Total de visualizações de página

quarta-feira, 26 de julho de 2017

LEMBRAM A PADRE JACQUES HAMEL: “O ÓDIO NÃO TRIUNFOU E NÃO TRIUNFARÁ”

Entre os presentes, o presidente francês Emmanuel Macron e representantes de outras religiões e autoridades civis

                                                                                                                  26 JULHO 2017
El Presidente Francés Macron, En La Conmemoración Del Padre Jacques


(ZENIT -Roma, 26 Jul. 2017).- O arcebispo de Rouen na França, Dominique Lebrun, celebrou na manhã desta quarta-feira a missa em memória de Padre Jacques Hamel, assassinado um ano atras no igreja de Saint-Etienne du-Rovray por dos terroristas do Isis.

Na Radio Vaticano entrevistaram o arcebispo e lembraram que o Papa na missa em sufrágio pelo sacerdote, celebrada em 14 de setembro de 2016 na Capela da Casa Santa Marta , o Papa Francisco disse: “Hoje existem cristãos assassinados, torturados, presos, degolados, porque não renegam Jesus Cristo. Nesta história, chegamos ao nosso Padre Jacques: ele faz parte desta cadeia de mártires”.

Entre os presentes, o presidente francês Emmanuel Macron e representantes de outras religiões e autoridades civis. Na celebração foram depositadas flores diante da Cruz da procissão, colocada ao lado do Círio Pascal e da imagem de Nossa Senhora, profanada pelos dois terroristas.

Ao final da cerimônia foi descerrada uma placa em memória do sacerdote mártir no jardim da paróquia. A sua vida oferecida por amor é como “uma semente destinada a dar frutos”, afirmou o prelado.

“Um sacerdote simples que nos deixou o fruto da paz”, disse em síntese aos microfones da Rádio Vaticano Dom Dominique Lebrun, recordando Padre Jacques Hamel:

“Este sacerdote é sem sombra de dúvida um sacerdote diocesano, simples, em quem todos podem encontrar o padre que esteve na escuta, que acolheu os pedidos, que falou de uma passagem do Evangelho. Não era conhecido por iniciativas extraordinárias, momentos fortes de evangelização. Era somente um sacerdote simples, de bairro”.

E indicou que “o seu sangue fala de toda a sua vida e fala do sangue de Cristo. Ele deu a vida quando recém havia acabado a celebração da Missa, onde disse: “Este é o meu corpo, corpo traspassado, corpo oferecido”. E hoje na França, mas acredito que também em todo o Ocidente, se recorda justamente o coração da nossa fé, porque o martírio faz parte da vida cristã, talvez tenhamos esquecido. Amar é doar, mesmo a cada dia, oferecer a própria vida”.

“Pessoalmente -indicou Dom Lebrum- posso dizer que esta trágica situação, em que tantas pessoas se sentiram feridas, poderia ter gerado lutas, discussões, conflitos. O que observo, pelo contrário, é a paz nas nossas relações, quer com os muçulmanos, quer com o prefeito comunista, quer com as diversas pessoas da comunidade cristã católica, opiniões que sabemos muito bem serem muito diferentes. Há um ano as coisas se desenvolvem na paz com opiniões diferentes, mas em que podemos nos expressar uns aos outros”.

https://pt.zenit.org/articles/lembram-a-padre-jacques-hamel-o-arcebispo-de-rouan-o-odio-nao-triunfou-e-nao-triunfara/

* * *

SEXTA SUPER DO FERIADO É COM SÉRGIO E ZANZA NA AABB

Sérgio Pezza e Zanza Oliver na Cabana do Tempo.

Casal musical eletriza a sexta festiva de Itabuna na AABB


Poucos músicos conseguem transmitir e receber de volta tanta energia da plateia como Sérgio Pezza e Zanza Oliver. Casal com estilo suave e ao mesmo tempo eletrizante de cantar MPB, os dois estarão no espaço que resgatou a musicalidade das noites de sexta-feira em Itabuna: a Cabana do Tempo da AABB.

A apresentação é nesta sexta (28), a partir das 8 da noite, no feriado de aniversário da cidade. Dentro da mesma AABB que, por sinal, pouco antes recebe as personalidades destacadas com a Comenda Firmino Alves no seu Salão Social, em uma cerimônia organizada pela Prefeitura de Itabuna.

Nesse horário, a entrada no clube é liberada a todos interessados em vibrar com boa música, independentemente de serem sócios ou não da AABB. Pode vir com toda segurança que a entrada e o estacionamento dentro do clube são livres. Dá para trazer os amigos, a família e até as crianças, que contam com um parque equipado e área verde para brincar à vontade.

A AABB Itabuna fica na Rua Espanha s/n, travessa da Rua Europa Unida, no São Judas. Quem vem pela Av. Juracy Magalhães (chegando do litoral), o acesso é pela Ponte Calixto Midlej (Vila Zara). E quem vem da BR-101 (do interior) o caminho é pela Beira-Rio via Shopping e bairro Conceição. Os telefones do clube são (73) 3211-4843 e 3211-2771 (Oi fixo).


Contato
Raul Vilas Boas: tels. (73) 9.9112-8444 (Tim) / 9.8888-8376 (Oi)

Assessoria de Imprensa

Carlos Malluta: tels. (73) 9.8877-7701 (Oi) / 9.9133-4523 (Tim)

* * *

A ARTE DE SER AVÓ – Rachel de Queiroz

A arte de ser avó

            Netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu. É, como dizem os ingleses, um ato de Deus. Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto, como o filho adotado: o neto é realmente o sangue do seu sangue, filho de filho, mais filho que o filho mesmo...

            Quarenta anos, quarenta e cinco... Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem as suas alegrias, as suas compensações - todos dizem isso embora você, pessoalmente, ainda não as tenha descoberto - mas acredita.

            Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade. Não de amores nem de paixões: a doçura da meia-idade não lhe exige essas efervescências. A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as suas crianças? Naqueles adultos cheios de problemas que hoje são os filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento a prestações, você não encontra de modo nenhum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres - não são mais aqueles que você recorda.
  
            E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis - nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino seu que lhe é "devolvido". E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário, causaria escândalo e decepção se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.

            Sim, tenho certeza de que a vida nos dá os netos para nos compensar de todas as mutilações trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis. Aliás, desconfio muito de que netos são melhores que namorados, pois que as violências da mocidade produzem mais lágrimas do que enlevos. Se o Doutor Fausto fosse avó, trocaria calmamente dez Margaridas por um neto...

            No entanto - no entanto! - nem tudo são flores no caminho da avó. Há, acima de tudo, o entrave maior, a grande rival: a mãe. Não importa que ela, em si, seja sua filha. Não deixa por isso de ser a mãe do garoto. Não importa que ela, hipocritamente, ensine o menino a lhe dar beijos e a lhe chamar de "vovozinha", e lhe conte que de noite, às vezes, ele de repente acorda e pergunta por você. São lisonjas, nada mais. No fundo ela é rival mesmo. Rigorosamente, nas suas posições respectivas, a mãe e a avó representam, em relação ao neto, papéis muito semelhantes ao da esposa e da amante dos triângulos conjugais. A mãe tem todas as vantagens da domesticidade e da presença constante. Dorme com ele, dá-lhe de comer, dá-lhe banho, veste-o. Embala-o de noite. Contra si tem a fadiga da rotina, a obrigação de educar e o ônus de castigar.

            Já a avó, não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do imprevisto. Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas não programadas. Leva a passear, "não ralha nunca". Deixa lambuzar de pirulitos. Não tem a menor pretensão pedagógica. É a confidente das horas de ressentimento, o último recurso nos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de rebeldia. Uma noite passada em sua casa é uma deliciosa fuga à rotina, tem todos os encantos de uma aventura. Lá não há linha divisória entre o proibido e o permitido, antes uma maravilhosa subversão da disciplina. Dormir sem lavar as mãos, recusar a sopa e comer roquetes, tomar café - café! -, mexer no armário da louça, fazer trem com as cadeiras da sala, destruir revistas, derramar a água do gato, acender e apagar a luz elétrica mil vezes se quiser - e até fingir que está discando o telefone. Riscar a parede com o lápis dizendo que foi sem querer - e ser acreditado! Fazer má-criação aos gritos e, em vez de apanhar, ir para os braços da avó, e de lá escutar os debates sobre os perigos e os erros da educação moderna...

            Sabe-se que, no reino dos céus, o cristão defunto desfruta os mais requintados prazeres da alma. Porém, esses prazeres não estarão muito acima da alegria de sair de mãos dadas com o seu neto, numa manhã de sol. E olhe que aqui embaixo você ainda tem o direito de sentir orgulho, que aos bem-aventurados será defeso. Meu Deus, o olhar das outras avós, com os seus filhotes magricelas ou obesos, a morrerem de inveja do seu maravilhoso neto!

            E quando você vai embalar o menino e ele, tonto de sono, abre um olho, lhe reconhece, sorri e diz: "Vó!", seu coração estala de felicidade, como pão ao forno.

            E o misterioso entendimento que há entre avó e neto, na hora em que a mãe o castiga, e ele olha para você, sabendo que se você não ousa intervir abertamente, pelo menos lhe dá sua incondicional cumplicidade...

            Até as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto: o bibelô de estimação que se quebrou porque o menininho - involuntariamente! - bateu com a bola nele. Está quebrado e remendado, mas enriquecido com preciosas recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beiço pronto para o choro; e depois o sorriso malandro e aliviado porque "ninguém" se zangou, o culpado foi a bola mesma, não foi, vó? Era um simples boneco que custou caro. Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague...


(O BRASILEIRO PERPLEXO, 1964)

Rachel de Queiroz

* * *