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terça-feira, 18 de janeiro de 2022

ITABUNA CENTENÁRIA UM SONETO: AS POMBAS – Raimundo Correia



As Pombas

Raimundo Correia

 

Vai-se a primeira pomba despertada,

Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas

De pombas vão-se dos pombais, apenas

Raia sanguínea e fresca a madrugada.

 

E à tarde, quando a rígida nortada

Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,

Ruflando as asas, sacudindo as penas,

Voltam todas em bando e em revoada.

 

Também os corações onde abotoam,

Os sonhos, um por um, céleres voam,

Como voam as pombas dos pombais;

 

No azul da adolescência as asas soltam,

Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,

E eles aos corações não voltam mais!

 

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Raimundo da Mota Azevedo Correia, o mais célebre dos parnasianos brasileiros, foi autor de famosos sonetos e de famosas poesias que podem ser consideradas das melhores da língua. Nasceu a bordo de um navio surto num porto do Maranhão em 13/05/1860 e faleceu em Paris em 13/09/1911. Na vida civil foi professor de Direito, magistrado e diplomata. Publicou: “Primeiros Sonhos” (1879), “Sinfonias” (1882), “Versos e Versões” (1886), “Aleluias” (1890). Em 1898 coligiu suas principais produções poéticas num volume a que deu o título “Poesias”; 2ª Edição1906; 3ª Edição 1910; 4ª Edição 1922. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira nº 5, que tem por patrono Bernardo Guimarães e onde teve por sucessores Osvaldo Cruz e Aloísio de Castro. Suas “Poesias Completas”, a cargo de Múcio Leão, foram editadas em dois volumes em São Paulo em 1948.

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