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sexta-feira, 13 de julho de 2018

AS LIÇÕES DE MALALA NO PAÍS DA IGNORÂNCIA – Celso Masson


A paquistanesa Malala Yousafzai completou 21 anos na quinta-feira 12. Nos dias que precederam seu aniversário, a pessoa mais jovem laureada com o Nobel da Paz visitou o Brasil pela primeira vez. Por aqui, ela ressaltou a urgência de iniciativas que valorizem a educação e os direitos das mulheres. “A educação é o melhor investimento sustentável em longo prazo”, afirmou, ao discursar em São Paulo, na segunda-feira 9. No dia seguinte, a ativista que tinha apenas 15 anos quando foi baleada por integrantes do Talibã por ter se posicionado contra a proibição do ensino para meninas no Paquistão, esteve em Salvador, na Bahia. Além de visitar o Pelourinho, ela anunciou que três brasileiras integrarão a Rede Gulmakai, braço do Fundo Malala dedicado a promover a educação de meninas.

A rede já conta com ações semelhantes no México, Afeganistão, Líbano, Índia, Nigéria e Turquia, além do próprio Paquistão. Malala também afirmou que irá anunciar um projeto global para que a educação seja prioritária nas campanhas eleitorais. No Brasil, o tema tem sido relegado a um plano secundário nos programas dos pré-candidatos. Não deveria. O País que nunca recebeu um Nobel precisa acordar para a lição da mais jovem ganhadora do prêmio. A educação é o maior problema brasileiro, pois dela derivam os demais. Ao incapacitar os cidadãos intelectualmente, produzimos intolerância e violência, criamos eleitores que se deixam iludir facilmente e condenamos o País ao eterno atraso.

Há um mês, o monitoramento do Plano Nacional de Educação (PNE), feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), traçou um diagnóstico do caos no ensino público. Das 20 metas estabelecidas pelo PNE para o período de 2014 a 2024, apenas uma foi alcançada: houve aumento no número de mestres e doutores no ensino superior. Entre as outras 19, o quadro é alarmante. Há casos em que os índices retrocederam como no item “desempenho da aprendizagem”.

A meta é chegar a 2024 com todas as crianças alfabetizadas até o fim do terceiro ano do Ensino Fundamental. Em 2014, esse índice era 56%. Caiu para 55% em 2017. A mulher que sobreviveu a um atentado por defender o direito à educação em
um país dominado pela intolerância religiosa tem muito a ensinar aos brasileiros. A maior lição que podemos aprender com Malala é que, se continuarmos tão mal na educação, não haverá futuro. Apenas trevas.

Educação ruim gera intolerância e violência, produz eleitores que se deixam enganar e condena o País ao eterno atraso.

Celso Masson


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CARTA ABERTA AO STF: O STF FEZ DE NÓS PESSOAS MELHORES. OBRIGADO MINISTROS! - Marcelo Rates Quaranta


23/06/2018

Eu quero agradecer, em meu nome e em nome de todas as pessoas comuns, cidadãos simples do meu país como eu, pelas últimas decisões tomadas pelo nosso Egrégio Supremo Tribunal Federal.

Sim, o Supremo fez de nós pessoas melhores do que pensávamos ser.

Quando olhávamos aqueles Ministros sob suas togas, com passos lento e decididos, altivos, queixos erguidos, vozes impostadas ditando verdades absolutas e supremas, envoltos numa aura de extrema importância e autoridade, nos sentíamos pequenos, minguados e reles plebeus diante de uma Corte que beirava o sublime, o inatingível e o intangível.

Com essas decisões o Supremo conseguiu fazer com que a minha percepção sobre mim e sobre nós mudasse. Eles não são deuses. São pessoas tão pequenas e tão venais, que qualquer comparação que eu faça de mim e de nós em relação a eles, seria desqualificar-nos a um nível abissal. Tudo aquilo é fantasia, tudo aquilo é pose e tudo aquilo não passa de um teatro, mas nós somos reais.

Foi aí que eu vi o quanto somos mais importantes que eles! Enquanto as divindades supremas encarnam seus personagens de retidão e lisura, mas com suas decisões abduzem a moral e destroem o país (e de quebra a reputação do Judiciário), nós brasileiros comuns e sem toga trabalhamos arduamente dia e noite para construir o país, ou pelo menos para minimizar os danos que eles provocam.

Então... Como é que um dia eu pude vê-los como sendo superiores a nós? Eu estava enganado. Nós somos muito superiores a eles, mesmo sendo zés, joãos, marias, desde o pequeno ambulante ao médico ou engenheiro. Nós somos as verdadeiras autoridades, porque nossa autoridade não foi conferida por um político malandro capaz de tudo com uma caneta. Nossa autoridade nos foi dada pela nossa força de continuar tentando fazer um Brasil melhor.

Fico sinceramente com pena é dos advogados, que são obrigados a chamar esses ministros de Excelência, ainda que com a certeza de que não há excelência alguma nos serviços que eles estão prestando à nação. Acho que deve ser o mesmo sentimento de ser obrigado a chamar o cachorro do rei de "my lord".

Agora eu sei o quanto somos bem maiores que eles, mesmo sem aquelas expressões em latim e doutrinas rebuscadas cheias de pompas e circunstâncias, que no final significam apenas passar perfume em merda. Se há alguém realmente importante no Brasil, esse é o Excelentíssimo Povo Brasileiro, que apesar de tudo é obrigado a sentir o mau cheiro que vem da grande Corte, e mesmo com náuseas e ânsia de vômito, tem que acordar as 5 da manhã pra fazer aquilo que eles não fazem: Produzir.

Obrigado, Supremo, por nos mostrar que hoje o rei sou eu e o meu povo.

Marcelo Rates Quaranta
Articulista


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