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segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

QUERIDO NETO GABRIEL- Cyro de Mattos


Querido Neto Gabriel
Crônica de Cyro de Mattos


            Os seus avós querem   dizer  a você que Deus é o Criador de todos os seres e todas as coisas. Está em todo lugar, não tem princípio nem fim porque é eterno.  Ele é todo poderoso e todo generoso. Ele nos deu a vida, nosso bem maior. Durante milênios, os seres humanos vêm  mostrando que não sabem amar uns aos outros, mas que gostam mesmo é de maquinar com o feio, fazendo o mal ao próximo. Gostam de se afastar do bem. E Deus, nosso Pai, está sempre nos perdoando com sua infinita misericórdia diante das coisas malignas que, todos os dias,  não cansamos de inventar.

            É fácil ver Deus quando o passarinho canta e inaugura a manhã com seu canto de músico festivo. Quando a formiga, de folhinha em folhinha, vai carregando o alimento para a sua morada, que fica debaixo do chão. E lá dentro vai armazenar a comida que serve para alimentá-la e às suas companheiras. É fácil ver Deus  quando o sol amanhece e vem clarear o dia com tudo que Ele pôs no mundo para ser visto e alcançado  pelos seres humanos.

            Você poderá me dizer que é difícil ver Deus quando no mundo existe tanta guerra, com o homem que mata o outro homem, ás vezes mata e não enterra, enquanto os animais matam para comer e sobreviver ou em defesa dos filhotes. Pois é, meu neto, nem tudo sabemos explicar sobre Deus. Quando vemos, por exemplo, um terremoto arrasar cidades, matar centenas de inocentes, ficamos sem saber por que Deus não apareceu para evitar tamanha calamidade. Ficamos também sem saber por que Deus nos inventou para viver a maravilha da vida e depois morremos. Quando acontece a morte, por doença ou acidente, de cada um de nós, ficamos só tristeza, porque nunca mais vamos  conviver com o ente querido que se foi sem volta.  E saberemos que para tudo se tem jeito menos para a indesejada. Tudo que é vivo um dia morre.

            Quando achamos que o preto é inferior por ter nascido de cor e que o pobre é igual a cachorro, fornecemos à vontade ensinamentos  perversos para que corram no tempo da dura lei da vida, habitem os nossos corações com  toda a carga de opressão e desigualdade. E assim são tantas coisas que nos abalam e nos deixam entristecidos, sem saber por que Deus consente que aconteçam, ao invés de evitar a sua proliferação.

            Nessas horas é difícil explicar Deus. E Deus se explica? O melhor é sentir Deus, explicar é complicado. Acreditar que Ele nos fez para que com mãos  nas mãos uns ajudem aos outros, o que ainda não conseguimos aprender a fazer, até quando? Nessa guerra que todo os dias existe por aí, de cada um só pensar em si, nós não fazemos nossa parte, só queremos que Deus esteja do nosso lado e o diabo no dos outros.

            Assim fica difícil  viver e andar em paz com Deus. Mas uma coisa é certa, sem Deus no coração e no pensamento, o homem é um ser solitário, vive na escuridão, na depressão, na perseguição, na solidão, na obsessão de ter as coisas materiais. Para quê? Porque pensa que quanto mais rico for será o dono do mundo. Cuidado, meu neto, aí pode residir o maior perigo. De dono das coisas, você pode passar a ser escravo delas. Nem tanto o céu nem tanto a terra. Bom é o equilíbrio, com Deus no coração. E, como disse o poeta, tudo vale a pena se a alma não é pequena.

            Aprendi com o tempo que um abraço dado de bom coração alimenta tanto quanto uma bênção ou bons pedaços de pão. Terminando, receba agorinha mesmo esse beijão de vô e vó, pelo seu aniversário.
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Cyro de Mattos é escritor e poeta. Membro da Academia de  Letras da Bahia. Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz.

* * *

O BOM VIZINHO - João de Paula


Você pode ser um bom vizinho.
O bom vizinho existe sim, com amor, bondade e generosidade em suas ações.

Sempre é tempo de amar... 
Sempre é tempo de ser bom...
Sempre é tempo de generosidade...
Sempre é tempo de servir...
Sempre é tempo de surpreender...
Sempre é tempo de dar presentes...
Sempre é tempo de ser um bom amigo, um bom companheiro, um
bom vizinho, uma pessoa benquista e especial.


Eu e minha amada esposa, Expedita Maciel, resolvemos passar uma temporada fora de nossa cidade de origem Itabuna, para a cidade das águas Dias D`avila, perto da capital Salvador, na Bahia.

Alugamos na cidade de Dias D`Ávila um apartamento – Um dia desse eu até brinquei dizendo: “A cidade é tão quente, que o urubu voa com uma asa e com a outra ele fica se abanando". A sorte é que a gente bebe e toma banho com água mineral de primeira qualidade – Um apartamento para passarmos as festividades de Natal e de Réveillon, porque de carro fica meia hora da capital da Bahia.

Vivendo há 45 dias na cidade, no condomínio Imbassay, o vizinho conhecido como seu Leal, percebeu que eu estava lavando a “roupa suja” sem ser na máquina de lavar, ou no tanquinho. Máquina que minha santa mãe Mariinha, no Ceará, chama de Isaura, quando ela vai lavar roupa e diz: “Vou colocar a Isaura para trabalhar”.

Então, ele, o bom vizinho, aproximou-se e foi logo argumentando: “Olha, se quiser lavar a roupa de vocês pode usar a minha máquina de lavar”. É claro que agradeci a boa vontade, sem fazer uso dela no primeiro momento.

Devido a insistência do seu Leal, em outras ocasiões, acabei usando a máquina de lavar e, ainda, usei o varal dele. Foi incrível! Lavei três lençóis, duas toalhas de banho, quatro camisas, uma calça social, uma bermuda, além dos panos de prato.

O vizinho ofereceu álcool para colocar na água, levei o sabão em pó e o amaciante. Só sei que a roupa ficou uma belezura! E agradeci.

Em seguida, o bom vizinho, seu Leal, falou para mim: “Você me permite, eu mostrar algo para você? Pode entrar. Tenha a bondade de vir aqui no meu quarto”. Meninos! Fiquei assustado. Só pensava no João de Deus, lá de Abadiânia, em Goiânia. Mesmo assim fui...

O homem abriu o guarda roupa e exibiu roupas novas que ele não usava. Verdade! Elas tinham etiquetas e os preços. Em seguida falou: “Quero lhe dar de presente de Natal umas camisas e calças”. Nossa! Fiquei emocionado. Experimentei logo duas calças e duas camisas e fiquei satisfeito. Agradeci. O bom vizinho só dizia: “Não agradeça a mim, não. Agradeça a Deus”. Acrescentando: “São meus presentes de Natal para você, padre João”.

Enfim, justifiquei: Eu não sou padre, sou profano. Ele argumentou: “Eu sei. Você é uma pessoa boa, importante, muito educada. A gente percebe pelos modos, a maneira de se expressar, desejar bom dia, ou mais. Você merece. Por isso, meu desejo de presentear você”.

É claro! Fiquei realmente emocionado, agradeci outra vez.

Fui para minha casa todo empolgado e usando já uma das camisas ofertadas. A amada esposa notou logo e perguntou como consegui aquela roupa. Narrei o ocorrido, ela também agradeceu ao bom vizinho. Ele argumentou: “Faltam ainda os seus presentes, vocês são gente boa”.

Lembrei-me do que tenho dito: A maldade reside na mente das pessoas, cada uma a faz tomar corpo ou não.

Outro vizinho mandou o vizinho dele, pedir a mim cem reais, alegando: “Ele é rico. Ele pode. Todo dia o vejo colocar ração para mais de dez cães de rua”. É claro! Fiquei surpreso em ser espionado. Na verdade costumo dizer: somos vigiados o tempo todo.

Feliz Natal.
Feliz Ano Novo.
Feliz Vizinho.

Eu pensei, pensei, agradeci e orei, conclui: Já pensou se as pessoas que olhassem para mim, ofertassem alguma coisa, eu nem precisava comprar nada. Viva o bom vizinho! Viva a Boa educação.

Engrandecido seja Deus.


João Batista de Paula  
Escritor e Jornalista.


* * *

CARTA-ABERTA AO PRESIDENTE JAIR BOLSONARO - Martha Azevedo Pannunzio


"Saudações cordiais na manhã deste domingo lindo!

Tomo a liberdade de  escrever esta mensagem ao cidadão comum, meu compatriota, enquanto posso lhe falar sem as excelências que a presidência da República vai impor.

Primeiro declaro que meu candidato era outro. Daqui do meu canto eu não vislumbrei sua candidatura. Na verdade pouco me interessei pelos programas desta  campanha presidencial. Um país que  permite a existência de mais de trinta partidos políticos não merece respeito. 

À medida que a campanha tomava corpo, que os candidatos começaram  a vociferar, me chamou a atenção o discurso igual e feroz dos mais antigos, dos "velhos de guerra". Todos contra um. 

O churrasquinho da vez era Bolsonaro. E quem era esse tal de Bolsonaro tão inconveniente, tão perigoso, tão perverso, tão careta, tão desastrado nas suas aparições?

Por que todos desperdiçavam todo seu tempo de propaganda atacando o concorrente lanterninha?  Eu queria conhecer o plano de governo de cada um, mas cada um só queria malhar o Judas. O que eles temiam? 

Será que aquela gente burra não percebia que o bombardeio cerrado fortalecia sua candidatura? Que eles estavam dando tiro no próprio pé? Curiosa, lúcida,  politizada, anotei seu nome e número no meu caderninho. Jair Messias Bolsonaro n° 17

O que me fez assumir sua candidatura foi a facada. Aquela tentativa de homicídio feriu seu corpo e bateu fundo em mim, ferindo meus brios de cidadã libertária.

Os mandantes do crime pretendiam o quê? Os mandantes do crime temiam o quê? Ah, não teve mandante deste crime , não? Você acha que um paspalhão debiloide como aquele, teria a ideia, a iniciativa, a ousadia de praticar aquele tresloucado ato no meio da multidão, se não tivesse de antemão a garantia dos quatro advogados de defesa? Conta outra, Zé! Aquela facada deixou claro que nosso país estava à beira de um colapso. Infelizmente o voto útil se impunha. Foi então que eu mudei meu voto.

Você não me deve nada,  Jair Messias. Não me prometeu nada. Nem voto me pediu. Assim mesmo eu me dediquei a sua campanha com o melhor das minhas palavras, intensamente.

Agora, eleito, licença para lhe apresentar minha pauta de sugestões.

1 - Abra a caixa-preta da Loteria Federal, do BNDES, das estatais, dos Fundos de Pensão, das autarquias, do legislativo, executivo e judiciário em todas as instâncias, dos acordos "caridosos" firmados com os "amigos do peito" dos governos petistas aqui e no exterior;

2 - Garanta a escola sem ideologia e sem religião, por favor;

3 - Priorize a ferrovia e a hidrovia;

4 - Humanize o tempo de carceragem,  responsabilizando  o apenado pela sua despesa. 700.000 presidiários são uma mão de obra irrecusável para  modernização  do escoamento de nossas riquezas. O exército pode cuidar disto com competência.

5 - Recolha e cancele os cartões corporativos;

6 - Reduza as comitivas oficiais dentro e fora do Brasil. Para reforçar seu compromisso com a transparência e a responsabilidade fiscal,  faça uma visitinha  à Croácia, onde uma linda presidente surpreendeu a humanidade na Copa do Mundo, na Rússia. Vou abrir um parêntese aqui para elogiar a simplicidade do café com bolo servido na sua garagem para o representante de Trump. 50 milhões de brasileiros adultos se orgulharam de você, sabia?  E 40 milhões morreram de inveja.

7 - Reduza pontos facultativos, feriados, feriados emendados,   lutos oficiais prolongados, dias santos... Com todo respeito pela religiosidade das pessoas, mas esta vagabundagem acaba prejudicando a indústria, o comércio, o agronegócio, o País como um todo. Alguém vai chiar, mas não se preocupe. A chiadeira faz parte do argumento dos folgados;

8 - Diga NÃO com brandura e firmeza.  NÃO é uma palavra poderosa. Pequena. E não dói;

9 - Não dê milho a bode.  
Não responda perguntas cretinas.

Eu sonho com um país próspero. Produtivo. Calmo. Com um presidente justo, austero e firme. Seja este mandatário. Seus eleitores votaram de graça, felizes. Eu nunca havia visto uma eleição assim,  e olhe que eu tenho 80 anos!

Desculpe se a conversa é comprida. Eu tinha que lhe falar estas coisas. Paro por aqui e prometo voltar a sua presença se for preciso.

Lembre-se: enquanto a caravana passa, os cães ladram. Haverá ladrido de cães.
Não se intimide. Nós estaremos por perto.

Cuide-se.
FELIZ NATAL!

Que a solenidade de  posse seja um cartão-postal para o mundo. A certeza de um novo  Brasil.

Feliz mandato!

Que os anjos digam AMÉM ao seu governo, ‘Se for para o bem de todos e felicidade geral da Nação!’

Atenciosamente,

Martha Azevedo Pannunzio
Fazenda Água Limpa
Uberlândia, 19/12/2018"

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