ribeirão Preto (SP).

Com o golpe político das elites de 2016, que depôs a Presidenta Dilma Rousseff e ataca os direitos dos trabalhadores, Nicodemos Sena volta à militância política de esquerda, sem deixar de lado a literatura.

Mora, atualmente, em Pindamonhangaba-SP.

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 Título: “CHORO POR TI, BELTERRA!”
Autor: Nicodemos Sena
Editora: LETRASELVAGEM
ISBN 978-85-61123-23-9
Tamanho: 14 x 21 cm. (Brochura)
1ª edição
192 páginas
Preço: R$30,00

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LETRASELVAGEM: Caixa Postal 63, CEP 12.400-970, PINDAMONYHANGABA-SP/Brasil. Telefones: (12) 3635-3769 / (12) 992033836 (WhatsApp)
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