Venezuelanos impedidos pela guarda bolivariana de atravessar
a fronteira com o Brasil, onde desejavam comprar alimentos para suas famílias
♦ Santiago Escobar
Aumenta a cada dia a pressão nacional e internacional pela
saída do ditador venezuelano Nicolas Maduro e, em consequência, o fim de sua
agenda política chamada “revolução bolivariana”.
No dia 2 de fevereiro recordamos com execração os 20 anos da
ascensão ao poder do tirano Hugo Chávez Frias, que mergulhou o país na pior
crise de sua história em nome do “bolivarianismo”, uma utopia marxista criada
para a esquerdização do continente latino-americano. Essa ideologia abertamente
socialista estava comprimindo a Venezuela e empurrando-a para uma situação
virtualmente sem saída, na qual está sendo debatida atualmente.
O mundo inteiro conhece o sofrimento do povo venezuelano por
causa da grave crise que permeou todas as instituições da lei natural, como a
família, a propriedade privada etc. Essa franca ditadura socialista transformou
uma das nações mais prósperas da América Latina em um país com uma das maiores
hiperinflações do mundo, atingindo quase 10.000.000%[i].
Por que aconteceu tudo isso com a Venezuela? — Por uma perda
sistemática de fé e valores morais, cuja consequência foi levar os venezuelanos
a eleger Hugo Chávez como presidente.
Como circunstância agravante, houve um aumento de cultos e
feitiços esotéricos que se espalharam por todas as camadas da sociedade.
Jovens da TFP venezuelana numa campanha em Caracas
Não posso deixar de mencionar que existia na Venezuela uma
organização de jovens católicos idealistas que por muitos anos denunciaram toda
essa crise e, por razões de suma injustiça, foram difamados e expulsos de seu
próprio país. Refiro-me aos jovens da TFP venezuelana, criticados alguns anos
depois por Chávez e Maduro como militantes de uma das “piores” entidades
possíveis, “fascista”[ii] e “seita de direita”[iii], por defender a tradição a família e a
propriedade.
Uma das consequências da ditadura comunista é a emigração de
mais de 2,3 milhões de venezuelanos, ou seja, 7% da população, que, carentes de
tudo, se refugiam em países limítrofes, na maioria das vezes passando pelas
piores situações.
É por isso que fazemos um memento pela Venezuela, para que a
Divina Providência, por intercessão especial de Nossa Senhora de Coromoto,
Padroeira do País, mais uma vez perdoe e ajude seus filhos venezuelanos que
sofrem sob o peso da bota comunista que os oprime.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo
Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “A vós,
que me escutais, eu digo: Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos
odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos
caluniam.
Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a
outra. Se alguém te tomar o manto, deixa-o levar também a túnica.
Dá a quem te pedir e, se alguém tirar o que é teu, não peças
que o devolva. O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também
vós a eles.
Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa
tereis? Até os pecadores amam aqueles que os amam.
E se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que recompensa
tereis? Até os pecadores fazem assim.
E se emprestais somente àqueles de quem esperais receber,
que recompensa tereis? Até os pecadores emprestam aos pecadores, para receber
de volta a mesma quantia.
Ao contrário, amai os vossos inimigos, fazei o bem e
emprestai sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será
grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os
ingratos e os maus. Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é
misericordioso.
Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não
sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e vos será dado. Uma
boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo;
porque, com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis
medidos”.
“Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é
misericordioso” (Lc. 6,36)
Tornar presente o Pai como Amor e Misericórdia foi, para
Jesus, o cerne de sua missão: toda a sua vida foi uma eloquente demonstração da
misericórdia divina para com a humanidade. Jesus, que encarna e torna visível
no mundo a misericórdia do Pai, se faz também misericordioso. Anuncia aos
pecadores que eles não estão excluídos do amor do Pai, mas que Ele os ama com
infinita ternura. O Evangelho só aparece como Boa-Nova se compreendermos esta
novidade introduzida por Jesus. Ele, em sua presença misericordiosa, revela um
Deus desprovido de dogmatismos, de controle e de poder. O Deus de Jesus não é
um juiz com um catálogo de leis que tem necessidade de mandar, controlar,
verificar; o seu Deus é o Deus da misericórdia, da bondade sem limites e da
paciência para com todos.
Jesus propõe um modo de ser humano inseparável da
misericórdia do Pai:
“Sede misericordiosos como o Pai é misericordioso” (Lc. 6,36)
Ser misericordioso “como” Deus constitui o mais elevado
convite e a mensagem mais profunda que o ser humano recebe sobre como tratar a
si mesmo e aos outros. Deus, em sua misericórdia reconstrutora, libera em
nós as melhores possibilidades, riquezas escondidas, capacidades, intuições...
e nos faz descobrir em nós, nossa verdade mais verdadeira de pessoas amadas,
únicas, sagradas, responsáveis... É ele que “cava” no nosso coração o espaço
amplo e profundo para nos comunicar a sua própria misericórdia. A força criativa
do seu amor misericordioso põe em movimento os grandes dinamismos de nossa
vida; debaixo do modo paralisado e petrificado de viver, existe uma
possibilidade de vida nova nunca ativada.
A experiência de misericórdia gera em nós uma atitude
correspondente de misericórdia. O Deus misericordioso cria em nós um coração
novo, feito de acordo com o Seu, capaz de misericórdia (“bem-aventurados os
misericordiosos porque alcançarão misericórdia”). É exatamente este o maior
sinal da sua Misericórdia: ama-nos a ponto de enviar-nos ao mundo como
instrumentos de Sua reconciliação, pondo em nosso coração um Amor que vai além
da justiça.
A misericórdia é não só o atributo primeiro de Deus, mas
também a mais humana das virtudes. É aquela que melhor revela a natureza do Deus
Pai e Mãe de infinita bondade. É a que revela igualmente o lado mais luminoso
da natureza humana. Por isso é a que mais humaniza as relações entre as
pessoas.
A misericórdia presente em nós é modelada e alimentada pela
Misericórdia divina, que se visibiliza no perdão, na compaixão, no consolo, na
ternura, no cuidado... Nossa atitude misericordiosa nos configura à imagem do
Deus misericordioso. É onde somos mais semelhantes a Ele. A misericórdia como
estilo-de-vida cristã nos descentra de nós mesmos e nos faz descer em direção
ao outro, numa atitude de pura gratuidade. A vivência da misericórdia nos
torna realmente livres, e isso nos proporciona profunda alegria
interior.
Uma misericórdia superabundante, generosa... é gesto
gratuito e positivo de encontro, de acolhida, de cordialidade, que se torna
hábito de vida: ser “presença misericordiosa”. A espiritualidade da
misericórdia contém em si a gratuidade do relacionamento, a dimensão
desinteressada da doação. É a partir da misericórdia que a pessoa é capaz de
amar os inimigos, de fazer o bem aos que a odeiam, de bendizer os que a
amaldiçoam, de oferecer a outra face, de emprestar sem esperar recompensa, de
perdoar sem limites...
A misericórdia é humilde e não humilha, porque é discreta e
silenciosa. Ser presença misericordiosa não significa pôr o outro de joelhos
para que reconheça seus erros; ela nasce de um coração “educado” pela
Misericórdia divina e se manifesta externamente com uma atitude mansa e
condescendente. Essa Misericórdia é uma força poderosa, não se rende diante do
mal, porque é sempre capaz de redes-cobrir o bem ou de salvar a intenção do
próximo, de abrir-lhe novamente a esperança...
Entrar no movimento da misericórdia humaniza e cristifica
essencialmente a pessoa, porque a misericórdia constitui “a estrutura
fundamental do humano e do cristão”. Fundamentalmente, a misericórdia significa
assumir como própria a miséria do outro, inicialmente como sentimento que
comove, mas que, logo em seguida, leva à ação. Ela brota das “entranhas” e se dirige
instintivamente ao próximo na forma de proximidade, acolhida e compaixão.
Misericórdia é exatamente: “ter coração” para o outro, dando
preferência aos pequenos e pobres.
A misericórdia é a caridade que “toma mãos e pés”, ou seja,
o amor que se expressa em uma ação decidida e generosa, capaz de transformar e
libertar. Em hebraico, a palavra “misericórdia” – “rahamim”, significa ter
entranhas como uma mãe. É comover-se diante da situação de fragilidade do
outro; é sentir-se intimamente afetado e, por isso, com a disposição de ser
magnânimo, clemente e benevolente para com ele. A misericórdia recebida e
experimentada é a base da atitude compassiva, não como ato ocasional mas como
estilo de vida evangélico. Torna-se o fundamento e a perene inspiração de uma
existência de par-tilha e solidariedade.
Ser presença misericordiosa é um “modo de proceder”, um
“estilo de vida” que não está ligado a uma transgressão; é muito mais um estilo
de bondade, compreensão, magnanimidade, estilo de quem não se fixa no que o outro
merece nem se escandaliza com sua miséria. "Devemos ser presença
misericordiosa como pecadores, e não como justos”.
A misericórdia é fundamentalmente uma mensagem de estima e
confiança no outro, crer na sua amabilidade. Por isso, a presença misericordiosa
é força que provoca no outro a re-descoberta de sua própria identidade (uma
pessoa amada e acolhida pelo Deus misericordioso) e ao mesmo tempo desata nele
as ricas possibilidades de vida que estavam latentes.
Quem é misericordioso está convencido de que o irmão é
melhor que aquilo que aparenta ser. A misericórdia é expansiva, ela abre um
novo futuro e ativa os melhores recursos no interior de cada um. Ela não se
limita ao erro, mas impulsiona o outro a ir além de si mesmo.
Onde não há misericórdia, não há sequer esperança para o ser
humano.
Textos bíblicos: Lc 6,27-38
Na oração:
- Pedir maior consciência do Amor Misericordioso do Pai por
você; que você possa deixar-se surpreender pelo Amor criativo do Deus
Pai/Mãe... e participar em sua festa de reconciliação.
- Ao mesmo tempo, pedir um coração “desarmado”, pronto a
re-criar (perdoar é re-criar, é dar oportunidade para alguém viver de novo).
- Entrar no “fluxo” da misericórdia divina: ser canal por
onde ela circula para chegar até os outros.