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terça-feira, 20 de março de 2018

TEMER EM ÁGUAS MANSAS - Arnaldo Niskier


EDUCAÇÃO:
Temer em águas mansas

Nem tudo é agitação na vida do presidente Michel Temer. Ao entregar a Ordem Nacional do Mérito Educativo a 110 personalidades, no Palácio do Planalto, viveu momentos de tranquilidade e até de um certo prazer, quando pode elogiar os governadores do Ceará e do Espírito Santo, pelas ações em favor da educação brasileira. Foi justo com o ministro Mendonça Filho que, em seus dois anos de trabalho, deixou marcas extremamente favoráveis.

Em nome dos 110 agraciados, falou Viviane Senna, irmã do grande Ayrton Senna.  Ela lembrou que o campeão costumava valorizar o que ele chamava de “oportunidade” – e isso não pode ser nunca desprezado.

Ainda estamos longe de nos ombrear com as nações mais desenvolvidas, como Finlândia e Cingapura, mas assinalamos pontos favoráveis.  Tanto o presidente da República quanto o ministro da Educação foram objetivos quando mostraram que alcançamos a reforma do ensino médio e, graças ao Conselho Nacional de Educação, teremos o Bloco Único Curricular, uma necessidade que não poderia mais tardar.

Foram investidos mais de 700 milhões de reais no FIES, a juros subsidiados, o que deu nova dimensão ao ensino superior. E o presidente falou da ampliação do tempo integral nas escolas.
Os oradores concordaram com um ponto de vista: a prioridade na formação do magistério. Não existe a possibilidade de um bom ensino sem professores devidamente competentes, como acontece nas nações mais desenvolvidas do mundo. Temos a experiência comprovada do Japão, por exemplo, após a II Guerra mundial. Depois da destruição do país, a reação aconteceu com a prioridade dada à educação, particularmente na formação dos professores – e assim se explica o espantoso crescimento do Império do Sol Nascente

Devemos estar atentos à existência hoje da educação online, uma realidade indiscutível a partir do ensino fundamental. Conseguimos ampliar as oportunidades educacionais, nesse nível de ensino, mas é necessário que se leve qualidade a essa etapa, o que se faz também com a criação de laboratórios e bibliotecas, que abranjam os níveis fundamental e médio.

Deve-se louvar a atual gestão do Ministério da Educação. Não tem sido pouco o trabalho do ministro Mendonça Filho – e ele é digno dos nossos louvores. Mas é preciso ter a consciência de que ainda há muito a ser feito, num país onde não podemos nos conformar com a existência de dois milhões de jovens que, na idade adequada, não estudam nem trabalham.

O Brasil é uma federação e o ideal seria que os Estados se comportassem de forma solidária, em matéria de educação, como acaba de ser reconhecido pelo presidente da República em relação ao Ceará e ao Espírito Santo. Inclusive na utilização de recursos financeiros, que em geral faltam para as maiores necessidades, o que não é medida defensável.

Diário da manhã (GO), 14/03/2018

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Arnaldo Niskier - Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da ABL, eleito em 22 de março de 1984, na sucessão de Peregrino Júnior e recebido em 17 de setembro de 1984 pela acadêmica Rachel de Queiroz. Recebeu os acadêmicos Murilo Melo Filho, Carlos Heitor Cony e Paulo Coelho. Presidiu a Academia Brasileira de Letras em 1998 e 1999.

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AGUERRIDA BOLA NO PÉ - Cyro de Mattos


Aguerrida bola no pé

            Um time de futebol não se faz somente com  jogadores que têm o fino trato com a bola, aqueles que constroem o jogo  e funcionam como o cérebro da equipe. Precisa daquele jogador que, impelindo-se na jogada com esforço, coragem e tenacidade destrua a intenção do  adversário. Na defesa é preciso que jogue sério, não enfeite, nem faça filigrana, antecipe-se no lance, deixando o atacante sem pegar na bola ou impedido de armar a jogada, frustrado. Entre os jogadores aguerridos, que se apresentaram no Campo da Desportiva,  lembro do  quarto zagueiro Itajaí e de Neném, o coringa.

            Itajaí era quarto zagueiro vigoroso.  Jogou no Janízaros e na seleção amadora de Itabuna. Não perdia a jogada, entrava  duro, mas era  leal na marcação do atacante. Com ele, a bola tinha que ficar fora da zona de perigo. Acontecia que às  vezes sua jogada impetuosa cometia infração no atacante, recebia a vaia estrondosa do torcedor rival. Ele mais se inflamava, mais se empenhava, mais procurava anular o atacante. Só faltava comer a grama, queria a vitória do seu querido Janízaros ou da seleção de Itabuna, sem medir esforço. Uma de suas qualidades era não perder o tempo da bola.

            Neném era o coringa do Janízaros. Defendeu também a  seleção amadora de Itabuna, meta maior que qualquer jogador  daquele tempo queria alcançar para se sentir realizado como atleta. O fôlego nele sobrava. Como lateral direito, o ala como é chamado hoje, incrível como corria e não cansava pela beirada do campo. Nessa posição tanto defendia como atacava. No vaivém do jogo, como um lateral moderno, era de uma entrega total na defensiva e ofensiva da faixa lateral do campo. Comum ir até a linha de fundo do time rival e cruzar a bola para o atacante de seu time fazer o gol.

            Não se sabia onde era que arranjava tanto fôlego para correr com aquela disposição. Era adepto da boêmia, dizendo que com uma boa dama na dança,  cerveja gelada e bom papo com os colegas da noite, conseguia inspiração para atuar no domingo seguinte como um lateral direito eficiente, de mobilidade rara no vaivém da partida.

            Era dançarino com passos que chamavam a atenção, os malabarismos engraçados que fazia com a dama sobressaíam entre os pares no salão. Arrancava suspiros da parceira no samba ou  bolero, somente ele sabia dançar o tango. No domingo seguinte,  como se não tivesse  a gosto,  durante a noite animada do sábado, véspera de jogo, corria os noventa minutos como um velocista nato. Fazia o torcedor vibrar,  a arquibancada tremer, quando tomava a bola do atacante e saía disparado na direção da linha de fundo do time adversário. Ninguém segurava o homem.

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Cyro de Mattos é contista, poeta,romancista, ensaísta, cronista e autor de livros para crianças. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia.  Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz. Premiado no Brasil, Portugal, Itália e México. Tem livro publicado em Portugal, Itália, França, Alemanha, Espanha e Dinamarca. Conquistou o Prêmio Internacional de Literatura Maestrale Marengo d’Oro, em Gênova, Itália, com o livro “Cancioneiro do Cacau”, o Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras, com “Os Brabos”, contos,  o APCA com “O Menino Camelô” e O Prêmio Nacional Pen Clube do Brasil com o romance “Os Ventos Gemedores”. Finalista do Jabuti três vezes.  Distinguido com a Ordem do Mérito da Bahia. Pertence ao Pen Clube do Brasil.

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ITABUNA CENTENÁRIA REFLETINDO - A árvore e o fogo


A árvore e o fogo 

Quando o fogo passa na floresta todos correm…

O homem corre,
Os pássaros voam para outro abrigo,
E até o leão, mais forte, dominador,
e temido da floresta também corre.
A única que não corre é a árvore.

O fogo pergunta para a árvore:
– Árvore, todos correram e você não vai correr?
A árvore responde:
– Eu sou árvore plantada por Deus.
Você passará por mim, queimara os meus frutos e folhas.
Mas…Dentro de alguns meses eu volto a florescer.
Porque a minha raiz você não queimará.
Minhas folhas, galhos e frutos novamente aparecerão.
Pois a árvore que Deus planta ninguém arranca.
....................
“Deus Te Sustentará Em Toda Sua Vida Nessa Terra.
Venha o fogo que vier, fica firme.
Pois Você é uma árvore plantada por Deus”
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Então não importa a situação que você esteja passando;
Suas raízes estão firmadas naquele que tudo pode.

(Recebi via WhatsApp, sem menção de autoria)

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