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sábado, 31 de agosto de 2019

PALHAÇOS - Luiz Gonzaga Dias


Palhaços


Eu vos entendo bem pobre palhaços!
Meus irmãos na impotência e no fadário.
Vejo punhais agudos e estilhaços,
Detrás do vosso rir de mercenário.

Vossa amargura é pasto do sadismo,
Da heterogênea e torpe multidão
Que nesse esgar de trágico histerismo -
Não reconhece a vossa maldição.

Eu reconheço... E sofro esta tortura,
Dos corações iguais na afinidade.
Alma afeita aos remígios e segura,
Na terra pela vil necessidade.

Vos compreendo - Prometeus histriões!
No picadeiro - Rigoleto abjeto.
Escondendo o estoicismo de Epíteto,
detrás do alvaiade dos bufões.

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Palhaços II


Fostes na velha Grécia o grande Homero,
Roto e faminto tateando a glória.
Fostes em Roma o matricida Nero,
Fantasma horrendo nas galés da história.

Savanarola!... O circo é muito vasto!
E tem por palco, o mundo milenar.
São palhaços, Junqueira, o velho Fausto
Para fazerem rir, de horror chorar...

- Ó César! Napoleão! Ó Macedônio!
Se o universo pra vos era uma tenda
A vossa fome enorme de demônio
É simples tema para a voz da lenda.

Califas! Faraó! Imperadores!
Tzares – espectros lá na antiguidade –
Sombras gigantes de conquistadores,
Sois os palhaços da posteridade!

............

Palhaços III


Representais sátiras e comédias,
O Gwenplayne de alma grande e nobre!
Cujas farsas são íntimas tragédias,
Dadas ao povo como chiste dobre.

Cambalhotas, trejeitos e piadas,
Malabarismos sem sair do chão...
Vossas vinganças são bem calculadas...
- Rires daqueles de quem sois truão!

Em cada chiste esconde-se um sarcasmo,
Lançado à turba - cimitarra oculta,
Que lacera sutil... Eu fico pasmo,
Dessa humildade que servil, insulta.

Palhaços meus irmãos, servis demonos,
A humanidade de quem rides? Ora!
Consolai-vos, porque nós todos somos
Heróis palhaços pela vida a fora!


(IMAGENS MUTILADAS - 1963)
Luiz Gonzaga Dias


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TEMPOS NOVOS, MUITO NOVOS - Paulo Henrique Chaves


31 de agosto de 2019
Colheita de algodão em Campo Novo do Parecis (MT)

Paulo Henrique Chaves
 
Incontáveis indígenas anelam se inserir no mundo civilizado, mas muitas ONGs e elementos da “esquerda católica” tentam impedi-los de abandonar os seus costumes selvagens. Em 2018, no Mato Grosso os índios Parecis plantaram 12 mil hectares de soja, e como “prêmio” receberam 44 multas do IBAMA, totalizando 129,2 milhões de reais. O motivo das multas? Castigo pelo fato de os índios terem plantado e colhido!

Tempos novos, muito novos mesmo, pois agora os índios querem produzir, empreender, sair do humilhante “zoológico” em que costumam ser apresentados ao mundo, espécie de cobaias para antropólogos e missionários inescrupulosos. Sem falar das ONGs que os rodeiam, gente com interesse pouco claro, mas que deixa evidente a intenção de tirar proveito disso.

Tal trama revolucionária da esquerda, em que missionários da igreja “progressista” se mostram contrários ao desenvolvimento espiritual e material dos índios, negando-lhes ensinar o evangelho, foi denunciada em 1977 por Plinio Corrêa de Oliveira, em seu livro Tribalismo Indígena – Ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI.

Nas suas pegadas, sempre empenhados em manter alto o estandarte alçado por este ilustre brasileiro, e, sobretudo dada a atualidade que o tema ganhou no Brasil em razão do Sínodo sobre a Amazônia, a ser realizado em Roma proximamente, fomos a Campo Novo do Parecis (MT) [foto ao lado] a fim de conhecer realidade sobre esses índios empreendedores que plantam e colhem, progridem e se civilizam.

Em fevereiro último, estiveram lá para o encerramento de um Encontro Nacional de Agricultores Indígenas, dois ministros de Estado. Na ocasião, a Ministra Tereza Cristina, da Agricultura, que é mato-grossense, declarou que a vontade dos índios é soberana, cabendo a eles decidirem o que fazer ou deixar de fazer. Já o Ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, observou que os índios plantam e produzem com muita competência, demonstrando aptidão para se integrarem ao agro sem perder suas origens.

No ensejo, os índios fizeram a ministra Tereza Cristina um pedido no qual reivindicaram crédito para aquisição de insumos e maquinário, além de mudanças na lei que os impede de comercializar o que vêm produzindo.

A ministra reafirmou a Ronaldo Paresi [foto ao lado], presidente da Cooperativa Agropecuária dos Povos Indígenas – Coopihanama, que eles merecem o mesmo apoio que os demais produtores rurais brasileiros. E espera que o exemplo deles possa contribuir para “mudar a miséria e a manipulação que existe hoje em torno dos povos indígenas do Brasil”.

Com efeito, eles vêm se destacando pela produção agrícola mecanizada de soja, milho e feijão. Na atual safra, segundo informações dos próprios indígenas, eles plantaram cerca de 19 mil hectares de grãos, produção autorizada pelos órgãos competentes.

Para a ministra Tereza Cristina, a FUNAI deve trabalhar com um novo olhar, cuidando dos direitos indígenas, sem considerá-los como “coitadinhos”, dando-lhes todas as condições para que consigam a autonomia de produzir, bem como possam desfrutar de boa qualidade de vida.

O Diretor Financeiro da Cooperativa, Adilson Paresi fez um resumo da exploração agrícola que os índios vêm fazendo. Segundo ele, “são nove terras indígenas totalizando 1.500.000 hectares, abrangendo cinco municípios circunvizinhos”.

"Nessas terras há 63 aldeias com uma população de mais de 2.000 índios”. Área correspondente à metade da Bélgica, hoje habitada por 11 milhões de pessoas. Para Adilson, “sua etnia criou uma política de autossustentação dentro do seu território”.

Tempos novos, muito novos! Chamou-nos a atenção nas aldeias, cujas casas e mesmo as ocas ainda existentes possuem luz elétrica, geladeira, freezer, televisão, sinal de internet, ventiladores… Todas as crianças de certa idade já possuem o seu celular na palma da mão.



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