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domingo, 15 de outubro de 2017

NOSSO LIVRO DE CADA DIA - Cyro de Mattos

Nosso livro de cada dia
Cyro de Mattos


            O livro é esse amigo que nos acompanha há séculos, possibilitando o crescimento interior. Conhecemos outras vozes do mundo com esse amigo. Inauguramos a vida com novos olhares, superamos vícios e medos. Sabemos de casos que divertem, viajamos por terras nunca conhecidas. Damos voo à razão através da linguagem que usa para cada tipo de leitor. Um de seus milagres consiste em tornar leve todo o peso terrestre feito de solidões, angústias e perdas. Sua amizade não trilha os caminhos do interesse, transpira sinceridade. Com ele aprendemos que só talento não basta para quem quiser se tornar um filósofo, cientista ou poeta. É necessário o hábito da leitura. Esse amigo está pronto para dizer que, vivendo na sua companhia, a vida fica mais fácil. Matamos até a morte.

            Gosta de se mostrar nas livrarias. O lugar mais digno para acomodá-lo em nossa casa é a biblioteca. Quem não tem poder aquisitivo para adquiri-lo, pode achá-lo em uma biblioteca pública.. Lá está nas prateleiras o amigo solidário, esperando nossa visita para uma conversa útil. Mostra muitas coisas numa cumplicidade que informa, dá prazer, encanta. Faz aparecer paisagens impossíveis, que vão entrando na medida em que uma página puxa a outra..

            Livro xilografado, impresso com pranchas de madeira gravadas. Em rolos de papiro e também de pergaminho, no Egito. Nas telas de seda da China. Recolhido em manuscritos, no trabalho paciente e anônimo dos bibliotecários de Alexandria. Livro da sabedoria, do Antigo Testamento. Filosófico, científico e literário. Repositório do pensamento humano, dos povos para os povos, de geração em geração, com seus rumores milenares.

            Vem contribuindo para que o mundo mantenha portas e janelas abertas, o sol acenda manhãs, o vento sopre momentos que somam. Das formas primitivas às técnicas de editoração moderna, com esse amigo, como o braço ao abraço, os seres humanos aprendem que os dias de exercitar a existência e conhecer o outro ficam menos falhos.

            O padre Antônio Vieira disse certa vez que “o livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que via, um morto que vive.” Acho que a fala da nossa maior figura da oratória sacra combina com o que eu li num para-choque de caminhão: “Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê.” Verdade. Hoje, na minha terceira idade, reli O Pequeno Príncipe, de Antoine Saint-Exupéry, a seguir O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway. Saí depois para a vida rejuvenescido.

            De cabeceira ou de bolso, o livro é esse fiel amigo por vias e arredios, capaz de dizer silêncios por meio dos sinais visíveis da escrita.

            Fiquei certa vez abatido por conta da afeição que nutro por esse amigo. Quando morei na fazenda São Bernardo, nas imediações de Ferradas, chão onde nasceu o romancista do mundo Jorge Amado e o poeta Telmo Padilha, os livros que trouxe do Rio de Janeiro ficaram encaixotados até que pudesse comprar uma estante digna de recebê-los. E, numa noite sem estrelas, a chuva caiu pesada na terra centenária. O telhado velho da pequena casa não suportou o volume da água que corria por entre as calhas. Em pouco tempo, poças d’água formaram-se em vários cantos da casa por causa das goteiras.

            No outro dia, encontrei molhados os caixões que guardavam velhos amigos. Lembro que apressado fui retirando do primeiro caixão Além dos Marimbus, de Herberto Sales, Uma Vida em Segredo, de Autran Dourado”, Poesias, de Manuel Bandeira, O Salto do Cavalo Cobridor, de Assis Brasil, Fábulas, de La Fontaine, Dom Quixote, de Cervantes, Timeless Stories for Today and Tomorrow, de Ray Bradbury, Hamlet, de Faulkner, The Grass Harp, de Truman Capote, A Metamorfose, de Kafka, O Muro, de Sartre, e A Moveable Feast, de Ernest Hemingway. Foram os livros mais atingidos pela chuva que caíra naquela noite cortada por relâmpago e trovoada. Páginas manchadas, letras borradas, capas danificadas. Ainda tentei salvá-los, espalhando-os abertos no passeio para que fossem aquecidos pelos raios de um sol tímido.

            Aqueles livros haviam sido adquiridos com o dinheiro da mesada que o pai mandava para o moço do interior na Capital, onde cursava a Faculdade de Direito.. Outros foram comprados nos meus anos de jornalista no Rio de Janeiro. Meu coração sentia um tremor quando descobria um desses amigos na vitrina, balcão ou prateleira de livraria, acenando-me para que fosse adquiri-lo.

            À noite peguei no sono como um herói inútil. Acordei deprimido no outro dia. Aqueles que não consegui salvar tinham me ofertado ricos momentos de leitura, horas de sonho e palavras de amor varando as madrugadas. Madrugadas do homem solitário, que, no silêncio da noite, lograva extrair sentidos da vida com aqueles companheiros especiais. Jamais esqueci isso.

            De uns tempos para cá, a incorporação dos meios eletrônicos na sociedade fez com que o livro mudasse o suporte. A versão digital de um livro impresso é o livro eletrônico. É adquirido por meio de download para ser lido no monitor do seu micro e impresso na sua impressora. Entre as vantagens dessa migração do livro, você pode ter uma biblioteca no seu micro. Usar o dicionário em instantes durante a leitura. Encontrar trechos com rapidez de segundos.

            Por motivos alheios à sua vontade, em caso de uma pane no circuito de energia elétrica, você pode perder sua biblioteca digitalizada no abrir e fechar do olho. Uma pena.



*Cyro de Mattos é jornalista, cronista, contista, romancista, poeta e autor de livros para crianças. Publicado em Portugal, Itália, França, Espanha, Alemanha, Rússia, Dinamarca, México e Estados Unidos. Premiado no Brasil, Portugal, Itália e México. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia, Academia de Letras de Ilhéus e Academia de Letras de Itabuna. Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Santa Cruz.

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HOMENAGEM A NOSSA SENHORA APARECIDA NOS SEUS 300 ANOS - Marcos Luiz Garcia

14 de outubro de 2017
Marcos Luiz Garcia

Às 9,30 horas do dia 12 de outubro, um Rolls Royce saiu da sede do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, no bairro de Higienópolis da capital paulista, rumo ao Monumento do Ipiranga.

Nele o Príncipe Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, acompanhado do Dr. Eduardo de Barros Brotero [foto ao lado]  levava uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.

Quando os relógios marcavam um pouco mais das 10 horas, sob um longo espocar de fogos de artifício, a réplica da imagem da Padroeira do Brasil chegou ao Monumento onde era aguardada para ser homenageada.

O Príncipe e seu séquito a conduziram sob um pálio de seis varas e ao som da fanfarra, composta por jovens do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. Diante do Monumento do Ipiranga, com seus símbolos estavam dispostos membros do Instituto, assim como correspondentes e amigos da entidade, que exibiam duas faixas evocando os 300 anos da Aparição de Nossa Senhora nas águas do Rio Paraíba.

Procedeu-se então à execução do Hino Nacional, acompanhado por todos os presentes. Em seguida, sempre ao som da fanfarra, foi entoado o hino Viva a Mãe de Deus e Nossa. Rezou-se uma prece inspirada em textos de Plinio Corrêa de Oliveira para atos junto àquele Monumento, implorando a Nossa Senhora Aparecida as graças necessárias para que o Brasil se reerga das crises que o acometem e recupere todo o brilho com o qual a Providencia divina o dotou. Destacamos este expressivo trecho:

“Sim, ó Maria, abençoai-nos, cumulai-nos de graças, e mais do que todas, concedei-nos a graça das graças: ó Mãe, uni intimamente a Vós este vosso Brasil. Protegei-o mais e mais. Tornai sempre mais maternal o patrocínio tão generoso que nos outorgastes. Tornai cada vez mais largo e mais misericordioso o perdão que sempre nos concedestes. Aumentai vossa largueza no que diz respeito aos bens da terra, mas, sobretudo, elevai nossas almas no desejo dos bens do Céu. Fazei-nos sempre mais fortes na luta por Cristo-Rei, Filho vosso e Senhor nosso. De sorte que, dispostos sempre a abandonar tudo para Lhe sermos fiéis, em nós se cumpra a promessa divina, do cêntuplo nesta terra e da bem-aventurança eterna.”

Em seguida Dom Bertrand [foto ao lado] proferiu rápidas palavras, das quais salientamos o seguinte:

“É para esta luta que hoje, justamente neste tricentenário, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira vos conclama: levantai-vos, brasileiros, levantai-vos soldados de Cristo, levantai-vos servidores de Maria, não permitamos que a malfadada ideologia de gênero corrompa nossas crianças. Assinemos todos nós a carta que será enviada ao Senhor Presidente da República para que cancele do ensino brasileiro essa ideologia anticristã. Tornai-vos apóstolos e lutadores desta nova cruzada, da luta contra-revolucionária, ideológica e legal.”

Assim, o Príncipe deu início a uma nova campanha do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, desta vez contra a Ideologia de Gênero, sendo o primeiro a assinar a carta ao Presidente da República.
Após os circunstantes também assinarem a mencionada carta, a fanfarra voltou a executar o hino Viva a Mãe de Deus e Nossa, enquanto Dom Bertrand reconduziu em cortejo a imagem até o veículo, acompanhado por todos os presentes.

O espírito autenticamente católico se fez sentir em todo o evento, fruto das graças de Nossa Senhora, de cuja misericórdia esperamos que o Brasil possa vir a ser um País ainda muito mais católico do que o foi em seus melhores dias.

Deixando solenemente o recinto, o mesmo cortejo de automóveis reconduziu a imagem de Nossa Senhora Aparecida de volta à sede do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira.




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15 DE OUTUBRO: DIA DO PROFESSOR - Eglê S Machado

Clique sobre a foto, para vê-la no tamanho original



PALAVRA DA SALVAÇÃO (48)

28º Domingo do Tempo Comum 15 de Outubro de 2017

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 22,1-14

Naquele tempo:
Jesus voltou a falar em parábolas aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, dizendo: 'O Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho.
E mandou os seus empregados para chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram vir.
O rei mandou outros empregados, dizendo:
`Dizei aos convidados: já preparei o banquete, os bois e os animais cevados já foram abatidos e tudo está pronto. Vinde para a festa!'
Mas os convidados não deram a menor atenção: um foi para o seu campo, outro para os seus negócios, outros agarraram os empregados, bateram neles e os mataram.
O rei ficou indignado e mandou suas tropas para matar aqueles assassinos e incendiar a cidade deles.
Em seguida, o rei disse aos empregados: A festa de casamento está pronta, mas os convidados não foram dignos dela.
Portanto, ide até às encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes.'
Então os empregados saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons.
E a sala da festa ficou cheia de convidados.
Quando o rei entrou para ver os convidados, observou ali um homem que não estava usando traje de festa e perguntou-lhe: `Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?'
Mas o homem nada respondeu.
Então o rei disse aos que serviam: Amarrai os pés e as mãos desse homem e jogai-o fora, na escuridão! Ali haverá choro e ranger de dentes'.
Por que muitos são chamados, e poucos são escolhidos.'

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor!

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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão de Dom Pedro Carlos Cipolini, bispo da Diocese de Amparo -SP:
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A provocativa encruzilhada

“Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes”  Mt 22,9)

Através de suas parábolas Jesus nos revela uma profunda visão contemplativa da vida; e esta Sua visão não o afasta da realidade; pelo contrário, mantém-no sempre em contato com a fragilidade da existência humana: sentou-se à mesa e comeu com os pecadores; misturou-se com os doentes e os impuros; comprometeu-se solidariamente com os mais pobres, oprimidos e excluídos de seu tempo; revelou sua presença compassiva junto aos mais fracos e sofredores, vítimas de uma estrutura social e religiosa injusta.

Jesus destruiu as categorias de puro e impuro, perfeito e imperfeito, justo e pecador... E anunciou um banquete para todos, “maus e bons”.  O Deus que Jesus revelou mostra o seu rosto na proximidade e na reconciliação para com todos. Ele não tem vergonha de se aproximar e de se misturar com a pobreza e a fragilidade dos seus filhos e filhas; Deus encontra-se mergulhado no humano, acolhe tudo e plenifica tudo (inclusive a fragilidade). Ele se apresenta como um “Deus errante”, que corre ao encontro daquele que está perdido.

O Deus de Jesus não age do mesmo modo que o “deus dos fariseus”. Ele não faz comparações entre uns e outros; não coloca os impuros em situação de desvantagem. Ele é o Deus “festeiro”, que sempre propõe a “mesa da inclusão” a todos os seus filhos e filhas.

Jesus põe no centro de seu anúncio a indigência, a fragilidade, o limite... e não a perfeição, a pureza... Ele sabia que a pessoa consciente de suas fragilidades e pobrezas é mais disponível e aberta à Graça de Deus. Para Jesus, a experiência da fragilidade dá a conhecer a profundeza da existência humana. É reconhecendo-se fraco e limitado que o ser humano se abre para Deus e para os outros; é sua própria fragilidade e pobreza que o fazem sensível à escuta e acolhida do convite de Deus para participar da mesa do Reino. Este é o caminho de Deus em direção ao ser humano, e do ser humano rumo a Deus.

Para fundamentar a imagem do Deus que se deixa afetar por aqueles que estão excluídos nas encruzilhadas da vida, Jesus conta a parábola de um rei que prepara um banquete de casamento do seu filho para muitos convidados. Como toda parábola, o ponto de inflexão está em rejeitar a oferta. Ninguém rejeita um banquete. Mas o primeiro e o segundo grupo de convidados, com o coração marcado pela ingratidão e afeiçoados aos seus bens e interesses, fazem-se de surdos diante do convite. O campo, os negócios, a violência... é mais importante que a festa da vida.

Quando nenhum dos convidados comparece, o dono da casa ordena aos empregados: “ide às encruzilhadas dos caminhos...”, para que convidem a todos, maus e bons. O importante é que haja banquete, que haja festa. E com frequência, os mais disponíveis são precisamente aqueles que não podem fazer grandes festas. Os pobres e excluídos tem poucas festas, mas encanta-lhes as festas; são aqueles que mais sabem festejar. São eles que dizem sim ao primeiro convite; são eles que não podem comprar campos, nem juntas de bois. E Deus enche a sala com todos eles.

É provável que as pessoas, às quais o texto se refere originalmente, tenham sido aquelas que viviam fora de Jerusalém, em meio a um mundo de pobreza e exclusão. Tal situação as impedia participar de qualquer festa. Mas se entendermos a parábola em chave de interioridade, como motivação para nosso caminho em direção a uma vida maior, podemos afirmar: o chamado a uma vida em profundidade pode ficar ofuscado pelo ego fechado e superficial.

O apego aos bens e aos negócios podem nos impedir de escolher o caminho da vida expansiva; uma vida bem-sucedida é o maior inimigo da transformação. Quem se acomoda no sucesso não prosseguirá em sua caminhada interior e ficará parado em sua imaturidade humana. Quem confia demais em seus próprios negócios ou em seu sucesso pode romper o vínculo com o coração e renegar seu verdadeiro eu.

O perigo está em ter ouvidos para os cantos das sereias, e não para o convite que vem do mais profundo de nosso ser, que nos chama a uma plenitude humana. Por outro lado, o que a parábola está querendo também nos revelar é isto: também aquilo que faz parte do nosso inconsciente, que deixamos abandonado em algum ponto da nossa encruzilhada interior, ou seja, tudo aquilo que em nós foi rejeitado e reprimido, também quer ser incluído e ter um lugar na mesa festiva com Deus. Toda a nossa história é importante, tudo o que jamais foi experimentado e vivenciado deve ser convidado para a integração. Cada aspecto de nossa vida, rico ou pobre, faz parte da nossa humanidade, e tudo o que é humano é lugar de salvação; não devemos negar nossos desvios e fracassos, pois eles também querem contribuir para à nossa verdadeira identidade em Deus. Justamente os aspectos rejeitados e excluídos de nossa vida é que estão mais sensíveis ao convite à vida plena.

Só podemos nos tornar plenos em Deus quando lhe oferecermos nossas fraquezas, limitações e fragilidades. Tudo aquilo que escondermos de Deus fará falta na nossa humanização. Se não aceitarmos os aspectos abandonados e excluídos nas esquinas e encruzilhadas da nossa existência, atravessaremos a vida apenas com metade daquilo que somos: um ser humano que apenas quer revelar seu lado positivo. Quando nos encontramos assim, sentimos que nada pode fluir, porque algo nos falta.

Essa força terapêutica da parábola nos transmite uma grande esperança: tudo o que compõe nossa história, rica e pobre, positiva e negativa, compõe nossa vida; nada deve ser rejeitado e nem julgado; tudo deve ser acolhido e tudo deve ser oferecido ao Senhor da festa.

Toda a nossa vida, todo o nosso ser, tudo o que carregamos em nosso interior, bom e mau, quer ser transformado pelo Espírito e pelo amor de Deus; só assim, aquela imagem original que Ele tem de cada um pode se revelar e brilhar em qualquer circunstância de nossa vida. Podemos, então, afirmar que a vida está nas encruzilhadas de nossa existência; afirmando de outro modo: as encruzilhadas estão também carregadas de vida. É das encruzilhadas existências que pode nos surpreender com o surgimento do novo. É ali que o convite à plenitude de vida ressoa com mais intensidade.

Nossa razão, nosso “eu perfeccionista”, nosso “ego inflado”, nossas afeições desordenadas...não se deixam impactar pelo convite para a festa da vida. Estão seguros de si, atrofiados e petrificados em seus mundos...

Mas há ainda uma outra imagem surpreendente, revelada pela parábola deste domingo: os maus também são convidados para o banquete festivo. De repente, porém, a atmosfera muda mais uma vez. Entre os convidados, o rei descobre um homem sem a “roupa” apropriada para o casamento. Quando o homem não sabe responder à pergunta por que comparecera à festa sem a roupa de casamento, o senhor ordena que seja jogado lá fora na escuridão.

Todos os nossos aspectos são convidados ao banquete da completude, tantos os aspectos bons quantos os maus, mas nós também precisamos fazer algo. Esta é uma notícia boa: tudo em nós pode alcançar a união com Deus – também nossos aspectos sombrios e maus -, mas precisamos revesti-los com a roupa do amor, precisamos oferecê-los conscientemente a Deus. Se assim não o fizermos, eles não serão transformados, mas continuarão excluídos na escuridão de nossa existência; com isso não haverá uma festa de casamento, não haverá plenitude de vida.

Texto bíblico:  Mt 22,1-14

Na oração: “Fazer estrada com Deus” nos recorda constantemente que Ele está nos chamando nas provocativas encruzilhadas de nossa existência. O desafio permanente é este: examinar as “coisas” que estão ocupando por completo nosso coração e “tomando conta de nós” a ponto de bloquear o fluxo da Graça e da Vida.

No fundo, a questão fundamental é esta: a quê “reino” você está servindo? O reino do seu “ego” ou do Deus da vida?

Pe. Adroaldo Palaoro sj

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