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sexta-feira, 13 de setembro de 2019

DIBS É O EXEMPLO - Antonio Baracho



            O desenvolvimento da criança é, sem dúvida, uma das maiores preocupações dos psicólogos no seu afã diário com esta ciência complexa, que nos desafia a cada passo. Para compreender os segredos, é inevitável tanto para os leigos e também psicólogos, a leitura do livro DIBS: Em Busca de Si Mesmo, de autoria da psicóloga Virgínia M. Axline, através da tradução modelar da Professora Célia Soares Linhares, que, apaixonada pelo conteúdo do livro encantador, transportou-o para o nosso vernáculo a fim de que todos, de maneira indistinta, tivéssemos conhecimento da vida de Dibs, - uma criança excêntrica que não se conhecia a si mesma, sendo, ainda extremamente indócil na convivência com os seus semelhantes. Conseguiu, então, graças ao tratamento que a moderna Psicologia oferece, safar-se da escuridão para a vida plena de luz, e tornar-se um homem sedutor e líder estudantil. Quem operou tal milagre foi a autora, Virgínia M. Axline, que pontifica na Universidade Estadual de Ohio e em Columbus exerce a sua clínica particular, servindo a todos que a procuram, especialmente as crianças, que a atraem de maneira particular, pois, no decurso de seus estudos e trabalho, descobriu na ludoterapia o método plausível de debelar os complexos infantis.

            Li o livro com a maior atenção, pois o assunto empolgou extremamente o meu espírito de psicólogo.

            E, como bem expôs o escritor Leonard Carmichael, "um dos grandes problemas de nossa época tecnológica caracterizada por grandes aglomerados populacionais, é a compreensão autêntica das técnicas que possibilitam mudanças duráveis na personalidade e no comportamento”. Dibs: em busca de si mesmo, como estudo da organização mental e da modificação de atitudes, é importante neste contexto. Está certíssimo o prefaciador do notável livro cuja leitura termino agora, embevecido e orgulhoso pelos sucessos que a
Psicologia alcança.

            O profissional desta área alcançará o seu objetivo por mais obscuro que seja, se ao seu trabalho dedicar-se de corpo e alma, porque nada, neste mundo, está perdido... Dibs é o exemplo.


ANTONIO BARACHO – Poeta, psicólogo.
Membro da Academia Grapiúna de Letras- AGRAL, ocupante da cadeira nº 11.
Tel. (73) 99102-7937 / 98801-1224


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A VINGANÇA! - Antonio Nunes de Souza


Muito acima do peso, dentes proeminentes e usando óculos fundo de garrafa, ou seja, gorda, dentuça e quatro olhos, sinceramente, torna-se um prato cheio no colégio para seus colegas gozarem a vontade, colocarem apelidos maldosos e tratarem a pessoa com desprezo constante. E, naquele tempo, não existia esse nome americano bonito (bullying) para caracterizar o comportamento. Era uma montanha de apelidos sacanas e depreciativos, sem o mínimo respeito humano pela aquela menina de dezesseis anos apenas, e outros independentes das suas idades.

Na verdade, não existiam combates punitivos com relação a esse comportamento, já que qualquer um que tivesse um diferencial qualquer (físico ou gestual) era logo apelidado de alguma forma. Era uma característica dessa cidade do interior, que é muito peculiar no norte/nordeste, onde esse comportamento faz parte dos seus folclores!

Depois de sofrer anos seguidos nas garras dos colegas sacanas e debochados, um dia, o pai de Maria Rosa (esse era o seu nome), por ser funcionário público federal, foi transferido através de uma boa promoção para trabalhar em S. Paulo. Foi um grande furor dentro da família, pois, com esse deslocamento inesperado, seus vencimentos seriam quadruplicados e, pela sua capacidade técnica, ainda teria uma séria de benefícios complementares (casa, carro, plano de saúde especial, além de outras coisas mais que são destinadas aos funcionários graduados dessa bendita nação.

Como teria o prazo de quinze dias para se apresentar, trataram todos de preparar seus paninhos de bunda e, sem despedidas maiores, seguiram todos num voo da TAM e os apetrechos num caminhão da King Transportadora. Chegaram e se aconchegaram numa bonita e confortável casa num condomínio fechado e de alto gabarito, deixando todos (os pais, Maria Rosa, o irmão Luiz e a empregada que eles levaram por ser alguém que já estava com a família há mais de dez anos) deslumbrados com a mudança radical de status.

Todos se posicionaram em suas atividades e, Maria Rosa que era uma aluna exemplar, matriculou-se em uma maravilhosa escola, começou a malhar diariamente, colocou um aparelho ortodôntico para corrigir as arcadas dentárias e, para completar, fez uma cirurgia oftalmológica, eliminando, categoricamente, a necessidade de usar óculos. Abreviando, o fato é que depois de cinco anos ano, Rosinha (como era chamada em casa), tornou-se uma mulher linda, charmosa, sensual e com o semblante feliz que nunca foi visto durante a sua vida de discriminação na sua cidade natal. Formou-se em jornalismo, fez um teste na Globo logo foi escalada para apresentar um dos jornais, já com o pseudônimo sofisticado de Rosana Rosenberg.

Com um ano na Plim-Plim, namorou vários galãs, viajou por meio mundo e casou-se com Marcelo Anthony, complementando a sua realização de ter vencido uma série de adversidades que jamais imaginou que pudesse acontecer!

Então, nada disso adiantaria se não fosse à oportunidade de voltar a sua cidade natal como uma mulher consagrada, vencedora e, acima de tudo, linda e desejada. Preparou um projeto sobre o modismo atual do combate ao “bullying” e seguiu no jatinho particular global, chegando à cidade recebida com as maiores honras. Fez seu trabalho, viu uma porção que, no passado, lhe criticavam, gordos, barrigudos, feios, idiotizados e com seus trejeitos interioranos, aparecerem em sua frente, ainda com as manias de apelidos idiotas e depreciativos. Sentiu pena de ver os olhares de inveja!

O fato é que riu muito intimamente, sentiu-se vingada e, no fim do dia, voltou para sua maravilhosa vida em Sampa, não deixando de, no íntimo, agradecer aquele povo que, com seus comportamentos, lhe deram forças e coragem para dar uma volta por cima e transformar-se em outra pessoa.

Esse fictício exemplo mostra que, quando queremos...também podemos! Jamais nos acomodarmos e achar que não temos capacidade para realizar nossos sonhos. Lógico que temos que enfrentar uma grande luta, porém seja sempre guerreiro meu amigo ou amiga! Se outros podem, vocês também podem, pois, não existem pessoas mais especiais do que vocês!

Antonio Nunes de Souza, escritor,


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