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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

EXTRA! EXTRA! FOLHA CHAMA CRIMINOSO DE… CRIMINOSO!

27 de janeiro de 2017

A gente pega no pé da “fake news”, aplica a Caneta Desesquerdizadora nela, coloca os pingos nos is, cobra coerência e tudo mais. Mas quando a grande imprensa acerta, também precisamos reconhecer. Foi o caso dessa chamada no UOL da Folha:

Pode ser uma simples troca de estagiário? Pode, claro. Ou, como disse um amigo meu, jornalista de Goiás: “O que aconteceu com a Folha? Será que o Frias foi abduzido? Ela chama os bandidos que tentaram assaltar um shopping em Osasco de ‘bandidos’ e ‘criminosos’. Justo a Folha para quem todo bandido é ‘suspeito’ ou ‘jovem’, como ironizou um leitor”.

É verdade. Não foram adolescentes ou jovens que teriam sido “assassinados” pela política. Foram criminosos mortos mesmo! Parabéns! Tirou meu chapéu para a objetividade do jornal (a que ponto chegamos de celebrar isso?). Eis a notícia:
Dezenas de disparos foram ouvidos dentro e fora do shopping União, em Osasco (Grande São Paulo), na manhã desta sexta-feira (27), após uma tentativa de assalto. Na fuga, quatro bandidos –que estariam armados com fuzis– foram baleados, segundo a polícia.

Eles estavam em uma Tucson preta e bateram em um ônibus intermunicipal na avenida Presidente Altino, na altura da avenida Alexandre Mackenzie. Houve troca de tiros após o acidente e dois dos assaltantes morreram. Um outro veículo, um Veloster branco, onde estariam outros suspeitos, não foi alcançado. A polícia não sabe dizer quantos indivíduos estavam no veículo.

Dos feridos, um foi levado para o Hospital Regional de Osasco e outro para a Santa Casa, na capital, de acordo com a PM. Não há informações sobre o estado de saúde deles.
O grifo é meu, para destacar esse milagre! E vejam só as armas desses “jovens”, você que aplaude o “desarmamento” civil:

Fonte: UOL
Continua aí, de boas, achando o máximo a política de “desarmamento” só dos cidadãos honestos…
Bem, pelo menos esse caso terminou bem, com os marginais mortos no confronto com a polícia, como deve ser. E parabéns ao jornal, que chamou as coisas pelo nome. Está vendo só, Frias, como não dói nada? Vê se a partir de agora obriga a rapaziada a chamar bandido de bandido e marginal de marginal, ok?

Rodrigo Constantino

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Rodrigo Constantino

Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.


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SEGURANÇA DO SUPREMO FALHOU NO CASO TEORI - Odilon de Oliveira

Segurança do Supremo falhou no caso Teori  
Odilon de Oliveira


Tenha ou não sido criminosa a queda do avião em que viajava Teori, certo é que, na condição de relator da Lava-Jato, operação de alcance internacional e cobrindo, no Brasil, centenas de empresários e políticos, incluindo o Presidente da República, esse ministro jamais poderia fazer uso desse tipo de aviação.Também pelo fato de ficarem hangarados durante muito tempo, em locais sem vigilância, essas aeronaves podem ser facilmente sabotadas.

A importância do caso de que cuidava, ainda que em férias ou fora do serviço, Teori, no mínimo, teria que se valer da aviação comercial, pouco exposta a sabotagem e menos sujeita a acidentes, ou voar em avião da Força Aérea Brasileira. Jamais se deslocar em carro sem blindagem, e andar sempre com escolta composta também por policiais federais.Isto não é regalia, mas medida para proteger relevantes interesses nacionais. 

O interesse não era do Ministro Teori, mas da nação brasileira, pelo que os cuidados com sua segurança não podiam depender da vontade dele. Não se trata de opção da autoridade a ser protegida, mas de imposição do Poder Público. Em jogo, no caso, além do interesse pessoal e familiar na proteção do ministro, estavam interesses nacionais e internacionais. É obrigação da autoridade aceitar a proteção e os rigores dela, ainda que a situação, como é comum, acarrete-lhe constrangimentos.

Caminho por essa seara não como curioso, mas na condição de juiz federal criminal há trinta anos, dezoito dos quais com proteção da Polícia Federal, ininterruptamente. Quem decide sobre o nível de segurança é o órgão que a presta, e não o protegido. Do mesmo modo, é o coordenador da segurança, ou, circunstancialmente, o chefe da escolta quem dá a palavra final sobre o que deve ou não fazer o protegido, isto para ser evitada situação de risco.

 O Ministro Teori sequer se encontrava com escolta, embora a própria natureza da operação que comandava, como relator, não deixasse a menor dúvida sobre o alto grau de risco a que se sujeitava. Dúvida também não pode haver de que o setor de segurança do Supremo Tribunal Federal falhou por incompetência. A mesma negligência não pode acontecer com o Juiz Federal Sérgio Moro, inegavelmente na mira de centenas de investigados na Operação Lava-Jato, muitos já condenados por ele.

 Infelizmente, o Brasil, líder em audiência no mundo da criminalidade, afrontado por facções que superam, em crueldade, o Estado Islâmico, não tem uma cultura de segurança de autoridades. Trata-se de matéria completamente negligenciada, não obstante muitos assassinatos tenham ocorrido inclusive de alguns magistrados atuantes na esfera criminal. A situação brasileira impõe a criação de uma doutrina a respeito, assentada em eficiente normativo, que ainda não existe, no âmbito dos três Poderes da República. Isto é o básico para proteger quem lida com essa criminalidade arrogante e sem limite.


*Odilon de Oliveira é juiz federal criminal há 30 anos, dos quais 18 sob a proteção policial ininterrupta, e titular da 3ª federal em Campo Grande - MS)*



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TERRAS DE ITABUNA: O Rio Cachoeira

O Rio Cachoeira


          Os animais suados baixaram a cabeça e começaram a beber água do rio.      
          - Este é o velho rio Cachoeira.
          - Sim, companheiro, este é o rio Cachoeira. Há dez anos, Há vinte anos, há trinta anos, há muitos anos mesmo, o conheço correndo em busca de Itabuna, em procura, depois, de Ilhéus e do mar, onde ele desaparece. Tudo por esta Ferradas mudou. Onde está a casa da fazenda de Porfírio Ribeiro, a casa comercial de Arquimedes Amazonas, de Antonio Olímpio, do velho Botelho, de Antonio Pereira?
          - Trabalhei a estes homens, quando eles eram, ainda, pobres. Hoje são ricos, e Antonio Pereira já morreu.
          - Mas, companheiro, o rio também, lá em cima, em Itapé, mudou de nome. De lá, em diante, ele é conhecido, de um lado, como o rio Colônia e do outro como o rio Salgado. Assim também  é a vida da gente. Na mocidade, uma coisa, na velhice, outra coisa. Na mocidade a gente tem o corpo quente e as ideias fervilhantes, na velhice, o corpo começa a esfriar e as ideias também.
          - Conhece, você, companheiro, a história de Tabocas, que hoje é Itabuna. Conhece a vida de Firmino Alves, de Militão Oliveira, de Henrique Alves, de Gileno Amado, desses homens que descobriram e ajudarem a construir este município?
          Há tanta coisa na luta da vida dessa gente, que dá uma história, uma história das mais encantadoras das terras brasileiras, destas bandas do cacau.
          Mas deixemos isto para o lado. Vou narrar-lhe primeiro a de Ferradas, que estamos chegando, onde Frei Ludovico de Liorne fincou a cruz de Jesus, na obra da catequese dos índios, para, depois, os brancos desbravadores plantarem a civilização que cresceu nestas paragens e, agora, começa e regredir no povoado, como este rio, que principia a secar batido pelo sol e sacrificado pelas derrubadas das matas dos criadores de gado do Colônia.
          Já é tarde, companheiro, vamos apear ali, adiante, na rancharia, e passar a noite matando pulgas e conversando para passar o tempo...

(Capítulo I do livro TERRAS de ITABUNA)

Carlos Pereira Filho

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O CANTO DOS CEGOS - Arnaldo Niskier


O canto dos cegos

Desde que assumi a presidência do CIEE/Rio, preocupo-me com as atividades dos indivíduos portadores de deficiências físicas. No Brasil, segundo dados do Censo, existem 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual severa, das quais 506 mil são irremediavelmente cegas. Ocorreu-me, então, propor ao professor Carlos Alberto Serpa, presidente da Fundação Cesgranrio, a criação de um organismo, em parceria com o CIEE, para dar vida ao Coral Sidney Marzullo, em homenagem a quem se dedicou, na União dos Cegos, a um longo trabalho voltado para os deficientes visuais.

Com muita alegria — e muito trabalho — foi possível fazer a primeira apresentação do Coral Sidney Marzullo, no Espaço Tom Jobim, situado no Jardim Botânico, sob a regência do maestro Eder Paolozzi, também diretor artístico e regente da Orquestra Sinfônica Cesgranrio, que se apresentou na mesma noite de estreia. De início, foram separadas 20 vagas (das quais foram aproveitadas 15, na sessão inaugural). Era de se ver o entusiasmo da preparadora vocal Luiza Lima, adaptando os métodos tradicionais às necessidades específicas das pessoas com deficiência visual. Estamos oferecendo as letras das músicas em braille, para facilitar o aprendizado das canções sugeridas, as primeiras das quais partiram da nossa iniciativa: “O trenzinho do caipira”, música de Villa-Lobos e letra do poeta recém-falecido Ferreira Gullar, nosso colega da Academia Brasileira de Letras, e “ABC do sertão”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas. Logo vai se incorporar ao repertório o clássico “Cidade Maravilhosa”.

Deve ser assinalado que a noite de estreia foi um sucesso completo. Estamos providenciando novas letras em braille e uma programação para 2017, a fim de ampliar a experiência desse primeiro grupo e incorporar mais outros elementos ao coral. O ideal é dobrar o número de integrantes.

É importante frisar o compromisso do CIEE com os deficientes físicos. Fizemos um convênio com a Embratel e contratamos um grande número deles para realizar trabalhos efetivos, mesmo reconhecidas as suas limitações. Outra experiência vitoriosa é a realizada com a Unicarioca (Construindo com a Diversidade). Depois de uma palestra efetuada no Instituto Benjamin Constant, Deivison Luiz Dias Barrreto, de 26 anos, é um case de sucesso. Foi contratado pela Unicarioca e hoje ocupa o cargo de operador de telemarketing da instituição. São suas palavras: “Aprendi que, mesmo com a deficiência, é possível crescer e se desenvolver no mercado de trabalho igual a qualquer pessoa. Fazendo parte do projeto, consegui uma vaga no mercado de trabalho, tornei-me mais responsável e independente, além de poder passar para outras pessoas o exemplo de que é possível, basta não desistir.”

É claro que Deivison não é um caso isolado na Unicarioca, pois as oportunidades estão abertas a outros deficientes, desde que movidos pela mesma e inquebrantável força de vontade. Nesse aspecto, vivemos novos tempos.

O Globo, 17/01/2017



Arnaldo Niskier - Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da ABL, eleito em 22 de março de 1984, na sucessão de Peregrino Júnior e recebido em 17 de setembro de 1984 pela acadêmica Rachel de Queiroz. Recebeu os acadêmicos Murilo Melo Filho, Carlos Heitor Cony e Paulo Coelho

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