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sexta-feira, 14 de abril de 2017

PASSAGEIRO É ARRASTADO DO AVIÃO DA UNITED POR OVERBOOKING: QUAL A POSTURA LIBERAL?

11 de abril de 2017


As imagens viralizaram: um passageiro da United Airlines foi arrastado para fora do avião após overbooking. A empresa tentou oferecer $400 para quem desistisse de ir e cedesse o lugar para os funcionários da United, mas ninguém aceitou. Depois, ela aumentou a oferta para $800, ainda sem adesões. Então, resolveu sortear aleatoriamente quatro lugares, mas um dos passageiros, que alegava ser um médico e que tinha de atender pacientes no dia seguinte, recusou-se a sair. Foi, então, puxado à força:
Ligue o vídeo abaixo:

O caso gerou muita polêmica nas redes sociais, cada um com uma opinião diferente. Houve até libertários defendendo o direito da empresa de praticar o overbooking, o que não feriria o direito de propriedade, segundo eles. Bernardo Santoro, ex-presidente do Instituto Liberal, escreveu um ótimo texto refutando essa posição, com argumentos liberais:

Já li três liberais, amigos meus, afirmando que o “overbooking” (prática onde a companhia aérea vende mais bilhetes dos que assentos) não deveria ser proibido porque seria intervenção do Estado no mercado aéreo e porque isso “aumentaria os custos das passagens”.

Eu vou discordar de ambos os argumentos para dizer que sim, overbooking é uma prática que deve ser coibida por ser fraudulenta, no cunho mais liberal possível.

Em uma sociedade liberal, o direito de propriedade é sim um direito fundamental. Rothbard e Hoppe chegam a argumentar que todos os demais direitos se derivam do direito de propriedade, inclusive a liberdade.

Uma companhia aérea que vende uma cadeira em um avião, por período limitado de tempo, com o fim de transportar alguém de um lugar para outro, está exercendo sua propriedade privada. Quando esse contrato é fechado, a não ser por motivo de força maior, ele deve ser cumprido, caso contrário isso é fraude e desrespeito aos direitos de propriedade do contratante.

Rothbard, inclusive, chega a conceituar fraude como “o não cumprimento deliberado de uma troca após a propriedade de outro ter sido tomada”. É exatamente o que uma companhia aérea faz no overbooking, não cumprindo o serviço contratado após tomar os recursos do contratante. E a excludente contratual da força maior não vale para overbookings, pois força maior é um evento extraordinário não previsível, o que não é o caso do previsível e, infelizmente, ordinário caso do overbooking.

O argumento de aumento dos custos da passagem é totalmente incabível. Se a passagem está barata porque você está vendendo mais passagens do que pode oferecer, então o valor dessa passagem não é verdadeiro, é fraudulento.

Justificar overbooking é como justificar alguém vendendo duas vezes o mesmo imóvel. Direitos de propriedade tem sua razão de ser justamente pelo fato de ser o melhor regulador da escassez. Usar seu sistema para justificar o uso duplo de uma mesma propriedade, onde o uso de um importa no não-uso de outrem, é exatamente a negação do sistema de propriedade privada, e não sua confirmação.

Overbooking é fraude ao sistema de propriedade e desrespeito à santidade dos contratos em estado bruto e deve sim ser considerado ilegal e punido financeiramente, justamente por ser uma medida de cunho liberal.


Não há muito como discordar: overbooking é uma prática fraudulenta, pois engana o consumidor, que comprou uma coisa, mas não a tem como garantida. João Luiz Mauad, colaborador do Instituto Liberal, apresenta um ponto de vista interessante sobre outro aspecto do caso:

O incidente de ontem, num avião da United, viralizou na internet e chocou o mundo. Um homem foi espancado e arrastado para fora do avião pela polícia, no aeroporto O’Hare de Chicago, pelo “crime” de querer usar o assento pelo qual havia pago.

O homem alegou ser médico e ter pacientes para atender na manhã seguinte, motivo pelo qual recusou uma oferta inicial de US$ 400, mais uma pernoite num hotel próximo, e posteriormente outra, de US$ 800, depois que todos já haviam embarcado. Foi então que a United escolheu quatro assentos e ordenou que os que estavam neles fossem retirados pela polícia para dar lugar a membros da tripulação que precisavam viajar.

E por que a notícia viralizou? Quem estudou jornalismo certamente conhece esta máxima: “Um cachorro morder um homem não é notícia. Mas um homem morder o cachorro, é.”
Este caso é similar ao do homem que mordeu o cachorro, pois o fato de uma empresa privada empregar a força contra seus clientes é incrivelmente raro. A Internet está cheia de exemplos semelhantes (ou muito piores) de agentes do governo abusando de sua autoridade, mas as pessoas e a mídia nem ligam. Simplesmente porque já esperamos tais abusos da parte do governo, mas não de empresas privadas.

Nessa altura, mesmo se tratando de exemplo é raro, já apareceram os intervencionistas de sempre questionando se não seria o caso de impor maiores regulamentações às empresas aéreas ou mesmo tornar ilegal o overbooking.

Definitivamente, não. Se este foi um evento raro, é porque empresas que agem como a United frequentemente experimentam uma reação muito forte do mercado. Além do marketing perverso, que vai custar-lhe muitos prejuízos, presentes e futuros, a United vai enfrentar pesadas ações judiciais de indenização e, eventualmente, a cobrança de multas governamentais. A proibição do overbooking, por outro lado, encareceria sobremaneira o preço das passagens, prejudicando justamente os consumidores.

E, realmente, a reação do CEO da empresa, de pedir desculpas pela “realocação” dos passageiros, sem reconhecer o absurdo da ação dos seguranças, comprova isso: ele não entendeu o quanto havia gerado de revolta nos consumidores, e isso significa queda de vendas para sua empresa. Assim é o livre mercado: reage aos que não conseguem atender bem a demanda. Se a United não fizer algo para recuperar sua imagem, vai sofrer as consequências. O próprio mercado é o melhor mecanismo de punição e premiação.

Leandro Ruschel comentou o caso, expondo a lógica do consumidor e do livre mercado:

O CEO da United Airlines acabou de dar a pior resposta da história da comunicação corporativa. Reagindo as cenas que correram as redes hoje, mostrando um passageiro sendo arrancado violentamente de uma aeronave da empresa para dar espaço a funcionários em trânsito para outro aeroporto, o sujeito tirou nota pedindo desculpas por ter “realocado” passageiros.

Bem, eu já liguei para a United para cancelar meu cartão de milhas, e realocarei o meu dinheiro para outras companhias aéreas.

Não sei se fico mais indignado pela falta de respeito dessa empresa com ou seus clientes ou pelo nível de burrice dos seus executivos, demonstrada pela desastrosa resposta, o que me faz pensar seriamente em vender essa ação a descoberto amanhã na Bolsa.

A resposta não é mais regulação, muito menos estatizar os serviços. Destratar o cliente é a regra quando se trata de burocratas do governo, ao contrário do que vemos na iniciativa privada. Alexandre Borges escreveu no seu Twitter:
“Se fosse estatal, a culpa seria do passageiro incomodado com pobre andando de avião”. Basta ver como era na União Soviética para saber que não é brincadeira.

Nos Estados Unidos, onde há mais concorrência, a cordialidade dos funcionários tende a ser ainda maior. Todos sorriem e agradecem pela preferência, mostram-se dispostos a ajudar, são solícitos. Bem, quase todos. Mas é sem dúvida a maioria, especialmente onde há mais concorrência.

Uma andorinha só não faz verão. Algumas empresas ou alguns funcionários sempre irão agir de forma condenável, comprovando que toda regra tem exceção. O liberalismo reage com mais livre mercado, mais concorrência, para que esses possam ser punidos pela liberdade de escolha dos consumidores.

Rodrigo Constantino

BLOG / RODRIGO CONSTANTINO  
Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.


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RECONHEÇAMOS NO CRISTO CRUCIFICADO A NOSSA HUMANIDADE POBRE, ESFACELADA, PISOTEADA


“Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso dele” (Isaías 52, 3).


Nesta Sexta-feira da Paixão de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, queremos olhar para a face desfigurada de Cristo. Sei que preferimos olhar para o Cristo belo, de olhos azuis, brilhante e assim por diante. Mas o Cristo que anunciamos e pregamos é o Cristo Jesus Crucificado!

O Cristo que, hoje, contemplamos pregado numa cruz não tem uma bela aparência; pelo contrário, a sua aparência é desprezível e repugnante de olharmos com os nossos olhos. Tão desprezível, desfigurado e amargurado encontra-se o corpo do Senhor. Ele foi castigado e desprezado pelos homens; Ele foi pisoteado e cuspido, foi de todas as formas dilacerado pela maldade humana. De modo que, aquele que está pregado na cruz, nem aparência humana tem.

O Cristo que está atrás de mim é belo, o Cristo que temos em nossa casa também. O crucifixo que carregamos é apenas a aparência melhorada pela arte, daquilo que de verdade é o Cristo que foi pregado na cruz. Aquilo que Isaías nos descreve mostra-nos em que condição Jesus encontrava-se.

Meus irmãos, não desviemos nosso olhar do Cristo Crucificado. Ele nos leva para a nossa própria humanidade para reconhecermos a nossa própria pobreza humana, reconhecermos que o ser humano nem sempre é bonito.

Reconheçamos no Cristo Crucificado a nossa humanidade pobre, esfacelada, pisoteada. Reconheçamos n’Ele o rosto de tantos desfigurados da humanidade; o rosto de tantos que passam fome, que são oprimidos pela violência, pela maldade humana. Reconheçamos o rosto de nossos doentes, daqueles que estão sofrendo, padecendo em nossos hospitais. Eles são para nós a expressão do Cristo vivo e crucificado!

Quando alguém é tomado por um doença grave, o câncer, por exemplo, a pessoa fica desfigurada. Muitas vezes, nem queremos olhar para essas pessoas porque o nosso coração não têm condições, ficamos assim tão movidos. Desculpe-me, mas mais cedo ou mais tarde, quando a “irmã morte” nos visitar o nosso corpo vai se desfigurar. Por mais que coloquemos aparências boas ou usemos uma maquiagem, quando tiramos a maquiagem somos o pó da terra.

Não tenhamos medo de encarar a realidade humana que somos. Cada realidade humana desfigurada, remete-nos ao Cristo crucificado e desprezado, que veio para resgatar, libertar e levar a plenitude àqueles que nele creem, têm vida e esperança.

Deus abençoe você!


Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova. Contato: mailto:padrerogercn@gmail.com – Facebook



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ITABUNA CENTENÁRIA:Um Poema - Cruz

Cruz


Uma meta a longo prazo
nos exige esforço
duro e prolongado.
Mas um cálculo
nos dá a confiança de que vale a pena.
talvez a cruz
seja somente um investimento.

Por amor a outra pessoa,
sacrificamos com gosto
tempo, força e dinheiro.
A cruz se chama
solidariedade com o outro
que sinto de algum modo
parte de mim mesmo.

Um golpe repentino,
pode fulminar-nos em um instante,
e nossa existência
fica ferida sem remédio.
Perde-se a saúde,
um ser querido,
ou a estima pública.
Arranca-se um galho verde,
uma parte viva do eu.
Quando esta mutilação
encontra seu repouso,
a cruz se chama
aceitação.

Existe a cruz livre
a que escolho
aquela da qual não fujo.
Mas uma vez nela pregado
já não posso descer
quando quero.
Entregam-se
os projetos aos cravos
a fantasia aos espinhos
o nome aos rumores
os lábios ao vinagre
e os bens à partilha.
Aqui a cruz se chama
fidelidade ao amor no amor,
que é canto e fortaleza
ressuscitando pela ferida.

Benjamin González Buelta sj 


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