Triste Realidade
Pois bem, ontem dia 27 de janeiro de 2018, um grupo armado
metralhou um clube pobre da periferia da capital cearense, Fortaleza, e muito
pouco se falou. Os mortos foram adolescentes, mulheres, alguns trabalhadores
autônomos num forró. Ninguém mudou o perfil, tão pouco, empunhou algum slogan
dizendo, "Je suis Cajazeira", "Je suis Fortaleza"...
Quem se importa com isso? Foram 18 pobres a menos, "que
se matem" é o que dizem e pensam alguns. Para a periferia, acossada pelas
facções criminosas que dominam esses bairros, não há democracia, não há
solidariedade. Há o medo, o desespero, a desgraça de não ter nascido em Paris.
O simples espaço geográfico que habitam condiciona os
olhares, os sentimentos, a desconfiança, a rejeição. Meus conterrâneos são os
esquecidos moradores de uma periferia de uma capital do Nordeste. São
invisíveis. A lista de mortos do jornal não trazia nomes, "duas
adolescentes", "um motorista de aplicativo" "um ambulante..." não são ninguém, só têm um sexo e uma idade.
Nesse país grande e equivocado chamado Brasil, se chora pelo
distante e se comemora a tragédia e a dor dos que estão perto.
Uma nação que odeia o pobre porque é o reflexo no espelho
que quer negar.
Professora
Dra. Sônia Meneses,
Universidade Regional do Cariri.
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