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domingo, 15 de abril de 2018

O HERÓI MORO - Rodrigo Constantino


13/abr/18
Pobre do país que precisa de heróis, disse Brecht. Discordo. Entendo que o papel de heróis, reais ou mitológicos, é fundamental para forjar uma nação livre e próspera, para servir como um norte, uma liderança que motiva os cidadãos comuns. Penso que o verdadeiro problema não é ter heróis, mas sim escolher os heróis errados. Se o herói for Macunaíma, aquele sem caráter, um ditador como Vargas, ou um bandido como Lula, aí sim a sociedade estará em perigo.

Mas se Lula foi o herói de muitos por algum tempo, hoje só lhe restou o apoio de uma militância desesperada com o risco de perder suas boquinhas, ou então daqueles muito alienados que encaram o PT como uma seita religiosa. O verdadeiro herói brasileiro hoje é o juiz Sergio Moro, e isso fica claro pela recepção que ele tem por onde passa. Pude testemunhar bem de perto isso nesta semana, quando ele compareceu ao Fórum da Liberdade em Porto Alegre, evento do qual também participei como palestrante.

Moro foi ovacionado de pé por uma multidão, tratado como um ídolo de rock. Merecido. É fato que, como lembrou o juiz italiano que liderou a Operação Mãos Limpas, feliz é o país que não precisa aplaudir tanto um magistrado que “simplesmente” cumpre sua função. Nesse sentido a frase de Brecht pode até se aplicar: o ideal, claro, seria não precisarmos desses heróis. Mas no mundo real o buraco é mais embaixo.

Afinal, cumprir a lei, no caso, implica em declarar guerra a uma enorme quadrilha poderosa e perigosa. Não é algo trivial. Envolve grandes riscos pessoais, mudanças radicais no estilo de vida, andar cercado de seguranças, temer pela segurança dos filhos. Quem quer que desmereça tal ato de coragem vive numa bolha, aprisionado em abstrações utópicas. Não é à toa que Moro brincou ao dizer que estava feliz por ver seus similares italianos vivos e bem de saúde após tantos anos.

Agir com retidão e firmeza apesar de tantos obstáculos e ameaças demanda coragem e patriotismo, um dever cívico que poucos possuem, e que não pode ser diminuído por séries da Netflix que tentam retratar tudo como pura vaidade pessoal. É fácil falar quando não é o seu na reta. Todos que conhecem o modus operandi dessas máfias, em especial do PT, devem reconhecer que comprar essa briga não é para qualquer um, certamente não é para os fracos e covardes.

Claro que todo herói real, de carne e osso, tem suas falhas, e por isso é mais seguro ter os míticos, alguém como um Batman. Os verdadeiros podem sempre escorregar: são humanos. Até aqui, porém, Moro tem demonstrado humildade e mantém um saudável distanciamento de qualquer pretensão política, o que só aumenta seu valor. Seu reconhecimento pelo público é justo. O Brasil estava mesmo precisando de um herói decente…


Rodrigo Constantino é economista, escritor e um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”

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DOM CESLAU STANULA - Reflexões sobre o Magistério Ordinário do Papa

06/04/2018

As Encíclicas, por mais que não contenham definições infalíveis, elas merecem respeito e a nossa adesão, aceitação religiosa. Por isso a gente não pode rejeitar o ensinamento em determinada Encíclica. Assim afirma o Papa Pio XII na enc. Humani generis (Genero Humano) em 1950, quando disse: “Não se deve julgar que o que vem proposto nas encíclicas não exige assentimento, sob o pretexto de que os Papas aí não exercem o supremo poder do seu magistério”.
A Encíclica não define, e nem altera um dogma de fé, mas atualiza a doutrina católica através de um ensinamento ou um tema da atualidade e é vista como a posição da Igreja Católica sobre um determinado tema. (Veja: D. Estevão Bettencourt :“Pergunte e Responderemos” (Nº 483) citado pelo Prof. Filipe Aquino).
A Encíclica é o instrumento do ensino ordinário do Papa. Os bispos usam os documentos parecidos, chamados Cartas Pastorais. Então a encíclica está reservada para o papa e os bispos usam no seu ensino Cartas Pastorais.

Com a benção e oração, desejo uma excelente e repousante noite.
Dom Ceslau.
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10/04/2018

Estou em Aparecida na Conferência  da CNBB que começa amanhã. Deus abençoe a todos. A todos apresento a Nossa Senhora Aparecida.

Segue a reflexão.

Bula 

Muitas vezes ouvimos falar sobre a Bula Apostólica. O que é o Documento Papal chamado Bula?

Na Roma antiga, “bulla” significava um pequeno globo de metal vazio, que os vencedores de um prémio traziam pendurado do pescoço.

A partir do século VI os Papas empregaram a bula (portadora do nome do respectivo Papa) a fim de autenticar os seus documentos. Desde o século XIII Bula designa não apenas o globo de metal, o carimbo ou sinete do Papa, mas a própria carta à qual ele se prende.  

Na Bula o Papa geralmente exprime algo de muito solene, como um Dogma, criação de uma Diocese, nomeações de bispos etc. 
A Bula começa pelo nome do Papa, dito “servus servorum Dei” (servo dos servos de Deus), segue-se uma saudação e o conteúdo do documento. Utiliza-se o pergaminho. Antigamente a letra era de tipo gótico e apresentava no texto diversas abreviações que dificultavam a leitura. Leão XIII, em 1878, determinou que se utilizasse a escrita comum. As Bulas na sua apresentação visual  passavam por adaptações ao tempo. A última “roupagem” deu o papa Pio X. As Bulas têm pendurado com cordões coloridos, um globo de chumbo no qual está gravada a imagem de São Pedro e São Paulo. 

Eu já tenho duas desta Bulas: nomeação para o bispo diocesano de Floresta e nomeação para o Bispo Diocesano de Itabuna.

Deus te abençoe e te dê uma noite serena e de muita paz.
Dom Ceslau 
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11/4/2018

O primeiro dia da Conferência foi dedicado as questões de organização , Visão da realidade sócio - religiosa hoje. 

Continuando a nossa reflexão sobre o magistério, vejamos o que é  Exortação Apostólica.

O outro meio do Magistério do Papa no seu  ensino ordinário  é a Exortação Apostólica. Esta tem o caráter menos solene, que uma encíclica, mas, não menos importante. Este documento  transmite um ensinamento do papa a respeito de um assunto com o objetivo de esclarecer e animar os fiéis na vivência do mesmo.

Geralmente a Exortação Apostólica  o Papa a  publica após um sínodo.  Os padres sinodais lhe apresentaram propostas  conclusivas do sínodo, e o Papa elabora o documento. Mas a Exortação Apostólica não está ligada só aos Sínodos. O Papa a publica livremente, como por exemplo a  Exortação  recente do Papa Francisco, publicada nesta semana,  sobre  o chamado a santidade,  "Exultai-vos e Exultai". As Exortações que  mais foram  comentadas e estudadas, a meu ver, foram a sobre a Evangelização "Evangelii nunciandi" do papa Paulo VI, depois a "Familiaris Consórcio" do Papa  João Paulo II,  sobre a família de hoje,  do Bento XVI Verbum Dei sobre a sagrada Escritura e do Papa Francisco, Evangeli Gaudium, sobre a alegria de Evangelizar.

Uma boa e tranquila noite. Com a benção e oração aos pés de N.S. Aparecida.
Dom Ceslau
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12/4/2018 

Na Conferência em Aparecida hoje dia 12.04.18, trabalhamos praticamente o dia inteiro sobre o tema central que é a formação sacerdotal e os seminários.

Continuando as nossas reflexões sobre o Magistério ordinário do Papa vejamos o que é o Motu Proprio
Motu Proprio (do latim   - por iniciativa própria-) é o documento expedido por iniciativa própria do Papa, pelo qual, quer recomendar algo com particular empenho. Os primeiros documentos deste tipo apareceram durante o pontificado de Inocêncio VIII (1484-1492). 

O Motu Proprio, publicado sem nome de destinatário, tinha alcance mais amplo; pode abordar temas importantes ou introduzir novas disposições legislativas. Assim o Papa Paulo VI pelo Motu Proprio de “Ecclesiae Sanctae” modificou alguns traços do Direito Canônico; 1971 remanejou normas do procedimento que investiga a nulidade de um casamento.

O Papa Francisco, modifica, com o Motu Proprio: “Mitis Iudex Dominus Iesus” (Senhor Jesus manso juiz) o procedimento da declaração de nulidade do matrimonio; e o último documento Motu Proprio “Aprender de despedir-se” de fevereiro 2018, regula a renúncia dos bispos dos seus cargos por motivo de idade).

Este é o documento Motu Proprio que utiliza o Papa na sua missão como Pastor Universal da Igreja Católica.

Deus nos abençoe. Com a oração e o abraço. Uma boa e tranquila noite.
Dom Ceslau.
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13/4/2018

Hoje o terceiro dia da conferência percorreu no estudo do documento sobre a formação sacerdotal nos seminários.

Voltando ao tema do nosso estudo, término sobre os documentos papais.
Estes são os principais meios com as quais o Papa exerce o magistério ordinário.  Claro, incluindo as suas homilias, cartas e mensagens. Tomei a liberdade de explicar o significado dos documentos mais importantes, que nos ambientes eclesiásticos ouvimos com frequência. Esta linguagem para muitos católicos está desconhecida, o que dificulta a compreensão, o entendimento das razões da nossa fé.
Como - uma comparação de agora  - quando assistimos os debates jurídicos na TV, só alguns entendem a linguagem dos juízes e advogados, e a maioria está esperando que alguém “traduza” esta linguagem para a “nossa”.

Os bispos nas suas Dioceses, no seu magistério se servem dos documentos da Igreja, seguindo o magistério da Igreja e a traduzem em suas homilias e em ocasiões especiais nas Cartas Pastorais. Por exemplo, a última que recebi foi da Diocese de Ilhéus (BA), de outubro de 2017, Dom Mauro que  escreveu sobre cuidado com a Liturgia. Aliás, muito boa e muito oportuna. O Dom Armando Bucciol da Diocese de Livramento de Nossa Senhora (BA) escreve livrinhos de orientações litúrgico-catequéticas. O último dele foi: Sinais e Símbolos, gestos e palavras na Liturgia (Para compreender e viver a Liturgia) As orientações e explicações muito claras e muito interessantes, que ajudam a viver a nossa fé.

Este é o magistério ordinário dos Bispos nas suas Dioceses em comunhão com o Magistério do Papa, da Igreja.

Com a benção e oração. Boa noite.
Dom Ceslau
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Dom Ceslau Stanula – Bispo Emérito da Diocese de Itabuna-BA, escritor, Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL

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PALAVRA DA SALVAÇÃO (74)

3º Domingo da Páscoa – 15/04/2018

Anúncio do Evangelho (Lc 24,35-48)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, os dois discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!” Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma. Mas Jesus disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”.
E, dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés.
Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” Deram-lhe um pedaço de peixe assado. Ele o tomou e comeu diante deles.
Depois disse-lhes: “São estas as coisas que vos falei quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”.
Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, e lhes disse: “Assim está escrito: ‘O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. Vós sereis testemunhas de tudo isso”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão de Frei Alvaci Mendes da Luz, OFM:

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Ressurreição: encontros reconstrutores

“Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles…” (Lc 24,36)

Lucas descreve o encontro do Ressuscitado com seus discípulos como uma experiência fundante. O desejo de Jesus é claro. Sua missão não terminou na Cruz. Ressuscitado por Deus depois da execução, entra em contato com os seus para pôr em marcha um movimento de “testemunhas” capazes de contagiar a todos os povos com sua Boa Notícia: “Vós sereis testemunhas de tudo isso”. Não é fácil converter em testemunhas aqueles homens afundados no desconcerto e no medo.

Ao longo da cena do evangelho deste domingo, os discípulos permanecem calados, em silêncio total. O narrador só descreve seu mundo interior: estão cheios de medo, só sentem perturbação e incredulidade; tudo aquilo lhes parece muito bonito para ser verdade.

É Jesus quem vai regenerar a fé dos seus discípulos. O mais importante é que não se sintam sozinhos; devem senti-Lo cheio de vida no meio deles. Estas são as primeiras palavras que escutam do Ressuscitado: “A paz esteja convosco!” “...por quê tendes dúvidas no coração?” 

Para despertar a fé dos seus discípulos, Jesus não lhes pede que olhem Seu rosto, mas suas mãos e pés; quer que vejam suas feridas de crucificado, que tenham sempre diante dos olhos seu amor entregue até a morte. Não é um fantasma: “Sou eu mesmo!” O mesmo que conheceram e amaram pelos caminhos da Galileia.

Apesar de vê-los cheios de medo e de dúvidas, Jesus confia em seus discípulos. Ele mesmo lhes enviará o Espírito que os sustentará. Por isso, recomenda-lhes que prolonguem sua presença no mundo. Eles não ensinarão doutrinas sublimes, mas hão de contagiar com sua experiência. Não vão pregar grandes teorias sobre Cristo mas irradiar seu Espírito. Hão de despertar a fé com a vida, não só com palavras.

Com sua presença compassiva, Jesus desperta nossa vida, arrancando-a de seus limites estreitos e constituindo-a como vida expansiva em direção a novos horizontes. Pois a vida autêntica é a vida movida, iluminada, impulsionada pelo amor.

O Ressuscitado nos precede, nos sustenta e, na liberdade de seu amor, nos impele a ampliar nossa vida a serviço. Toda peregrinação, em clima de admiração e assombro, se revela rica em descobertas e surpresas, e desperta o coração para dimensões maiores que a rotina de cada dia. Marcados pela ressurreição, passamos a nos relacionar de maneira diferente com os outros; brota em nós mais ternura, somos mais sensíveis à dor e à injustiça.

Quando acolhemos a presença do Ressuscitado, nossa vida se destrava e torna-se potencial de inovação criadora, expressão permanente de liberdade, consciência, amor, arte, alegria, compaixão.... É vida em movimento, gesto de ir além de nós mesmos; vida fecunda, potencial humano. Vida com fome e sede de significado, que busca o sentido... Vida que é encontro, interação, comunhão, solidariedade. Vida que é seduzida pelo amor, pela ternura. Vida que desperta o olhar para o vasto mundo. Vida que é voz, é canto, é dança, é festa, é convocação...

A “pedra pesada” da nossa impotência diante da dor, do fracasso e da morte, foi retirada pelo Mestre, que, diante de nós, chama-nos pelo “nome” e nos desafia a viver como ressuscitados.

Quem se experimenta a si mesmo como “Vida” é já uma pessoa “ressuscitada”.  Somos já “seres ressuscitados”, e isso faz a grande diferença, pois tem um impacto no nosso modo de viver e de nos relacionar com os outros.  “Viver como ressuscitados” implica esvaziar-nos do “ego”, para deixar transparecer o que há de divino em nosso interior. Quando esquecemos a presença viva de Jesus no meio de nós, quando O fazemos opaco e invisível com nossos protagonismos e conflitos, quando a tristeza nos impede sentir tudo menos sua paz, quando nos contagiamos uns aos outros com pessimismo e incredulidade... estamos pecando contra o Ressuscitado. Assim não é possível uma Igreja de testemunhas.

Sempre que pretendemos fundamentar a fé no Ressuscitado com nossas elocubrações, O convertemos em um fantasma. Para encontrar-nos com Ele, temos de percorrer o relato dos Evangelhos: descobrir suas mãos que abençoavam os enfermos e acariciavam as crianças, seus pés cansados de caminhar ao encontro dos mais esquecidos; descobrir suas feridas e sua paixão. Esse é Jesus que agora vive, ressuscitado pelo Pai.

Cremos que Jesus ressuscitou não “depois” de sua morte, mas em toda sua vida, incluída a morte. A vida comprometida de Jesus ressuscitava na plenitude eterna de Deus quando curava enfermos devolvendo-lhes a confiança vital, quando partilhava a mesa com os excluídos pela religião, quando proclamava ditosos os pobres campesinos e pescadores da Galiléia, quando contava parábolas que ativavam a misericórdia e provocavam surpresa, quando subvertia as hierarquias e consagrava a fraternidade. Jesus ressuscitou em sua vida, quando vivia e intensamente e despertava a vida bloqueada nos outros; e, quando morreu entregando tudo, ressuscitou totalmente, como todos aqueles que morrem dando a vida, pois dar a vida é viver plenamente. Por isso Jesus ressuscitou também na cruz, quando entregou totalmente seu alento vital.

Cada dia é o “terceiro dia” pascal. Desde que nasceu até que morreu, Jesus viveu ressuscitando para a vida.

Nesse sentido, a Páscoa não se demonstra com argumentos de razão; a Páscoa só é possível manifestá-la com o testemunho da vida. Jesus não dá explicações; Ele mostra os sinais de seu amor para com a humanidade, ou seja, as chagas de suas mãos, de seus pés e a refeição.

As chagas de suas mãos, feridas e cravadas de tanto abençoar, elevar, sustentar... os mais frágeis; as chagas de seus pés, feridos de tanto caminhar em busca de quem estava perdido; a refeição, como expressão de fazer-se pão para quem tem fome.

Qual é o testemunho da nova vida de ressuscitado do cristão hoje? Os joelhos calejados de tanto rezar?

Ou também nós precisamos apresentar ao mundo nossas mãos, nossos pés e nosso pão!!! Nossas mãos feridas na doação, feridas de tanto abrir-se àquele que está caído, de tanto ajudar a quem está cansado, de tanto estendê-las a quem está só, a quem se sente excluído. Precisamos mostrar as mãos feridas pela generosidade da caridade, do amor; mãos cristificadas que abençoam, curam, elevam, apontam horizontes...

E precisamos mostrar as chagas dos pés; Pés cristificados que rompem distâncias, que vão ao encontro do diferente, daqueles que ninguém busca, que transita pelos ambientes excluídos levando a mensagem da vida plena; pés que andam caminhos visitando os enfermos, os anciãos que vivem sozinhos, os presos sem liberdade, que andam caminho buscando aqueles que se extraviaram, que se afastaram...

Texto bíblico:  Lc 24,35-48 

Na oração: É curioso que hoje os grandes sinais que nos identificam como seguidores(as) ressuscitados (as) não sejam precisamente nossas explicações, mas nossas mãos e nossos pés.
Frente a uma “cultura da indiferença” que impera entre nós, ser testemunhas da Ressurreição significa viver a “cultura do encontro”; e só vive a “cultura do encontro” quem prolonga as mãos e os pés do Crucificado-Ressuscitado; Anunciar a Páscoa com as mãos e com os pés!

Uma mão esconde entre suas linhas a espessura profunda e o valor impenetrável de uma vivência única e irrepetível; exprime autoridade, elegância, dignidade, credibilidade, bênção...

Uma mão se faz encontro. Vai aproximando, oferecendo, interrogando, esperando, indicando, saudando, acolhendo, bendizendo... Uma mão se abre, se oferece, se doa...

Ponha um pouco de amor em tuas mãos e tudo o que tocares tornar-se-á benção.

Pe. Adroaldo Palaoro sj

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