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domingo, 21 de janeiro de 2018

DIÁLOGOS CONTEMPORÂNEOS ENTRE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Nascido em Quatiguá (PR)e residente em Joaquim Távora no mesmo estado, Fabio A. Gabriel é formado em filosofia, teologia e pedagogia; é especialista em ética e mestre em educação. Trabalha como professor de filosofia na Rede Estadual do Paraná. É organizador do site Coletâneas Científicas, que reúne as obras que publicou e organizou

Trabalhou como professor de Filosofia na Universidade Estadual do Norte do Paraná e atualmente é doutorando em educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Dedica-se ao estudo sobre a relação entre filosofia e educação, ética e formação de professores de filosofia.

“O principal objetivo é a divulgação científica de resultados de pesquisas de autores de diversas instituições sobre as questões que relacionam filosofia e educação”

Boa Leitura!

Escritor Fábio A. Gabriel, é um prazer contarmos com a sua participação mais uma vez na revista Divulga Escritor. Conte-nos, como surgiu a obra “Diálogos contemporâneos entre Filosofia e Educação”?

Fábio A. Gabriel - Esta obra se insere num conjunto de obras que temos organizado sobre Filosofia e Educação, e surge com o intuito de agregar artigos que tematizem pesquisas sobre filosofia e educação na contemporaneidade. Conforme afirma o prefaciador professor Dr. Alfredo M.S. Júnior: “Esta volumosa obra tem como principal mérito apresentar contrapontos importantes entre o pensamento educacional de filósofos clássicos que influenciaram diretamente o sistema educacional na era moderna e contemporânea”.

Qual o conceito para os diálogos contemporâneos entre Filosofia e Educação?

Fábio A. Gabriel - Acreditamos que filosofia e educação se influenciam diretamente desde o berço na Grécia. As concepções de educação estão relacionadas com o pensamento de algum filósofo, que contribui para se pensar um modo de educar. Esta obra é uma continuação de “Filosofia e educação: um diálogo entre os saberes”, e “Filosofia e educação: um diálogo entre os saberes na contemporaneidade”, ambos editados pela Editora Multifoco.

Quais os principais objetivos a serem alcançados com a publicação da obra?

Fábio A. Gabriel - O principal objetivo é a divulgação científica de resultados de pesquisas de autores de diversas instituições sobre as questões que relacionam filosofia e educação.

Quais temáticas estão sendo abordadas?

Fábio A. Gabriel - O livro está dividido em 3 partes: Parte I- Ensaios filosóficos; Parte II- Ensaios sobre ensino de filosofia; Parte III- Ensaios Educacionais e afins.

Apresente-nos alguns títulos dos artigos apresentados.

Fábio A. Gabriel - Apresento os três primeiros de cada parte. Parte I: Gadamer: hermenêutica filosófica, diálogo e educação; Inversão dos valores em Nietzsche; O ensino da virtude na metafísica dos costumes, de Immanuel Kant; Parte II: Filosofia no ensino médio: uma experiência bilíngue; Possibilidades do Cinema para o ensino de Filosofia; Deleuze e o ensino de filosofia: um conceito ou uma experiência? Parte III: As tendências das pesquisas sobre identidade profissional docente; Educação e ética na teoria analítico-comportamental; Inclusão Digital de alunos especiais no Ensino Superior.

A quem você indica a leitura?

Fábio A. Gabriel - Indico a leitura a todo aquele que deseje aprofundar-se no diálogo entre filosofia e educação; e conforme apresentamos, também discutir, como é apresentado na segunda parte do livro, a temática ensino de filosofia.

Professor Fábio, onde podemos comprar o livro?

Fábio A. Gabriel - Pode ser adquirido pelo site da editora Multifoco, no link: https://editoramultifoco.com.br/loja/product/dialogos-contemporeneos-entre-filosofia-e-educacao/ .

Além deste, você tem outros livros publicados. Apresente-nos os títulos.

Fábio A. Gabriel - As capas dos livros que já publiquei podem ser visualizadas no meu site:www.fabioantoniogabriel.com. Os títulos são: “A aula de filosofia enquanto experiência filosófica”; “Estudos em Linguagens I e II”; “Pesquisas em Linguagens I, II e III”; “Educação contemporânea em Perspectiva”; “Diálogos Interdisciplinares entre Filosofia e Ciências Humanas”; “Filosofia e educação: um diálogo necessário”; “Filosofia e educação: um diálogo entre saberes na contemporaneidade”; “Ensaios Filosóficos”; “Fundamentos Epistemológicos da Educação” e “Possíveis caminhos na formação de professores”.

Como proceder para conhecer melhor o seu trabalho literário?

Fábio A. Gabriel - Minhas obras não são bem literárias, são mais científicas; e para conhecê-las o leitor poderá visitar meu site:www.fabioantoniogabriel.com . Além dos livros, o leitor encontrará artigos que publiquei em revistas qualificadas sobre filosofia e seu ensino.
Sou organizador do site:http://www.coletaneascientificas.com/

Pois bem, professor Fábio Gabriel, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor “Diálogos contemporâneos entre Filosofia e Educação” e um pouco mais de sua brilhante trajetória literária. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Fábio A. Gabriel - Como estamos iniciando um novo ano, quero desejar a todos os leitores um ano cheio de realizações e que nossos governantes tenham a sensibilidade de olhar para os mais desfavorecidos da sociedade, os quais padecem de tantas formas, e que o leitor que nos acompanha possa ler bons livros ao longo deste ano.

Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da Literatura



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PAI NOSSO... - Jorge Luiz Santos

Pai Nosso...

O colégio do professor Chalup, onde estudei, ficava na Praça Adami, em Itabuna, nas imediações entre o Banco Santo André e as Casas Maia. A área construída era muito grande; no centro, havia um salão, onde ele ministrava as suas aulas e mais quatro salas, nas quais trabalhavam outros professores, dentre estes, a sua esposa, professora Mariazinha.

O professor Chalup era de estatura mediana, branco, gordo, careca e asmático; a sua esposa, professora Mariazinha, menor que ele, também era obesa, mas de cor parda.

Todos os dias de aula formava-se aquela fila quilométrica, composta por alunos relapsos, que não queriam nada com a “voz do Brasil¨. No começo da fila, estava o professor Chalup, distribuindo bolos de palmatória àquele ¨alunos¨, que os recebiam nas mãos, com muita dor e lágrimas. Dentro daquela fila, dificilmente eu não me encontrava, seguindo depois para ficar ajoelhado sobre os caroços de milho, até o encerramento das aulas.

Aquele castigo só era interrompido, quando tínhamos que voltar para casa. Mas quem não quisesse voltar para ele, no outro dia, tinha que fazer, do punho próprio, mais de cem copias do texto que o professor Chalup determinava.

Numa dessas vezes, passei a me sentir mal. A professora Mariazinha, preocupada comigo, pôs as mãos sobre o meu peito e começou a orar:

-Pai Nosso que estais nos Céus...

A dor que estava sentindo, transferiu-se de mim para ela. Desse dia em diante, mesmo sem fazer um exame comprobatório, passei a ser tido como portador de alguma deficiência cardiovascular.

Para quem não queria nada, aquele sintoma foi muito oportuno. Toda a vez que entrava naquela fila, deparando-me com o professor Chalup, ele me olhava com fraternidade nos olhos, dispensando da pena que me seria aplicada.

Foi só assim que deixei de tomar aqueles indesejáveis bolos, até que um dia tive que me contrapor a uma ordem do professor Chalup.

Ele havia mandado quatro leões de chácara pegar o meu irmão Bento Rocha (também era seu aluno), lá na nossa casa, para reconduzi-lo àquele lugar de cativeiro.

Fiquei tão indignado que reagi, defendendo Bento verbal e fisicamente daqueles asseclas, passando desse dia em diante, a ser massacrado pelo professor Chalup, todas as vezes que retornava àquela fila quilométrica, do único bolo indesejável: o bolo de palmatória.
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Jorge Luiz Santos.
Advogado e cronista. Itabuna - Bahia
E-mail: advjls13@hotmail.com

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Fonte: JORNAL DIREITOS

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PALAVRA DA SALVAÇÃO (62)

3º Domingo do Tempo Comum – 21/01/2018

Anúncio do Evangelho (Mc 1,14-20)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.

Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”
E, passando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.
Jesus lhes disse: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens”.
E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus.
Caminhando mais um pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes; e logo os chamou. Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão de Dom Alberto Taveira Corrêa:

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O horizonte alternativo do Reino
“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo” (Mc 1,15)

Apagaram-se as luzes do Natal; os Magos voltaram a seus países; Jesus foi revelado como o “Filho amado” no Batismo. Agora começa o tempo do “chamado”; agora começa o tempo do “fazer caminho com Jesus”; agora começa o “tempo do seguimento”.

Podemos dizer que Jesus irrompe na nossa Galileia cotidiana como um chamado a viver de maneira alternativa, fazendo a experiência de Deus, Mistério último da vida, como uma Força que nos atrai para construir um mundo mais humano e ditoso.

Jesus não começa sua vida pública com ameaças, nem com anúncios de castigos. Começa proclamando a Boa Notícia de Deus; este anúncio original sintetiza toda sua missão: não é em vão que Marcos coloca na boca de Jesus estas primeiras palavras: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo”. Trata-se da Boa Nova, ou seja, tudo aquilo que “buscamos”, na realidade, já está próximo. E para acolher esta Boa Nova faz-se necessária uma profunda conversão. O termo “conversão”, traduzido do grego “metanoia” (mais além da mente), nos convida a “outro modo de pensar, de ver, de agir...” Trata-se de sair da perspectiva mental atrofiada para entrar em sintonia com aquela Presença que expande a nossa vida para além de nossos estreitos modos de viver, tanto na perspectiva pessoal quanto social.

Propriamente falando, Jesus não deixou como herança uma nova doutrina religiosa da qual se pode extrair alguns princípios que logo são aplicados à vida. O que Ele nos traz, a partir de sua experiência profética, é um novo horizonte para assumirmos a história, um novo paradigma para humanizar a vida, um marco para construir um mundo mais digno, justo e ditoso, a partir da confiança e da responsabilidade.

Sua mensagem não provém do interior do sistema imperial nem da instituição do Templo. Pelo contrário, desmascara a iniquidade do Império e a conivência do Templo, sacudindo a indiferença de muitos e redefinindo as expectativas de outros.

Jesus não é um escriba judeu, nem um sacerdote do templo de Jerusalém, nem um asceta do deserto. O específico seu não é ensinar uma nova doutrina religiosa, nem explicar a Lei de Deus, nem assegurar o culto de Israel. Jesus é um profeta itinerante, um homem a caminho, aberto às surpresas de Deus. Caminhava pela Galileia, anunciando um acontecimento, algo que já está ocorrendo e que pede ser escutado e atendido, pois pode mudar tudo. Ele desencadeia um novo movimento humanizador, que coloca o ser humano no centro de sua missão. Ele já está experimentando isso e convida a todos a compartilhar esta experiência: Deus está comprometido com a história humana. É preciso mudar e viver tudo de maneira diferente.

Começa um tempo novo, uma história nova. Deus não nos deixa sozinhos frente aos nossos conflitos, sofrimentos e desafios. Quer construir, conosco e junto a nós, uma vida mais humana. Para isso, é preciso mudar a maneira de pensar e de agir; é preciso aprender a viver crendo nesta Boa Notícia.
Isto que Jesus chama “Reino de Deus” não é uma religião. É muito mais. Vai mais além das crenças, preceitos e ritos de qualquer religião. É uma experiência fundante de Deus que resignifica tudo de maneira nova. “Reino de Deus” é o coração de sua mensagem e a paixão que animou toda sua vida

O surpreendente é que Jesus nunca define o que é o Reino de Deus. Ele o encarna em suas palavras e em sua vida; é algo que irrompe, de maneira surpreendente. Podemos dizer que “Reino de Deus” é a vida, tal como Deus deseja que a vivamos.
Se queremos saber o que é o Reino, também nós devemos nos colocar a caminho com Jesus: Ele é o Reino. Ele foi o homem que se definiu, que tinha claro qual era sua missão; por isso, nos apresenta uma causa muito nobre e, com seu chamado, rompe nosso estreito mundo e desperta em nós ricas possibilidades, reacendendo o que de mais nobre há em cada um e ampliando nosso horizonte de vida.

Para Jesus, a vida de uma pessoa vale pela causa à qual se entrega. Por isso, ao anunciar a presença do Reino do Pai, Ele desperta nas pessoas uma garra, uma vibração e um entusiasmo por esta causa tão nobre. Escutar e acolher a proclamação do Reino é uma prova de audácia e coragem, uma provocação à generosidade de cada um.

É preciso sonhar alto, ter ideais, ser uma pessoa corajosa e marcada pela esperança para poder “escutar” o apelo de Jesus; é preciso ser apaixonado(a), deixar-se empolgar, aceitar correr riscos na vida para saber o que significa “estar e fazer caminho com Ele”; é indispensável uma enorme generosidade para se dedicar incondicionalmente a uma grande causa; é preciso forte dose de ousadia e coragem para transcender-se, ir além de si mesmo...

Jesus não só se deixou mobilizar pelo “sonho do Reino”, mas foi também capaz de seduzir e mover outras pessoas a participarem desse mesmo sonho; sua presença inspiradora era capaz de despertar nos outros o melhor de si mesmos e de mobilizá-los. Por isso, os primeiros discípulos deixaram-se impactar pela força do seu chamado e foram capazes de dar uma nova direção às suas vidas.

Não sabemos se o chamado ao seguimento foi assim tão rápido, como relata Marcos; mas, provavelmente, a forma um tanto mecânica em que ele se expressa, é uma maneira de destacar a força mobilizadora da presença e do chamado de Jesus. Todas as narrativas acerca do chamado conservam a marca intencional de um encontro surpreendente, inesperado e expansivo: deixar a vida estreita do lago de Genezaré para entrar no vasto oceano de vida proposto por Jesus.

Há um dado, um tanto quanto estranho no chamado de Jesus: parece ser um chamado que quase não tem programa. Ele afirma simplesmente: “sereis pescadores de homens”. O que isto quer dizer?
Esta frase deve ser lida não no sentido quantitativo, típico dos proselitismos e da mentalidade moderna, mas num sentido mais qualitativo: “pescar homens” é extrair o melhor, a melhor versão humana de cada um, fazer emergir a autêntica qualidade humana desse mar turvo de inumanidade que somos todos.

Isso é “pescar o humano” que todos carregamos dentro. No contexto atual, essa expressão tem uma enorme importância: porque é verdade que nem todos os homens desejam ser cristãos, mas, seguramente, continua sendo verdade que Deus deseja que cada um extraia de si a melhor versão possível.

O convite para “pescar homens”, que pode parecer uma expressão estranha, evoca a imagem de sair de um meio aquático e começar a respirar. Não poderíamos ver aí a possibilidade de ajudar outros em um novo nascimento, de uma saída das águas amnióticas para começar a respirar a vida do Espírito?

O chamado de Jesus, portanto, nos individualiza e nos personaliza de modo irrepetível e inconfundível, confere um sentido completamente novo ao nosso próprio nome. Jesus toma em suas mãos o futuro daqueles(as) que o acompanham: junto d’Ele vão adquirindo nova personalidade, definida pela referência a outros. Responder ao chamado de Jesus inaugura uma nova relação com os(as) seus(suas) seguidores(as): Ele adiante, nós atrás. O encontro com Ele atinge o núcleo de nossa própria autonomia e de nossa consistência pessoal, de nossa vida profissional, familiar e relacional. Há um deslocamento de nossos estreitos mares da vida e passamos a respirar a imensidão de outro oceano.

 Texto bíblico: Mc 1,14-20
Na oração: Encontrar-se com Jesus é encontrar-se com o Reino de Deus. Jesus se põe totalmente a serviço da “causa” de Deus; Ele é inseparável de sua obra: o Reino que anuncia e que Ele faz presente.
Somos impulsionados a ser protagonistas de uma história mais di
tosa; somos movidos a atrever a pensar e agir “fora do sistema” para entrar na lógica e na dinâmica do Reino de Deus. O Reino condensa e leva à plenitude todas as aspirações humanas.
- Que sonhos você carrega em seu coração?
- Sua vida tem a dimensão do “mar da Galileia” ou do Oceano de vida de Jesus?


Pe. Adroaldo Palaoro sj


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