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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

O ACADÊMICO, ESCRITOR, POETA E FILÓSOFO ANTONIO CICERO É O CONFERENCISTA DA SEGUNDA PALESTRA DO CICLO DE CONFERÊNCIAS “O QUE FALTA AO BRASIL?”

O Acadêmico e escritor Antonio Cicero faz a segunda palestra do Ciclo O que falta ao Brasil?, coordenado pela Acadêmica e escritora Rosiska Darcy de Oliveira. O tema será A implantação dos Direitos Humanos. O evento está programado para o dia 8 de agosto, quinta-feira, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr. (Avenida Presidente Wilson, 203, Castelo, Rio de Janeiro). Entrada franca.

A Acadêmica e escritora Ana Maria Machado é a coordenadora geral dos Ciclos de Conferências de 2019.

Os Ciclos de Conferências, com transmissão ao vivo pelo Portal da ABL, têm o patrocínio da Light.

Serão fornecidos certificados de frequência.

O Ciclo terá mais três conferências no mês de agosto, sempre às quintas-feiras, no mesmo local e horário: O amor pelo que somos, com o Acadêmico e cineasta Carlos Diegues no dia 15; Porque ficamos para trás, com o Acadêmico e economista Edmar Bacha no dia 22; e Um futuro pior que o passado? Reflexões na antevéspera do bicentenário da Independência, com o diplomata Rubens Ricupero no dia 29.

O ACADÊMICO

Antonio Cicero, escritor, poeta e filósofo, é autor dos livros de poemas Guardar (1996), contemplado com o “Prêmio Nestlé de Literatura”, A cidade e os livros (2002) e Porventura (2012), que recebeu o Prêmio ABL de Poesia, o Prêmio Jabuti de Poesia e foi finalista do Prêmio Telecom de Literatura. É também autor dos livros de ensaios filosóficos O mundo desde o fim (1995), Finalidades sem fim (2005), finalista do Prêmio Jabuti, e Poesia e filosofia (2012).

Organizou, ainda, o livro de ensaios Forma e sentido contemporâneo: poesia (2012) e, em parceria com o poeta Waly Salomão, o volume de ensaios O relativismo enquanto visão do mundo (1994). Com Eucanaã Ferraz, organizou a Nova antologia poética de Vinicius de Moraes (2003).

É autor de inúmeras letras de canções e tem como parceiros, entre outros, compositores como Marina Lima, Adriana Calcanhotto e João Bosco.

Em 2012, foi agraciado com o “Prêmio Alceu Amoroso Lima – Poesia e Liberdade”.

Leitura complementar
A Biblioteca Rodolfo Garcia disponibiliza seu acervo para pequisa e leitura de obras relacionadas ao tema desta conferência, como "O mundo desde o fim [texto] : sobre o conceito de modernidade", "A reconstrução dos direitos humanos : um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt" e "Diálogo [texto] : Direitos Humanos no século 21".
Para consultar mais materiais como os citados, acesse o link abaixo e visite os "Levantamentos bibliográficos" realizados para este evento.



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10 DE AGOSTO: DIA DE JORGE AMADO – singularidade


Clique sobre a foto, para vê-la no tamanho original
(Pequim, 1987 - singularidade)


           Em Pequim, Fan Weixin, tradutor para o chinês de livros de língua portuguesa, de brasileiros traduziu José de Alencar e Herberto Salles, traz-me exemplar de tradução de Dona Flor e seus dois maridos, edição modesta, porém decente, Fan está contente com a repercussão do romance da moça baiana.

            Folheio o volume, relembro cenas de amor, dona Flor e Vadinho, os dois na cama, a rosa-chá e a pimenta malagueta, desconfiado pergunto a Fan Weixin:

            - Como traduziste as patifarias de Vadinho?

            Os lábios do tradutor abrem-se num sorriso malandro, quase brasileiro:

            - Ao pé da letra.

            No fim desse mesmo ano hospedamos na casa do Rio vermelho um jovem casal de amigos chineses. Ele é Ho-Ping, filho de Eva e Emi Siao (Siao Sam), Eva fotógrafa alemã, Emi um dos poetas mais famosos da China, foi íntimo amigo de Maiakowski*, deputado, biógrafo de Mao, durante vários anos representante da China no secretariado do Conselho Mundial da Paz, na Tchecoslováquia. Ho-Ping, dito Pupsik, nasceu em praga, alguns meses antes de Paloma: pais bobocas, inventávamos no Castelo dos Escritores* futuro noivado entre os dois infantes. Eva e Emi regressaram à China, gramaram dezesseis anos de prisão durante a mal denominada Revolução Cultural, Emi saiu da cadeia muito enfermo, logo faleceu.

            Ela é Ting-Li, esposa de Ho-Ping, filha de Liu Chao Shi, que foi Presidente da República Popular da China, Secretário-Geral do Partido Comunista, liquidado politicamente e assassinado durante os anos infelizes do domínio da Banda dos Quatro – os assassinos inventaram que Liu Chao Shi morrera num desastre de avião.

            Jovem casal encantador, trocam pernas nas ruas da Bahia, adoram a cidade, o casario, a culinária, os mercados, o povo alegre cordial. Nos intervalos dos passeios, no Jardim da casa do Rio Vermelho, Ting Li lê Dona Flor e seus dois maridos em chinês e em inglês. Pergunto e o que acha das duas traduções. Pensa um pouco, responde:

            - Ambas são boas, gostei das duas. Em inglês a história é mais picante, em chinês é mais romântica. Para você ter uma ideia dá singularidade de cada uma: em chinês dona Flor chama Vadinho de volta com o coração, em inglês ela o chama com aquilo o que tem debaixo das calcinhas.

            - E como se diz em chinês aquilo o que ela tem debaixo das calcinhas?

            Tim lê sorri, encabulada, pronuncia uma palavra, soou-me linda, um trino de pássaro, me esqueci, que pena.


*Maiakowski (18903/1930, poeta soviético.
**Castelo de Dobris, perto de Praga, onde J.A. viveu com a família de 1950 a 1952.


(NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM)
Jorge Amado
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            “Nenhum de meus detratores, esses tantos que não perdem vaza para dizer mal de mim, sabichões cuja missão crítica é negar qualquer valor a meus livros, nenhum deles conhece tão bem minhas limitações de escritor quanto eu próprio, deles tenho plena consciência, não permito que me iludam os oropéis e os confetes.

            Sei também, de ciência certa, existir nas páginas que escrevi, nas criaturas que criei, algo imperecível: o sopro de vida do povo brasileiro. Não carrego vaidade, presunção, e sim, orgulho.”

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JORGE AMADO - Quinto ocupante da Cadeira 23 da ABL, eleito em 6 de abril de 1961, na sucessão de Otávio Mangabeira e recebido pelo Acadêmico Raimundo Magalhães Júnior em 17 de julho de 1961. Recebeu os Acadêmicos Adonias Filho e Dias Gomes.

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