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quinta-feira, 11 de julho de 2019

A MORENA DE ONTEM - Antônio Baracho


                 
Por onde andará, como viverá, o que será feito hoje em dia daquela garota de cabelos castanhos, olhos cor de mel, um sorriso formoso e atraente?

                Ambos andávamos pelos 14 anos de idade e ela menina-moça já de formas físicas de adolescente, era a atração de todos. Até os mais velhos sentiam-se seus prisioneiros.

                Uma das suas grandes forças era atrair amigos, especialmente rapazes; era uma espécie de cerco afetivo de jovens. Sobre eles, ela exercia maior simpatia, maior entusiasmo.

                Sempre tinha gestos e expressões delicadas, expressões afetuosas, tratamento carinhoso em parte, pela sua instintiva ternura. Tinha um donaire real de uma linda princesa que se orgulha da sua altíssima linhagem, com a sua índole açucarada.

                Desde tenra idade era um doce, uma flor de pessoa, de especial trato que a todos dispensava. Esse seu jeito era muito espontâneo, muito livre, muito natural. Fico-me a ver-lhe o porte elegante de corpo inteiro, da cabeça aos pés, da pele cor de jambo, dos olhos cor de mel, o jeito de andar, a cintura delgada e as pernas torneadas.

                Durante muitos anos foi a rainha da beleza, mesmo sem pleito e sem coroação, o seu primeiro lugar era garantido por pobres e ricos, por quantos a conheciam.

                Volvidos tantos anos, seus olhos continuavam cor de mel, porém o cabelo já não era castanho e a graça de outrora estava reduzida a quase nada. Mesmo assim, quem a conheceu no passado lembrava aquela adolescente que tinha um extraordinário poder de atração.


ANTONIO BARACHO – Poeta, psicólogo.
Membro da Academia Grapiúna de Letras- AGRAL, ocupante da cadeira nº 11.
Tel. (73) 99102-7937 / 98801-1224


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