Por Pedro Henrique Alves, publicado pelo Instituto Liberal
Todos aqueles que possuem o mínimo de prudência, e
capacidade de ir além dos gritos das massas, conseguem perceber que a validade
da vida humana é inerente a ela mesma. Esses mesmos ponderados que aqui rogamos
para que ainda existam, entendem que os postulados dos “Direitos Humanos” não
iniciaram com a ONU; que o cristianismo já pincelava há séculos em suas
doutrinas aquilo que hoje vemos mais ou menos sistematizados em tratados. É
verdade que na história esses direitos andaram claudicantes e, por vezes,
relativizados pelo poder do momento; o século XX que nos diga.
Mas os ditos Direitos Humanos, agora institucionalizados por
dezenas — talvez centenas — de instituições da ONU, UNESCO, ONG’s, institutos e
demais órgãos duvidosos, não tardaram em abandonar suas manjedouras cristãs
adotando os comitês socialistas como suas catequeses humanistas. Quem possui o
mínimo conhecimento sobre o pensamento marxista e os desdobramentos de suas
teorias, sabe que as pautas defendidas por essas instituições não passam de um
servilismo ideológico ao socialismo e suas vertentes culturais. De defesa da
dignidade humana não tardam a passar para defesa de governos e queridos.
Se é verdade que conhecendo a árvore qualificamos os frutos
por ela gerada; podemos qualificar as intenções dessas instituições de
“Direitos Humanos” a partir de suas causas finais.
Sexta-feira (17/08) fomos brindados com a “recomendação” do
Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) para que a
justiça brasileira, através do TSE, possibilite
a disputa eleitoral pelo presidiário Lula. Não entrarei muito na questão
jurídica dessa absurdidade, pois no amago da questão está um pedido de um
comitê da ONU para que a justiça transgrida uma lei nacional; apenas quero
reforçar que se trata de uma recomendação medonha que afronta de maneira debochada
a Lei da Ficha limpa que impossibilita a candidatura do presidiário petista.
Também devo esclarecer que o pedido não consegue disfarçar
seu apelo ideológico; sob uma máscara de legalidade jurídica banal, unida a uma
carteirada de instituição internacional, tentar influenciar o processo criminal
de um Estado-Nação independente chega a beirar o desrespeito à soberania
jurídica do país.
Como disse Nelson Lehmann da Silva ao comentar o pensamento
de Crane Brinton, a característica “comum mais em evidência de todas as grandes
revoluções modernas tem sido seu inicial escopo universal, que depois contrasta
com seus sucessos meramente locais. Elas começam com uma mensagem para
toda a humanidade, mas acabam por adiar tal meta, que então se torna a missão
de um povo ou grupo escolhido de iniciados” (SILVA, 2016, p. 54).
O que começou como salvaguarda dos “Direitos Humanos” acaba
como couraça dos direitos dos companheiros; aquilo que era defesa da dignidade
humana passa a ser tutela ideológica; a instituição guardiã das tábulas da
liberdade dos indivíduos, passou a ser tão somente peão de partido. Uma
comissão internacional e, porque não dizer: global; está a serviço de um
partido e plano ideológico. Não é possível, sendo politicamente sensato e mentalmente
razoável, levar a sério uma instituição que se presta a tal vergonha vistosa.
Mas, olha que interessante, Michelle Bachelet, ex-presidente
do Chile, é integrante
do Foro de São Paulo; assinante
de uma carta de apoio a Lula que EXIGE do poder judiciário brasileiro que ele
seja candidato; além de a atual
presidente da Comissão dos Direitos Humanos, a mesma instituição da ONU
que “aconselhou”
o TSE a aceitar Lula — fundador do Foro de São Paulo — como
candidato.
Entenderam ou querem que eu desenhe?
O globalismo não brinca e sequer tem vergonha de seus meios
de ação, dizer que não há uma agenda internacional em favor daquilo que damos a
alcunha de: “esquerdismo cultural”, é negar o evidente. São esses que se calam
e nada fazem frente aos aberrantes desumanismos na Venezuela e Nicarágua; se contentando
com cartas e textos vergonhosos de uma suposta “preocupação com a situação
política do país”, mas que, bem sabemos, não passa de panos quentes e
acovardamentos.
Enfim, esse artigo tem que acabar porque tal recomendação da
ONU me parece tão importante quanto uma carta ao Papai Noel; e, sinceramente, a
nós que vivemos sob o leviatã de 63 mil assassinatos ao ano, sem nunca termos
visto nenhuma efetiva ajuda da ONU para amenizar esse pandemônio, por que
deveríamos agora nos importar com as suas recomendações? Quando passávamos pela
da maior crise de corrupção que essa nação já viveu não contamos com nenhuma
ajuda ou apoio institucional da ONU, tivemos que arregaçar as mangas ir às ruas
parar o país sozinhos; pois agora que fiquem com suas ideologias e recomendações
enviesadas.
Referência:
SILVA, Nelson Lehmann da. A religião civil do Estado
moderno, 2ª Ed, Campinas: Vide Editorial, 2016.
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