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domingo, 24 de abril de 2022

AONDE QUER CHEGAR O STF? – Manifesto do Clube Militar

 

         Aonde quer chegar o STF?



        “Contrariamente ao que se espera de uma corte constitucional, o STF vem há tempos propagando notórias e repetidas demonstrações de partidarismo político em suas interpretações da Constituição Federal e, até mesmo de modo surpreendente, manifestando publicamente preferências partidárias, como agiu um de seus Ministros em evento no exterior, ao considerar como inimigo o Chefe do Poder Executivo.

          Arrogando-se o direito de, sem cerimônias, interferir nas atribuições dos demais Poderes que constituem o Estado Brasileiro, decidiu recentemente aquele Tribunal punir, de modo injusto e desproporcional, um parlamentar que, de forma insultuosa, emitiu opinião sobre a corte e alguns de seus integrantes.

          Estritamente de acordo com o que reza a Carta Magna, o Presidente exerceu o direito de indultar o punido, não por concordar com os insultos, mas para corrigir um processo e julgamento cristalinamente inconstitucionais, posto que caberia ao Congresso conduzi-los.

          Estabelecido o impasse institucional, pergunta-se: Aonde querem chegar alguns Ministros do Supremo? Pretendem enfraquecer nossa democracia? Com que finalidade? Premeditaram essa crise para fazer valer suas indisfarçáveis tendências políticas? É esta a postura que os cidadãos brasileiros devem esperar de uma corte que se pressupõe isenta e tida como suprema?

          Nós, integrantes dos Clubes Naval, Militar e de Aeronáutica manifestamos incondicional apoio ao Presidente da República em seu esforço para sustentar a democracia e a liberdade de expressão no país.”

 


Luiz Fernando Palmer Fonseca, Almirante de Esquadra, Presidente do Clube Naval;  

Eduardo José Barbosa, General de Divisão, Presidente do Clube Militar;  

Marco Antonio Carbalo Perez, Major Brigadeiro do Ar e Presidente do Clube da Aeronáutica.


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RÁDIO FRANCESA DECLAMA VERSOS DE CYRO DE MATTOS

 


No encerramento do programa Travessias, divulgado pela  Radio Galere de Marseille, na França,  o radialista e escritor Jean-José Mesguen, https://radiogalere.org/?playlist=2022-04-04-que-viva-la-musica, declamou os versos de Cyro de Mattos  do poema O Canto Impossível, que integra o livro Poemas de Terreiro e Orixás, publicação das Edições Mazza, Belo Horizonte, com prefácio de Muniz Sodré.   

Abaixo o poema.

 

O Canto Impossível

Cyro de Mattos

Quero cantar o negro / com todas as notas / de meu coração lírico./  Torna-se impossível. /Pra não morrer corre / do irmão em África. / Foge como bicho, /na tevê eu vejo./ Os dentes da guerra, / a fome, a sede, / o sal alimentam/ o sonho de dias melhores./ A carga precária / no barco socada. / De repente emborca, / morrem centenas./ Ouço os gritos,/ pressinto as mãos, / debatem-se na água, / somem no desespero./ A Europa não se importa / com o menino nascido / nessa aventura suicida / do novo navio negreiro. /Quero cantar o negro / mas como fazê-lo? / Resistência, sofrimento / fazem o verso impossível.

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Le Chant Impossible

Traduit pas Jean-José Mensguens

Je veux chanter le noir / de toutes les notes / de mon cœur lyrique. / Et c’est impossible. /Pour ne pas mourir il fuit / son frère en Afrique. / Il court comme une bête,/ on le voit à la télé. /Les dents de la guerre, / la faim, la soif, / le sel nourrissent / le rêve de jours meilleurs./ La charge précaire / entassée dans le bateau. / Soudain elle prend l’eau, / ils meurent par centaines./J’entends les cris, / je pressens les mains,/ ils se débattent dans l’eau, / ils sombrent dans le désespoir./L’Europe n’a cure / de l’enfant qui naît / dans cette aventure suicidaire / du nouveau navire négrier./Je veux chanter le noir / mais comment le faire ? / Résistance, souffrance / rendent le vers impossible.


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Cyro de Mattos é escritor de contos, crônicas, romance, poemas, literatura infantojuvenil, ensaio e memorialista. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia. Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz. Também é editado no exterior.

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PALAVRA DA SALVAÇÃO (262)

2º domingo da Páscoa – 24/04/2022

Anúncio do Evangelho (Jo 20,19-31)

— O Senhor esteja convosco.

— Ele está no meio de nós.

— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.

— Glória a vós, Senhor.

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.

Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor.

Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.

E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”.

Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!”

Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”.

Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”.

Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”.

Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!”

Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”

Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

http://liturgia.cancaonova.com/pb/

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Ligue o vídeo abaixo, e acompanhe a reflexão do Padre Donizete Ferreira, Sacerdote da Comunidade Canção Nova:


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Ressuscitado com chagas

 


 “Depois destas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor” (Jo 20,20)

O relato pascal deste 2º domingo da Páscoa é chave para entender o sentido de todas as aparições do Ressuscitado aos seus amigos e amigas. Ele não tem a intenção de nos querer dizer o que “aconteceu”, mas transmitir-nos uma vivência, uma experiência.

Ao refletir sobre os relatos das Aparições padecemos de um míope e estéril realismo: quê viram? quê aconteceu? como Ele apareceu?... Interessa-nos muito mais a curiosidade do investigador. Lemos os Evangelhos mais como jornalistas do que como pessoas de fé. Nosso desejo era ter estado ali e ver tudo com nossos próprios olhos.

Mas, se tivéssemos estado ali, teríamos acreditado no Crucificado? Esta é a pergunta decisiva. Esta é a finalidade do relato de João, especialmente do conjunto Paixão/Ressurreição: “que creiais no Crucificado”. Aquele que não sente sua fé interpelada pelo crucificado e pelos crucificados do mundo, não tem uma fé bem enraizada. 

A experiência pascal dos(as) seguidores(as) de Jesus revela que é na comunidade onde se pode descobrir a presença do Ressuscitado. A comunidade é a garantia da fidelidade a Jesus e ao seu Espírito; sobretudo, é a comunidade que recebe a nobre missão de expandir a grande surpresa realizada pelo Pai em Jesus.

Jesus aparece no centro da comunidade dos seus amigos e amigas, como presença de unidade, porque, agora, Ele é para eles e elas a única referência e fator de comunhão. A comunidade cristã está centrada em Jesus: sua saudação elimina o medo; as chagas, sinal de sua entrega, evidenciam que é o mesmo que morreu na cruz; o sopro do seu Espírito lhes reacende a alegria e a coragem; desaparece o medo da morte...

A verdadeira Vida não pode ser tirada de Jesus nem tirada dos seus seguidores. A permanência dos sinais de sua morte (chagas) indica a permanência de seu amor. Além disso, garante a identificação do Ressuscitado com o Jesus crucificado. A comunidade tem agora a experiência de que Jesus vive e lhe comunica essa mesma Vida. 

O evangelista João é o único que divide em dois o relato da aparição aos apóstolos reunidos. Com isso personaliza em Tomé o tema da dúvida, que é capital em todos os relatos de aparições. Bastavam os sinais anteriores: o dom da paz, a memória de sua entrega (mãos e lado), o perdão, o sopro do Espírito. Mas o texto joanino continua dizendo que faltava Tomé, precisamente um dos Doze. Não é um cristão comum aquele que estava ausente da comunidade, mas um dos antigos companheiros de Jesus, um de seus doze seguidores. Precisamente Tomé, um dos líderes da igreja primitiva, corria o risco de entender a ressurreição de um modo “espiritualista”, “desencarnada”, fora da comunidade.

Não há experiência pascal sem um retorno à corporalidade do Cristo, que continua sendo o mesmo Jesus da história que morreu por sua fidelidade à causa do Reino: trazer vida em abundância a todos. 

Neste segundo encontro do Ressuscitado com os discípulos, João destaca a exigência de “tocar” as feridas de Jesus, para conservar assim a memória de sua paixão, descobrir sua presença pascal e encontrá-lo nos feridos da história. “Tocar” em Jesus significa tocar e curar as feridas da humanidade que sofre.

A fé pascal expressa-se, dessa forma, como experiência mística (mas realíssima) do sofrimento e morte do Messias, que continua morrendo nos crucificados e enfermos deste mundo. O Ressuscitado não se apresenta com força e poder, mas com amor e a partir do amor, exercendo o “ofício do consolar” (S. Inácio). Por isso, às vezes não é fácil reconhecê-lo. E, no entanto, é Ele mesmo. Aquele que foi crucificado é o que Deus ressuscitou. Esta igualdade fica expressa por meio das chagas que o Ressuscitado traz em seu corpo. Mas estas chagas são algo mais que um modo de dizer “sou eu mesmo”. As chagas são expressão de identidade, ou seja, pertencem a seu novo ser de ressuscitado; elas são as “marcas” da entrega e que nunca desaparecerão.

Dito de outro modo: Jesus, vencedor da morte, não abandona a fragilidade da existência humana. A fragilidade da carne mortal foi assumida na glória do corpo ressuscitado. A ressurreição não O separa da condição humana anterior. Não é a passagem a uma condição superior, mas a mesma condição humana levada à sua culminação. A Jesus e a nós o Pai nos acolhe com toda nossa realidade, purificada e transformada. 

Ao contemplar as chagas do Ressuscitado, somos movidos a olhar e acolher também nossas chagas: medos, traumas, fracassos, feridas...

Jesus, que conhece bem nossas obscuridades e resistências, medos e bloqueios que nos habitam, se faz presente em meio às nossas vidas abrindo as portas fechadas e pacificando nosso interior: “a paz esteja com vocês!”. Assim, no-lo repete, continuamente, insistentemente, pacientemente.

Ele vem ao nosso encontro e se empenha em re-criar-nos, comunicando seu Sopro sobre nós, como o Criador fez no princípio de tudo. Ali onde continua habitando o caos, a incerteza e a desconfiança, Ele nos oferece alegria, paz e fortaleza. Alenta nossa fé e renova nossas relações pessoais e comunitárias. Gratuitamente; com infinito amor. Com o mesmo amor com que nos anunciou a Boa Nova e nos libertou de nossas enfermidades; com o mesmo amor com que se pôs a nossos pés para lavá-los; com o mesmo amor com que fez de sua vida uma doação radical.

A experiência do encontro com o Ressuscitado nos faz também encontrar o verdadeiro lugar do nosso corpo em nossa vida. Normalmente tratamos mal nosso corpo: há muito de stress, de suspeita, medo e submissão. Sabemos muito sobre nossa mente e muito pouco sobre nosso corpo; temos uma alma livre num corpo rígido.

A nossa vida é uma bela história de ressurreição, um milagre de fortaleza na fragilidade que nos impulsiona continuamente a nos despertar da letargia, a sair de nossos lugares fechados, a colocar-nos de pé, a pisar firme sobre a terra, abandonando nossos túmulos e fechamentos, e continuar caminhando, com a cabeça erguida e os olhos fixos no horizonte da vida, onde se revela a Vida plena do Ressuscitado. 

A este Vivente seguimos, pois Ele sempre nos oferece a oportunidade para nos encontrar com Ele e reconhecê-lo, apesar de nossas cegueiras, medos e pesadelos. Ele sempre nos toma pela mão para aproximá-la de suas feridas abertas e mostrar-nos, nas marcas deixadas pelos cravos, que a morte não tem a última palavra. Aproximar de suas feridas reacende em nós a solidariedade e o impulso para sair de nossos espaços fechados e entrar em sintonia com os chagados da história. As chagas do Crucificado, por graça, nos transformam em testemunhas de sua presença em todos os feridos e sofredores.

Que sua paz alente nosso anúncio alegre para que outros possam crer e, crendo, todas tenham vida em seu Nome!

Texto bíblico:  Jo 20, 19-31 

Na oração: Abrir espaço interno para que o Ressuscitado tenha liberdade de transitar por suas feridas existenciais (traumas, fracassos, rejei-ções, crises...) integrando-as, ressignificando-as, iluminando-as...

- Como ser presença ressuscitada neste mundo onde impera a cultura da morte, do ódio e da violência...? Como se fazer próximo e “tocar” as vítimas chagadas?

- Sua fé no Ressuscitado tem implicações sociais, políticas, relacionais..., ou se revela mais como uma “espiritualidade desencarnada”, intimista, alienada...?


Pe. Adroaldo Palaoro sj

https://centroloyola.org.br/revista/outras-palavras/espiritualidade/2558-ressuscitado-com-chagas

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