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terça-feira, 6 de agosto de 2019

FRANÇA: PROIBIÇÃO DE CELULARES NAS ESCOLAS

2 de agosto de 2019 


A França proibiu aos alunos de até 15 anos usarem o celular no horário escolar, inclusive durante os recreios.

O ministro da Educação disse ser “uma mensagem de saúde pública para as famílias. É bom que as crianças não fiquem tanto tempo diante do smartphone. Melhor seria que nunca o fizessem antes dos sete anos de idade”

Muitas escolas já interditavam sua utilização nas aulas. Os pais pediam essa medida, e o presidente Macron obteve muitos votos prometendo acabar com os celulares nas horas de estudo.

A iniciativa cresce também na Espanha.

Há esperança de que os alunos aprendam a conversar entre si e desenvolvam qualidades sociais para se encaixarem bem no trabalho e na vida familiar.




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10 DE AGOSTO: DIA DE JORGE AMADO – os anarquistas


Clique sobre a foto, para vê-la no tamanho original
(Rio de Janeiro, 1954 – os anarquistas)


            Deslumbra-me a conversa dos dois velhos anarquistas, o escritor e a operária: o mundo liberto das injustiças e dos preconceitos, nem o poder do Estado, nem a lei fosse qual fosse. Trinta anos depois escreverei um romance, Tocaia Grande, nascera naquele dia quando dona Angelina chorou de emoção ao abraçar Thomas da Fonseca*.

            Tomas da Fonseca, prosador ilustre, em Portugal mais do que ilustre, uma legenda viva, símbolo da resistência ao fascismo, da audácia do pensamento livre: o sonho da sociedade sem fronteiras de qualquer espécie. Angelina D’Acol Gattai, imigrante italiana, tinha quatro anos de idade quando desembarcou no Brasil, a família de camponeses vênetos de Pieve di Cadore veio trabalhar nas fazendas de café de São Paulo após a abolição da escravatura. Aos nove anos Angelina entrou de operária têxtil numa fábrica do Brás, na pauliceia desvairada. Fez-se anarquista ao conhecer Ernesto, os Gattai vieram de Florença, atravessaram o mar nos porões imundos para realizar o sonho do agrônomo Giovanni Rossi: fundar nas selvas do Paraná a Colônia Cecília, experiência de sociedade anarquista na América, sob o patrocínio de Dom Pedro II, Imperador  - já então era o Brasil um país surrealista.

            A colônia durou quatro anos, a mesquinhez do cotidiano a liquidou, mas as ideias libertárias afirmaram- se e floresceram na cidade de São Paulo das primeiras indústrias e dos grêmios das classes laboriosas. Angelina namorou o mecânico Ernesto nas reuniões e festas operárias - imigrantes italianos, espanhóis e portugueses encontravam-se, discutiam, discursavam, declamavam, encenavam peças. As poesias e as canções anarquistas da península, as peças de Pietro Gori: Angelina, primeira-dama do palco proletário. Ressoava o canto da Catalunha em fogo: donde vas com paquetes y listas / que tan pronto te veo correr/ voy al Congreso de las anarquistas/ que reclaman um derecho: vivir/ Escúchame um momento se quieres / Anarquista, que quiere decir? / Es la imensa falange obrera / que reclama um derecho: vivir! Os poemas de Guerra Junqueiro, os livros de Thomas da Fonseca, a italiana Angelina, anarquista brasileira, declamava o vate português, sabia de memória trechos incendiários do prosador. Mesmo quando o marido Gattai subiu na vida, de motorista dos Prado, paulistas quatrocentões, passou a agente dos automóveis Alfa Romeo, de libertário virou militante do Partido Comunista, Angelina manteve intacta a quimera, o sonho.

            Ancião, as barbas brancas desciam-lhe sobre o peito, de passagem pelo Rio, Thomas da Fonseca veio me visitar, ao escritor como ele também proibido em Portugal, amigo de seu filho Branquinho*, eu o recebi no alvoroço da admiração, abertos os braços do bem-querer: jamais uma visita me honrara tanto. Enquanto conversávamos política e letras, Zélia saiu correndo em busca de dona Angelina, por feliz acaso também no Rio, em nossa casa, para comunicar que seu ídolo, dela, Angelina, estava na sala tomando cafezinho.

            Dona Angelina, não acreditou: Thomas da Fonseca, ali em pessoa? Impossível. Repreendeu a ousadia da filha, que, com tal atrevimento, lhe faltava ao respeito, levando na chalaça suas ideias e seus mitos. Fez-se necessário que eu a fosse buscar para que viesse à sala e, em lágrimas, beijasse as mãos ossudas do Ancião. Ficaram a conversar.

            Dona Angelina declamou trechos dos livros de Thomas da Fonseca, sabia páginas inteiras de memória, agora era os olhos do escritor que se iluminavam. A tertúlia prosseguiu em utopia, Zélia e eu ouvintes deslumbrados.

*Thomas da Fonseca (1877/1968), escritor português, líder anarquista.
**Branquinho da Fonseca (1905/1974), escritor português.


(NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM)
Jorge Amado

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JORGE AMADO - Quinto ocupante da Cadeira 23 da ABL, eleito em 6 de abril de 1961, na sucessão de Otávio Mangabeira e recebido pelo Acadêmico Raimundo Magalhães Júnior em 17 de julho de 1961. Recebeu os Acadêmicos Adonias Filho e Dias Gomes.

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BolsonaroTemRazão... COLETIVA EM SOBRADINHO/BAHIA COM PRESIDENTE JAIR BOLSONARO

FATALIDADES DA VIDA! - Antonio Nunes de Souza


Depois de uma série de problemas em minha vida, com a morte prematura dos meus pais, para acabar de me deixar completamente transtornado, minha mulher, grávida de seis meses, é tragicamente atropelada por um indivíduo completamente bêbado!

Eu estava ao lado dela, vínhamos do supermercado, não aguentei ver a cena e, mais que depressa, fui contra o canalha atropelador, mesmo sem antes socorrer minha mulher. Agarrei-o pelo pescoço e, não fosse as pessoas que se aproximaram, eu teria matado o assassino asfixiado.

Chamaram o Samu, mas, infelizmente minha mulher já estava morta. Eu parecia um louco querendo a todo custo me soltar das mãos dos populares, para matar o crápula que tinha provocado o acidente. Ele, com o aperto que lhe dei, achava-se desmaiado ao lado do carro!

Rapidamente chegou a polícia, um carro levou o motorista preso, completamente cambaleante, e eu super aflito chorava copiosamente vendo a minha querida mulher totalmente contorcida e lavada em sangue. Me acalmei um pouco, o pessoal do supermercado pegou um lençol e cobriu Margarida (esse era o seu nome), enquanto esperavam o carro do departamento criminal para leva-la para os procedimentos de praxe!

Passado todo transtorno de enterros, etc., infelizmente, eu fiquei debilitado de tal forma que, por sugestão da empresa que eu trabalhava, me aconselharam a procurar um psicólogo/analista, no sentido de regularizar a minha mente, através de análises. Como eu era um excelente funcionário, deram-me três meses de licença sem a necessidade de encostar-me no INPS.

Aí começou a mudar a minha vida. Me indicaram uma psicóloga como competentíssima e eu, prontamente fui a procura dela.
Liguei, marquei consulta e, no dia previsto, fui e me apresentei. Ela, uma pessoa simpática e agradável que, mesmo sem esbanjar belezas, era uma mulher bastante sorridente e sensual!

Começamos a nossa primeira consulta, me colocou num divã super confortável, e eu comecei a contar toda minha tragédia e os reflexos provocados pelo acontecido. Fechei os olhos e, com algumas lágrimas escorrendo, desabafei completamente todas as minhas dores. Ela calada e, como boa ouvinte, algumas vezes me estimulava para que falasse tudo com os mínimos detalhes. E eu, com clareza, desembuchava as minhas mágoas.

Resultado é que, com a continuação, fomos nos identificando, com minha melhora, passamos a jantar fora algumas vezes e, como sempre acontece, o paciente se apaixonou pela médica e a médica se apaixonou pelo paciente. Fato que não é raro nos divãs de analistas, ou na medicina em geral!

Como vivo em Brasília e ela também, juntamos nossos “paninhos” e estamos morando juntos na maior felicidade, os filhos dela me adoram, somos da mesma idade, beirando os cinquenta, e eu continuo na empresa na função de contador.

Veja como as vezes certas fatalidades, sempre depois, nos propiciam prazeres e felicidades inesquecíveis!


Antonio Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL 

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