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domingo, 21 de abril de 2019

SER FELIZ! - Antonio Nunes de Souza



Sem nenhum equívoco, ou contradição, ser feliz é o ideal de todas as pessoas, sem nenhuma exceção. Porém, para essa realização, se faz mister que ela esteja preparada, qualificada, reconheça suas limitações e, principalmente, saiba administrar sua vida com humildade e educação, sempre preocupada que a sua felicidade não esteja fazendo alguém infeliz!

Pode-se perceber que não é fácil ter esse comportamento em todas as vertentes. Por incrível que pareça, ironicamente, a felicidade é mais encontrada nas partes mais pobres da sociedade, pois, com qualquer melhoria que surja, torna-se um agradecimento de Deus e um mérito de ser gente e poder ter expectativas! São pessoas conformadas com seus sofrimentos!

O pobre trabalha e deseja comprar uma bicicleta, então, quando consegue comprar uma de segunda mão, sente-se super feliz por essa simples realização, vendo-se capaz de que, com outros esforços futuros, poderá adquirir uma nova. Mas, essa usada já lhe satisfaz!

Já o da classe média, no mesmo caso de transporte, esse está sempre querendo um veículo da atualidade, para que possa mostrar aos outros que é rico e privilegiado. Está pondo para fora a sua falta de humildade e despejando vaidade!

Completamente diferente dos outros, os ricos e abastados, não tem somente essa preocupação de transporte, pois trata-se de uma coisa comum em sua vida. Entretanto, sua verdadeira preocupação é de ganhar mais, ampliar seus patrimônios, usar a necessidade de outros para explorá-los, etc., sempre com a grande inveja dos mais ricos e poderosos, querendo a todo custo se igualar!

Normalmente, pais, ou filhos, enveredam pela política, para com isso facilitar as suas ambições desmedidas. Pois, para eles a felicidade está onde está o dinheiro, patrimônios e poderes!

Vejam vocês que somente em um particular, praticamente relativo a um transporte, a grande divergência existente entre o pobre, o remediado e o rico é acintosa e bem diferenciada!

Lógico que a felicidade não está nessa mínima explanação, ou opinião, existem milhares de exemplos que se pode citar com relação a felicidade, principalmente no amor, na família, na realização e formação profissional, alimentação e lazer!”!

Talvez, acredito eu, a maior infelicidade é vista no amor, uma vez que entramos de peito aberto numa parceria amorosa e, quando menos se espera, ocorre uma guinada e somos trocados por outras pessoas, nos deixando sofrendo e infelizes!

Se você for inteligente e de atitude, saber lutar pelos seus ideais, certamente, poderá se tornar uma pessoa feliz. Mas, jamais ser uma pessoa conformada com tudo. Nunca esqueça que todos temos o direito de ser feliz, mesmo sem ter a cobertura integral do vil metal!


Antonio Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL

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POEMAS DA PAIXÃO (VII)



Poemas da Paixão (VII)
Cyro de Mattos
 

Louvemos Baixinho
Para Manuel Bandeira,
 em memória
   
Nasceu numas palhas
o nosso reizinho,
os matos cheiravam,
o vento embalava.

A Virgem Maria
sentia como doía
o destino humano
do filho de Deus.

Quando for um homem
com o nome de Jesus
de tanto nos amar
irá morrer na cruz.

Louvemos no Natal
o nosso reizinho
enquanto ele dorme
como um cordeirinho.


Cyro de Mattos 
escreve crônica, conto, poesia, ensaio e literatura infantojuvenil. Tem no prelo da Editus, editora da UESC, Nada Era Melhor, romance da infância, Pequenos Corações, contos, e O Discurso do Rio, poesia.


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PALAVRA DA SALVAÇÃO (127)


Domingo da Páscoa do Senhor – 21/04/2019

Anúncio do Evangelho (Jo 20,1-9)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós!
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor!

No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido tirada do túmulo.
Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”.
Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo. Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou.
Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de linho deitadas no chão e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte.
Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu, e acreditou.
De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão do Pe. Cleberson Evangelista

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Ressurreição: pedra angular da vida cristã

Jorge Cocco Santangelo

“...e viu que a pedra tinha sido tirada do túmulo” (Jo 20,1)

A escuridão da madrugada desaparece e desponta a Luz que dá início à nova Criação e à nova história. Depois do silêncio, renasce a Palavra. Parecia o fim e, no entanto, aquele silêncio era o mesmo que precedeu à Palavra criadora: “Faça-se a luz”! O silêncio de Deus é fecundo. É no tempo silencioso que a semente se torna fruto e o ser humano se torna pessoa. O silêncio permite transformar a morte em vida. Aquele túmulo, afinal, era uma fonte pujante de vida e de alegria. Aquele lugar, aparentemente escuro e vazio, veria uma luz que o mundo inteiro não pode conter. Por isso, para nós, as experiências do silêncio de Deus serão sempre um convite à fé e à esperança. 

Não há razão para o medo e a tristeza, pois o silêncio esconde a vida e a consolação de Deus. Arrancados do silêncio dos nossos túmulos, também nós podemos gritar como Maria Madalena no primeiro dia de Páscoa: “Vi o Senhor”! Este grito, que nos enche de esperança, rasgará todo o silêncio e ecoará por toda a eternidade.

A pedra que fora removida do túmulo de Jesus revelou a Madalena uma novidade que seu coração buscava, uma novidade que espanta, enche o interior do desejo de procura: “Ele vive”. O caminho de Madalena em direção ao túmulo é símbolo da coragem de atravessar o escuro da madrugada para ver resplandecer uma nova aurora em sua vida, pela força criadora da única Presença que tudo sustenta, tudo recria e enche de amor: a presença do Cristo Ressuscitado.

Ressurreição: experiência de afastamento das pedras que travam o fluir da vida. “Nossa vida está escondida com Cristo em Deus”. Essa vida quer se expandir. Vida que vem de Deus, vivida em Deus e que desemboca, como um rio, no Grande Oceano da Vida. 

A experiência da Ressurreição permite transformar todas as pedras da entrada do túmulo em pedra fundamento, sobre a qual construir nossa vida. A ressurreição tudo integra, tudo pacifica, mesmo as pedras que bloqueavam a vida.

A ressurreição nos faz sair da estreiteza da vida e renascer para coisas maiores, do alto.

“Há um risco de acostumarmos e conviver com os sepulcros” (Papa Francisco).

Sepulcro é passagem: é como ventre materno. Há um tempo para germinar, potencializar a vida.

Podemos dizer que a Ressurreição é a “pedra angular” da nossa vida de fé. Pedra sobre a qual a fé pode se construir, base sólida que fundamenta a nossa vida. Diferença entre a Pedra angular e a pedra rolada na entrada do túmulo (que impede o fluir da vida): pedra na entrada no túmulo é sinal de morte, pois se fixa no passado; pedra angular é sinal de vida, base sobre a qual se constrói um futuro inspirador.

Há muitas pedras na entrada do nosso coração, travando a vida (tristeza, fracasso, crise, trauma...); só a experiência de encontro com o Ressuscitado pode rolar estas pedras, integrando-as e dando um novo significado. A experiência de Ressurreição permite transformar a pedra da entrada do túmulo em Pedra angular. 

No evangelho de hoje, a experiência dos três personagens (nossos espelhos), revelam pedras na entrada de seus corações. Madalena, vai ao sepulcro sozinha, de madrugada, busca um corpo, carrega uma pesada pedra de tristeza, fracasso e dor pela perda do amigo. Encontra a pedra do sepulcro removida e fica assombrada diante deste fato. A pedra do seu coração também começa a ser removida (vai culminar no encontro com Jesus); ela entra em outro movimento: sai de sua solidão e vai avisar os outros discípulos, embora não tenha clareza do que está ocorrendo.

Sua vida foi uma longa noite até que o encontro com Jesus a libertou e lhe abriu um novo horizonte, restituindo-a em sua dignidade de filha de Deus e potenciando-a para iniciar uma nova vida e formar parte do grupo dos mais achegados a Jesus. Madalena, a “apóstola dos apóstolos”, é uma de nossas grandes mestras na noite e na crise que supõe a passagem pelo Sábado santo.

Pedro e João também carregam a pedra do medo (estavam trancados em casa, como se fosse sua sepultura). Com o aviso de Madalena, começa um movimento interior neles: saem do esconderijo correndo e vão ao encontro do túmulo. João, talvez com uma pedra menor, corre mais veloz. Foi o único apóstolo fiel até o fim. Pedro, que carrega pedra até no nome, permanece na dúvida. João corre e chega primeiro; não entra de imediato no túmulo: precisa de tempo para processar a novidade da pedra removida. Ele é mais místico e se deixa impactar pela surpresa que encontra. Por isso, quando entra no túmulo, mergulha no mistério: viu e acreditou. Bastou alguns sinais (faixas de linho no chão e sudário enrolado), mas foi o suficiente para compreender o que estava acontecendo. Se não houvesse encontro com o Ressuscitado, para ele bastariam os sinais. 

Pedro, primário na sua reação, entra abruptamente no túmulo: vê os mesmos sinais, mas ainda permanece na dúvida. Mas ambos, Pedro e João, sentem que as pedras interiores começam a ser afastadas.

“A pedra tinha sido removida”: debaixo de cada pedra que parece amassar-nos, há vida que quer ressuscitar. À luz da ressurreição não há pedra que seja capaz de sufocar o impulso vital. O sepulcro vazio é um convite a saber olhar com o coração para descobrir, nas faixas e sudários de nossa vida, a presença do Ressuscitado. Só o amor nos capacita para um olhar contemplativo; por isso, o amor corre mais depressa que a autoridade. Para quem tem olhar contemplativo, as faixas já representam um grande sinal: apontam para uma vida destravada e plena.

“Viver como ressuscitados” é a marca que identifica os(as) seguidores(as) de Jesus.

Estar atentos às faixas e sudários de nosso cotidiano: elas apontam para a vida. 

Texto bíblico:  Jo 20,1-9 

Na oração: Vamos, no dia de hoje, acompanhar Maria Madalena em seu itinerário da morte à vida, vamos fazer o caminho com ela da nostalgia à fé, do luto à esperança, do vazio à comunidade, do silêncio ao anúncio.

Vamos assumir como nossas as suas perdas, seu pranto e seu desconsolo, e identificar neles também nossas perdas e as de nosso mundo. 

Vamos pedir ao Deus de todo consolo que, com sua ternura e cuidado, regue as sementes de nossas perdas, nossas frustrações, nossos ceticismos, nossas expectativas fracassadas, para que engendrem vida nova e não amargura e nem desespero. 

Acompanhando Maria Madalena em seu percurso de luto, façamos memória dos nossos lutos e os de nosso povo e peçamos a Deus para sermos consolados, e assim poder ser testemunhas da consolação em meio a tantos fracassos históricos, como estão acontecendo em nosso mundo e em nossos ambientes cotidianos.

- “Olhar o ofício de consolar que Cristo nosso Senhor exerce...” (S. Inácio de Loyola) 

Pe. Adroaldo Palaoro sj


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