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terça-feira, 27 de setembro de 2016

PORTEIRO DO PUTEIRO: UMA LIÇÃO PARA TODOS!

Porteiro do puteiro!


Não havia no povoado pior emprego do que ‘porteiro da zona’.
Mas que outra coisa poderia fazer aquele homem?
O fato é que nunca tinha aprendido a ler nem escrever, não tinha nenhuma outra atividade ou ofício.
Um dia, entrou como gerente do puteiro um jovem cheio de ideias, criativo e empreendedor, que decidiu modernizar o estabelecimento.
Fez mudanças e chamou os funcionários para as novas instruções.
Ao porteiro disse:
– A partir de hoje, o senhor, além de ficar na portaria, vai preparar um relatório semanal onde registrará a quantidade de pessoas que entram e seus comentários e reclamações sobre os serviços.
– Eu adoraria fazer isso, senhor, balbuciou – Mas eu não sei ler nem escrever.
– Ah! Quanto eu sinto! Mas se é assim, já não poderá seguir trabalhando aqui.
– Mas senhor, não pode me despedir, eu trabalhei nisto a minha vida  inteira, não sei fazer outra coisa.
– Olhe, eu compreendo, mas não posso fazer nada pelo senhor. Vamos dar-lhe uma boa indenização e espero que encontre algo que fazer. Eu sinto muito e que tenha sorte.
Dito isso, deu meia volta e foi embora. O porteiro sentiu como se o mundo desmoronasse. Que fazer?
Lembrou que no prostíbulo, quando quebrava alguma cadeira ou mesa, ele a arrumava, com cuidado e carinho.
Pensou que esta poderia ser uma boa ocupação até conseguir um emprego.
Mas só contava com alguns pregos enferrujados e um alicate mal conservado.
Usaria o dinheiro da indenização para comprar uma caixa de ferramentas completa.
Como o povoado não tinha casa de ferragens, deveria viajar dois dias em uma mula para ir ao povoado mais próximo para realizar a compra. E assim fez.
No seu regresso, um vizinho bateu à sua porta:
– Venho perguntar se você tem um martelo para me emprestar.
– Sim, acabo de comprá-lo, mas eu preciso dele para trabalhar, já que…
– Bom, mas eu o devolverei amanhã bem cedo.
– Se é assim, está bem.
Na manhã seguinte, como havia prometido, o vizinho bateu à porta e disse:
– Olha, eu ainda preciso do martelo. Porque você não o vende para mim?
– Não, eu preciso dele para trabalhar e além do mais, a casa de ferragens  mais próxima está a dois dias de viagem, de mula.
– Façamos um trato – disse o vizinho.
Eu pagarei os dias de ida e volta, mais o preço do martelo, já que você está sem trabalho no momento. Que lhe parece?
Realmente, isto lhe daria trabalho por mais dois dias. Aceitou.
Voltou a montar na sua mula e viajou.
No seu regresso, outro vizinho o  esperava na porta de sua casa.
– Olá, vizinho. Você vendeu um martelo a nosso amigo.
Eu necessito de algumas ferramentas, estou disposto a pagar-lhe seus dias de viagem,  mais um pequeno lucro para que você as compre para mim, pois não disponho de tempo para viajar para fazer compras.
Que lhe parece?
O ex-porteiro abriu sua caixa de ferramentas e seu vizinho escolheu um alicate, uma chave de fenda, um martelo e uma talhadeira. Pagou e foi embora. E nosso amigo guardou as palavras que escutara: ‘não disponho de tempo para viajar para fazer compras’.
Se isto fosse certo, muita gente poderia necessitar que ele viajasse para trazer as ferramentas.
Na viagem seguinte, arriscou um pouco mais de dinheiro, trazendo mais ferramentas do que as que já havia  vendido.
De fato, poderia economizar algum tempo em viagens.
A notícia começou a  se espalhar pelo povoado e muitos, querendo economizar a viagem, faziam  encomendas.
Agora, como vendedor de ferramentas, uma vez por semana viajava e trazia o que precisavam seus clientes.
Com o tempo, alugou um galpão para estocar as ferramentas e alguns meses depois,  comprou uma vitrine e um balcão e transformou o galpão na primeira  loja de ferragens do povoado. Todos estavam contentes e compravam dele.
Já não viajava, os fabricantes lhe enviavam os pedidos. Ele era um bom cliente. Com o tempo, as pessoas dos povoados vizinhos preferiam comprar na sua loja de ferragens, a ter de gastar dias em viagens.
Um dia ele lembrou de um amigo seu que era torneiro e ferreiro e pensou que este poderia fabricar as cabeças dos martelos.
E logo, por que não, as chaves de fendas, os alicates, as talhadeiras, etc …
E após foram os pregos e os parafusos…
Em poucos anos, ele se transformou, com seu trabalho, em um rico e próspero fabricante de ferramentas.
Um dia decidiu doar uma escola ao povoado.
Nela, além de ler e escrever,  as crianças aprenderiam algum ofício.
No dia da inauguração da escola, o prefeito lhe entregou as chaves da cidade, o abraçou e disse:
– É com grande orgulho e gratidão que lhe pedimos que nos conceda a honra de colocar a sua assinatura na primeira página do livro de atas desta nova escola.
– A honra seria minha, disse o homem. Seria a coisa que mais me daria prazer, assinar o livro, mas eu não sei ler nem escrever, sou  analfabeto.
– O Senhor? disse incrédulo o prefeito. O senhor construiu um  império industrial sem saber ler nem escrever? Estou abismado. Eu pergunto:
– O que teria sido do senhor se soubesse ler e escrever?
– Isso eu posso responder, disse o homem com toda a calma: – Se eu soubesse ler e escrever… ainda seria o Porteiro do puteiro.
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Essa história é verídica, e refere-se a um grande industrial chamado… Valentin Tramontina, fundador das Indústrias Tramontina, que hoje tem 10 fábricas, 5.500 empregados, produz 24 milhões de unidades variadas por mês e exporta com marca própria para mais de 120 países – é a única empresa genuinamente brasileira nessa condição. A cidadezinha citada é Carlos Barbosa, e fica no interior do Rio Grande do Sul.
Geralmente as mudanças são vistas como adversidades.
As adversidades podem  ser bênçãos.
As crises estão cheias de oportunidades.
Se alguém lhe bloquear a porta, não gaste energia com o confronto, procure as janelas.
Lembre-se da sabedoria da água: ‘A água nunca discute com seus obstáculos, mas os contorna’.
Que a sua vida seja cheia de vitórias, não importa se são grandes ou pequenas, o importante é comemorar cada uma delas.
04/05/2012
Haroldo Wittitz: Editor and Publisher

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A BICHARADA - João de Paula

A Bicharada

Somos todos bichados e nada mais

 Quem gosta de ser chamado de bicho?
Quem gosta de ser chamado de bicha ?
Quem gosta de ser comparado a bicho ou a bicha ?
Quem quer ser animal mortal?
Quem quer fazer parte do mundo da bicharada?
Bicho, tu tá é doido, né ? Pior, ainda, é ser bicho feio, mau, horripilante, mutável, deformado e com o encantamento de ser perfeito.
Na verdade ninguém quer ser bicho ou bicha nenhuma...

Quer ser “tapuru”...
Quer ser verme...
Quer ser micróbio...
Quer ser lama...
Quer ser pó...

Ninguém quer ser algo que fede, que desmorona, que será extinto, que seja animal dócil, que seja animal selvagem, que seja mortal. 

Ninguém quer conhecer a verdade, conhecer nenhum motivo e o conhecimento do porquê nascemos, crescemos, vivemos: e que vamos deixar de viver neste nível e plano terrestre; e vamos retornar as nossas origens e essências.
Vivemos num eterno encantamento !

Vivemos num mundo em que a verdade dói!
Vivemos como animais!
Vivemos num mundo de vida e morte, mundo de sofrimento, conflito, doença, guerra, decepção, competição, ignorância, orgulho, inveja, imponência e poder, porque estamos encantados com o mundo que vemos e que temos incluso em nossa consciência.

Preferimos o encantamento do que o desencantamento !

Preferimos o falso elogio do que a verdade tal como ela é !
Preferimos o encanto e o encantamento de sermos chamados de anjos bons:
- Amados de Deus,
- Anjinhos perfeitos,
- Boa alma,
- Boa prosa,
- Bom cristão,
- Boa criatura e uma pessoa imortal pelos feitos que fazemos ao invés de chegarmos à razão de que somos animais racionais e mortais, que retornaremos de onde viemos com toda a transformação do eletro magnético de que somos constituídos: bons e maus.
Precisamos ser bons e precisamos conhecer a cultura racional, para voltarmos ao mundo dos viventes puros, limpos e cristalinos em outro astral, em outra planície. Por isso, tenho dito que a vida é algo mais do que aquilo que os nossos olhos vêem.

Desejos de poder e riqueza, poder e estatus, desejos de ser importante, uns melhores do que os outros, desejos de ser o primeiro, desejos de ser o melhor são conceitos de vida terena; conceitos, desejos e procedimentos que ultrapassam as virtudes de ser singelo e puro. sem as ambições e as maldades que residem em nossa formação.

Na verdade, hoje ou amanhã, retornaremos as nossas origens, as nossas essenciais ao mundo de onde viemos.

Quem gosta de ser chamado de bicho?

Quem gosta de ser chamado de bicha ?
Quem gosta de ser comparado a bicho ou a bicha ?
Quem quer ser animal mortal?
Quem quer fazer parte do mundo da bicharada?
Bicho, tu tá é doido, né ? Pior, ainda, é ser bicho feio, mau, horripilante, mutável, deformado e com o encantamento de ser perfeito.

João Batista de Paula 
Escritor e Jornalista

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